Título: Bang Bang You’re DIE!
Autora: Mô-chan
Banda: Dir en grey
Participações especiais: MUCC, Merry & Kagerou/the studs.
Casais: DiexKaoru/KaoruxDie, DiexKyo, TatsurouxDaisuke, KyoxGara, MiyaxNegão.
Gênero: Universo Alternativo (Velho Oeste), Ação/Aventura, Humor, Yaoi/slash.
Contém: UST, pancadaria, linguajar esdrúxulo, trocadilhos e piadas infames.
Classificação: NC-17
Sinopse: Die e Kaoru têm uma obsessão mútua: Kaoru quer matá-lo. Die quer fodê-lo fazer coisas um pouco mais interessantes com ele. Na tentativa de alcançarem seus objetivos, a presença ou intervenção de Kyo outras pessoas pode mudar o rumo das coisas.
Notas: Essa fic tem um pouco de sério e um pouco de avacalhação. Algumas coisas só serão explicadas ao longo da história; algumas partes podem ser um tanto desagradáveis e outras meio absurdas. Há oito capítulos planejados, mas por enquanto não garanto que a fic se atenha ao tamanho previsto. A idéia para essa fic veio da letra de Follow You Home, do Nickelback; muitas cenas são interpretações diretas da letra. Já o título é uma brincadeira com a música Bang Bang You’re Dead, do Dirty Pretty Things, e o nome de vocês sabem quem, duh-huh. :D
XXX
01. Sacudindo a Poeira
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- Em Fodópolis, os fodidos também fodem.
- Em Fodópolis, até o xerife fode você.
Risos ecoaram pelo aposento, enquanto que o mencionado na última fala apenas sorria, escondendo sua irritação. Era um homem de estatura mediana, cabelos na altura do ombro, negros e lisos, cheios; tinha os olhos estreitos, que denunciavam suas origens tanto quanto o restante de suas feições. A pele clara era marcada por algumas pintinhas no pescoço e tórax, muitas das quais haviam se perdido em meio às várias tatuagens que cobriam seus braços e o lado esquerdo do peito. Ele usava uma calça jeans cor de chumbo, um par de coturnos pretos, uma regata branca coberta por uma camisa xadrez em tons de vermelho e uma corrente no pescoço, além de alguns anéis e uma tatuagem de cruz no dedo médio da mão direita.
Seu nome era Niikura Kaoru, xerife há três anos e natural de Fodópolis - que não era a cidade mais foda do mundo, mas talvez fosse uma das mais fodidas. Era para mudar isso que, além de já ser uma autoridade respeitada, agora ele também concorreria à de mais alto poder no município - se candidatara a prefeito.
Precisava de um bom jargão para sua campanha eleitoral, e, ao menos teoricamente, era para isso que reunira os homens em quem mais confiava e que conheciam os pontos fracos e fortes da cidade e de seus habitantes tanto quanto o próprio Kaoru. Porém, como ele previra, mas resolvera deixar acontecer, a conversa logo se tornara uma coleção de pérolas que nada ajudariam em sua campanha. Ele pensava que chegaria um ponto em que seus companheiros acabariam por dizer algo de útil, mas não era isso o que parecia no momento.
- Em Fodópolis, o foda é arranjar uma foda.
Mais uma leva de risos. Kaoru suspirou, sentindo que a impaciência logo levaria a melhor.
- Alguém tem algo útil a dizer? - sua voz saiu baixa, mas suficientemente autoritária, de modo que três dos quatro presentes trocaram olhares constrangidos e ficaram em silêncio. O homem restante simplesmente encarou Kaoru, como se nada tivesse acontecido. A rapidez com que Yaguchi Masaaki, ou Miya, se recompunha e assumia um semblante sério era um dos motivos pelos quais Kaoru o estimava. Estar sempre em alerta era uma característica fundamental em Fodópolis, principalmente quando se era o segundo xerife da cidade.
- Talvez nos reunirmos sem algo pré-planejado acaba sendo um tanto inútil, se me permite dizer, Kaoru.
Ele não precisava de permissão; seus comentários costumavam ser bem recebidos por Kaoru, ainda que este não o demonstrasse tão abertamente quando era criticado, ou, no caso, quando tinha uma falha ou erro postos em evidência.
- Então pensem em alguma coisa, e rápido. Falta apenas um mês para o início da campanha, e precisamos de algo que conquiste nosso povo desde o princípio.
Eles assentiram e murmuraram suas aceitações. Kaoru dispensou-os após marcar uma nova reunião para dali a três dias. O único a permanecer na sala foi Miya, e Kaoru logo notou por quê: o outro homem coçava a barbicha no queixo, um gesto típico de quando havia algo desagradável a ser comunicado.
- Ele está de volta, Kaoru - ele disse, sem precisar se explicar.
Kaoru parou, fitando-o; foi a única demonstração de que aquilo o afetava de alguma forma, e ele já achava muito. - De quem é a informação?
Miya respirou fundo, visivelmente incomodado. - O Yukke o viu num bar das redondezas. Segundo ele, não foi difícil reconhecê-lo, já que ninguém faz tanto escândalo quando bebe.
- E o outro? Estava junto?
Miya assentiu. - O Yukke disse que os dois entraram e saíram juntos do bar. Parece que houve uma briga com um forasteiro, e depois disso os dois também discutiram entre si, quando iam embora.
Kaoru olhou pela janela da delegacia, de onde podia ver outro bar, este pertencente a um dos homens que tinham recém saído de sua sala. - Podiam me fazer o favor de matar um ao outro, se já estão se desentendendo.
Miya não respondeu; apesar de também olhar pela janela, focava sua visão mais ao longe, onde a cidade se tornava um deserto de poeira e vegetação seca. - Quer que eu avise os outros?
Kaoru ficou em silêncio por algum tempo, pensando nas estratégias que teria de formar. - Deixe isso comigo. Nós sabemos o que ele quer. Basta que eu esteja preparado pra quando ele chegar.
- ...você já pensou numa armadilha, não é?
Kaoru torceu o lábio num pequeno sorriso que refletia sensações como velhas amigas suas: adrenalina, desdém e sede de vingança. - Vai ser mais fácil do que trapacear o Satochi no Pôquer.
XXX
Takayasu Satochi era o dono da principal hospedaria da cidade, e também estivera presente na recém terminada reunião que Kaoru havia convocado. Era conhecido pelas festas que promovia, pelas piadas e comentários reveladores de seu constante bom humor, e pelos supostos casos que mantinha com mulheres casadas, quando não as de péssima reputação. Transformara o salão da hospedaria num bar com música, dança e jogos, algo que limitara seus hóspedes a quem curtisse barulheira e baderna pelo menos até a meia-noite. Era um sucesso; prova de que, apesar das besteiras que dizia, ele era um homem inteligente quando se tratava de negócios e público. Por isso, e por sua amizade de longos anos com Miya e Yukke, ele havia se tornado um dos homens de confiança do xerife.
Também por isso ele não demorou a reconhecer o homem que acabara de passar pela porta de entrada da Fuzzpuff. Satochi dispensou o recepcionista e foi ele mesmo falar com o sujeito. Sua mão direita já estava pronta para sacar a arma do cinto se fosse necessário.
- Boa tarde. - disse o recém-chegado, encarando-o com olhos amendoados e secos. Tinha o rosto grande e emoldurado por cabelos tingidos de loiro, meio rebeldes, como a juba de um leão. Apesar de estar usando uma camisa negra e justa ao corpo, sua marca registrada eram as tatuagens diversas que cobriam seus braços, mãos, um lado do abdômen e do peito, além do pescoço - essas últimas visíveis no momento. Diziam que cada nova tatuagem representava alguém que ele matara, mas Satochi não acreditava nisso. O sujeito usava calças escuras e surradas, não tão justas quanto a blusa. Outra evidência de quem ele era se tratava da pesada espingarda que carregava no braço direito, do tipo que Satochi não gostava por ser difícil de manusear, mas sabia ser certeira e destruidora quando nas mãos de um bom atirador - e Nishimura Kyo, o baixinho, era muito bem conhecido pelo excelente manuseio que fazia de uma grande arma.
- Boa tarde. - Satochi respondeu, movendo o peso do corpo de um pé para o outro. Disse a si mesmo que não estava preocupado com a presença de Nishimura, mas sentia o suor brotando na testa. É o calor, pensou, tentando parecer hostil. - O que você quer?
Ele pareceu surpreso pela pergunta direta, mas Satochi teria que rir dele caso Kyo esperasse algo mais educado de sua parte. - Um quarto com duas camas de solteiro e, se possível, toalhas limpas.
Foi a vez de Satochi surpreender-se pela cara-de-pau daquele homem, e pigarreou, tentando encontrar a melhor resposta.
- Receba-o como alguém da família, Satochi.
Ficou pasmo ao ver Kaoru ali, parado atrás de Nishimura, o rosto impassível. A ordem dada pelo xerife era o que mais lhe deixara besta.
- Xerife Niikura - Kyo virou-se para encará-lo, a voz zombeteira ao sibilar seu título e seu sobrenome. - Imaginei que você não fosse agüentar a espera. Quer saber onde o Die está, não é? Ele logo irá atrás de você.
Kaoru contraiu o maxilar, mas não retrucou a provocação. Nivelou seu olhar ao do outro e os dois pareceram manter uma breve competição em que quem desviasse primeiro era o mais covarde e menos orgulhoso. Teria sido difícil determinar o vencedor, mas Satochi interrompeu-os, pigarreando outra vez.
- Por que não me acompanham até o bar?
Kyo exalou uma risada curta e desdenhosa pelo nariz. - Eu não confraternizo com meus inimigos.
- E eu não o faço com estupradores.
Kyo não respondeu, e Satochi teria dado tudo para ver a expressão em seu rosto ao ouvir o que Kaoru dissera. Quando o baixinho voltou-se para ele, no entanto, havia o resquício de um sorriso de escárnio em suas feições. - Eu volto mais tarde. Tem um quarto disponível ou não?
Satochi sentiu o olhar imponente de Kaoru sobre si, e cedeu. - Estaremos à sua disposição, Nishimura.
Kyo assentiu, virou-se para Kaoru e deixou um olhar frio sobre ele ao sair.
- Patife - o xerife murmurou, e sua face permaneceu em zanga quando ele fitou o dono da hospedaria. - Você é uma anta, Satochi. - ergueu uma mão quando o outro abriu a boca para protestar. - Você sabia do baixinho, mas ele não. Agora ele sabe de que lado você está. Isso não é bom.
Satochi engoliu seus protestos e aceitou a repreenda, reconhecendo sua falha com um gosto amargo na boca.
- Avise o Miya quando Nishimura voltar, especialmente se aquele estúpido estiver com ele. Eu vou tentar falar com os outros antes que eles também façam besteira.
XXX
Kyo afagou a crina de Laranja, seu mais fiel companheiro de estrada. O animal bufou ruidosamente e continuou comendo, o pêlo acaju reluzindo sob o sol do meio da tarde. Ao lado dele, Ruivão, o cavalo negro de Die, também comia, às vezes olhando para o lado quando ouvia algum barulho estranho.
O baixinho escorou sua Calibre 8 cuidadosamente contra a parede do curral abandonado onde havia combinado de reencontrar Die e verificou a área em torno de si através do olhar, movendo o rosto lentamente. Não gostava daquele lugar, não confiava em ninguém ali e tinha uma longa lista de motivos para não querer voltar a Fodópolis. Mas sua lealdade a Die, apesar das obsessões que este mantinha, haviam trazido-o de volta àquele fim de mundo.
Ouviu o barulho quase imperceptível de passos no chão - denunciado por varetas se quebrando e pedras seguindo a lei da inércia. Esperou.
- Hey - Die surgiu em seu campo de visão, um cigarro no canto da boca e um chapéu de laçador sobre a cabeça. Kyo sentia-se prejudicado pela forma como a aba dificultava a leitura dos olhos e da expressão do outro, mas sabia que aquilo era um mecanismo de defesa. Die ainda estava irritado. A tensão entre eles ainda teria de se dissolver... ou explodir. - Fui tirar água do joelho.
Kyo deu de ombros; não se preocupara pelo fato de Die não estar ali quando ele chegara. A presença dos cavalos dos dois, sem agitação, era um indicativo de que estava tudo bem. - Já sabem que estamos aqui.
Die pareceu surpreso, mas então franziu o cenho e olhou pro lado, provavelmente lembrando-se da confusão que causara na noite anterior. - Droga.
Kyo suspirou, sentindo a indignação subir por sua garganta e chegar à boca. - Eu disse--
- Tsc. Eu já sei o que você disse, o que eu fiz, e ainda tô de ressaca, então não torra o meu saco.
Ele passou uma mão pelos cabelos loiros, lançou um olhar para Laranja como se lhe pedisse paciência e voltou a encarar Die, que fitou-o de esguelha. Como previa, o outro ainda tinha coisas a dizer.
- Você não tinha nada que ter se metido na briga. Eu estava me virando muito bem sozinho-
Kyo arqueou uma sobrancelha, sardônico. Die levara dois ou três socos, um deles a ponto de derrubá-lo, e Kyo precisara de apenas uma joelhada nas bolas do sujeito para tirá-lo da parada.
- E foi porque você se meteu na briga que acabamos chamando atenção. Precisava ter praticamente castrado o cara? Você sabe como os homens são por aqui-
- Die. Você estava bêbado e levando uma surra.
- Eu não estava tão bêbado assim. Já tomei muito mais do que isso e consegui andar em linha reta sem cair da ponte.
- Devia ser uma linha reta com muitas curvas, então.
Die lhe mostrou o dedo do meio como resposta. Kyo balançou a cabeça, frustrado. Sabia que aquele era um caso perdido, mas seguidamente se dava ao trabalho de tentar, o que só lhe rendia dores de cabeça.
- E você ainda ficou dando discurso quando saímos do bar...! - Die retomou o assunto, e Kyo quis bater a própria cabeça na parede por ter pensado que ele tinha terminado. - É claro que nos viram. E não é como se você não tivesse má fama por aqui, também. Todos sabem do que aconteceu-
Talvez fosse a forma como Kyo o encarou, os punhos cerrados, ou o pouco que restava de seu bom senso, mas Die parou, engolindo em seco. Kyo pensou seriamente em dar meia volta e deixá-lo falando sozinho, mas permaneceu firme no lugar, encarando seu parceiro em um silêncio quase opressor. Havia no mínimo dois motivos pelos quais Kyo não o largava de mão: Die morreria sem ele, e Die, apesar de tudo, era o único que acreditava nele. Kyo precisava de alguma razão para seguir em frente sem matar o primeiro que lhe fizesse ferver o sangue, e com Die ele conseguia pelo menos isso.
Die deu mais algumas tragadas no cigarro, jogou o toco no chão e pisou em cima, com mais força que o necessário, aparentando um súbito e disfarçado arrependimento. Kyo anuiu, satisfeito por hora.
- Conseguiu um lugar para passarmos a noite?
- Sim. - Pensou no sujeito que o atendera; teria que dar uma averiguada nele. - Niikura apareceu. É verdade o que nos disseram ontem: ele virou xerife de Fodópolis.
Die não escondeu sua diversão e sorriu, olhando para lugar nenhum, provavelmente pensando em coisas que Kyo não queria saber. - É bem a cara dele.
Kyo guardou para si o que a reação de Die despertava em sua mente e resolveu acender um cigarro para ver se conseguia se acalmar. Não queria discutir com seu parceiro de novo, quando a trégua entre os dois ainda estava tão frágil e mal definida. A relação deles costumava ser boa, mas a decisão de voltar a Fodópolis causara muitas discussões e algumas brigas mais sérias. - Mantemos o esquema de antes? Vamos pra lá ao anoitecer?
Um breve instante de hesitação, mas Die assentiu de forma convincente. Kyo moveu o rosto em reconhecimento e ficou quieto, fumando, observando o outro pelo canto do olho. Die tirou o chapéu, coisa que ele nem gostava de usar, e seus cabelos castanhos deslizaram, macios, pelo rosto e pescoço, adornando-o de forma impecável. Ele abriu alguns botões da camisa branca de tecido leve que tornava perceptível sua magreza, e começou a abanar-se com o chapéu.
Kyo desviou o olhar, sabendo que a tentação só aumentaria se continuasse olhando. E aquilo era pouco perto da tortura que teria de agüentar pelos próximos dias.
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