"Everyone, just... pretend to be normal."
Tentar formular uma crítica atrasada sobre
'Pequena Miss Sunshine', é soar repetitivo ao festejar a bonita execução de um ágil roteiro independente, que demorou cinco anos para ser produzido, e uma direção contida, que dribla qualquer grosseria piegas - Olá,
Chevy Chase! - que possa aparecer entranhada nas palavras road movie. Ou se preferir, é exaltar com um sorriso gostoso a nostálgica fotografia de
Tim Suhrstedt, a
trilha lúdica e entusiasmada embalada por
Devotchka e
Sufjan Stevens, o elenco destacado por completo e toda a absurda verossimilhança quase cotidiana, como que tenta reafirmar todos os merecidos aplausos que o filme vem recebendo há meses. Mas acima de qualquer firula ou blá blá blá, é dizer que eu me identifico com o disfuncional, acho graça na comédia dramática, aprecio a imperfeição, a discussão despretensiosa, a mimesis bem feita e acho que todo mundo deveria entrar nessa
Kombi amarela e se deixar levar pela estrada esburacada de emoções que constrói essa fábula deliciosa sobre perdedores, ganhadores e todos nós que estamos nessa interseção dando muitas cabeçadas na tentativa de, quase sempre, acertar. Gracinha mesmo. E que venham os prêmios, por favor.