dias lentos aqui...
amanhã é sexta. por conta das bronquites que não me deixaram dormir devidamente, troquei os sonos. portanto hoje a ver se faço uma cházada logo à noite. se a valeriana e a passiflora ainda estiverem fixes é disso que faço. (comprei no ano passado na ervanária e depois a S. deu-me mais cházinhos lá do quintal dos pais dela, de modo que a cidreira e doce-lima da S. é o que ando a beber e esqueci-me dos outros... eles têm sempre muita cidreira e doce lima no quintal...)
cházinhos calmantes que me façam voltar a meter o sono em dia...
andei a vasculhar esta coisa aqui, à procura de pistas que me façam ver "o caminho" - nunca ninguém sabe o "caminho", a gente vai fazendo o nosso caminho aos poucos, conforme vamos vivendo... devia começar por instituir nesta casa a velha tradição de família: o chá da meia-noite. os ingleses é às 17h. num dia normal, em que não esteja de molho com a bronquite, pelas 17h 'tão as colegas a sair e eu ainda lá fico mais um bocado. por vezes meia hora (quando estou mais cansada) outras vezes até depois das 18h... tem que ser e não me está a dar jeito nenhum esta bronquite senão pra descansar a cabeça. é certo que também precisava e que há males que vêm p'ra bem, mas tenho que acertar de novo os horários que se fornicaram completamente nos últimos 3 dias.
creio que evoluí bastante desde há 15 anos atrás. e que vinha (venho) para aqui queixar-me disto e daquilo por mero desabafo e mais tarde isso serve-me para reflectir sobre as cenas. em 2006 eu era de facto bastante imatura - mas não assim tanto quanto a nha mana pensava. mas até hoje me custa a entender porque não consigo funcionar devidamente, como as outras pessoas. mas creio que nessa altura me sentia mais culpada por não funcionar.
não me quero sentir mais culpada. neste país muita coisa mudou desde 2006. há tanta coisa que culpar - a crise que houve, a mania das pessoas de só viverem de imagem e serem raras as pessoas capazes de partilhar algo mais que o superficial, a net que se generalizou e actualmente muita gente que só faz merda também anda por aqui - não admira.
reparei que deixei fugir amizades porque não tinha mais energia para voltar aqui nem tive nada de "positivo" para lhes mostrar. custava-me verem-me sempre triste. é, se eu ando à procura de ter sido feliz antes de 2006, bem, devo ter sido algumas vezes. no demais era uma atrofiada. então - caneco! - onde raio me situo nesta busca maluca do "meu caminho"?
bastou reler algumas cenas antigas para chegar a esta conclusão: tive momentos de felicidade? tive. certamente que tive e finalmente, já cota e com rugas e cabelos brancos a despontarem como cogumelos, compreendo que a vida é esta treta de altos e baixos. e não há nada que a gente possa fazer...
por vezes, no entanto, ainda me pergunto porque sou assim? serei mesmo "maluca" como me diziam em pequena, apenas por ser filha de primos direitos? que tipo de pessoa leva as coisas que lhe dizem tão a peito que é capaz de sofrer mesmo com certas bocas e fica sem entender outras? que tipo de pessoa tem dificuldade a mexer em pêssegos porque tem hipersensibilidade a certas texturas? que tipo de pessoa escolhe perfumes pela cor porque associa automaticamente cores a cheiros (mesmo sem ser no caso de perfume?) que tipo de pessoa se torna desorganizada na vida porque se perde a procurar cenas que lhe ensinem qualquer coisa mas depois nem energia tem para (re)começar as tarefas? que tipo de pessoa se sente completamente atrofiada com certos barulhos externos? que tipo de pessoa se recorda de ter que aprender a olhar as pessoas nos olhos porque lhe custava horrores quando era mais jovem e teve que se treinar a fazer isso? que tipo de pessoa se atrofia toda e tem dificuldade a dar as devidas indicações quando lhe perguntam onde fica certo sítio, mesmo quando sabe exactamente onde fica o sítio? e que também lhe custa a entender as indicações que lhe dão se for ao contrário? que tipo de pessoa tem dificuldade em manter conversas de chacha e prefere conversas mais profundas e/ou sobre temas interessantes? que tipo de pessoa desenvolve gostos na vida que não são muito comuns e que se tornam algo obsessivos facilmente? que tipo de pessoa - por causa desses gostos obsessivos que não são tão usuais entre a maioria - chega a ouvir bocas de colegas "ela só sabe falar de heavy metal", "eh pá cala-te lá com os góticos que só falas disso!" - a 1ª boca ouvi na escola, a segunda foi já com 20 e tal anos, uma vez que uma amiga me aturou o dia inteiro (sorry, não fiz por mal...) - neste momento a minha panca é ver documentários no youtube e também sou chata a falar deles... que tipo de pessoa se chega a sentir desconfortável se alguém menos próximo/a lhe tocar no braço, por exemplo? que tipo de pessoa sente que tem que se controlar em determinadas situações (mesmo quando lhe é penoso) só para poder "encaixar" mas na verdade isto deixa-a muitas vezes esgotada? que tipo de pessoa, a juntar a estas questões, tem bronquite e menos força num dos braços desde que se lembra? que tipo de pessoa tem determinadas rotinas e stressa facilmente quando alguma falha ou não corre bem?
eu não fazia ideia até há bem pouco tempo, que tipo de pessoas podiam ter assim estas características todas.
uma vez tropecei no youtube com o canal de um moço portador de síndrome de asperger. e eu, que até tenho um primo mais novo com isso, resolvi ir cuscar. nem estava a ver cenas de psicologia mas tropecei naquilo e fui ver. o vídeo era sobre 9 sintomas típicos de tal síndrome. o que me chamou mais a atenção foi quando ele referiu a cena das texturas. mas quase tudo o que ele descreveu a minha sensação foi "been there, done that".
uma vez comentei com a minha então psicóloga se seria esse o meu problema também? ela disse-me que não era isso, que eu tenho o que se chama de "personalidade dependente" - o que torna tudo isto mais irónico ainda, obrigada a ser independente à força!...
ainda gostava de saber se é isto que eu tenho e não sei. gostava de tirar isto a limpo mas nem sei por onde começar. se ao menos a minha "maluqueira sem nome" passasse a ter um nome, se fosse identificada, talvez fosse mais fácil as pessoas entenderem-me e porventura darem-me um desconto... assim sou apenas "maluca" e ser "maluca" é ser rejeitada...
cheguei a encontrar testes que me pareceram mais ou menos fiáveis e ao fazê-los a avaliação que tive dizia que "é possível que seja isso mas só os especialistas para o confirmarem". sei que a gente não se pode fiar muito nos testes da net, por muito fiáveis que possam parecer e que há coisas em mim que de facto não encaixam numa síndrome de asperger: o meu primo, por exemplo, aos 3 anos ainda não falava senão uma "língua" inventada por ele. eu comecei a balbuciar as 1ªs sílabas entre os 4 e os 6 meses e com ano e meio já mantinha conversas simples mas inteligíveis com as pessoas próximas. creio que também larguei a fralda numa idade perfeitamente normal - o meu primo já andava na escolinha quando conseguiu isso...
por vezes gostava que o meu problema fosse este, era mais fácil de explicar.
assim, vou ficar sem saber e a ter que me esfalfar por ter "uma vida normal" sem saber porque raio me sinto "diferente"...
cházinhos calmantes que me façam voltar a meter o sono em dia...
andei a vasculhar esta coisa aqui, à procura de pistas que me façam ver "o caminho" - nunca ninguém sabe o "caminho", a gente vai fazendo o nosso caminho aos poucos, conforme vamos vivendo... devia começar por instituir nesta casa a velha tradição de família: o chá da meia-noite. os ingleses é às 17h. num dia normal, em que não esteja de molho com a bronquite, pelas 17h 'tão as colegas a sair e eu ainda lá fico mais um bocado. por vezes meia hora (quando estou mais cansada) outras vezes até depois das 18h... tem que ser e não me está a dar jeito nenhum esta bronquite senão pra descansar a cabeça. é certo que também precisava e que há males que vêm p'ra bem, mas tenho que acertar de novo os horários que se fornicaram completamente nos últimos 3 dias.
creio que evoluí bastante desde há 15 anos atrás. e que vinha (venho) para aqui queixar-me disto e daquilo por mero desabafo e mais tarde isso serve-me para reflectir sobre as cenas. em 2006 eu era de facto bastante imatura - mas não assim tanto quanto a nha mana pensava. mas até hoje me custa a entender porque não consigo funcionar devidamente, como as outras pessoas. mas creio que nessa altura me sentia mais culpada por não funcionar.
não me quero sentir mais culpada. neste país muita coisa mudou desde 2006. há tanta coisa que culpar - a crise que houve, a mania das pessoas de só viverem de imagem e serem raras as pessoas capazes de partilhar algo mais que o superficial, a net que se generalizou e actualmente muita gente que só faz merda também anda por aqui - não admira.
reparei que deixei fugir amizades porque não tinha mais energia para voltar aqui nem tive nada de "positivo" para lhes mostrar. custava-me verem-me sempre triste. é, se eu ando à procura de ter sido feliz antes de 2006, bem, devo ter sido algumas vezes. no demais era uma atrofiada. então - caneco! - onde raio me situo nesta busca maluca do "meu caminho"?
bastou reler algumas cenas antigas para chegar a esta conclusão: tive momentos de felicidade? tive. certamente que tive e finalmente, já cota e com rugas e cabelos brancos a despontarem como cogumelos, compreendo que a vida é esta treta de altos e baixos. e não há nada que a gente possa fazer...
por vezes, no entanto, ainda me pergunto porque sou assim? serei mesmo "maluca" como me diziam em pequena, apenas por ser filha de primos direitos? que tipo de pessoa leva as coisas que lhe dizem tão a peito que é capaz de sofrer mesmo com certas bocas e fica sem entender outras? que tipo de pessoa tem dificuldade a mexer em pêssegos porque tem hipersensibilidade a certas texturas? que tipo de pessoa escolhe perfumes pela cor porque associa automaticamente cores a cheiros (mesmo sem ser no caso de perfume?) que tipo de pessoa se torna desorganizada na vida porque se perde a procurar cenas que lhe ensinem qualquer coisa mas depois nem energia tem para (re)começar as tarefas? que tipo de pessoa se sente completamente atrofiada com certos barulhos externos? que tipo de pessoa se recorda de ter que aprender a olhar as pessoas nos olhos porque lhe custava horrores quando era mais jovem e teve que se treinar a fazer isso? que tipo de pessoa se atrofia toda e tem dificuldade a dar as devidas indicações quando lhe perguntam onde fica certo sítio, mesmo quando sabe exactamente onde fica o sítio? e que também lhe custa a entender as indicações que lhe dão se for ao contrário? que tipo de pessoa tem dificuldade em manter conversas de chacha e prefere conversas mais profundas e/ou sobre temas interessantes? que tipo de pessoa desenvolve gostos na vida que não são muito comuns e que se tornam algo obsessivos facilmente? que tipo de pessoa - por causa desses gostos obsessivos que não são tão usuais entre a maioria - chega a ouvir bocas de colegas "ela só sabe falar de heavy metal", "eh pá cala-te lá com os góticos que só falas disso!" - a 1ª boca ouvi na escola, a segunda foi já com 20 e tal anos, uma vez que uma amiga me aturou o dia inteiro (sorry, não fiz por mal...) - neste momento a minha panca é ver documentários no youtube e também sou chata a falar deles... que tipo de pessoa se chega a sentir desconfortável se alguém menos próximo/a lhe tocar no braço, por exemplo? que tipo de pessoa sente que tem que se controlar em determinadas situações (mesmo quando lhe é penoso) só para poder "encaixar" mas na verdade isto deixa-a muitas vezes esgotada? que tipo de pessoa, a juntar a estas questões, tem bronquite e menos força num dos braços desde que se lembra? que tipo de pessoa tem determinadas rotinas e stressa facilmente quando alguma falha ou não corre bem?
eu não fazia ideia até há bem pouco tempo, que tipo de pessoas podiam ter assim estas características todas.
uma vez tropecei no youtube com o canal de um moço portador de síndrome de asperger. e eu, que até tenho um primo mais novo com isso, resolvi ir cuscar. nem estava a ver cenas de psicologia mas tropecei naquilo e fui ver. o vídeo era sobre 9 sintomas típicos de tal síndrome. o que me chamou mais a atenção foi quando ele referiu a cena das texturas. mas quase tudo o que ele descreveu a minha sensação foi "been there, done that".
uma vez comentei com a minha então psicóloga se seria esse o meu problema também? ela disse-me que não era isso, que eu tenho o que se chama de "personalidade dependente" - o que torna tudo isto mais irónico ainda, obrigada a ser independente à força!...
ainda gostava de saber se é isto que eu tenho e não sei. gostava de tirar isto a limpo mas nem sei por onde começar. se ao menos a minha "maluqueira sem nome" passasse a ter um nome, se fosse identificada, talvez fosse mais fácil as pessoas entenderem-me e porventura darem-me um desconto... assim sou apenas "maluca" e ser "maluca" é ser rejeitada...
cheguei a encontrar testes que me pareceram mais ou menos fiáveis e ao fazê-los a avaliação que tive dizia que "é possível que seja isso mas só os especialistas para o confirmarem". sei que a gente não se pode fiar muito nos testes da net, por muito fiáveis que possam parecer e que há coisas em mim que de facto não encaixam numa síndrome de asperger: o meu primo, por exemplo, aos 3 anos ainda não falava senão uma "língua" inventada por ele. eu comecei a balbuciar as 1ªs sílabas entre os 4 e os 6 meses e com ano e meio já mantinha conversas simples mas inteligíveis com as pessoas próximas. creio que também larguei a fralda numa idade perfeitamente normal - o meu primo já andava na escolinha quando conseguiu isso...
por vezes gostava que o meu problema fosse este, era mais fácil de explicar.
assim, vou ficar sem saber e a ter que me esfalfar por ter "uma vida normal" sem saber porque raio me sinto "diferente"...