Estrela Cadente - 06

Feb 16, 2007 01:25

Título: Estrela Cadente
Capítulos: 06/??
Autora: lahy
Gênero: angst
Banda: Aikaryu - Whiteblack - Irodori
Pares: Daiki + Shagrath
Classificação: PG
Disclaimer: x_x infelizmente eu não tenho os direitos da banda. Eles ainda são deles mesmos e tem contrato com a Crow Music. Isso é apenas um trabalho fictício feito com deturpações de coisas escritas nos blogs e sem nenhum fim lucrativo. A não ser reviews o.o' Reviews sempre são lucro!
Sumário: Um grave acidente pode ser o fim de tudo, ou não?
Comentário: A idéia para essa fic surgiu por causa de um comentário do blog do Daiki, =D obviamente deturpado pela minha mente que vê yaoi em qualquer lugar. Eu também tirei muitas informações sobre o acidente de lá, assim como do blog do Teru e do Shagrath. Algumas foram ligeiramente modificadas, apenas para dar um melhor andamento a fic.
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Estrela Cadente
Capítulo 06

Shagrath olhava para o aparelho azul com tristeza. Sabia que Daiki estava bem, Kaworu tinha lhe dito isso antes de sair do seu quarto.

Sim, o vocalista tinha estado ali aquela manhã e conversado um pouco com Shagrath. Kaworu tinha dito que pouco antes havia passado no quarto de Daiki, e ele estava bem e receberia alta no outro dia. Então, por que Daiki não queria vê-lo?

Sagrath fechou o flip do celular, ajeitando-se melhor na cama. Provavelmente o baixista estava fazendo abertamente o que ninguém tinha coragem de fazer. Querendo lhe mostrar que a culpa daquele acidente era sua, afinal, era Shagrath quem estava dirigindo.

Será que Daiki estava bravo com ele? Ou será que ele tinha dito alguma coisa que poderia ter magoado o baixista?

Abriu o flip novamente, lendo cuidadosamente cada uma das mensagens que tinha enviado. Porém, nenhuma pareceu ter alguma coisa que pudesse realmente magoar os sentimentos de Daiki.

// Desculpe, eu não estou me sentindo bem. Prometo que vou aí assim que estiver melhor. O Tatsuya disse algo de novo?//

Suspirando, Shagrath olhou pela milésima vez a mensagem que Daiki tinha lhe enviado. Ele havia prometido aquilo a semana inteira. Havia dito que iria vê-lo a semana inteira. Tudo que Shagrath queria era olhar para o baixista e ter certeza que ele estava bem. Que ele não estava como Uli, em uma cadeira de rodas por pelo menos seis meses. Queria ver Daiki andando, vindo até ele e chamando-o de bobo. Queria que Daiki fosse ali e desse uma bronca nele, uma bronca por ser desatento, por ser estúpido o bastante, por ter pegado um carro e enfiado em um espaço fisicamente impossível de se enfiar. Por ter machucado seus amigos, preocupado Tatsuya, decepcionado seus fãs.

O guitarrista fez uma careta, olhando do celular para a porta e da porta para o celular, com uma idéia brilhante em mente. Afinal, ele nunca tinha sido o tipo de pessoa negativa ou qualquer coisa parecida. Então, ele mesmo iria ver Daiki e pedir desculpas.

Com cuidado, levantou-se, colocando um hobby e calçando o chinelo, que estava ali caso ele precisasse ir ao banheiro. Pé por pé, foi caminhando em direção à porta do quarto.

Se não estava enganado, só tinha que chegar no final do corredor, descer pelo elevador, andar reto, pegar a esquerda e procurar a porta do quarto que Daiki estava. Não era um caminho muito longo.

Quando chegou na porta, Shagrath apoiou a mão na parede, sentindo-se um pouco cansado. Fazer aquele caminho com a ajuda do seu irmão, ou de enfermeiras, era algo bem diferente de fazer sozinho. Mesmo assim continuou, não iria desistir de jeito nenhum!

Levou uns quinze minutos para conseguir chegar no elevador, mas o guitarrista deu um sorriso de vitória assim que apertou o botão, esperando que as portas se abrissem e ele pudesse entrar.

Teria dado tudo muito certo se Teru não estivesse dentro do elevador na hora em que as portas se abriram.

O loirinho piscou, tentando não acreditar no que estava vendo. Porque Shagrath, mesmo sendo Shagrath, não poderia ter aquela idéia absurda de sair do quarto por conta própria, poderia?

O guitarrista mais novo nem mesmo cogitou a idéia de entrar no elevador e seguir seu caminho. Teru raramente tinha aquele olhar de repreensão em seu rosto, e não era bom deixar Teru bravo. Até porque o baixinho também ainda estava se recuperando.

O loiro saiu do elevador, entrelaçando um dos braços com o braço de Shagrath.

- Se você for para o quarto agora, eu finjo que não vi isso, e não conto para ninguém. - Teru mostrou um sorriso de conforto para o mais alto, que apenas sorriu em retorno, caminhando novamente para o seu quarto.

O loirinho ajudou o amigo a deitar-se novamente na cama, sentando em uma cadeira que já estava ali do lado.

- Shagrath-san, por que saiu assim? - o guitarrista mais novo fez uma expressão de arrependimento. Se era Teru quem estava repreendendo-o significava que tinha passado dos limites. Porque Teru não costumava repreender ninguém, e por isso, quando raramente ele o fazia, todos ouviam quietos cientes que tinham feito algo de errado.

- Eu queria ver o Daiki. - diante do olhar de interrogação do amigo, Shagrath continuou - ... Ele está bravo comigo, Teru? Ele não quer vir me visitar, e inventa desculpas que eu sei que são mentiras. Eu fiz algo errado, Teru? Ele está bravo porque eu bati o carro? Eu juro que não foi de propósito! Eu não queria... Eu não queria que vocês se machucassem, eu não queria que Daiki se machucasse. Desculpe Teru, me desculpe, por favor.

O guitarrista mais velho olhava perplexo. Era por isso que Shagrath tinha se levantado e decidido ir por conta própria até o quarto de Daiki? Era por pensar que estavam bravos ou chateados com ele?

Teru passou uma das mãos suavemente pelo braço do mais novo, um sorriso fraterno em seu rosto.

- Nós amamos você Sha-chan, muito mesmo. Nem eu, nem o Kaworu, nem o Uli, e muito menos o Daiki, culpamos você pelo que aconteceu. Foi um acidente. Poderia ter acontecido com qualquer um. Nós ficamos desesperados por saber que você podia não sobreviver. Nós nunca o culparíamos, jamais ficaríamos bravos por isso. Nós apenas queremos que você fique bem, que possamos sair de novo, todos juntos, tocar juntos, almoçar juntos, rir com o Uli juntos e essas coisas. Entendeu? - Teru tinha um sorriso compreensivo no rosto, o mesmo sorriso de Shagrath, que apenas assentiu em um gesto de cabeça. Uma expressão mais tranqüila em seu rosto.

- Mas Teru, por que então o Daiki está bravo comigo?

- Porque ele é um bobo. Não ligue para as esquisitices do Daiki, Shagrath-san. Ele só deve estar mal humorado, porque não tem mais ninguém para ele pegar no pé dentro daquele quarto. - Teru ficou satisfeito ao ver um sorriso no rosto do amigo. Era tão difícil ver Shagrath triste ou desanimado com alguma coisa.

- Ele estava te incomodando muito?

Teru sorriu, começando a contar como tinham sido seus dias de internação ao lado de Daiki, como Kaworu e Kanoe tinham inventado aquela corrida absurda de cadeira de rodas, e como tinha sentido-se aliviado ao saber que receberia alta antes que decidissem fazer uma revanche.

***

Kanoe não sabia para onde olhar. Talvez para Itsuki, mas o guitarrista estava concentrado em tirar aquele monte de penduricalhos do seu cabelo. Então, talvez devesse olhar para Dai, que estava conversando com alguém no celular. Fechou os olhos, olhando para as próprias mãos. Sentia-se, no mínimo, miserável. Não conseguiu evitar que seus olhos seguissem a direção da porta, onde Ruri estava apoiado no batente, conversando com uma fã. Conversando daquele jeito que Kanoe conhecia bem, e não terminaria apenas em uma conversa de ídolo-fã.

O baixista voltou a olhar para suas mãos, suspirando e tentando esquecer aquilo. Era um fato que estava apaixonado por Ruri. Desde a época do Devise en Despair. E era também um fato que aquele havia sido o motivo de ter ponderado tanto -- para no final acabar aceitando -- o convite de fazer parte do Irodori.

Dirigindo um último olhar para a porta, Kanoe foi sentar-se ao lado de Itsuki, indo tirar aqueles enfeites do cabelo. Recebeu um sorriso do guitarrista e retribuiu, já sabendo o que ele iria sugerir.

Itsuki virou na cadeira, sentando-se de lado para o espelho, enquanto Kanoe fez o mesmo. As mãos do guitarrista foram para o lado esquerdo do cabelo do baixista, enquanto Kanoe fez exatamente o contrário. Assim um poderia tirar os enfeites do cabelo do outro.

- Sabe, são nessas horas que eu penso que deveríamos usar um visual mais simples. - Itsuki disse, conseguindo um sorriso de Kanoe, o primeiro que ele via desde que tinham entrado no camarim depois do show.

- Tirar essas coisas da mais trabalho do que colocar - Kanoe falou, conseguindo finalmente desfazer o nó que os fios coloridos tinham feito no cabelo cor de rosa de Itsuki.

- Mas não é por isso que você está tão quieto, não é Kanoe? - o guitarrista perguntou, balançando a cabeça em uma tentativa de arrumar os cabelos. E, embora Kanoe fizesse o possível, aquela expressão anormalmente triste ainda estava em seu rosto.

- Eu só estou cansado, Itsu-kun. - Kanoe sentiu que o guitarrista havia conseguido soltar o enfeite de seu cabelo, sorrindo em agradecimento. - Acho que vou dispensar a comemoração dessa noite - Itsuki o olhou desconfiado. Havia algo de errado com Kanoe, e ele não conseguia saber o que era.

- Vamos indo? - Ruri abraçou os dois. Um sorriso de pura satisfação em seus lábios. Seus olhos ainda com as lentes incrivelmente azuis pareciam brilhar de felicidade.

- Acho que alguém vai ter companhia essa noite - Itsuki disse sorrindo para Ruri, que apenas piscou e saiu correndo a procura de suas roupas.

- Kanoe-kun, se você estiver se sentindo mal, eu posso te levar para casa, fica no caminho mesmo. - Itsuki sorriu, e Kanoe sentiu-se ser abraçado.

- Kanoe não está se sentindo bem? - Ruri perguntou enquanto Kanoe apenas sorriu, incerto se aquele gesto era inocente ou pura maldade do vocalista.

- Estou cansado Ruri. - disse, olhando para os falsos olhos azuis - Mas eu vou dispensar a carona Itsu-kun. Eu estou na casa do Teru, e fica contra mão você me levar até lá.

Kanoe viu o olhar de espanto de Itsuki e Ruri. Pelo visto, eles não sabiam que estava passando umas férias forçadas na casa do guitarrista do Aikaryu.

- O que você está fazendo na casa do Teru? - os dois perguntaram e Kanoe apenas sorriu. Nunca pensou que uma tragédia como aquele acidente pudesse ter seu lado bom. Como por exemplo, servir de desculpas para a briga enorme que tivera com seus pais, e que não queria que chegasse ao conhecimento dos seus amigos.

- Uhn, ele precisava de ajuda. Eu me ofereci. Tatsuya ficou feliz, ele estava preocupado de deixar o Teru sozinho, porque ele ainda precisa de ajuda com algumas coisas.

- E o Kaworu não podia ficar lá? - a voz de Ruri veio áspera e agressiva, fazendo até Itsuki olha-lo espantado.

- O Kaworu está se revezando no hospital, Ruri. Um dia ele fica com o Daiki, um dia com o Uli e o Sano, e outro com o Shagrath. Você devia ser menos egoísta, eles são nossos amigos.

- Eu estou pensando em você Kanoe. Eu adoro o Teru, adoro mesmo... Mas o que as pessoas vão dizer de você quando souberem que você está dividindo a casa com ele? - Itsuki arregalou os olhos, inconformado por estar ouvindo aquilo. E, pela expressão no rosto de Kanoe, ele estava mais inconformado ainda.

- Eu não acredito que você disse isso! Foda-se o que as pessoas vão pensar! Teru é meu amigo, precisa de ajuda e eu vou ajudá-lo. Se você e seu preconceito estúpido não gostam, problema seu. - Kanoe virou de costas, pegando suas roupas e indo em direção ao vestiário, o ar de desagrado em seu rosto era o bastante pra que ninguém atrapalhasse seu caminho.

Ruri olhou para Itsuki, que apenas o repreendeu com um olhar, voltando a se olhar no espelho e começando a retirar a maquiagem. Para o guitarrista, Kanoe estava fazendo a coisa certa e Ruri havia sido um idiota.

Não demorou que Kanoe voltasse, já vestido e sem as lentes coloridas. Ele enfiou as roupas de qualquer jeito dentro de uma sacola e colocou na frente de Itsuki.

- Posso pegar com você amanhã Itsu-kun? - o guitarrista assentiu em um gesto de cabeça. Estava surpreso por Kanoe ter ficado tão irritado. Mesmo que Ruri tinha dito algo grave, Kanoe não costumava ficar irritado mais do que cinco minutos com o vocalista.

- Hey, Kanoe! - Dai desligou o telefone, levantando e pegando a sacola. - Você está na casa do Teru, né? Vem, eu te levo. - o baterista saiu caminhando tranqüilamente, ignorando o fato de ainda estar com a roupa do show.

Os três se entreolharam, tentando inutilmente entender a atitude de Dai. Por fim, Kanoe deu de ombros, seguindo o amigo.

- Ruri é um idiota, não ligue pra ele. - Dai disse abrindo a porta do carro, entrando logo depois. Um sorriso se formou no rosto de Kanoe. Talvez, no final, alguns de seus amigos fossem apoiá-lo.

***

Daiki abriu um sorriso ao ver Teru ali. Sorriso que desapareceu completamente ao notar a expressão de desagrado, totalmente atípica, no rosto do baixinho.

- Você é um idiota Daiki-san! - Teru falou, entrando no quarto e sentando ao lado de Daiki. O baixista apenas observava perplexo.

- O que eu fiz? - perguntou, sem realmente entender sobre o que Teru estava falando.

- Você fez o louco do nosso guitarrista, que mal consegue ficar em pé, sair andando pelo hospital procurando o seu quarto. E sabe por quê? - Daiki nem tinha assimilado a primeira parte da frase, mas negou, respondendo a pergunta de Teru com um gesto de cabeça. - Porque ele pensa que você está bravo com ele! Por que você não foi vê-lo Daiki? Eu pensei que você estivesse preocupado com o Shagrath. Tudo que ele me perguntava era "Por que o Daiki não quer me ver?". - Teru parou para pegar fôlego, não estava acostumado a dar broncas, ainda mais broncas longas.

- Eu não fui vê-lo porque ainda não tive alta. - Teru o olhou, não acreditando naquela história.

- Aham, mas você foi ver o Uli, e ele sabe disso. - Daiki passou a mão no rosto, pego em sua mentira justo por... Teru?!

- Eu só não quero ver o Shagrath agora. - o baixista disse, levantando-se da cama em direção ao banheiro.

- Então ele estava certo? Você está culpando-o pelo que aconteceu? - Teru murmurou antes que Daiki chegasse na porta do banheiro. O baixista olhou assustado. De onde tinha saído aquela idéia? Ele acharia absurdo terem cogitado aquilo, se não soubesse que tinha vindo da cabeça de Shagrath... E bem, era Shagrath, então merecia um desconto. Porque Shagrath era... Shagrath.

- Eu só não bato nos dois porque sei que isso veio daquela cabeça desmiolada. Que, aliás, só deve ter ficado pior depois da pancada que levou. - Daiki disse voltando a fazer seu caminho para o banheiro, deixando um Teru segurando o riso para trás.

Ele trancou a porta, recostando-se nela. Fechou os olhos tentando acalmar seus próprios sentimentos. Talvez devesse conversar com alguém. Dizer o que estava atormentando-o tanto. Talvez o loirinho que estava do lado de fora fosse uma boa opção. Porque sabia que conversar com Uli ou Kaworu estava completamente fora de cogitação. O mínimo que eles fariam era rir da sua cara.

Indo até a pia e jogando um pouco de água no rosto, ele tentou responder a pergunta de Teru. Por que não tinha ido ver Shagrath? Por que havia deixado-o pensar que era culpado por um acidente estúpido onde não havia nenhum culpado?

Respirando fundo, Daiki abriu a porta, dando de cara com os dois olhos extremamente escuros de Teru. O olhar de Teru que apenas tentava entender o que se passava na sua cabeça.

- Essas foram as piores semanas da minha vida. - o baixista disse, voltando a sentar-se na cama, notando que ainda tinha a atenção do guitarrista mais velho - Por que, me diga Teru, com sinceridade, como você se sentiria? Como você se sentiria se soubesse que a pessoa que você mais gosta está entre a vida e a morte, e você não pode fazer nada? - a expressão séria tão atípica no rosto do baixista do Aikaryu, era tudo que Teru precisava saber. Tudo que precisava saber para ter certeza que Daiki falava sério. E Teru não conseguiu evitar um sorriso.

- Você gosta dele? - a voz do guitarrista saiu tão empolgada que arrancou um sorriso tímido do baixista. - Gosta mesmo? De gostar? - Teru perguntou, sentando-se na cama e vendo um aceno positivo de Daiki.

- Gosto, Teru. - o guitarrista sorriu mais, empolgado com aquilo. Porque, embora não tivesse conhecimento nenhum dos sentimentos de Shagrath, tinha certeza que Daiki tinha uma chance. Se Daiki lutasse, ele teria uma chance.

- Há quanto tempo?

- Algum tempo já. - Daiki sentia seu rosto corado, dizer que gostava de outro homem não era algo assim tão simples. E, talvez só estivesse contando para Teru, porque sabia que o loirinho já tinha passado por aquilo. Já tinha enfrentado tudo aquilo.

- Mas eu não entendo Daiki-san... Se você gosta do Shagrath-san, por que não foi vê-lo?

- Porque eu... Eu gosto dele Teru, mas eu não estou apaixonado, entende? Eu não quero me apaixonar por ele. Eu...

- Você não quer se apaixonar por outro homem. - a voz do guitarrista soou mais séria. - Se você só gostar dele, é algo que você pode controlar... Mas se você se apaixonar, vai ser mais difícil. É isso, não é?

- Exatamente. Ainda mais porque nós somos colegas de banda. Tudo seria tão complicado, e eu não tenho a sua coragem Teru. Não tenho mesmo. - o guitarrista abraçou o amigo, queria poder confortá-lo. Poder dizer que tudo ia ficar bem, que ele não se preocupasse, que aquele sentimento passaria. Mas como ele poderia dizer isso sem ter certeza?

- Qualquer coisa que você precisar, peça para mim. Eu vou fazer tudo que puder pra te ajudar. - Daiki o abraçou em retorno, feliz por saber que tinha um amigo como aquele. Que não o julgaria, não faria perguntas que ele ainda não estava pronto para responder.

- E... Teru? - o baixista desfez o abraço, olhando para o mais velho - E você e o Kanoe? Vocês estão tendo alguma coisa? - Teru alcançou alguns tons de vermelho até então desconhecidos para o baixista do Aikaryu.

- Não diga besteiras Daiki! Nós somos só amigos.

- Amigos? O que o Kanoe faz na sua casa então? Vamos Teru, eu fui sincero com você, seja comigo também. - o guitarrista mordeu o lábio inferior, incerto entre dizer ou não. Kanoe não tinha pedido segredo, mas o senso comum lhe dizia para não ficar espalhando coisas da vida alheia por aí.

- Ele está com alguns problemas em casa, e eu ofereci que ficasse algum tempo comigo... E também, não é como se eu não precisasse de ajuda. Kanoe tem me ajudado bastante, eu não consigo fazer coisas simples como limpar a casa, arrumar a cama ou pegar coisas em armários mais altos. Ele me ajuda com isso. - Daiki sorriu vendo como o loirinho parecia tentar proteger o outro. Riu mais ainda ao notar que, mesmo se Teru estivesse bem, ele jamais conseguiria alcançar os armários mais altos sem um banquinho.

- Esses problemas são sérios? - perguntou tentando parecer sério, o que, aparentemente, não deu muito certo.

- Bastante e, sinceramente, eu não acho que ele possa voltar para casa. - o baixista arregalou os olhos, surpreso com aquela informação.

- Como não? Os pais do Kanoe o adoram, não acredito que iriam querer o filho longe de casa.

- Acredite, eles querem. E bem longe. Mas isso é algo que o Kanoe tem que te contar, não eu. - o baixista assentiu e Teru pegou nas mãos de Daiki, apertando-as com força. - Por mais que seja difícil, vá ver o Shagrath-san quando você sair. Ele vai ficar imensamente feliz, e muito mais tranqüilo.

- Ok. Eu vou. E diga ao Ka-chan, que se ele precisar, pode contar comigo. - Teru abraçou Daiki novamente.

- Você não sabe como isso vai deixá-lo feliz! - o loiro afastou-se, levantando e acenando para o baixista antes de ir embora.

Daiki ficou olhando para a porta, pensando em Teru e Kanoe. Aqueles dois, pelo visto, estavam escondendo um segredo bem grande de todos os outros. E o pior, sabia que algumas pessoas iam julgá-los muito, muito mal por isso.

***

Tatsuya olhou surpreso para a cena a sua frente. E, sem tentar chamar atenção, ficou apenas observando.

As bandagens ainda estavam lá, assim como ao redor de um dos braços. Mas a expressão de alegria no rosto de Shagrath... Ah! Isso era algo que fazia tempo que ele não via. O guitarrista parecia uma criança após ganhar um brinquedo. E bem, era isso que tinha acontecido, não? Porque Shagrath segurava empolgado com um violão, tentando tirar alguns sons do instrumento.

Quando os olhos do guitarrista se dirigiram rapidamente para a porta, onde Tatsuya estava, ele imediatamente parou de tocar.

- Bom dia Tatsuya! - exclamou empolgado, um brilho de alegria em seus olhos.

- Muito bom dia, não? - o produtor sorriu, aproximando-se da cama onde o guitarrista estava sentado. - Você já conseguiu um violão? - perguntou, achando graça daquilo. Sabia que ninguém tinha levado um violão para Shagrath, então, era óbvio que o objeto não tinha aparecido ali por um passe de mágica.

- Um enfermeiro me emprestou. Gentil, ne? Eu fiquei tão feliz! Eu posso tocar, mesmo que pouco.

O olhar de Tatsuya voltou-se para a mão enfaixada. A mão que tinha perdido parte dos movimentos por causa da batida.

- E como você está se sentindo? - o produtor perguntou, vendo um sorriso tímido surgir no rosto do outro.

- Bem! Minha mão não 'tá mexendo legal, mas eu vou me esforçar. Vou dar o meu máximo.

- Todos vamos apoiá-lo Te-chan, fique tranqüilo... Consegue tocar o que? - o guitarrista sorriu, começando um trechinho de Sky Fly, arrancando um sorriso de Tatsuya.

- Eu não consigo fazer a passagem aqui. É como se os dedos não obedecessem.

O vocalista do Whiteblack segurou com cuidado os dedos do guitarrista mais novo, colocando-os delicadamente em cima das cordas certas, ajudando-o a formar o acorde.

- Eu não sabia que você sabia tocar as minhas músicas. - Tatsuya sorriu ao ver o outro corar levemente.

- Eu tirei de ouvido, eu gosto das suas músicas. Eu conseguia tocar todas antes e... - Shagrath parou diante do olhar que Tatsuya lhe mostrava. Incerto se estava vendo coisas ou não.

Foi questão de segundos. Mas tudo foi muito bem registrado pela mente do guitarrista. Os dedos de Tatsuya, segurando mais firmemente nos seus. A outra mão do vocalista indo até seu pescoço, trazendo-o delicadamente para mais perto. Aquele olhar que só Tatsuya possuía, sendo negado-lhe aos poucos. Trocado por lábios que encostavam suavemente nos seus e que ele jamais recusaria.

Continua...

2007.1602

Notas: isso já está virando um hábito >_<
1 - Devise en Despair é a banda antiga do Ruri e do Kanoe. Eles também tinham contrato com a CrowMusic e quando a banda acabou, Ruri e Kanoe formaram o Irodori.

2 - Sky Fly é uma música da carreira solo do Tatsuya, não do Whiteblack. o.o Por isso o Tatsuya se refere a música como sendo dele e não da banda.



a melhor foto que eu consegui achar do Ruri nessa hora da noite xD



Kanoe e Dai o.o

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