O quadro e o crucifixo [7]

Aug 03, 2013 15:34

Título: O quadro e o Crucifixo
Autora: CellyLS
Categoria: Crossover; Relic Hunter & Hawaii Five-0; Sydgel; McDanno; sobrenatural; romance; angst.
Advertências: Slash, embora muito leve; homossexualidade.
Classificação: T (PG-13)
Capítulos: 7/ 8
Aviso Legal: I do not own Relic Hunter - Relic Hunter e suas personagens pertencem a Fireworks Entertainment. I do not own Hawaii Five-0 - Havaí 5.0 e suas personagens não me pertencem. Esta fic não possui fins lucrativos.

Resumo: Quando Sydney e Nigel chegam ao Havaí para colaborarem com a equipe Five-0 no resgate de algumas relíquias roubadas, ninguém esperava que uma missão tão simples pudesse levá-los a revelações inacreditáveis. Encontros passados e antigas promessas são revelados, mostrando ao SEAL teimoso que seu amor se chama Danny Williams.

Nota sobre este Crossover: Inseri uma personagem original neste crossover, a curadora Doutora Christine Newell. Ela é a viúva de Alistair Newell, que foi o mentor da professora de História e caçadora de relíquias Sydney Fox, no seriado Relic Hunter.

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O quadro e o crucifixo (T - PG-13)

“O Crucifixo„[o que deve mudar, e o que não deve]

No quarto do hospital, Catherine observava o monitor cardíaco: ― O seu coração está acelerado. É por que está feliz em me ver? - passou uma mão pelo rosto de Steven aproximando-se para beijá-lo, mas o marinheiro segurou seus pulsos e desviou levemente, impedindo o avanço. ― O que foi? Não está se sentindo bem?

― Eu... preciso falar com Danny - sua voz soou resoluta.

Ela piscou algumas vezes. ― Tem que ser agora?

― É importante.

Catherine afastou-se. ― Tudo bem. Irei chamá-lo. Mas você está bem? Quer ajuda em alguma coisa? Tenho certeza que eu posso... - ele balançou a cabeça negativamente, encarando-a nos olhos. A mulher estudou o rosto do marinheiro na maca por um par de segundos; pareceu debater um bocado antes de assentir. Virou-se para sair do quarto, mas parou à porta. Respirou profundamente, e perguntou sem virar-se para o SEAL: ― Isso que pretende dizer a ele... é o que eu imagino? Você... mudaria de ideia se eu pedisse?

Steven abaixou a cabeça e não disse nada. Catherine entendeu a resposta. O que era importante entre os dois nunca fora dito em voz alta, eles se entendiam assim, e ela soube: seus medos se realizaram, chegara a hora de se despedir. Saiu do quarto, o adeus pairando em seu silêncio.

...

Danny estava desligando o telefone quando avistou Catherine Rolllins no saguão do hospital. ― Vou aproveitar que você ficará aqui com Steve e voltarei pra dar uma ajuda a Kono e Chin. Houve complicações no caso das obras de arte, parece que algumas das peças apreendidas nesta tarde desapareceram da sede - Danny esfregou a testa, prevendo que a noite seria longa. Parou de falar ao ver a expressão da mulher. ― O que foi? Aconteceu alguma coisa com ele? - já estava pronto para correr até o quarto do parceiro, mas Catherine falou:

― Steve está bem. Ele quer falar com você. Eu preciso voltar à base.

― Pensei que passaria a noite aqui.

Ela apertou os lábios e balançou a cabeça; demonstrou angústia naquele momento. ― Fale com ele, Danny. Eu preciso ir - disse em um tom baixo e foi embora antes que o loiro pudesse fazer mais perguntas.

O detetive subiu rapidamente para encontrar Steven. Entrou no quarto, apreensivo, sem bater: ― Cath disse que precisava falar comigo. Ela parecia ter visto um fantasma. O que aconteceu?

McGarrett engoliu em seco, então pigarreou, sem decidir se isso havia ajudado ou piorado na súbita secura de sua boca. ― É que eu... - fitou o loiro, que aguardava a explicação. Não poderia ficar quieto, como fizera com Cath; com Danny, o marinheiro precisaria falar. O apito do monitor cardíaco disparou novamente. ― Droga! Alguém pode desligar essa porcaria?! - procurou o botão para chamar a enfermeira.

O detetive pousou a mão sobre a sua: ― Steve? - forçou o outro a encará-lo de frente: ― Desembuche logo! - o moreno aquietou-se, atento à proximidade. ― Nossa! Ele está supervermelho... - o SEAL sacudiu a cabeça e fez careta para o monitor, que não diminuía. Ouvir os pensamentos do outro não estava ajudando. ― Ignore a droga da máquina e fale de uma vez, está me deixando preocupado! - Williams exigiu.

O moreno tomou fôlego. ― Você é especial... pra mim - experimentou, esperando que o outro compreendesse.

Danny assentiu levemente: ― Você também é especial, babe - bateu no ombro do outro em sinal de camaradagem, aguardando o resto do discurso.

― Não, Danno, eu estou dizendo que você é MUITO especial. Pra mim - tentou reunir o máximo de confiança e seriedade em sua expressão. ― Você sempre foi. Eu... percebi a extensão disso nos últimos dias.

O loirinho elevou as sobrancelhas, e uma onda embaralhada de pensamentos tomou os ouvidos de Steven: ― Não pode ser... e Cath?... Não, não posso ser ingênuo. Grace já percebeu, tenho que ser ainda mais cuidadoso ou Steven também descobrirá - sorriu, porém seus olhos escureceram um tom. ― Eu também te acho muito especial. Desculpe, Steve, eu serei o amigo que você merece, resolverei esse amor impossível até que Rachel volte de viagem, como prometi... Eu vou chamar a enfermeira - McGarrett imaginou se teria percebido a tristeza escondida nos gestos do amigo se não estivesse vendo o que se passava na mente do outro. Segurou a mão do parceiro, não lhe deixando abandonar o seu lado. Os pensamentos embaralhados começaram de novo: ― Danny, mantenha a calma. É por causa da concussão. Você sabe que ele não te quer dessa forma. Steven gosta de mulheres, não de loiros que falam pelos cotovelos. Ele tem Cath... Eu preciso chamar a enfermeira - pediu, ainda tentando se afastar.

Steven puxou Williams e enlaçou-o habilidosamente em um forte abraço. Apertou o corpo compacto do outro contra si: ― Me desculpe por não ter percebido - os dois podiam ouvir o monitor, mas dessa forma, o marinheiro sentia o peito do outro. O coração de Danny também estava acelerado. ― Você sempre esteve aqui dentro, mas eu só percebi agora. Eu neguei, demorei a aceitar da forma como deveria, da forma como você merece - apanhou o rosto do loirinho entre as mãos fazendo-os ficarem face a face. ― Me perdoe, Danny, por só estar fazendo isso agora, por tê-lo feito esperar. Aqui dentro eu sinto que deveria ter sido sempre assim, eu pertenço a você, e você pertence a mim - o detetive permanecia estudando o marinheiro. ― Eu... pareço estar mudando de ideia de repente. Se preferir, eu posso esperar, ou... se você não quiser, eu entenderei. Você tem Grace pra se preocupar.

― Grace já sabe - o loiro disse com o rosto ainda diante do de Steven. ― Ela comentou com Rachel sobre a forma como eu olhava pra você - exalou o ar e tomou fôlego novamente, sem se afastar. ― Já faz algumas semanas que Rachel me disse pra assumir de uma vez por todas o que sinto, ou acabar com esperanças absurdas, pois eu estava confundindo Grace. Ela adiantou as férias sem me avisar, e quando liguei na noite da viagem, ela disse que eu teria um mês pra acertar tudo com você, que Grace não deveria me ver de coração partido se eu fosse rejeitado, ela não merece testemunhar outro divórcio... Eu fiquei com raiva, e por um momento até considerei me revelar pra você naquela noite, mas... eu me convenci que você nunca iria me querer.

O SEAL viu o outro fechar os olhos, e aguardou a continuação. Contudo, esta não veio em forma de palavras, ou sequer foi debatida na mente criativa do loiro. Danny avançou delicadamente eliminando quase todo o espaço entre seus lábios e os do moreno e esperou por permissão. Steven sorriu e terminou a distância, beijando-o primeiro com suavidade, e logo com sede, com ardor, sendo retribuído com a mesma intensidade. Enquanto McGarrett entregava-se ao contato com o outro homem, sentia tudo ao seu redor tornar-se nublado, um borrão sem importância. Danny era o que importava, e o moreno confirmou o que já sabia: ele amava o loirinho, verdadeiramente, completamente.

O gosto daquele beijo, e dos demais que se seguiram, foi nostálgico, extasiante, mas não suficiente. Os dois se envolveram mais e mais sobre o leito, apertaram-se, tocaram-se, Steven reaprendeu todos os detalhes que vira nos sonhos, e o Danny verdadeiro, que estava em seus braços, era melhor: mais intenso, mais quente, tangível e delicioso. O marinheiro perdeu-se no corpo do outro consumando seu amor, rendeu-se e recebeu de volta o êxtase do qual nunca mais abriria mão. Nesta vida, ninguém os separaria.

...

Sydney continuava perdida naquele sonho ou ilusão, que mais lhe pareciam lembranças:

― Agora é sua vez.

Nigel levantou os olhos da página do livro que o cocheiro Alistair havia retirado de uma das malas e lhe entregado para passar o tempo. ― Perdão, senhora. Não compreendi o que disse.

― O banho. É a sua vez. Já trocaram a água - deixaria que Nigel aproveitasse a abundância de água quente e óleos perfumados, já que certamente não tinha acesso a isso na fazenda.

A euforia que se iniciara com a leitura começou a desvanecer-se do rosto do homem. ― Oh... - escapou-lhe dos lábios. A baronesa virou as costas e sentou-se na cama próxima da janela. Estavam em uma estalagem. O quarto possuía três leitos e a banheira que Sydney alugara. A mulher já estava em seu traje de dormir, que lhe cobria do pescoço até os pés, e penteou os cabelos tranquilamente. Acomodou-se, escorando as costas na cabeceira com o apoio de um travesseiro: ― A água vai esfriar se ficar esperando por muito tempo - disse a ele.

O escravo levantou-se e foi para trás da cortina, de forma hesitante; espiou por um dos cantos do lençol que servia provisoriamente para dar privacidade a quem usasse a banheira. Sydney fingiu que não percebeu os olhos do outro, apenas abriu um dos livros que barganhara do duque e começou a ler calmamente. ― As utilidades estão ao lado. Use tudo o que tiver vontade - assegurou em voz alta. O homem precisava de um banho. Embora vestisse trapos limpos, estes ainda não podiam ser chamados de roupas. E embora não fedesse demais, ele ainda não cheirava bem.

A baronesa concentrou-se em seus estudos. Estavam longe de seu destino final, e ela não pretendia deixar escapar qualquer detalhe que pudesse indicar onde seu pai estaria. Ele ainda estava vivo, ao contrário do que todos acreditavam, ela o encontraria, com certeza.

Vários minutos depois, o cocheiro grisalho voltou para o quarto carregando um grande embrulho. Sydney sorriu para ele. Alistair era seu companheiro e protetor na busca pelo seu pai. Com a ajuda do escravo, conseguiriam traduzir com mais rapidez as pistas sobre o paradeiro do barão.

Alistair preparou a lâmina e a tesoura e aproximou-se da banheira: ― Enrole-se na toalha e sente-se nesta cadeira - o cocheiro postou o móvel ao lado da cortina. Com clara incerteza, Nigel fez o que fora indicado. ― Acalme-se, homem. Nunca lhe fizeram a barba?

― Na-na verdade, não.

― É, percebo por essas penugens mal cortadas aí.

― Os escravos se barbeavam com uma faca, e não tive tempo nos últimos dias por causa da colheita, senhor - o outro respondeu ofendido. Sydney riu baixinho, sem abandonar a leitura.

Alistair considerou: ― Talvez queira pena e papel para registrar este momento. É marcante na vida de um homem - e o velho desatou a rir.

― Pare de aborrecê-lo e termine logo com isso, temos que acordar cedo amanhã - não havia qualquer tom de repreensão na voz de Sydney. Ela, ainda sorridente, viu que o cocheiro começava a ensaboar o rosto do jovem. Voltou a ler. O quarto ficou em silêncio por algum tempo.

― Pronto. Agora está mais apresentável - Alistair falou. ― Mas ainda falta o cabelo. Está enorme e queimado do sol. Fique de costas para mim.

Sydney espiou os dois rapidamente, e pôde enxergar as costas do escravo antes que o cocheiro as cobrisse enquanto trocava um olhar mudo com a mulher. Havia cicatrizes ali. Os machucados nos pulsos eram comuns aos escravos, mas aquelas costas já haviam sido brutalmente judiadas. ― Vamos fazer um corte bem bonito. Vai destroçar os corações das donzelas quando eu acabar - o divertimento na voz do velhote não pareceu autêntico, Sydney saberia mesmo se não visse a expressão no rosto de seu velho amigo.

O cômodo voltou a ficar quieto enquanto Alistair trabalhava. Mais algum tempo, e o cocheiro afastou-se, analisando sua obra: ― Eu poderia ganhar fortunas com isso. Sou realmente um ótimo barbeiro! Agora vista o pijama.

O cocheiro apanhou o pacote que trouxera para o quarto e jogou-o por cima da cortina. Vestiu rapidamente seu próprio pijama de algodão e deitou-se na cama do meio.

Nigel demorou um pouco mais para sair de trás do lençol, e Sydney permanecia na mesma posição de antes, sentada com as costas na cabeceira. Ela havia lido boa parte do livro: ― Eu já irei apagar as velas, só preciso terminar esta página - disse, ainda concentrada na leitura. Um barulho estranho proveio do velho enrolado nas cobertas, então um estrondo alto rompeu da boca de Alistair, fazendo o escravo dar um salto. ― É, ele ronca - Sydney comentou, divertida, e fechou o livro. ― Espero que consiga se acostumar... - levantou os olhos para o homem e, de repente, não sabia mais o que pretendia dizer.

Na fazenda, ela sempre o vira sujo, maltrapilho, com a barba por fazer. Não esperava por isso. Alistair deveria tê-la avisado que não olhasse para o rapaz sem antes preparar seus nervos! Faltava-lhe o ar. Ah, sim, precisava respirar. Apenas encarar o homem daquela forma não supriria o ar que seu corpo precisava agora que seu coração havia acelerado sem motivo aparente.

Nigel entrelaçou os dedos e olhou para o lado. Um novo ronco, ou melhor, estrondo de Alistair assustou Sydney e a fez saltar na cama. Ela piscou algumas vezes. “O que está acontecendo comigo?! Não posso ficar apenas encarando o homem, preciso dizer alguma coisa!”, ela se repreendeu em pensamento: ― Deite na cama! - viu o escravo arregalar os olhos grandes e perfeitos na sua direção. ― Ah, quero dizer, naquela cama! - e apontou para o leito vazio próximo da porta. O homem relaxou visivelmente, e ela sentiu-se menos nervosa. ― Me peça o que quiser - completou. Ele a encarou de novo. ― Quero dizer, se precisar de mais alguma coisa, não hesite em pedir - a baronesa corrigiu-se, e mordeu a língua de raiva.

O escravo ofereceu um pequeno aceno com a cabeça e foi para a cama indicada. “Ótimo, Sydney. Foi uma ótima maneira de mostrar que ele pode confiar em você!”, a mulher ralhou consigo mesma. Pôs as mãos sobre as bochechas, elas estavam queimando. Vermelha! Estava vermelha! Não lembrava a última vez em que enrubescera assim. Era culpa da idade! Ela era jovem e isso era inevitável. E ele nem estava tão bonito assim! Era o mesmo escravo que vira na mansão, só que sem a barba, o cabelo enorme e a sujeira em todas as partes de seu corpo... A barba, o cabelo e a sujeira realmente haviam escondido boa parte do homem... Se o duque o tivesse visto assim, teria cobrado muito mais do que apenas algumas moedas e uma espiada no caderno de anotações de seu pai. E Beatriz não o teria deixado partir, com certeza não. A garota sabia o que estava fazendo quando abordara o sujeito na biblioteca, Sydney tinha uma alta tolerância ao sexo oposto, e mesmo assim quase não pudera falar ao ver o escravo asseado.

A quem estava tentando enganar? Ela não conseguira falar ao ver o escravo limpo! Suspirou. Deu-se conta do que acabara de fazer e voltou a se repreender: “Crie um pouco de juízo, Sydney, e vá dormir!”. Saiu das cobertas apenas para apagar as velas do seu lado: ― Boa noite, Nigel.

O escravo já estava deitado e acomodado nas cobertas da outra cama macia e quente. ― Boa noite, senhora.

― Me chame de Syd.

Ele demorou um instante. ― Boa noite, Syd.

A baronesa sorriu e fechou os olhos. A voz de Alistair murmurou, enquanto o velhote mudava de posição virando-se para o outro lado: ― Eu disse que era um ótimo barbeiro.

...

Nigel abriu os olhos. Ele estava deitado sobre a cama do hotel, com os braços afastados; enxergava, com sua visão periférica, o celular vibrando incessantemente sobre o criado-mudo. O inglês não conseguiu atinar a atendê-lo, e o aparelho parou de tocar.

Aos poucos, o professor percebeu várias velas dispostas ao redor da cama, embora as luzes do quarto estivessem acesas. Ervas cheirosas espalhavam-se por todos os cantos, até sobre ele. Viu movimento no banheiro e assustou-se; sentiu uma dor forte na cabeça ao mexer o pescoço, mas quando tentou tocá-la, não conseguiu: estava com os pulsos amarrados, e os tornozelos imobilizados juntos. Começou a ofegar, aflito, lembrando-se do que acontecera. O celular vibrou novamente, e o inglês virou-se o máximo que conseguiu para o lado direito; tentou alcançar o aparelho, mas a sua mão não chegava até lá.

Alguém apanhou o telefone. Era Sydney, de pé ao lado da cama. A mulher mostrou a tela com o nome de Christine piscando, então desligou o aparelho. Nigel viu o brilho azul provindo do colar que ela estava usando junto com o relicário, era o mesmo que apreenderam naquela tarde. O homem passou os olhos tentativamente pelas velas e as ervas no quarto: ― O que está acontecendo, Syd?

Ela retirou do pescoço o amuleto que Christine havia entregado e depositou-o sobre o peito do inglês enquanto respondia tranquilamente: ― Será uma pequena atividade de campo, professor - Nigel manteve a expressão confusa, e a morena sorriu: ― Oh, desculpe, devo chamá-lo de Nigel? Nige?

O homem emudeceu por vários segundos: ― V... você não é Syd - concluiu, estudando o fundo dos olhos dela.

― Não se preocupe, professor. Sua Sydney ainda está aqui dentro, dormindo e sonhando - ela sentou-se na beirada da cama e cruzou as pernas elegantemente. Iniciou a conversa: ― Permita-me explicar. Quando vi vocês dois, eu percebi o completo desperdício. Há muito tempo, eu e Thomas fomos assassinados por monstros na Inquisição, e nossa felicidade foi interrompida. Mas vocês dois... - balançou a cabeça desaprovadoramente. - Tiveram essa oportunidade até agora e nunca tentaram aproveitar seu tempo juntos?! Isso é ridículo! É injusto! Pode imaginar o que outras pessoas dariam só para terem a sorte que você e sua Syd tiveram por se encontrarem nesta vida? - ela se acalmou e voltou a falar em um tom menos afetado. ― Não faz mal. Eu tenho esse poder. Trarei Thomas de volta, e faremos bom uso das possibilidades que vocês dois ignoraram. Logo, você poderá encontrar sua Sydney, e eu encontrarei meu amado - ela deu um tapinha no relicário sobre o peito do homem e sorriu para ele. Levantou-se.

A mulher foi até o banheiro e retornou segurando uma ampola e um pacote pequeno com mais ervas. Então pisou sobre o colchão com o pé direito e puxou a faca que sempre carregava no cano da bota. Nigel arregalou os olhos e tomou fôlego para gritar, mas ela imediatamente cobriu sua boca com uma das mãos. Chiou baixinho, pedindo silêncio ao inglês. Bailey se debateu, mas não conseguiu gritar, contorceu-se para o outro lado e viu a senhora Waiton, que estava deitada imóvel no chão perto dos pés da cama, inconsciente; desesperou-se mais ainda, porém, a morena sempre fora muito forte, e continuou cobrindo-lhe a boca.

Com a faca na outra mão, Sydney quebrou a ampola, que carregava algum tipo de essência, sobre o criado-mudo e espalhou ali também as ervas. Puxou a fronha do outro travesseiro sobre a cama e embebeu o pano na mistura. Guardou a faca. Apertou a fronha com os aromas contra o rosto do inglês.

A visão de Nigel turvou, e ele perdeu a coordenação e a força. Cada vez mais desorientado, o professor Bailey esforçou-se em focalizar por mais tempo antes de apagar; viu a arqueóloga direcionar-se aos pés da cama, perto de onde Waiton estava. Sydney exibia uma expressão que ele jamais vira. Aquela não era mesmo sua amiga. Ela ergueu do chão um crucifixo, que o professor reconheceu como um dos que foram apreendidos na casa dos Waiton, o mais recente. O homem suspirou com dificuldade.

― O... o que fez com Sydney?... O que vai fazer?...

― Durma, e vocês irão se encontrar - a mulher elevou o crucifixo. ― Tentarei fazer vocês se encontrarem em suas lembranças, será meu agradecimento por poder trazer meu Thomas. Agora relaxe, eu preciso que você fique tranquilo enquanto eu o chamo.

― Syd... - o professor chamou antes de perder a consciência de vez. Ao fechar os olhos, imagens fluíram em sua mente num sonho sobre sua amiga em outra época, em outra vida:

Eles já estavam há meses naquela busca, e a baronesa em nenhuma vez hesitara ou retrocedera. A esperança de encontrar seu pai dava forças à mulher, e Nigel nutria infinito respeito e gratidão por ela, sua dona, que o comprara e libertara. As pesquisas deram alento e motivos para que ele, que era antes um escravo, seguisse em frente com orgulho e a ajudasse a chegar até ali. A viagem fracassada para o oriente e o retorno para investigarem a última possibilidade escondida nas ricas e variadas anotações do barão: as valquírias.

As salas do templo estavam adiante, bastaria que Nigel, a baronesa e o cocheiro Alistair passassem pelos portões para encontrarem o final de sua busca. Era a última possibilidade, e embora parecesse nervosa, Sydney guiou o caminho até o quarto indicado por seu pai no caderno escrito à mão que ela encontrara quando o barão sumira. O que eles não esperavam era que fossem rendidos ao alcançarem as estátuas. O duque, que sempre se encantara pelo misterioso e o sobrenatural, que insistira em ler as anotações do barão, estava ali. E viera acompanhado de mais cavaleiros de sua confiança.

O nobre os havia seguido até o templo. ― Seu pai disse sobre as riquezas prometidas pelas valquírias àqueles escolhidos. Ele falou muito sobre este templo enquanto fazia sua pesquisa em meu acervo - o duque declarou.

― Mas ele não está aqui - a baronesa respondeu firmemente, sem conseguir esconder a aflição por estar sendo impedida de vasculhar o local e procurar por pistas sobre o barão.

― Vocês desfrutaram minha hospitalidade, meus preciosos livros, e ambos querem ficar com o tesouro. O fruto realmente não cai longe da árvore - desembainhou a espada. ― Seu pai desapareceu, mas você irá me entregar as riquezas que este caderninho promete.

Nigel apertou entre as mãos o livreto com as anotações do pai de Sydney. Lembrava-se que ela havia deixado o duque ler o conteúdo como parte de seu preço.

― São lendas. O barão desapareceu estudando estes mitos. Não há riqueza neste lugar além de conhecimento - a mulher argumentou.

― MENTIROSOS! - o duque berrou. ― Acabem com esses oportunistas - disse aos homens ao seu redor. ― Menos ele - apontou com a espada para Nigel. ― O vermezinho sabe traduzir as inscrições.

Nigel pôde ver o fim de seus amigos, a crueldade do duque não tinha fim. Então avançou acionando a armadilha em uma das estátuas, e a sala lacrou-se antes que Sydney e Alistair fossem atacados por um dos cavaleiros. O grupo foi separado, ficando o escravo e os demais dentro da câmara, e do lado de fora, a baronesa, o cocheiro e o indivíduo que empunhava a espada.

Surpreendidos pelos ruídos das portas que foram acionadas, os homens do duque dispersaram a atenção pela sala, mas um deles avançou, e Nigel foi atingido pelo golpe lateral enquanto corria para trás de uma das estátuas, tentando se proteger.

― O que pensa que fez?! Ele é o único que sabe ler as inscrições! - o duque ralhou.

Nigel sentou-se ao chão. Apertou o lado direito de seu tronco, onde o sangue que escorria começava a alcançar as marcações aos pés da estátua. O duque fez a volta pela imagem e apontou a espada para o rosto do escravo: ― Faça funcionar! Mostre as riquezas das valquírias!

O homem ao chão começava a perder o foco: ― Já... já está acionado...

Vultos que Nigel não conseguiu distinguir formaram-se atrás dos homens, e o que se seguiu foram gritos e desespero. Sydney e Alistair chamaram por Nigel, do lado de fora da sala; ele foi puxado pela gola da camisa pelo duque: ― O QUE VOCÊ FEZ?! O QUE SÃO ELES?! - e uma das sombras surgiu atrás do duque. A cabeça do homem foi cortada diante do escravo por um dos próprios aliados que mantinha uma expressão de pavor na face já manchada de vermelho. O mesmo homem foi atacado por outro cavaleiro, e a carnificina acompanhada por gritos agonizantes continuou até um dos vultos aparecer com clareza ao lado da estátua, e tudo voltar ao silêncio.

Nigel sabia que nenhum dos outros homens permanecia de pé; haviam se atacado e morrido pelas mãos uns dos outros. Ele esforçou-se para levantar a cabeça, e viu a figura feminina totalmente coberta com uma armadura brilhante. Ela empunhava uma lança, e os demais vultos se concentraram ao redor dela e do escravo. Nigel continuava segurando o torso e lutou para manter-se consciente. Então a mulher de armadura estendeu-lhe a mão.

Foi preciso apertar os olhos por um segundo e tomar ar para continuar acordado. Nigel fez isso e sentiu-se melhor. Ele viu as demais figuras assumirem a mesma forma feminina; eram as valquírias. O escravo aceitou a mão estendida, esta o puxou, e ele ficou facilmente de pé. Verificou que não estava mais ferido e olhou para trás. Ao fazer isso, viu seu corpo com as costas escoradas na estátua deslizar até cair de lado, imóvel, sem vida. Ele havia morrido. Virou-se para as valquírias, aflito, e a figura à sua frente balançou a cabeça.

Sydney ainda podia ser ouvida chamando-o do outro lado da porta.

...

― Continue sonhando, professor. Sua alma ficará junto da de Sydney, presa no mundo de suas lembranças - o ritual seguia no quarto do hotel. Sydney passou a recitar algum tipo de oração em uma língua desconhecida, e Nigel moveu-se na cama, mas não acordou. Ainda segurando o crucifixo, a mulher começou a chamar por Thomas.

Ela suspendeu a relíquia sobre o corpo do homem deitado, tocando a ponta superior levemente na testa do professor: ― Thomas, aceite este recipiente, volte para mim! - recomeçou a declamar as palavras, e o inglês passou a respirar de forma errática. Subitamente, o homem parou de se mexer. Nessa hora, a bruxa soltou o crucifixo e ajoelhou-se ao lado da cama. Sussurrou o nome de Thomas ao ouvido do professor, e ele acordou.

Os olhos do homem tremularam e pousaram-se nos dela. Ele observou a mulher com crescente emoção: ― Lilibeth... - ela sorriu, e a umidade em sua vista aumentou. Abraçou-o com felicidade.

― Meu amado... Meu Thomas... - apertou-o. ― Finalmente posso tê-lo de volta - demorou-se um pouco mais, esticou a mão e desamarrou os pulsos e os tornozelos do homem. Ele sentou-se sobre o leito, apanhando o relicário que quase caíra ao chão. Ao fazer isso, prestou atenção na forma de suas mãos e analisou seu reflexo no vidro da janela. ― Está se sentindo bem? Não se preocupe, logo irá se acostumar - ela disse, postando-se de joelhos à sua frente. Ele permaneceu sentado sobre a beirada da cama e segurou o rosto dela.

― Esta... não é você - disse. Antes que ela falasse, ele continuou: ― E este não sou eu. Não deveríamos estar aqui.

― Consegui te trazer de volta, estamos juntos agora, é isso o que importa - ela justificou, tomando as mãos dele entre as suas. ― Naquela noite, eu jurei que teríamos nossa felicidade, e nós conseguimos. Já está tudo preparado. Podemos viver assim, este casal tem boa reputação, ninguém nos perturbará.

Ele balançou a cabeça solenemente: ― Nosso lugar não é mais aqui, Lili, não há justiça em roubar a felicidade destas pessoas. Eu preciso voltar, e você também precisa ir.

― Eu não quero ter que me esquecer de você e perder o meu poder! - ela apertou as mãos, os dedos dos dois entrelaçados. ― Não precisamos voltar como os outros, eu procurei até agora uma maneira de te trazer aqui, eu fiz isso por nós. Fomos arrancados desta vida, Thom, merecemos ficar e prosperar desta vez - ela fitou-o nos olhos, marcando a súplica em suas palavras.

―... Eu te amo, Lili - o tom que ele usou fez com que ela juntasse as pálpebras, permitindo que as lágrimas escorressem. ― Temos que voltar, porque o nosso tempo nesta terra já se passou - ele continuou, secando o rosto dela com as mãos. ― Eu esperei por você, e continuarei esperando o quanto for necessário.

― Por favor, não vá. Não me deixe sozinha de novo, Thomas - a mulher pediu. Sem a resposta, ela clamou: ― Não me deixe! Você não pode!... - contra a vontade dela, os soluços restringiram sua voz.

― Não tema, nós nos reencontraremos, pois já somos um. Eu aguardarei por você do outro lado.

Ela o agarrou, as unhas machucando os ombros no abraço desesperado. ― Por favor, não me deixe! - o homem enlaçou-a de volta fechando os olhos e beijando-lhe o rosto, um sorriso cálido em sua face:

― Tudo vai ficar bem, Lili. Eu sempre esperarei por você...

― Não! Não vá!... não vá!... - ela implorou, enterrando o rosto em seu ombro e chorando. ― Não me deixe, Thomas! Por favor não me deixe!... - gritou com a voz abafada enquanto o segurava com toda a força, sabendo que não conseguiria mantê-lo ali. Os braços do homem deslizaram, soltando-a, e a cabeça pendeu para o lado, inconsciente. Ela arquejou, e urrou com toda a força de seus pulmões, até que sua voz falhasse. Não era para ser assim, eles mereciam ter sua chance, tudo havia sido planejado, eles só precisavam viver...

A mulher tentou controlar os soluços, ofegante. Conseguiu deixar Nigel recair sobre o leito, e afastou-se. Aquele não era mais seu Thomas. De pé, viu sua própria fisionomia no reflexo da janela. Aquela também não era Lilibeth. Estes dois eram Sydney e Nigel, e ela jamais poderia trazer seu amado Thomas de volta. A morena esfregou o rosto, que não era seu, sentiu o alento lhe deixar e caiu sobre a cama, ao lado do inglês. Se Thomas não viria mais, então não restava nada senão segui-lo. Segui-lo e esquecer a dor que lhe extirpava a razão de viver.

...

Quando Nigel acionou a armadilha do templo, Sydney e Alistair não tiveram como impedir que ele ficasse preso dentro da sala junto com o duque e os demais homens. Após nocautear o cavaleiro que lhe apontara a espada, a baronesa e o cocheiro tentaram, mas não conseguiram abrir a passagem. Ela bateu na porta chamando pelo amigo, e em vez de ouvi-lo responder, gritos e luta pareceram ter tomado a câmara. As tentativas de arrombar a porta mostraram-se ineficientes, e em dado momento, a passagem simplesmente voltou a se abrir sem aviso.

Sydney entrou seguida pelo cocheiro, e deparou-se com os corpos de todos os cavaleiros espalhados pelo chão, muitos deles aos pedaços. Ela correu procurando e chamando por Nigel. Viu, caído aos pés de uma das estátuas, o livro de anotações de seu pai. Apanhou o documento, que estava aberto onde o barão mencionara uma flor especial que crescia somente numa certa floresta, e que ele desenhara com mais detalhes do que os que vira nos livros. A mulher fechou o caderno, e avistou a cabeça do barão adiante. Alistair havia retirado o chapéu, e ela notou para onde a espada do homem decapitado apontava. Sem querer acreditar, fez a volta na estátua da valquíria para encontrar o corpo de Nigel.

A baronesa caiu de joelhos. Seus olhos já haviam embaçado e, com as mãos trêmulas, ela balançou o amigo imóvel, sabendo que ele não responderia. Puxou-o para seu colo, abraçando-o na tentativa de impedir a visão marejada daquela face pálida e sem expressão. Sydney cerrou os punhos e apertou os olhos, embalando o homem em seus braços enquanto seu rosto ficava molhado. Ela queria bater nele, queria ter tido a chance de abraçá-lo mais, de terem visitado mais bibliotecas, queria repreendê-lo por ter acionado a armadilha e queria a chance de pedir perdão por não ter conseguido tomar conta dele como prometera ao retirá-lo daquela fazenda infame. Ela queria que ele vivesse, e queria que tivesse sido ao seu lado.

Em sua lamentação, a baronesa percebeu que Alistair alcançou a mão do escravo. Nigel segurava algo, e o cocheiro retirou de entre seus dedos um botão de flor que ela nunca vira antes. Aquela planta não crescia ao redor do templo. Então a mulher lembrou-se das anotações do barão. Soltou o amigo e abriu o caderno. Aquela era exatamente a flor desenhada.

― Papai...

Sydney virou o rosto abrindo os olhos e enxergou Nigel deitado ao seu lado. Ela passou o braço sobre ele e começou a chorar. Ruídos do telefone do quarto fizeram com que ela se assustasse. A morena levantou, como se somente neste momento tivesse despertado, girou o rosto rapidamente, vendo que não estava mais na câmara. Não havia estátuas ao seu redor, e Alistair não estava ali. Notou as velas no quarto e o inglês inconsciente ao seu lado.

― Foi um sonho... Foi tudo um sonho... - ela reassegurou enquanto esticava o braço de forma hesitante para agitar o amigo. Ele não reagiu: ― Não... por favor, não... - ela continuou tentando acordá-lo. ― Nigel, fale comigo. Acorde! - batidas na porta mal foram registradas pela caçadora, que começava a ser consumida pelo desespero. ― ACORDE, NIGEL!

― Sydney! Abra a porta! - Christine chamou, do corredor, ainda batendo. A morena reconheceu a voz de sua mentora. ― Abra a porta, Sydney!

A caçadora soltou os ombros do amigo, e caminhou sem conseguir desviar o olhar de sua figura imóvel, ela tateou pela maçaneta e conseguiu destrancá-la. O gerente também estava ali. Christine deixou-o para trás e entrou inspecionando rapidamente o local e a professora, atentou-se no rosto da arqueóloga. ― O que aconteceu aqui?

― Eu... eu não sei, ele não acorda, eu pensei que fosse mais um sonho, mas ele não acorda!

A loira acompanhou a amiga de volta até a cama. Verificou os sinais vitais de Waiton, no chão do quarto. Verificou também o professor Bailey e apanhou uma das folhas de ervas espalhadas sobre a cama enquanto a arqueóloga continuava agitando o amigo. Fez com que a morena parasse:

― Ele só está dormindo, querida - a outra pareceu não acreditar: ― São as ervas, elas o fizeram dormir profundamente. Acalme-se, Sydney - segurou firme as mãos da outra, que tentou se desvencilhar para voltar a balançar o inglês: ― Acalme-se! - a voz firme de sua mentora funcionou para fazer Sydney retomar um pouco de autocontrole. ― Certo. Vou avisar os outros que vocês estão aqui. Estávamos todos a sua procura, Waiton conseguiu reaver algumas das obras roubadas... - fixou o olhar no peito da morena. Sydney percebeu que ali estava pendurado o colar que fora apreendido. Próximo do criado-mudo, caído ao chão, estava também o crucifixo de ouro levado da sede do Five-0. A loira voltou a lhe encarar: ― O que Waiton fez com vocês?

A morena tentou, mas não conseguiu lembrar-se de como acabara no quarto ao lado do amigo, tendo aquele longo e impressionante sonho. O que havia acontecido naquele cômodo sucedera-se sem o conhecimento de Sydney; após o jantar estranho com inglês, ela falara com Waiton na saída do clube e pretendia continuar seu encontro com Grey, mas despertara ali. Olhou para o rosto imóvel do amigo, considerando o que teria se passado ao seu redor enquanto ela sonhava com um escravo chamado Nigel e com uma baronesa Sydney.

Passou a mão pelos cabelos do homem, ouvindo a voz de sua mentora, que narrava a situação para o gerente e depois para alguém ao telefone. Alcançou o relicário que permanecia ao lado de Nigel. Coisas estranhas aconteceram após Christine ter lhe entregado o amuleto. Poderia estar ele ligado aos sonhos sobre outra vida, às alucinações sobre telepatia e o mais importante: o esquecimento das últimas horas?

Um gemido vindo da madame que estava inconsciente alertou as duas mulheres.

... retorna | continua...

fandom, longfic: quadro e o crucifixo

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