Nov 09, 2008 00:49
Muito Mau. Não escrevi quase nada hoje. Não estou nem perto do número de palavras a que deveria estar. Mas amanhã tenciono ficar o dia todo em casa, sem fazer mais nada, por isso vou voltar à carga. Bom, bom era eu conseguir chegar perto das 18,000 antes de segunda-feira... A ver vamos. O word count neste momento vai a 12.670 (era suposto ir a 13.333).
Aqui vai o pouco que escrevi hoje:
Goodwin montou Brunos, experimentando a perna esquerda, envergando o seu arco e carregando as suas flechas. Leandro e Aleixo montavam com ele nessa manhã, fortes alvos nas suas costas, trotando em círculos em volta de Goodwin. As flechas haviam sido protegidas e Goodwin apontava-as aos companheiros, fazendo pontaria ao alvo nas suas costas. Os outros dois moviam-se com rapidez e troçavam do rapaz, que lhes respondia com gargalhadas. Disparou uma primeira flecha e viu-a despenhar-se contra o chão, ao falhar Leandro.
- Pensei que eras bom, Goodwin - troçou Leandro, fechando o círculo à volta do mais novo.
Leandro fazia parte da guarda do Rei desde que se tornara adulto, há mais de cinco anos, e contava com a total confiança do Rei. Era ainda novo, casado há pouco tempo com uma donzela da corte, tinha um largo sorriso, olhos púrpura, longos cabelos cor de trigo, atados na nuca com um pedaço de tecido negro. Era Leandro quem estava responsável pelo treino de Goodwin.
O jovem lançou-lhe um comentário sarcástico e voltou Brutos, procurando Aleixo, que girava sobre si mesmo, troçando Goodwin. Sorria-lhe de forma desafiante e erguia-lhe as sobrancelhas, mostrando-lhe que deveria atacar.
- Não és capaz de acertar num velho homem, Goodwin? - perguntou Aleixo, incitando a sua montada para um galope feloz, passando rente a Goodwin, que se virou rapidamente tentando ter tempo para se preparar para o ataque.
Puxou a flecha, sentindo a pressão do elástico e disparou. O dardo enterrou-se no círculo exterior do alvo nas costas de Aleixo, que o observou sobre o ombro.
- Nada mau, mas não me pararias de um ataque... - comentou, retirando a flecha do alvo e jogando-a no chão poeirento.
Aleixo era o mais velho arqueiro da guarda do Rei. Já passara dos quarenta há algum tempo. Dizia-se mesmo que se tinha alistado como archeiro quando o Reino estava ainda sob o comando de Dom Afonso o Conhecedor, do que Goodwin não duvidava, dado os cabelos grisalhos do mestre e as cicatrizes que lhe marcavam os ombros, braços e face. Aleixo era bastante mais alto do que Goodwin, costas direitas e olhar atento. Tinha uma voz agradável, um sorriso conhecedor, uma destreza impressionante.
Leandro disparou na direcção de Goodwin, falhando-o por um mero segundo e lançou-lhe um aviso - concentração a todo o momento. O jovem acenou e preparou a flecha, rodando no dorso de Brunos, procurando atingir Aleixo sem perder Leandro de vista.
O sol subia rapidamente no céu, alertando-os para a chegada da hora do almoço, que partilhariam com o Rei e a Rainha no salão principal.
A vida no Castelo começava a tomar alguma monotonia, lentamente, à medida que Goodwin se ambientava. De manhã comia nas cozinhas um naco de pão e leite com mel, na companhia dos outros membros da guarda do Rei. Depois de uma pequena cerimónia a família real tratava de assuntos oficiais, reunindo-se com os conselheiros, ou recebendo membros da comunidade que traziam até eles os seus problemas. Os homens de armas desciam até ao descampado onde treinavam manhã fora, a pé ou a cavalo, até que uma moça das cozinhas os viria chamar para o almoço. Comeriam na companhia dos Reis, no grande salão, contando por vezes com os seus Conselheiros ou visitantes humanos ou de outras espécies. À tarde distribuiam-se nas mais diversas actividades - das justas à caça, passando pela leitura de poemas e tardes de lazer nos aposentos da Rainha.
- Há lugar para mais um? - perguntou uma voz áspera como as rochas, velha como o tempo.
Goodwin voltou-se para Norte, de onde vinha a voz, e avistou uma pequena figura humana. Não teria mais de metro e meio de altura, era robusta e musculosa, de pele escura e olhar negro como a noite. Os seus cabelos eram vermelhos, fogosos, oleosos e escassos. Envergava uma armadura de complicada confecção e carregava consigo um arco de precisão, daqueles que Goodwin sempre tinha cobiçado, e sorria jovialmente.
- Bom Eubi Lightfist! Como é bom ver-te - cumprimentou Aleixo, cavalgando até ao duende, com o qual apertou mãos. - Creio que conheces Leandro? E este é o jovem Goodwin, uma nova aquisição.
Eubi Lightfist tinha um passo descompensado, como se as suas pernas estivessem juntas perto da altura dos joelhos, o que o fazia quase que cambalear. Circundou Goodwin e bateu no flanco de Brunos.
- E ele é bom? - perguntou com a sua voz rouca e áspera.
- Vê por ti mesmo - respondeu Leandro, fazendo sinal a Goodwin para voltar ao exercício.
Leandro cavalgou em círculos rápidos, mas Goodwin manteve-se parado, concentrando-se num só ponto, preparando uma flecha. Pelo canto do olho observava ainda Eubi Lightfist e Aleixo, esperando que o tentassem apanhar desprevenido. Leandro passou atrás de si e Goodwin disparou, voltando-se para os outros dois assim que a flecha passou entre os seus dedos, desviando-se de um dardo projectado na sua direcção.
- Hmpf - bufou o duende, encolhendo os ombros. - Já vi mais rápidos e mais graciosos, mas não é mau para um humano.
Aleixo sorriu e abanou a cabeça. Que duende confessaria que um humano pudesse ser melhor do que um deles, por mais descoordenados que os duendes fossem?
Antes do almoço Goodwin teve licença para experimentar o arco de Eubi Lightfist, gabando-o com o olhar brilhante. O duende esperara que o arqueiro humano experimentasse a sua arma enquanto bebia uma caneca de cerveja na companhia de Aleixo e Leandro, comentando na vida nas montanhas, contando-lhes sobre a sua mulher, Mibbiwinkle, e filhos. Falaram durante bastante tempo, mas o olhar de Eubi Lightfist nunca deixou Goodwin e observou, orgulhosamente, como o jovem admirava a arma que o filho do duende, Oidi, tinha feito e oferecido ao pai.
espilce