Until Tomorrow [10/22]

Aug 17, 2009 08:58

Título: Until Tomorrow (10/22)
Autora: life_giver
Tradução: madeofsilence
Beta da Tradução: Banana
Categoria: the GazettE
Casal: Aoi / Uruha
Classificação: +18
Disclaimer: Esses lindos meninos pertencem a si mesmos, eles nunca serão meus e tenho certeza que eles são gratos por isso. Quem sabe o que faria caso eu colocasse minhas mãos neles.
Sinopse: Uruha sempre foi estranho aos olhos de Aoi, mas quando ele se vê preso na teia de peculiaridades do loiro, ele descobre que não consegue escapar, e de alguma forma... talvez ele não queira.
Comentários: No final do capítulo, como sempre :D.

"Aoi-chan, você sabe onde está a minha escova?" Uruha gritou do banheiro, e logo em seguida um barulho de coisas caindo ressoou pela casa toda.

"Oi, resolveu reformar o banheiro agora é?". Aoi gritou de volta, colocando uma mala sobre a cama e abrindo-a.

"Desculpe. É que as coisas pularam em cima de mim quando eu resolvi abrir o armário. Pra alguém tão organizado, você parece bem relaxado com suas coisas no banheiro, não? Tudo enfiado de qualquer jeito no primeiro canto livre. Mas enfim, você viu minha escova por aí?" Aoi começara a tirar algumas roupas das gavetas e dobrá-las para pôr na mala, ainda pensando que aquilo tudo era insanidade pura, e que ele iria acabar tão louco quanto Uruha. E ainda assim não fazia idéia do porquê de aceitar aquilo tudo.

"Não vi, mas aposto que está no meio das suas coisas ali no canto do quarto". Aoi respondeu, fechando as gavetas com um suspiro resignado ao ouvir Uruha xingar no banheiro enquanto mais coisas caíam no chão. "Eu agradeceria se você fosse um pouco mais cuidadoso, porque eu ainda preciso do que está aí, sabe?"

"Eu vou tomar um banho antes de sairmos. Vai ser uma viagem longa, sabe. Você pode me fazer um favor e ver se acha a escova no meio das minhas tralhas?" Perguntou, obviamente ignorando a provocação.

"Tudo bem" Aoi concordou, indo para o canto do quarto onde haviam deixado as coisas de Uruha que sobreviveram ao incêndio. Ele abriu a mochila e começou a procurar em meio à bagunça  de roupas e CDs. Ele podia ouvir a água correndo do chuveiro aberto no banheiro, e acima disso a nada maravilhosa voz de Uruha cantando uma música qualquer. Aoi se viu dando graças por Uruha ter decidido ser guitarrista.. Depois de revirar a mala inteira e não encontrar a tal escova, Aoi decidiu simplesmente despejar seu conteúdo no chão. Ficaria mais simples procurar se tivesse a liberdade de espalhar tudo e separar o que já tinha visto, e, de qualquer forma, Uruha teria que escolher o que levaria na viagem, então um pouco mais de bagunça não faria nenhum mal. Ao sacudir a mochila, entre as peças de roupa, DVDs, CDs e outras quinquilharias que se espalharam ruidosamente, um outro objeto rolou pelo chão, parando um pouco mais distante da pilha, perto do joelho esquerdo de Aoi. Ele estancou, encarando a caixinha preta de Uruha...

Ele estranhou encontrá-la ali, pois nem se lembrava de ter visto Uruha colocar a tal caixinha na bolsa, aquele dia. Ele a pegou com cuidado, ainda enegrecida pela fuligem, o metal prateado que enfeitava suas bordas danificado irremediavelmente .Girou-a entre os dedos algumas vezes, ainda atento aos ruídos no banheiro. Uruha não parecia ter intenção de sair tão cedo. Aoi estava morto de curiosidade quanto ao conteúdo da tal caixinha... Engraçado como as coisas totalmente inócuas ganham um ar instigante de mistério quando alguém nos diz que não podemos tocá-las ou as esconde de nós. Este era um desses casos. Será que ele deveria abri-la e trair a confiança de Uruha em nome dessa curiosidade? Se bem que o loiro não havia ordenado expressamente que ele não poderia olhar a caixinha... Então, em último caso, não havia nada de proibido, havia?

Aoi olhou mais uma vez a porta do banheiro, o barulho lá dentro continuava quando ele cuidadosamente abriu o fecho da caixa, consciente que era errado desrespeitar a propriedade alheia, mas Uruha era sua esfinge e ele queria desesperadamente resolver esse enigma se tal feito fosse possível. Ele ergueu a tampa e franziu a testa ao deparar com simples pedacinhos de papel cuidadosamente dobrados. Nenhum deles parecia ter sofrido com o fogo, apenas o exterior da caixa havia sido danificado. Ele remexeu os papéis, abrindo um que parecia ser uma lista de compras, outro era um post-it amarelo onde estava escrito:

Uruha, seu retardado, a câmera ficou no carro. Faça o favor de ir buscar antes do ensaio, ou ela vai estragar de vez.
Beijos, você mesmo.

Aoi não pôde deixar de sorrir com o bilhete esdrúxulo e o colocou de lado, vasculhando entre mais pedacinhos de papel, alguns números de telefone, uma receita velha de chá de ervas e dicas de video game, e por último um cartãozinho de visitas. Ao afastar o cartão, encontrou um retalho de seda preta cobrindo o fundo da caixa, e quando levantou o tecido finalmente descobriu o que estava escondido, bem no fundo da caixa: um anel prateado. Aoi ergueu uma sobrancelha, pinçando o anel entre os dedos e examinando-o cuidadosamente. Não parecia nada muito caro, mas era lindo mesmo assim. A gravação da parte interna fora feita com letras pequeninas, cuidadosas e delicadas, mas estava gasta, como se o anel nunca houvesse sido tirado por quem quer que o tivesse usado. A única coisa que ele ainda conseguia ler era "Uru". Mas o mais significativo nesse anel era que, com certeza, era um anel de compromisso. Aoi tinha certeza disso, principalmente por causa da gravação ter as primeiras letras do nome de Uruha - ou talvez fosse só o apelido, ele não sabia dizer.

Suas especulações foram subitamente interrompidas ao perceber que Uruha havia parado de cantar e estava fechando o chuveiro. Apressadamente, ele recolocou o anel na caixinha e o cobriu com o tecido que o protegia, repondo os papéis por cima deles na ordem em que os encontrara.

Aoi mal tivera tempo de ajustar o fecho quando Uruha abriu a porta, fazendo o moreno praticamente arremessar a caixinha de volta à mochila, fingindo rearrumar a pilha de objetos para devolvê-los ao lugar de origem. Ele ergueu o olhar e sorriu para Uruha, que o olhava desconfiado, enrolado numa toalha, parado à porta.

"Você tinha que jogar tudo no chão só pra achar uma escova?" O loiro perguntou, finalmente se afastando da porta e ajoelhando-se ao lado de Aoi para ajudá-lo a colocar tudo de volta no lugar.

"Toma." Aoi respondeu simplesmente, enfiando a escova na mão de Uruha. "Estava escondida no fundo da bolsa, eu tive que tirar todo o resto para achar."

“Mmhmm,” Uruha resmungou, sem conseguir disfarçar a irritação, o que era ralgo incomum nele, na verdade. Ele simplesmente pegou a escova, a colocou sobre a cama, e voltou a arrumar suas coisas no chão.

Olha, Uruha, você me pediu pra procurar a escova e eu só..."

"E eu disse alguma coisa?" O loiro respondeu bruscamente, enfiando as últimas peças de roupa de volta na mala antes de fechá-la e jogá-la novamente em seu canto. Aoi suspirou e se afastou, erguendo-se e esperando Uruha, que checava novamente se a mala estava bem fechada . "Desculpe," Uruha sussurrou, momentos depois.

"Mas quanta irritação por causa de uma baguncinha. Como se você fosse organizado demais." Aoi resmungou, tentando sair da linha de tiro. Ele tinha a nítida impressão que o que quer que significasse o anel, não era um assunto que trouxesse boas recordações a Uruha, se isso o atingia a ponto de alterar seu humor dessa forma.

"Você me conhece tão bem, Aoi-chan." Uruha sorriu, agradecido, afastando cuidadosamente o assunto espinhoso, como se também quisesse evitá-lo. "Você já avisou todo mundo?"

"Todos menos o chefe." Aoi brincou, pegando o celular do bolso e discando o número de Kai. Enquanto esperava o baterista atender, observava divertido Uruha torcer o nariz e ir buscar a mochila em seu canto, obviamente se dando conta de que teria de abri-la novamente para pegar as roupas que iria usar. Mais um toque e a voz de Kai do outro lado o cumprimentou formalmente.

"Ah, oi, Kai-kun. É, eu sei que nunca ligo para você... Não é nada grave, eu só liguei para avisar que eu vou viajar com o Uruha por uns dias..." Aoi se interrompeu, percebendo finalmente que Uruha nem ao menos havia lhe dito quanto tempo duraria a viagem. Era bem a cara dele sair fazendo as coisas sem o menor planejamento. "Eu também gostaria de saber para onde vamos, mas não faço idéia mesmo, e o Uruha se recusa a contar, então..." Aoi riu, mas seu riso acabou se dissolvendo no ar quando se deu conta da visão à sua frente: Uruha estava em pé e, dando as costas ao moreno, tranquilamente desembaraçou-se da toalha, deixando-a cair a seus pés, proporcionando a Aoi uma vista privilegiada de seu corpo, não dando espaço à imaginação. Assim, despido, ele parecia ainda mais belo a Aoi do que a impressão que ele tivera mais cedo naquela manhã.

Aoi perdeu a fala por um momento ao observar Uruha, a pele sendo novamente ocultada sob as camadas de tecido enquanto o loiro se vestia, sem se importar se estava sendo observado por alguém. Ele não parecia ter vergonha de sua nudez, mas Aoi não estava certo se isso era bom ou não...

A voz de Kai do outro lado da linha o despertou de seu devaneio. "É, eu estou aqui sim, pode falar. Olha, você nunca interrogou o Uruha nas vezes que ele resolveu sumir... Eu sei, Kai... Ok, nós não vamos ficar fora por muito tempo... eu acho." Uruha estava agora vestindo uma camiseta, e Aoi não conseguia desprender os olhos dele por um instante. "Eu vou levar meu celular, você pode ligar quando quiser, mas acho que estaremos de volta até lá... Eu já avisei os outros, então você não precisa se preocupar com isso. Ok, então, a gente se vê quando voltar. Se cuida, Kai-kun. É sério, trate de se cuidar direito, por favor... Faça isso por nós, tudo bem? Ok, obrigado. Tchau!" Aoi suspirou e encerrou a ligação, devolvendo o celular ao bolso da calça ao mesmo tempo que Uruha se virou para encará-lo, segurando uma mecha de seus cabelos entre os dedos, torcendo o nariz.

"Meu cabelo está um horror hoje."

"Ele está legal." Aoi afirmou, aproximando-se do loiro.

"Como você diz uma coisa dessas? Ah, já sei, é porque você é o Senhor Perfeito. Desculpe se eu esqueci que seu cabelo nunca tem dias ruins." Uruha fez uma vozinha irritante, fazendo Aoi sorrir ao erguer a mão e acariciar gentilmente o cabelo ainda úmido, surpreendendo o loiro.

"Só passa o secador, vai ficar bom. Sempre fica." O rosto de Uruha ficou inexpressivo por alguns instantes, e quando Aoi afastou a mão de seus cabelos, seus lábios se vurvaram num sorriso. "Você acha meu cabelo bonito, então?" Uruha perguntou infantilmente.

"E você ainda pergunta?" Aoi respondeu, fazendo uma imitação tão ridícula que Uruha torceu o nariz em desagrado.

"Eu não falo assim."

"Eu não estou querendo o troféu joinha mesmo" Aoi riu. "Além do mais, o especialista nisso aqui é você.Agora faça o favor de dar um jeito nesse cabelo para a gente poder sair. Eu não sei onde é esse lugar, mas se for muito longe é bom sairmos cedo."

"Ok, tudo bem. Eu já vou" Uruha disse e voltou ao banheiro. Momentos depois, o barulho do secador ligado ecoou pelo banheiro. Aoi aproveitou para terminar de fazer as malas.

Quando se certificou que estava tudo pronto, ele sentou na cama, ao lado da mala. Era estranho simplesmente viajar desse jeito com Uruha, para um lugar que ele ignorava onde seria; Uruha dissera que era algo por "eles" mas o que ele queria dizer com isso? E, pra começar, por que essa necessidade de se desculpar? Por acaso era pela atitude indiferente daquele dia? Aoi compreendia, se fosse por isso. Ele havia o beijado sem aviso, sem saber se os beijos e toques seriam recíprocos, mesmo que Uruha tivesse correspondido. É claro que ficaria um clima estranho entre eles.

Mesmo aliviado que Uruha estivesse de volta ao normal, a não ser pelas crises de mau humor, Aoi não pensava que ele lhe devia desculpas - na verdade, sentia que quem devia desculpas ao loiro era ele, por ter se aproximado tanto e depois se irritar e discutir com ele daquela forma. E se talvez ambos estivessem errados? A história toda era confusa demais, mas, quem sabe... essas "férias" talvez os ajudasse a acalmar os ânimos. Eles estariam a sós, e quem sabe assim Uruha pudesse se sentir mais confiante para falar... Era uma possibilidade.

******

Não muito tempo depois, Aoi se encontrava na calçada em frente ao seu prédio, assistindo Uruha tentar colocar toda a bagagem no porta-malas do carro - e conseguir fechá-lo.

"Então, vai caber tudo mesmo?" Aoi perguntou, observando o outro lutar para acomodar tudo o que queria levar. Uruha se limitou a gruinhir. "Bom, você não precisa carregar tudo que você tem no meu porta-malas, Uru-kun." Aoi riu, e foi ajudar o loiro. "Assim." Aoi instruiu, empurrando a própria mala com força até que ela deslizou para o fundo do compartimento, e então ajeitou as coisas de Uruha na frente. "Viu, nem precisava se matar tanto." Uruha sorriu, agradecendo a ajuda.

"É bom ter um homem forte que cuide dessas coisas para mim" Uruha brincou. Aoi simplesmente riu do comentário, dando a volta no carro e abrindo a porta para sentar-se ao volante, quando uma mão em seu peito o fez parar e se afastar. Ele baixou o rosto, olhou a mão em seu peito, e encarou o dono dessa mão, confuso. Uruha apenas estendeu a outra mão e agitou os dedos, pedindo as chaves.

"O quê? Você acha mesmo que vai dirigir?" Aoi perguntou, chocado. "Por favor, você é um imã de acidentes, e sabe, eu gosto bastante do meu brinquedinho novo... Eu citei que esse carro é novinho em folha?" Aoi continuou, firme.

"Você obviamente não faz idéia de onde vamos, então faça o favor de me passar as chaves agora, seu tarado."

"Nem em sonhos." Aoi respondeu, balançando as chaves sobre a cabeça e longe de Uruha."E de que foi que você me chamou?" Uruha simplesmente esticou o braço e tomou as chaves do moreno.

"Esqueceu que eu sou mais alto que você?"

"Seis centímetros, grande coisa ," Aoi resmungou, irritado, observando uruha brincar com as chaves de seu maior orgulho, fora as guitarras.

"Vai para o banco do carona, Aoi-chan," Uruha mandou, abrindo a porta do lado do motorista e sentando-se ao volante como se fosse o dono do carro. Aoi apenas ficou observando, embasbacado. Não acreditava que Uruha tinha acabado de exigir que ele abdicasse o direito de dirigir o próprio carro, e ainda por cima tivera a audácia de tomar as chaves dele! Aoi bufou e entrou no carro, batendo a porta com força, mas logo depois caiu em si e se desculpou baixinho com o carro.

"Não se preocupe. Eu não vou deixar esse loiro insano te machucar." Aoi sussurou para o carro, como se tentando acalmá-lo. Em resposta, Uruha pisou fundo no acelerador, fazendo o motor rugir furiosamente e olhou para o moreno, erguendo uma sobrancelha como se porguntasse "O que você estava dizendo mesmo?"

"Ok, desculpa, só não a machuque." Aoi implorou, acariciando gentilmente o painel. Uruha caiu na risada, finalmente dando a partida e se afastando da calçada sem maiores incidentes.

"Preciso temer pela minha vida?" Aoi perguntou, fingindo estar apavorado - se bem que, apesar da brincadeira, ele não se sentia realmente seguro. Ele nunca estivera em um carro com Uruha como motorista, e não era uma idéia tranquilizadora se fosse considerar a quantidade de acidentes em que o loiro se envolvera e o estado em que os carros ficaram.

"Eu bati em alguma coisa?" Uruha perguntou, freando cuidadosamente em um sinal vermelho.

"Não... ainda." Aoi respondeu com um meio sorriso. Até que Uruha não estava indo tão mal para alguém que esmagava carros como se fossem de alumínio.

******

Eles já estavam na estrada havia quase uma hora, e a cidade começava a desaparecer. Prédios e casas raramente apareciam, cada vez mais espaçados, árvores e campos tomando seu lugar. Uruha estendeu a mão e ligou o rádio, mudando as estações aleatoriamente e dirigindo com apenas uma das mãoz no volante, dividindo a atenção entre a estrada e o dial do rádio.

"No meu carro não quero nada de pop, música clássica, rap nem jazz." Aoi disse. Uruha apenas sorriu e acenou com a cabeça, finalmente se decidindo por uma estação e voltando a se recostar no banco, enquanto o espaço entre os dois foi preenchido pela voz estridente de duas garotas cantando uma musiquinha pop alegre. Aoi grunhiu, irritado ao ver Uruha balançando a cabeça no ritmo da música, sem tirar os olhos da estrada.

"Por deus. Vou colocar em outra estação." Aoi suspirou, rapidamente sintonizando o rádio em uma estação de rock que ele gostava.

"Aww, Aoi-chan, você não gostou daquela musiquinha?" Uruha perguntou, irônico.

"Nem um pouco. Pelo menos isto é algo que nós dois gostamos."

"E quem disse que eu escuto rock até nas horas vagas? Eu toco isso a semana inteira, é legal dar uma pausa de vez em quando." Uruha argumentou.

"Oh, então você gosta de músicas pop animadinhas, Uru-chan?" Aoi provocou.

"Eu gosto de música clássica, techno e até música alternativa de vez em quando, para sua informação desinformada. Não dá pra ouvir única e exclusivamente rock. Você deveria ouvir pelo menos um pouco de música clássica, que é música 'de verdade', por assim dizer."

"Falando assim, você parece o meu professor de música da 5ª série." Aoi riu, "Uruha Sensei."

"Soa bem, não acha? Talvez eu devesse ser professor de música. Não teria que aguentar gente chata como você o dia todo."

"Eu não sou chato! E você teria que lidar com adolescentes barulhentos e irresponsáveis e velhos ainda mais tarados do que você acha que eu sou. Além do mais, você é fanático demais pra ser um professor decente."

"Esse tipo de comentário me dá vontade de tentar só para provar que você está errado, Aoi-kun. Sua reputação como minha pessoa favorita acaba ficando arranhada desse jeito."

"Aww, então você não gosta mais de mim?"

"Eu não acho que vá deixar de gostar de você algum dia." Uruha afirmou, fazendo Aoi sorrir ao notar que ele estava dirigindo com as duas mãos no volante - a maneira certa de se dirigir, aliás. Considerando que o loiro tinha uma tendência estranha de arrasar completamente carros perfeitos, isso era tranquilizador. Aoi dificilmente dirigia dessa forma, preferindo manter uma mão no volante, segurando um cigarro com e apoiando a outra mão na janela aberta, mas isso não vinha ao caso. "Você só não me leva a sério na maior parte do tempo."

"É meio difício às vezes, Uruha..."

"É, eu sei." Uruha  o interrompeu com o mesmo tom amargo que vinha usando ultimamente.

"Mas não quer dizer que eu não te leve a sério, Uru-chan" Aoi respondeu rapidamente.

"Nem adianta me bajular desse jeito, Aoi-kun. Você quase nunca me chama desse jeito, mas quando a coisa esquenta você fica todo Uru-chan isso, Uru-chan aquilo." Uruha implicou, mas logo depois olhou para Aoi com um sorrisinho torto. Aoi entendeu que ele não estava realmente bravo, apenas incomodado com algumas coisas por algum motivo, e decidiu esquecer o assunto, por enquanto. Ao invés disso, começou a rir baixinho.

"Tá rindo de quê?"

"Hoje de manhã, você me chamou de tarado. Por que isso? Era mais uma das suas piadas bizarras, por acaso?" Uruha mordeu o canto da boca e olhou para Aoi por um momento e, mantendo uma das mãos no volante, estendeu a outra mão para Aoi, acariciando seus cabelos, percorrendo seu rosto e tocando seus lábios com as pontas dos dedos, antes de recolhê-la e voltar a dirigir.

"Preciso continuar a demonstração ou você já captou a idéia geral da coisa?" Aoi sentiu o rosto esquentar assim que percebeu o que o loiro queria dizer.

"É... que..." Aoi gaguejou.

"Não tenho nada contra ser abusado assim, já que você não é um estranho qualquer. Mas você poderia ter me perguntado antes de começar essa pequena exploração do meu corpo." Uruha riu da expressão de choque que Aoi exibia.

"Você poderia ter sido legal e me avisado que estava acordado aquela hora. Me pouparia o constrangimento. É o que um amigo faria." 'Um amigo não o teria tocado daquele jeito, para começar' Aoi completou em pensamento, sabendo que nada justificava o que havia feito. Uruha ficou quieto por um momento, o ronco suave do motor pairando no ar, e então deu de ombros.

"Bom... talvez eu tenha gostado." Uruha respondeu baixinho para Aoi, que arregalou os olhos, surpreso. Ele sentiu o coração parar por um instante, para bater dez vezes mais rápido logo depois. Não conseguiu pensar em nenhuma resposta. Por acaso Uruha achava divertido fazer aquele tipo de joguinho psicológico com ele? Primeiro, aquela atitude distante e o silêncio, depois se desculpando e se aconchegando a ele, apesar dos surtos de mau-humor, e agora essa confissão de que havia gostado que Aoi o tocasse? E, de alguma forma, Aoi tinha certeza que Uruha deixaria o assunto como estava, pairando entre os dois, assim como ele havia feito com aquele beijo. E se Aoi estava confuso antes, agora ele sentia que sua mente nunca mais iria se desenroscar desse enigma.

-------
Pois é , uma semana atrasada xD
A vida tá complicada aqui fora :/ Muitas coisas pra fazer, problemas pra resolver...
O importante é que está tudo bem :3
E eu to indo pra Brasília sexta *-* Eba *-*

until tomorrow, aoixuruha, tradução

Previous post Next post
Up