Oct 20, 2008 16:05
Título:Era uma Vez
Autora:Saavik
Pares:Hilson, 14, Chameron e CPI
Classificação: PG-13 (esse capítulo. Ainda não decidi o resto)
Wilson abriu os olhos e piscou várias vezes, tentando clarear a visão. Onde estava? Meio tonto, ele se sentou e olhou em volta. Subitamente, os acontecimentos recentes lhe voltaram à memória, e, novamente desesperado, ele se levantou e examinou o terreno. Não devia ter ficado desacordado por mais de duas horas, pois as marcas dos cavalos ainda estavam frescas, e era possível segui-las com facilidade. O céu, porém, estava nebuloso, indicando que logo a chuva apagaria todos os vestígios. Era melhor não se arriscar a voltar ao castelo para pedir ajuda; o tempo perdido seria precioso demais, principalmente porque estava a pé: sua montaria desaparecera. Por outro lado, não poderia simplesmente não lhes dar nenhuma pista do que ocorrera. Trabalhando rápido, o príncipe coletou pedras, desenhou no chão uma seta, indicando sua direção, e, ainda fraco, começou a seguir as pegadas dos animais.
Ao amanhecer, um raio de sol penetrou timidamente por uma janela no castelo de Candylot, caminhou por entre os móveis, subiu na cama e terminou incidindo sobre os olhos do conde Eric Foreman que, surpreso, despertou.
O que?!? Como assim, já era dia claro?!? Seu criado tinha ordens expressas para acordá-lo às 5 da manhã! Irritado, ele tocou o sino. Não recebendo resposta, abriu a porta do quarto, espiou o corredor e levou um imenso susto.
A guarda estava adormecida! Como era possível?!? Teriam sido drogados? Mas isso significava que...
O bandido de olhos de safira! Havia sido uma armadilha! Eles concentraram o policiamento nos bancos e ele teve acesso facilitado ao seu verdadeiro alvo... Algo dentro do próprio castelo!
Furioso consigo mesmo por ter caído no truque, o conde despertou o guarda mais próximo, mandou-o correr aos aposentos dos criados, e acordar o seu e os do rei e das rainhas, pois não podia ir em pessoa acordar suas majestades. Por um instante, pensou em mandar chamar também a bela criada de Cameron, mas mudou de idéia. Não havia motivo para perturbar a princesa... Infelizmente. A situação era grave, e ele precisava se concentrar. Necessitando discutir a situação com alguém, foi ao quarto do príncipe Wilson, que não se importaria com a falta de cerimônia, e bateu. Pela segunda vez na manhã, não obteve resposta. Impaciente, desistiu da educação e entrou. Seu queixo caiu.
No mesmo instante, ouviu-se um grito agudo vindo dos aposentos da princesa. O conde correu até lá e encontrou a rainha de Candylot aos prantos, o rei trêmulo e sua soberana tentando acalmá-los.
-Alisson! Ela desapareceu!
-E não é só isso! Olhe esta bagunça! Houve uma luta aqui!
-Minha filha! O bandido seqüestrou a minha filha!
-Majestades... Lamento. -Disse ele. -Mas não é apenas isso. O príncipe Wilson não está em seus aposentos, tampouco sua espada e escudo. Se ele tiver ido atrás dela, é possível termos alguma esperança...
Mas os abalados pais não lhe deram muita atenção. Cuddy encarregou uma criada de cuidar deles, e chamou-o para uma sala particular.
-O que você disse sobre Wilson?
-Ele não está no quarto, mas não há sinais de luta, como no caso da princesa. Porém a espada e o escudo desapareceram. Suponho que tenha ouvido algo...
-Certo. Mande a guarda fazer uma busca detalhada nos arredores! Eu vou tentar acalmar o rei e a rainha...
Nesse exato momento, ouviu-se um trovão. Uma hora depois, a guarda voltava trazendo notícias desoladoras. O cavalo do príncipe Wilson havia sido encontrado pastando em um campo, a certa distância de onde havia uma seta desenhada em pedras no chão, a pequena distância do castelo. Obviamente, sua alteza estava na pista dos bandidos. Porém quaisquer traços que pudessem ter sido deixados por eles estavam perdidos por conta da terrível tempestade que caia neste momento. Após alguma discussão, Cuddy, Foreman, e os reis de Candylot decidiram montar grupos de busca e calcular todos os destinos possíveis a que uma comitiva pudesse ter chego indo à direção indicada pelo príncipe desaparecido.
Coincidentemente, o trovão que anunciara o fim das esperanças dos reis foi também o responsável por a princesa acordar assustada, após ter desmaiado de temor e exaustão durante a cavalgada.
Ela encontrava-se agora deitada em um estrado, dentro de uma tenda, como as dos soldados que iam para a guerra. Hesitante, conferiu que não estava de forma alguma amarrada, e levantou-se.
-Ah, você acordou!- disse uma voz, sobressaltando-a. Ela se virou, e viu que tinha a companhia de um homem de cabelos castanhos. Embora seus olhos fossem azuis, a voz denunciava claramente que não se tratava do famoso bandido que habitava seus sonhos.
-Puxa... - Exclamou ele, um pouco envergonhado. - Você é realmente bonita...
Essa era definitivamente a última coisa que Cameron esperava ouvir. Ela havia sido seqüestrada! Acordara com medo de seres brutais e rudes, e encontrava este homem desajeitado e quase... fofo.
-Quem é você?
-Eu? Eu sou...
-Uou!- gritou outra voz masculina, vinda do lado de fora da tenda. -Você não estava prestes a lhe dizer seu nome, estava?!?!? O chefe foi bem claro a respeito disso!
Colocando a cabeça para fora da tenda, o companheiro de Cameron pôs-se a discutir com o colega, e ela não pode conter um risinho ao ouvir a conversa.
-Ele sabe perfeitamente bem como eu fico na presença de garotas bonitas! Se é tão importante ser discreto, por que ele a confiou a mim?!?!?
-Diz ele que para rir um pouco.
-Haha, muito engraçado! Diga a ele...
-Vá você falar com ele! E depois... No momento, nossa convidada deve estar faminta.
-Você não quer...
-Não. Ela é responsabilidade sua.
-Droga... - resmungou ele, retornando. - Por favor, me perdoe, princesa. Eu sou... Sou um dos membros do bando do bandido de olhos de safira, ao qual ele encarregou do seu bem estar até que possa vir conhecê-la pessoalmente. Lamento, mas é tudo que posso lhe dizer. Está com fome? Sede?
-Não.
-Há absolutamente qualquer coisa que posso fazer por você?
-Pode parar de tentar ser gentil. Vocês me seqüestraram!
Ele pareceu novamente embaraçado.
-Hm... Bem... Certo. Bom... Tome, pegue este sino. Quando tiver fome, é só tocar, e alguém virá atendê-la. Caso fique entediada, pode tocá-lo também... Temos uma pequena biblioteca, e ficaria feliz em ser seu parceiro no xadrez. Por hoje, terá de ficar na tenda. Tenho ordens para lhe dizer que, dependendo de como se comportar, poderá mais tarde dar uma volta pelo acampamento. Não a aconselho a gritar... Apenas nós ouviríamos, e eu realmente não queria ter de amordaçá-la de novo.
Ele parecia sincero, mas Cameron não se importou. Simplesmente virou-lhe o rosto.
-Hum... Bem... Vejo-a mais tarde.
Ela esperou até que ele saísse da tenda para começar a chorar.
A tempestade que tanta angústia trouxera à família real não chegara a uma pequena vila na fronteira do reino, cuja maior atividade econômica eram os albergues para recém-chegados a Candylot. O sol brilhava alto e, como a notícia do desaparecimento da princesa ainda não fora ouvida ali e tampouco o bandido dos olhos de safira os atacara em longas seis semanas, os aldeões estavam felizes. O grande assunto do dia era o belo jovem loiro de sotaque estranho que estava hospedado no melhor hotel da cidade.
Na noite anterior, um grupo de crianças estava brincando um pouco longe da vila, quando ouviram uma potente voz masculina entoar:
Candylot, Candylot
In far of Australia I heard your call
Candylot, Candylot
And to you only, I´ll give my all
Já tendo idade mais do que suficiente para saber o que significava a chegada de um rapaz rico, montado em um cavalo branco e de hábitos estranhos, elas haviam corrido de volta para casa, para avisar aos pais que a princesa tinha outro pretendente.
Wilson estava encharcado até os ossos, e com o corpo todo dolorido. Durante toda a noite seguira as marcas dos cavalos, tentando ignorar a dor provocada pela ferida no ombro. As nuvens cada vez mais negras o afligiam, por medo de perder a pista antes de alcançar os vilões.
Mas por fim, ele vira à distância a luz de uma fogueira. Animado, prosseguira o suficiente para ver os contornos de um pequeno acampamento em torno dela. Então a tempestade iniciara, forçando-o a buscar abrigo no oco de uma árvore onde, de mau jeito, adormecera. Acordara assustado, porém verificara com alívio que o acampamento ainda se encontrava lá, mesmo após o fim da chuva, e cautelosamente se aproximara. Encontrava-se agora agachado atrás de uma das tendas, esperando que um desleixo dos guardas lhe permitisse entrar naquela onde o reforço de segurança lhe informava que estava Alisson.
Por fim houve uma oportunidade. Uma voz distante gritou que era hora do almoço. Um dos homens espiou dentro da tenda, pareceu se certificar de que a princesa estava segura, e logo todos haviam desaparecido de vista. O príncipe correu o mais depressa que pôde, e adentrou a tenda.
-Já disse que não que- começou a gritar a princesa. Então ela se virou e viu quem era.
-Jimmy!- murmurou com felicidade, correndo a abraçá-la.
-Alisson!- respondeu ele no mesmo tom, segurando-a contra si. -Você está bem?!? Não a maltrataram?
-Não, não! Considerando as circunstâncias, foram até gentis! Mas e você? Seu ombro...
-Não se preocupe com isso. Vamos, temos que sai...
-AWWWWWWW- interrompeu uma conhecida voz sarcástica.- Não é um reencontro tocante?
Separando-se, os dois príncipes se viraram. Parado na porta da tenda estava um homem alto, de cabelos grisalhos e barba por fazer. A voz e os estonteantes olhos azuis denunciavam sua identidade. Cameron estremeceu: não podia deixar de pensar que ele era incrivelmente atraente, e recriminou-se. Não era momento para isso, a situação era tensa! Haviam sido gentis com ela, mas o que fariam agora com James? Hesitante, olhou para o rosto do amigo, e ficou surpresa por ver lá não medo ou determinação, mas algo que parecia um misto de susto e admiração.
-Como assim, você é manco?!?!?!?