Aventuras de uma claustrofóbica no metrô

Nov 14, 2009 00:25

Eu sou uma pessoa medrosa. Sempre fui.

Mas tem coisas que dá para a gente relevar, como não gostar de lugares ao ar livre. É incômodo ficar num quiosque ou barzinho do lado de fora, mas eu posso conviver com isso e não deixo de sair na rua, por exemlpo.

Agora, tem medos (ou fobias, chame como quiser) que simplesmente não dá. Surto legal quando vejo uma lagartixa ou um sapo. E quando eu digo "surto legal", digo que choro que nem criança, fico tremendo, perna bamba e coisas do tipo.
Na mesma categoria dos sapos e lagartixas estão tempestades (mais precisamente quando "escurece" durante o dia, não a chuva propriamente dita) e lugares fechados, entre outros.

Pois bem. Hoje fui ao Festival Internacional de TV, lá no SESC do Flamengo (vou postar algo mais específico sobre o evento, que tinha como tema "séries de TV" em outro post - ou em outro blog, a definir). Quem conhece o local, sabe que é em frente à estação do metrô, então, não pensei duas vezes antes de usá-lo para chegar (além do mais, não tem engarrafamento, chegaria mais rápido).

Porém, me esqueci completamente de alguns detalhes:

1- O horário
2- Antes de chegar no Flamengo, o metrô passa na Central
3- Sou clastrofóbica

Já dá para imaginar o que aconteceu, né? Fui, toda feliz, às 8h da manhã, pegar o metrô para chegar às 9h na abertura do evento. Quando entrei, o metrô não estava muito vazio, mas dava para ficar e respirar. Então, chegou no Estácio e entrou mais gente do que deveria. Eu fiquei calma, pois, na minha cabeça louca, a tendência era esvaziar na Central. Ledo engano. A minha sorte foi que comentei sobre isso com uma passageira aleatória que me respondeu: "esvaziar? rá! vai nessa... você se ajeita aí porque senão vai ser prensada no ferro". Pronto! Foi o que bastou para me dar conta que estava dentro de uma lata de sardinha, já meio apertada e que mais gente iria entrar ali. Muito mais gente, por sinal.
Na hora me faltou o ar e perguntei: "qual o lado que desce?", para já ir me aproximando da porta (ou pelo menos tentando). A moça me disse: "você não anda de metrô não, né? você simplesmente não vai conseguir descer. e, se não se segurar, vai ser esmagada". "Fudeu", eu pensei, mas pedi que me dessem passagem.

Quando o metrô parou na Estação da Central, tive uma clara visão do inferno. Só vi uma onda vindo em direção ao meu vagão e tive que começar a luta. Fechei os punhos (porque pedir licença não ia adiantar) e tirei vantagem do meu tamanho. Bem, pelo menos tentei. Foram momentos de luta corporal intensa - eu contra a multidão (agora sei como os peixes da piracema se sentem). E, por muito pouco, minha bolsa não ficou lá dentro.

Já em terra firme, tremendo que nem vara verde, pude constatar que escolhi o pior meio de transporte, no pior horário, para tentar chegar no Flamengo. Ali eu tinha duas opções: sair da estação, tentar pegar um ônibus e, junto com ele, um engarrafamento do caramba ou esperar um trem vazio passar e chegar mega atrasada. Escolhi a segunda opção.

Nove "trens" depois, consegui embarcar em um menos cheio e chegar "apenas" 45min atrasada. Bem, levando em conta que o evento só começou às 10:30, meu atraso nem foi tão grande assim.

Mas ainda não acabou!

Já que eu fui, tive que voltar, certo? Para minha "alegria", o evento acabou às 19h de uma sexta feira 13, dia de jogo do Vasco. Pensei em ficar fazendo hora pelo Flamengo, até dar uma hora razoável para voltar para casa sem passar pelo mesmo perrengue da manhã. Porém, não conheço absolutamente nada por ali e imaginei que, sendo quase 20h, o metrô fosse estar menos cheio.

Ledo engano #2.

Cheguei na estação e o primeiro metrô passou. Muito cheio. Se já estava cheio no Flamengo, imagina quando chegasse nas estações do Centro!

Resolvi sentar e esperar.

Uma hora e dez minutos depois consegui levantar e embarcar. Mas já estava traumatizada que quando chegou na Estação Carioca, vi a multidão que se formava para entrar no trem e gelei. "De novo não!", pensei. Desci pelo outro lado, dei a volta e sentei. Quarenta e cinco minutos depois consegui embarcar e menos de trinta minutos depois já estava em casa.

Ainda não consigo entender como tem gente que simplesmente não se importa em se apertar junto com um monte de estranhos. E não no bom sentido...
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