THE VERY FIRST WEEK

Jan 07, 2007 19:54



Por aqui os convites, programas, pensamentos, livros, filmes etecéteraetal vão bem, obrigado. São Paulo nos próximos dias ainda é uma incógnita, mas Argentina no próximo recesso vai ganhando uma carga bem mais consistente. Isso sem falar que se tudo der certo, é bem capaz d'eu fugir para a Europa no final do ano. Ainda no grupo do SE, vou me matricular em uma escola de música aqui perto e fazer aula de canto. O único problema é que o lugar é público e concorrido; ou seja, para ingressar você precisa fazer duas avaliações e passar por uma seleção e... o prazo para inscrição terminou há dois dias. Mas gostei da idéia e topo até fazer uma aula particular para ver qualé. Apareceu também esse futuro projeto, que ainda não é um desejo, de prestar vestibular para Direção Teatral na UFRJ. É verdade que desde que eu me formei, há alguns séculos, fico pensando que se eu tivesse entrado direto em uma outra graduação, hoje eu já estaria com dois cursos no bolso; mas parando para pensar agora, não sei se eu tenho competência - e jogo de cintura o suficiente - para voltar no tempo e retomar todo esse papo de ser universitário, com todos os seus prós e contras. Sem falar que para esse ano concursos públicos ou uma boa scricto, muito mais por prazer do que pela obrigação de me descobrir profissionalmente e parar de dar cabeçadas, me interessam bem mais.

Na área cinematográfica, estou terminando de assistir alguns ótimos filmes que eu deveria ter assistido há um tempinho e não consegui. E além disso descobri tardiamente a tradicional Maratona do Cine Odeon, que tem pinta de ser uma das melhores coisas a me acontecerem esse ano. Trocando em miúdos, é uma maratona cinematográfica - jura? - que teoricamente acontece nas primeiras sextas-feiras de cada mês, a partir das 23h, lá no Odeon BR - Praça Floriano, RJ. Rola a exibição de três produções - curtas, longas, pré-estréias e surpresinhas em geral - com intervalos cheios de discotecagens e café da manhã para os sobreviventes da programação que só termina ao raiar do dia. Na última sexta aconteceu a primeira do ano, com 'Stranger than Fiction, 'Perfume - The Story of Murder' e 'La Gran Final'. Não fui. Por muito pouco, se quer saber. Às 21h eu ainda estava na Zona Oeste de plástico, com meu allstarbranconovoapertado destruindo meus dedos, e fiquei com receio de despencar até a Cinelândia, não encontrar encontrar mais ingressos e ficar ilhado. Preciso trabalhar esse tipo de receio idiota, aliás. Mas também não posso me queixar por ter aproveitado muito bem o restinho do Lápis Vermelho.

A princípio fui apenas para acompanhar a , mas acabei, digamos, monopolizando as horas e construindo o primeiro 'Dia de Carrie' - créditos para o Nando, com quem quero discutir sobre o curso de Direção - do ano. Passeamos pelas vitrines experimentando montes e montes de roupas que na maior parte não era bem o que procurávamos - e olha que eu não estava procurando nada específico. Também comemos algumas daquelas besteiras engordativas do Bob's, quis enfiar a Fnac inteira nos bolsos como de costume e tudo que o valha. Comprei uma camiseta listrada tipo marinheiro - Alô, Tadzio! - linda linda que achei na Zara e o DVD de 'Angels in America', que eu quero assistir desde sempre. Agarrei 'Mrs. Dalloway' pelo braço junto com 'A Metamorfose' e 'A Paixão Segundo G.H.'. E quando eu acho que não vai aparecer mais nada interessante, pasme, suspensórios! Um só, azul marinho, em uma loja com um senhor muito simpático. Foi só entrar questionando desesperançoso - eu já tinha tentado em duas outras lojas teoricamente especializadas e nada, né? - que o homem foi logo dizendo, em tom irônico, que eu tinha entrado no lugar certo. E trouxe caixas e mais caixas com suspensórios de todas as cores! Escolhi um azul marinho bem escuro, quase preto, e quando perguntei se podia tirar da caixa para ver melhor, ele olhou com uma cara séria e disse em terceira pessoa que 'o tio' estava mesmo precisando de uma terapia ocupacional e iria correr o risco de que caso eu não gostasse - e conseqüentemente não levasse o suspensório -, 'o tio' perderia horas e horas tentando colocar o negócio de volta à caixa.

Tirou e fez com que eu experimentasse ali mesmo, me ajudando a abotoar. Depois foi um papo de que provavelmente eu nunca tinha visto um daqueles de perto, que ele usava quando eu não sequer era nascido e ficou bobo ao saber que quando criança eu tinha um par deles e que isso não era nenhuma novidade. Falou dos filhos, fez altos comentários sobre boa música, contou por alto sua experiência no primeiro Rock in Rio... Muitas coisas em um curto espaço de tempo. E no auge do papo exaltou o prazer que era para ele encontrar hoje em dia jovens de bom gosto(!). Uma figura. Fora isso, algumas outras cenas agradáveis. E convites, programas, pensamentos, livros, filmes etecéteraetal. E os dias vão passando. Por essas e outras, ainda que eu despreze profundamente esse papo de que a simples passagem de um ano para o outro traga toda a felicidade perdida, de mãos dadas com a certeza de um mundo melhor e a dissolução de todos os antigos problemas, confesso não negar a renovação de astral que essa primeira semana de um novo ano, mesmo com um certo tédio característico, sempre traz. É mais ou menos como aquela dieta que você começa n'uma segunda-feira depois de um final de semana cheio de carboidratos. E ainda que tudo desande e você volte a comer como se não houvesse amanhã, jogando para o alto junto com a privação de prazeres toda a programação com requintes de redenção que você mentalmente construiu, dá para ao menos tirar uma boa lasquinha desse início cheio de possibilidades que não têm a menor pretensão de acontecer. Fica para a posteridade. Estranho, né?
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