Triângulo Austral

Jan 25, 2011 19:42

Em primeiro lugar, gostaria de dedicar essa história à minha querida capital, que faz aniversário hoje ehhhhhhhhhhhhhhhh

...Em segundo, ela é dedicada à querida b_what, que não sei bem qdo faz aniversário ç____ç

Título: Triângulo Semi Austral
Classificação: livre (mais ou menos)
Advertências: Threesomes
Personagens: PR/RS/SP (não necessariamente nessa ordem)

Nota da autora: as opiniões expressas nesse conto não necessariamente correspondem às opiniões da autora, que não quer nada além de paz e sossego com todos os estados que compõem o nosso querido país.



Quando São Paulo e Rio Grande do Sul entraram em sua casa, silenciosos, passos fluídos como os dos gatos e sorrisinhos mal disfarçados brilhando nas faces, Paraná adivinhou que havia algo errado.

Não errado com eles, os idiotas pareciam bem como sempre. Era mais algo no ar, na postura, no fato de eles terem vindo juntos e não estarem nem brigando, não estarem nem discutindo- não sei. Alguma coisa.

RS se sentou confortavelmente na poltrona, deixando o sofá livre para Paulo. Depois que esse se acomodou, tirou uma câmera digital do bolso da calça e ficou brincando com ela, provavelmente tentando lembrar como funcionava.

Paraná fechou a porta da sala, virou-se para eles e cruzou os braços:

-E então? Vocês não vão falar nada?

-Dá só um segundo - Paulo disse, ainda mexendo na câmera - Essa merda não quer ligar.

Rio Grande do Sul franziu a testa para ele:

-Não acredito que você esqueceu de conferir as pilhas. A gente não tinha combinado-

-Claro que eu conferi. Elas são novas. O problema é que essa merda- ah, pronto. Ligou.

-Então deixa naquele jeito que fica tirando fotos automaticamente. Aí a gente tem mais sossego.

-Fica na sua, gaúcho. A câmera é minha e eu sei o que fazer com ela.

Paraná virou os olhos, descruzando os braços e indo até a cozinha buscar qualquer coisa para beberem. Assim que voltou com o chá gelado e os copos, os dois já tinham resolvido a discussão e voltaram a olhá-lo com seus sorrisinhos misteriosos e irritantes.

Isso começou a deixar Paraná nervoso:

-Certo, e o que é que vocês querem? - ele perguntou, pousando a jarra do chá e os copos na mesinha de centro - Vocês só vieram fotografar a minha casa?

-Tudo começou com a Catarina - Rio Grande do Sul explicou, sem parar de sorrir - Ela disse, assim, comentando de passagem, que não sabia por que é que nós três não fazíamos um trio.

Paraná abriu mais os olhos e, mesmo que RS continuasse sentado, recuou um passo:

-Nós três, você quer dizer eu e vocês dois?

-Isso mesmo - Paulo respondeu, agora tentando encontrar um bom ponto de apoio para a câmera - Aí claro que a gente disse não, porque, ao contrário do resto da família, nós não fazemos esse tipo de coisa.

A resposta dele tranquilizou Paraná por alguns segundos:

-Ah. Que bom. Pelo menos estamos alinhados nesse ponto.

-Então… - de novo RS, e ele já se levantava da poltrona - isso foi no começo. Porque quando a Catarina falou, eu achei que só estávamos nós dois, mas acontece que a Bahia estava passando bem nessa hora.

Ele terminou a frase avançando um passo em sua direção, o que fez Paraná recuar de novo.

Paulo, que tinha acabado de se acertar de vez com a câmera, levantou-se também:

-É, ela e a Rio. E as duas escutaram a proposta indecente da Cat.

-Tá, mas e daí? - Paraná tentou se afastar dele também, descuidando-se de prestar atenção em RS por alguns segundos - Não é como se elas mandassem-

O sorriso de Paulo ficou maior e, antes que Paraná se desse conta, Rio Grande do Sul o abraçou por trás, envolvendo sua cintura com os braços e puxando-o para si:

-Aí elas disseram que, se a gente fizesse isso, elas três também fariam. Mas só depois de verem as provas de que a gente fez.

-Por isso a câmera - Paulo disse, parando à sua frente e erguendo seu queixo - Então acho que você entende porque é que eu estou me sujeitando a dividir você com esse cara.

Paraná ainda não estava completamente convencido (ok, certo, esse era um motivo e tanto, mas mesmo assim, onde é que a sua dignidade iria parar se concordasse rápido assim com uma coisa dessas?), porém, antes que pudesse argumentar, Paulo inclinou o rosto e beijou sua boca.

Aí sim ele estava quase concordando mesmo, até que escutou Rio Grande do Sul falar:

-Só uma correção, guri. - e tinha aquele tom de voz como quando estava irritado, o braço estendido segurando o ombro de Paulo e afastando-o de Paraná - Quem está dividindo aqui sou eu. Você é a terceira ponta do triângulo.

Paulo franziu a testa, piscando algumas vezes:

-Desde quando?

-Desde que você é o único estado aqui que não faz parte do Sul. - e agora RS estava sorrindo, seu sorrisinho bonito e convencido.

Como ele já tinha largado o irmão, Paraná aproveitou a deixa para escapar do meio dos dois.

-Bom, grande bosta - Paulo retrucou - Não sei se você sabe, mas eu e o Paraná temos fronteiras. E você?

RS meditou nessa questão por alguns segundos, então, como viu que nesse ponto Paulo estava certo, decidiu voltar à sua cartada principal:

-Tá, mas isso não muda o fato de que vocês nem são da mesma região. O único triângulo do qual o Paraná faz parte é o Triângulo Austral. E você não faz parte dele.

Dessa vez quem ficou sem resposta foi Paulo e, como ele já tinha mesmo reclamado disso algumas vezes, Paraná sabia que esse era um ponto doloroso.

No entanto, as vezes Paulo conseguia ser mais raso que um prato raso:

-Pelo menos eu não sou viado. E não fico inventando de me separar do Brasil a cada dois minutos.

O rosto claro de RS avermelhou nessa hora:

-Eu também não fico! Foi só uma vez e há muito tempo atrás, não vem misturar as coisas. Sem contar que você fuma feito uma chaminé, então é claro que eu beijo muito melhor que você.

Paraná, que já tinha se sentado no sofá, parou de prestar atenção na briga e começou a ver as fotos na câmera de Paulo.

A primeira coisa que fez foi apagar aquela com o beijo. Como RS tinha apoiado a cabeça em seu ombro, Paraná estava parecendo bem menor do que realmente era e, pior que isso, tinha saído com uma baita cara de susto. Já era chato o bastante saber que aqueles dois tinham visto isso, e a última coisa que precisava era Catarina tendo razões virtuais para rir de sua cara.

Catarina.

Paraná mordeu o lábio inferior, voltando a atenção para os dois panacas de pé. Merda, agora bem que queria ver aquela chata ficando com Bahia e Rio de Janeiro.

Mas não a ponto de ter que lidar com aquela ciumeira ali na sua sala.

Foi nessa hora que Paraná teve uma idéia boa como há muito tempo não tinha. A genialidade de seu raciocínio o deixou tão satisfeito que ele não conseguiu evitar um (meio) sorriso, ficando de pé com a câmera de Paulo nas mãos:

-Ô, gente, vocês vão ficar nisso pra sempre? A gente ainda tem que tirar a foto, não tem?

-Tem, mas que culpa EU tenho se o seu amigo é irracional? - Paulo também estava com o rosto vermelho, e já tinha começado a fumar - Quem ouvisse ele falar, juraria que vocês dois se casaram de véu e grinalda.

-Desculpa se a verdade dói - RS abriu seu sorriso que cheirava a superioridade - E você não devia fumar, senão vai ser ainda pior ficar com você.

Como a resposta de Paulo foi não-verbal, Paraná teve abertura o suficiente para dizer:

-Certo, depois de pensar bastante, eu decidi que concordo com vocês. Nós podemos fazer um trio.

Os outros dois viraram-se para ele, não propriamente surpresos. Paraná não se incomodou, continuando:

-Mas com uma condição. Eu não vou ficar no meio.

-Como assim? - Paulo franziu a testa - A sua idéia é eu dar um beijo nesse viado?

-Capaz mesmo. Só sei que eu vou ficar com o Paraná e você faz o que quiser.

A idéia de RS fez Paulo sorrir:

-Ótimo, muito bom, cara. Aí, como você vai ficar no meio, eu venho por trás. Sem problemas da minha parte. Podemos começar agora mesmo.

Rio Grande do Sul abriu mais os olhos, reconsiderando:

-Não, espera, vamos pensar melhor nisso aí…

Dali a quinze minutos, era certo dizer que eles ainda não tinham chegado a conclusão nenhuma. Paraná tinha aproveitado um momento de distração para ir regar suas samambaias e, quando voltou, encontrou Paulo e RS sentados no chão com um bloquinho de notas e um cinzeiro cheio de bitucas de cigarro.

-Em suma - Paulo estava dizendo - nós temos quatro situações possíveis. Na primeira e na segunda, você fica no meio.

-Certo - Rio Grande do Sul assentiu, tentando ler junto com ele.

-Aí… - Paulo continuou - na primeira, você fica de frente pro Paraná e eu fico por trás. Na segunda, nós dois ficamos um de frente pro outro e o Paraná vem por trás

RS até estremeceu com a idéia:

-Credo, não, risca essas duas. Quais são as outras?

-A mesma coisa, mas comigo no meio - e Paulo soltou um suspiro sofredor, coçando a própria testa - Refresca a minha memória, por que mesmo eu concordei com essa idéia idiota?

-Por causa da Catarina, da Bahia e da Rio de Janeiro - Paraná respondeu, discretamente sorridente, sentando em frente aos dois. E nessa hora eles estavam mesmo atraentes, adoráveis até, sentados sem camisa no mesmo metro quadrado, encarando-o com olhares acusadores e feridos:

-Sabe que a culpa dessa demora é toda sua, né? - Paulo disse, pousando o bloco no chão - Não ia doer nada VOCÊ ficar no meio.

-Não ia ter a menor criatividade - Paraná deu de ombros.

-Mas quem foi que disse que precisa ter criatividade? - RS também estava em sofrimento - É só fazer um trio! Você acha que a Catarina está se importando pra quem é que vai ficar no meio?

-Tanto faz. - e Paraná conferiu seu relógio de pulso - Olha, vou dar uma segunda condição pra vocês. Se isso levar mais quinze minutos, a gente esquece essa conversa e vocês vão embora. Eu tenho mais o que fazer.

-Affe, como você é insuportável - e Paulo se virou para RS, erguendo a mão direita fechada - Par.

Rio Grande do Sul até chegou a erguer a mão, mas mudou de idéia um segundo antes de tirarem a sorte:

-Não, espera, acho que decidi. - e ele respirou fundo - Pode ser a segunda opção.

Paulo ergueu uma sobrancelha:

-Sério? Eu e você e o Paraná por trás?

-Isso. Só chupa uma bala de menta antes.

Paulo resmungou um palavrão, tirou uma caixinha do bolso, enfiou uns três tic-tacs na boca e pegou a câmera das mãos de Paraná. RS aproveitou essa hora para comentar que na verdade essa era a melhor combinação, já que ele era loiro e os outros dois eram muito parecidos, então assim todos sairiam valorizados nas fotos.

-Pára de falar besteira - Paraná respondeu, engatinhando até ele e sentando-se às suas costas - E Paulo, vê se acerta essa câmera direito, porque a gente só vai fazer isso uma vez.

Em vez de responder, Paulo lhe mostrou o dedo médio.

Incrível como esse tipo de situação deixava as pessoas tensas.

Levemente emburrado, Paraná esperou sentado e imóvel até a câmera estar ligada e Paulo se posicionar à frente de Rio Grande do Sul. Então esperou mais um pouco, enquanto os outros dois se olhavam e tentavam decidir o que fazer com as mãos.

Que bom que estamos gravando isso, Paraná pensou distraidamente, abraçando a cintura de RS. Assim pelo menos poderia ver, depois, que cara o outro sulista estava fazendo.

-Respira fundo, gaúcho - Paulo abriu um sorriso nervoso, passando a mão pela nuca de RS - Não vai doer nada.

Então eles se beijaram.

Foi tão estranho, tão bizarro, tão errado ver aquilo que Paraná sentiu o rosto avermelhar. E o pior foi que Rio Grande do Sul não se afastou, pelo contrário, ele inclinou um pouco mais a cabeça e pousou as duas mãos sobre as coxas de Paulo.

Provavelmente foi isso, ou então o fato de que Paulo visivelmente tinha sentido um arrepio, que fez Paraná gritar:

-Chega, mudei de idéia, eu fico no meio!

E toca apagar todas as fotos de novo.

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