documentários dos youtubis, da positividade tóxica - anhando mais a bronquite...

Feb 02, 2022 16:16

tanto que eu precisava de descansar e de arrumar a casa... mas, como de costume, só estou em casa porque estou doente e desta vez aboborei demais para conseguir ir bulir... mas arrumar a casa nicles... não é com bronquite e cansada por conta da mesma que vou andar a fazer esforços e/ou a mexer em pó. tenho é que melhorar para poder voltar à rotina diária...

por causa da bronquite, há vezes em que me tento deitar e tenho que perder um bocado a arranjar posição confortável pois a expectoração a soltar faz pieira e cócegas nos brônquios. mas é um tipo de cócegas que não faz rir, antes faz tosse e fico toda ranhosa...

tenho-me vingado a ver documentários no youtube. ontem vi um sobre uma religião que não conhecia. a religião antiga dos povos mongol e húngaro que se chama "tengrismo". achei muito interessante. achei que era uma religião bastante assertiva e muito à frente para a época e achei que a espiritualidade que as pessoas ainda praticam em certas zonas remotas da rússia - em yakutsk, na sibéria, por exemplo, ainda tem reminiscências fortes do tengrismo, nomeadamente no respeito que as pessoas ali demonstram pela natureza... (isso vi num outro documentário sobre "o local mais frio do mundo"...) também notei semelhanças entre as divindades deles e as da mitologia nórdica.

o que é que estes interesses trazem de útil para a minha vida? nada de concreto. apenas o gosto pelo saber. afinal o meu pai sempre me disse que "o saber não ocupa lugar". acho que até ele também teria gostado de ver tal género de documentários... eu gosto de ver documentários sobre estas coisas.

num dos documentários que vi sobre outra coisa qualquer falavam de um conceito que já tinha reparado na existência de algo assim na sociedade actual mas não sabia como lhe chamar. então eis que num vídeo qualquer que vi atiraram com o conceito de "toxic positivity" - positividade tóxica em tuga... o mal mais gritante dos tempos modernos onde todos nós mortais comuns tentamos mostrar uma vida impec. nas redes sociais... mesmo que seja fogo de vista. e isso é reforçado pelos "vips" que dão o exemplo às pessoas normais. então a pessoa pode estar destroçada por dentro mas tem, nem que seja à força, que ser "positivo/a"... sob pena de não ser aceite nem compreendida pelos pares.

parece uma competição onde as pessoas ao invés de se tranquilizarem umas às outras, apenas discutem quem é que teve que comer a pior sandes de merda. e que foi forte e safou-se. ok. e eu que não me safo - e daí?...

foi o que me aconteceu a mim há cerca de 7 anos atrás, cada vez que tentava desabafar com as pessoas e só me diziam "ai! és muito negativa, tens que ser positiva!"... isto, confesso que nada me ajudou antes pelo contrário.

parece que o que me tinham feito até era desculpável - eu continuar a sofrer por isso e querer validar o meu lado da moeda é que não, podiam até andar a difamar-me e eu querer repor a verdade, mas parece que não tinha esse direito e ninguém me ajudou nisso - foi como que o meu sofrimento não foi legitimado... então, ao não me sentir validada de forma alguma, fui-me afastando mais e mais das pessoas. até que hoje em dia raramente tento estabelecer comunicação - para quê, se essas pessoas não me entenderam?

então, quando ontem tropecei de repente no conceito de "positividade tóxica", senti que se as pessoas não me validaram, pelo menos a ciência já validou a minha opinião acerca da tal "positividade forçada" porque também já reparou nisso. sei que já é um conceito e que mesmo que eu lá tenha chegado sozinha e através da própria experiência, não é nada só "da minha cabeça" - existe mesmo e os especialistas já repararam nisso e até já lhe deram um nome - a mim só me faltava descobrir o nome e se mais alguém já tinha reparado nisto...

exactamente: positividade passa a ser tóxica porque é como tudo: quando é demais chateia... quando a pessoa está na merda por seja qual for o motivo, desde que seja válido, dizerem-lhe "blá blá blá tens que se positiva!" é o mesmo que não lhe validarem o que passou. é o mesmo que dizerem-lhe "ok acabaste de engolir a tua sandes de merda mas agora tens que ignorar o mal que te fez, senão és fraca e negativa" - a sério?? why the f*ck? ora revejam lá os vossos parâmetros para definirem o que é ser "fraca e negativa" que eu não me identifico lá muito com isso...

mas na altura fez-me muito mal, achei que devia ser uma pessoa horrível e/ou sem valor nenhum por não conseguir superar como aquelas pessoas queriam. mas mais tarde entrei numa de pensar que se era essa a ideia que tinham, então fiquem lá com a vossa ideia que eu tenho a minha e obrigada na mesma... e foi assim.

tenho-me lembrado de muita coisa que sucedeu, numa tentativa de achar o fio à meada. é fazer por curar a bronquite e a cabeça... só não posso é curar quem em tanto contribuiu para que eu hoje seja como sou - um bixo do mato que depressa se arrepende de tentar comunicar com as pessoas ou que nem sequer tenta. e apenas o faço porque interagir causa-me ansiedade e de momento já não me ralo tanto com isso. seja. wtf...

outras vezes tenho medo de parecer estúpida ou maluquinha... antes que pareça, faz de conta que nem sequer existo.

mas depois existem aquelas pessoas normalíssimas e que "até me querem bem" que não me telefonam há anos e depois vão comentar com pessoas amigas (comuns) que "ouviram dizer que eu morri" - WHAT THE F*CK???! - bem, estou aqui a escrever neste momento com os meus dedos físicos, do corpo físico que é o que geralmente morre e se tivesse morrido nem mexiam... quando a dona E. me contou isto ao telefone eu desatei a rir que nem doida. achei muito engraçado alguém "que me quer bem" ter-lhe dito algo tão surreal. resposta da dona E. "ai morreu como, que ainda esta semana falei com ela ao telefone?" e de seguida foi-me ligar just in case... mas eu nem sei porque é que tive tal reacção, eu creio que ri para não chorar - afinal que raio se passa com as pessoas hoje em dia que preferem dizer tretas a nosso respeito do que agarrarem na merda do telefone e ligarem elas mesmas a saber como estamos?...

nunca antes tivemos tantas formas de comunicar e nunca antes comunicamos tão pouco e tão superficialmente.

e depois, claro, existe a tal onda da positividade tóxica em que alguns de nós já começamos a reparar, mesmo que não tenhamos estudado sobre a coisa - basta sentir na pele e/ou observar o mundo à volta...

por isso é que eu prefiro continuar a escrever aqui em vez de andar a cagar postas de pescada nos sites da moda.
aqui apenas desabafo e um dia volto a ler e compreendo melhor as coisas. sempre foi assim, é a minha maneira de lidar com as merdas...
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