N.E.R.D 3.

Oct 13, 2008 00:41

Título: N.E.R.D
Stauts: Incompleta. 3/??
Gênero: POV.
Classificação: NC-17... eu acho?
Capitulos anteriores: 01 | 02


- Tá legal, quem tirar o menor palitinho vai.

Não sei quem teve essa idéia genial e, na verdade, nem me importava muito. Só que de qualquer maneira a perspectiva de passar minhas tardes já não muito úteis vigiando a casa do Cagão escondido do outro lado da rua não me parecia nem mais útil, nem mais divertido, nem mais produtivo, me agradava nenhum pouco, resumindo.

Eu já tinha idade pra fumar, mas não gostava de gastar meu dinheiro com cigarros, então sempre que sentia vontade de fumar pedia ao Rocco, porque ele sempre tinha cigarros. Sabe o que dizem sobre a única certeza da vida ser a morte? A única certeza da minha vida é que o Rocco sempre tinha cigarros. Mesmo que eu tivesse idade pra fumar, não era sempre que eu tinha essa vontade, mas quando eu fui quem tirou o maldito do palitinho menor, bateu uma necessidade de morrer de câncer no pulmão.

O Rocco me estendeu um cigarro rindo, depois que eu pedi.

- Se fodeu. - Foi ele, e já ‘tava fumando também. O Rocco tem mania de ficar falando com o cigarro no canto da boca, aí de vez em quando eu não entendo o que ele diz, mas as palavras daquela vez foram inconfundíveis.

- Tá legal, Charlie, é tudo muito simples... - Eu mal tinha acendido o cigarro e o Oleg me puxou pelo pescoço e eu engasguei com a fumaça. Tossi. -...Você só vai ter que descobrir pra mim se aqueles latinos de bosta são mesmo primos do Cagão! É fácil! Não é?... - Fácil podia até ser, porque o Oleg não perguntava para alguém na rua? Isso parece bem mais simples, mas como eu já disse, o Oleg ‘tava parecendo um idiota e eu tenho medo de discutir com ele por causa dos nazistas. - E aí eu vou dar o troco naquele otário.

- Toma cuidado pra eles não te matarem! - Esse foi um conselho precioso do Sneeze. Na hora eu nem pensei nisso, mas depois, quando eu ‘tava escondido no meio dos arbustos do outro lado da rua, pensei que as minhas chances de morrer haviam aumentado, e não pelo câncer de pulmão.

Aquele mesmo carro que eu vi estacionar pela janela ‘tava estacionado na garagem do Cagão. A frente da casa dele foi a única coisa que eu consegui ver por algumas horas, daí eu dormi e quando acordei as cortinas da frente da casa estavam abertas e umas crianças estavam andando de bicicleta na rua. A casa do Cagão tava parecendo uma colônia de férias.

Meu disfarce era uma revista. Eu me encostava-se à árvore logo atrás dos arbustos e fazia de conta que ‘tava lendo a revista caso alguém estranhasse. Não sei, foi a melhor coisa que eu consegui pensar. Não é como se eu tivesse planejado passar minhas férias servindo de instrumento pra vingança do Oleg, ou vigiando a casa de um cara que eu nem conhecia, ou apanhando de caras enormes. Foi então que um barulho de motor me chamou a atenção, e eu vi o mesmo carro dos mafiosos estacionando justo na garagem do Cagão.

Por um lado isso era bom, porque significava que eles realmente eram parentes do Cagão, não? E que eu não precisava mais perder horas do meu dia sentado no chão; mas por outro lado foi ruim, porque se eles me vissem eu realmente estava fodido. A única saída foi me jogar de vez nos arbustos. Acho que arranhei o rosto até, e de lá eu consegui ver um dos caras grandões sair do carro, berrar com uma das criancinhas e entrar com um pacote. Se o Sneeze estivesse ali provavelmente ia pensar que ele levava um cadáver, mas pra mim pareceu só uma sacola da lavanderia.

Depois desceram mais um e mais outro e eu comecei a rir pensando naqueles carrinhos pequenos da onde saem um bando de palhaços, mas esses caras de palhaço tinham nada, a não ser, quem sabe, o carro. Porra, que saco, quanto tempo eu vou ter que pagar de George da Floresta até conseguir alguma informação?

Quando eu consegui me desenganchar dos arbustos caí de costas no chão. Devo estar perdendo meu equilíbrio. Quando eu abri os olhos só vi uma cabecinha contra a luz do Sol me observando de lá de cima.

- Oi...? - Afinal, o quê mais eu poderia tentar falar com uma criança que provavelmente iria me dedurar e ser a causa do meu óbito amanhã no jornal? -Quer um trocado?

- Quanto?

- Ahn... - Acho que no meu bolso tinha dez dólares. Meti a mão lá e na verdade eram cinco. Em fim. - Cinco dólares.

O moleque, mais esperto do que eu, pegou o dinheiro e eu perguntei se aqueles gigantes eram mesmo parentes do Cagão e se iam ficar lá por algum tempo e ele falou que sim, que eram primos e que iam ficar por ali por pelo menos as férias. Daí eu pedi pro moleque falar disso pra ninguém, mas ele me pediu mais dinheiro e eu não tinha mais dinheiro.

Voltei pra casa sem meu relógio.

Se até o fim da semana eu for sofrer esse tipo de incidente ou eu vou falir, ou perder todas minhas roupas, ou apanhar dos mexicanos gigantões, ou apanhar do Oleg ou todas as anteriores de uma vez só. Pensar assim não me incentivava a continuar ou me incentivava demais a continuar, ainda não decidi.

Nesse dia, de noite, enquanto a gente ‘tava no campo de mini golf abandonado bebendo umas, eu falei pra todo mundo que os caras eram mesmo primos do Cagão e que iam passar as férias aqui pra fazer sei lá o quê. Eu nem cheguei a comentar do relógio que eu tive que dar pro moleque catarrento, porque senão eles iam me zoar até a gente voltar pra casa e eu já estava me sentindo zoado demais.

O quê eu ainda não sabia era como o Oleg planejava se vingar dos caras, mas ele pode me incluir fora dessa; já bastava um olho roxo por semestre. De qualquer maneira ele me mandou voltar lá ainda pra descobrir mais algumas coisas e eu fui, ne? Malditos nazistas.

Naquele dia eu levei vinte dólares e o menino me disse que os caras tavam lá porque a mãe do Cagão, tia deles, lógico, ‘tava doente e a família reuniu nas férias pra dar forças. Isso me fez pensar. Minha família, eu podia morrer e eles não iam dar a mínima, quanto menos os parentes que não moravam por aqui - se duvidar eles nem sabem que eu existo.

Se eles levam tão a sério essa questão de família não é a toa que a gente apanhou por o Oleg ter feito merda com o Cagão. Será que se alguém fizesse merda comigo algum deles ia me defender? O Rocco provavelmente só ia ficar sabendo que sacanearam comigo no dia seguinte porque ele estaria muito ocupado trepando, e aí ia rir da minha cara. O Oleg eu não tenho certeza. Acho que ele ia querer se vingar dos caras que me bateram mais pelo prazer de bater em alguém do que de estar defendendo um amigo... O Sneeze eu prefiro nem pensar.

O movimento na rua ‘tava fraco de crianças e de gente, mas aí começou uma barulheira da porra na casa, e aí saiu um cara de lá fumando e xingando com um balde e uma coisa que eu não conseguia enxergar direito na mão. Ele foi lavar o carro de palhaço.

Cara, deve ser um saco mesmo ter que lavar carro. Eu nunca lavei carro porque lá em casa ninguém se importa com aquela lata lá, suja, caindo aos pedaços. Não sei porque, mas sabendo agora que os gigantões eram legais com a mãe do Cagão e vendo esse cara frustrado lavando o carro e fumando e xingando, eu comecei a me divertir.

Teve uma hora que ele sentou no chão molhado mesmo, tacou o cigarro dentro do balde e me olhou. Olhou bem pra mim, assim, pra onde eu ‘tava. De trás dos arbustos e eu assustei, me enganchei e caí de costas na grama de novo. Cacete. Será que ele me viu? Acho que eu ‘tava tão e choque que eu nem me mexi, fiquei lá, caído na grama que nem panqueca até uma cabeça cobrir o sol de novo.

-Oi...? - Afinal, o quê mais eu poderia tentar falar com o provável parente do Cagão que vai ser realmente definitivamente minha causa de morte em alguns minutos. - Tem cigarro?

Aê, finalmente desempaquei. Não tá betada essa porra e obrigada pela espera :D [?] Agora as coisas finalmente vão começar a acontecer.

Edit! O pai betou a fic :3 @treatyourfuck
obrigada pai ♥

month:outubro, media:conto

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