um daqueles dias...

Feb 15, 2022 20:25

hoje preferia não ter que enfrentar a vida: é esta a minha disposição. às vezes pergunto-me se as pessoas deduzem que eu não tenho vontade de comunicar... sou a única pessoa ali que ao chegar a casa não tem sequer com quem falar. que chega ao fim de semana e fica aqui sozinha, de preferência a meter o sono em dia. o tal sono que o meu corpo precisava, com ciclos circadianos (ou lá meke se chamam) de cerca de 5 horas... mas também durmo porque a dormir ignoro a tristeza e solidão que para aqui andam. pouca gente conseguia suportar isto.

comparo-me um pouco àqueles velhos alentejanos que vivem isolados num monte qualquer e que já ninguém tem tempo nem paciência para eles. a única diferença é que aqui vive muita gente. e saio pra bulir de segunda a sexta e lá também estou com muita gente. ali todos falam. o tempo que gastam a falar pergunto-me eu porque ninguém lho cobra? a mim cobram-me os minutos que demoro de manhã. mas depois compenso não perdendo tempo em fofocas e conversas parvas. também não tenho família nem novidades para dar... de tiny houses, coisas do youtube, músicas estranhas e afins ninguém quer saber. as pessoas normais à minha volta falam mais é de futebol, de politiquices (politiquices, não é política que preste, nada de ideologia ali, isso perdeu-se que o dinheiro fala sempre mais alto neste mundo onde literalmente tudo é descartável, por muito "eco-lógicos" que queiramos parecer. raios. eu hoje estou amarga como tudo. não queria ser assim, mas tenho dias...) as pessoas "normais" também falam dos programas de tv que vêem. alguns parece que os vêem apenas para poderem dizer mal... eu prefiro ver cenas interessantes e assim tenho mais qualquer coisa gira que sei. mas partilhar com os outros... raramente. para quê? ainda pensam que estou a falar para "me armar que conheço muita coisa que elas nem faziam ideia" onde é mais "estou-te a falar disto porque vi e gostei e apeteceu-me partilhar conhecimento"... whatever.

mas por as ver a comentar isto e aquilo sei que é assim que pensam. opto por me calar. se estiver naquela altura do mês então ando tão sensível que mete medo. e é quando me dá para me lembrar das merdas que gostava quando tinha mau feitio.

no fim de semana estive bem. até lavei a loiça, limpei uma areia dos gatos nova que ando a testar e que na verdade não é areia, é uma coisa vegetal que imita bem. e quando dei por mim - olha, já tá! - foi assim, a tarde toda em pé, e fiz comida. creio que a tpm este mês é mais "durante"... hoje foi um daqueles dias duros, com o sr. lá de baixo a querer fazer-me a folha. (venha o senhor lá de cima que me defenda dessa gente, por favor!...)

às vezes apetece-me desistir. afinal estou a lutar mesmo por alma de quem que a minha vida é assim uma existência estúpida?...

cheguei a casa e desatei a chorar. sou a que mais precisava de falar mas sou a que menos tempo tem para isso e que acaba por nem sequer saber já comunicar com as pessoas... dantes ainda falava com os papeis. mas tive que desistir senão a colega do lado também desata num monólogo que parece que está a gemer para os papeis. que deus me perdoe que ela não tem culpa da voz que tem mas é um daqueles timbres que me perturba por demais. ainda por cima 75% do que diz é disparate... dear god. depois quero-me concentrar e não consigo.

ontem tive que ouvir black metal. por algum motivo fui-me lembrar de darkthrone... vi que ainda existiam há bem pouco tempo, mas confesso que preferia o som raw do antigamente... só nunca me identifiquei bem com a temática deles. o que me interessava era a brutalidade do som. hoje portanto continuei com música dark - desta vez gótico (Sopor!) - para bloquear a conversa esquisita da minha colega do lado. a que tá no lado direito.

creio que esta semana vou ter que andar assim. a ouvir coisas esquisitas. do lado esquerdo mantenho o ouvido alerta. sem phone. só para me poder concentrar...

ontem ou hoje ouvi alguém comentar que na cidade já quase ninguém anda de máscara. e eu pensei "ainda bem que já não vou lá, ia-me sentir mal..."

no fim de semana vi um filme "dublado" porque foi o que se arranjou. sobre aquele caso do escândalo que foi nos anos 90, quando um tipo duma certa banda de "norwegian raw black metal" atacou outro à facada e lá o mandou pros infernos, e entretanto apanhou 21 anos atrás das grades... mein gott. aqueles putos eram doidos varridos apanhados das ideias e não respeitavam ninguém. o som era bruto mas eles eram grunhos até à quinta casa...

(é verdade, além de ter feito comida, lavado e apanhado roupa, lavado loiça, cuidado de mim minimamente, ainda consegui ver 1 filme parvo... fiquei estúpida comigo mesma. basta não ter mesmo com quem falar ou quem se importe comigo e que viva perto - e que possa preocupar-se. basta fingir que não me preocupo mais. porque se me preocupar fico só pasmada na preocupação e não consigo senão dormir. era nestas merdinhas que me dava jeito ser normal, mas nicles...)

já fiquei com o rímel todo esborratado de chorar. merda pra isto. quando eu mais precisava que fossem à prova de água... não sei se já tenho apetite. fome tenho. mas basta ter um dia de caca e o apetite não vem... puta-que-pariu-esta-merda-toda. assim tipo mantra do dia.

dantes eu queixava-me e o universo conspirava de forma a eu não ter razão de me queixar. por vezes ainda é assim, tenho que resgatar isso... preciso de ver uma luz ao fundo do túnel.
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