(no subject)

Dec 21, 2009 18:31

ALERTA: WIP que provavelmente jamais será completado. Estou postando apenas por causa de um acordo com uma amiga. Leia por sua  conta e risco.

Disclaimer: As garotas do CLAMP são deusas. Eu sou uma mera mortal. Pairing:Touya/Yukito. Rápida menção a Touya/Kaho.

O céu noturno brilhava sobre o Templo Tsukimine, iluminando-o com bilhões de estrelas e a maior lua cheia que Tomoeda já vira. Sim, a noite estava simplesmente deslumbrante. O único problema é que ele não sabia o que estava fazendo ali. Nunca estivera no templo durante a noite, muito menos sozinho, e não conseguia lembrar como fora parar lá. Preocupado, encaminhou-se à saída, mas antes que chegasse ao portão foi subitamente interrompido por gritos à distância. Voltou-se para ver o que acontecia, e levou um choque. Algumas das lindas estrelas acima estavam simplesmente desaparecendo! O brilho das demais estremecia, como que de medo, e até a lua parecia fraca. Apenas uma das estrelas, a mais forte, permanecia firme. A situação era tão bizarra que ele ficou paralisado. Quando finalmente conseguiu abrir a boca para gritar, o despertador tocou e ele acordou assustado.

-Ah, foi só um sonho... - resmungou, tateando o criado-mudo atrás dos óculos. Levantou-se, arrumou-se para a escola e tomou sozinho o café da manhã, pois seus avós estavam novamente viajando, dessa vez para a Inglaterra. Depois de comer, percebeu que teria que fazer compras de novo. Sempre comera muito, mas desde o fim do último semestre se sentia anormalmente faminto... e sonolento. Simplesmente não conseguia entender porque, já que não alterara em nada sua rotina.

Vendo que ainda tinha um tempo, decidiu ir à padaria antes da aula. Na volta, escutou um riso infantil e sorriu ao ver a garota de patins acenando para ele.

-Bom dia, Yukito!

-Bom dia, Sakura! Você acordou cedo hoje!

-É que tenho que limpar a sala.

Conversaram por alguns minutos, e ela se retirou para a escola. Quando estava a meia quadra, o rapaz chamou-a de volta e atirou-lhe uma bala, que ela apanhou com alegria. Yukito sorriu ao vê-la desaparecer na distância. Conhecia Sakura desde que ela tinha apenas 7 anos, e dedicava-lhe um carinho muito especial. Gostava de seu jeito alegre, inocente e gentil. Sabia que ela também o amava muito, e tinha medo de que os sentimentos da menina por ele estivessem um pouco confusos. Mas no final decidia que não tinha importância. Doce, inteligente e cada dia mais bonita, ela não demoraria a encontrar alguém a quem amasse de verdade, e que lhe correspondesse, e perceber a verdadeira natureza dos seus sentimentos pelo amigo do irmão.

-Fala, Yuki!

Falando nele...

-Ah, bom dia Touya!

A bicicleta estacionou a seu lado com um ruído, e ele sorriu para o rapaz alto, moreno, de ar sério que a pilotava.

-Você acordou cedo!

-É, tive que comprar pão. Ultimamente tenho andado com uma fome...

Por um segundo, Yukito teve a impressão de que o olhar do amigo se anuviara, mas isso logo desapareceu.

-Ainda vai passar em casa para deixar as compras e pegar a mochila?

-Sim.

-Quer carona?

-Obrigado - respondeu Yuki, subindo na garupa. -Ah, acabei de encontrar a Sakura.

-Pois é, ela acordou extremamente cedo para uma monstrenga...

-Por que você implica tanto com ela?

-Porque é minha irmã, oras!

Tendo a velha discussão, eles chegaram ao colégio e, ignorando os olhares devoradores das colegas, sentaram-se em suas carteiras habituais: Yukito junto à janela e Touya ao seu lado. Dez minutos depois, a professora entrou na sala.

-Bom dia, turma. Espero que todos tenham tido um bom verão. Antes de iniciar, gostaria de lhes apresentar nossa nova colega, Nakuru Akizuki.

Uma garota de aspecto alegre e extrovertido acenou para a turma.

-Bom dia, meu nome é Nakuro! Espero que todos sejamos bons amigos!

Haviam várias carteiras sobrando, e a professora permitiu que ela escolhesse seu lugar. Sem hesitar um segundo, a moça dirigiu-se à vaga ao lado de Touya, e passou toda a primeira metade da manhã olhando-o fixamente.

Na hora do intervalo, Touya agarrou o braço de Yukito, resmungou “vamos logo” e desandou a correr para o canto mais isolado do pátio, olhando para os lados a cada segundo.

-Touya, o que...

-Eu não quero falar com aquela menina!

-Akizuki? Ela pareceu tão simpática...

-É que senti algo estranho perto dela. - explicou Touya, finalmente dando-se por satisfeito com a distância e atirando-se na grama. O outro rapaz sentou-se ao seu lado e abriu o lanche sem mais perguntas. Há muito havia aprendido a não questionar os pressentimentos do amigo. Pôs-se a devorar avidamente o almoço, até perceber o olhar penetrante do outro sobre si. Sorriu envergonhado.

-Desculpe. É que ultimamente eu ando mesmo com uma fo...

-Yukito, eu tenho algo muito sério para te dizer. - O tom era sombrio e ligeiramente alarmante.

-O que foi?

-Olha, Yuki... É complicado de explicar, porque eu sei que você nem desconfia. Mas... Mas eu já sei de tudo. Yukito... Yukito, você...

-OI, TOUYA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Yukito demorou alguns segundos para entender o que havia acontecido, então não pôde deixar de rir. De alguma forma a garota nova conseguira aproximar-se sem que nenhum deles visse, e atirara-se sobre seu amigo. Os dois estavam agora no chão, o rapaz tentando fortemente tirar a moça de cima de si. Ela simplesmente o ignorava e continuava tagarelando.

-Eu posso te chamar de Touya, não posso? Eu gostei muito de você, no segundo em que entrei na sala, sabia? Podemos voltar para casa juntos hoje?

-Sai de cima de mim!

-Então tá, combinado!- Disse ela em tom feliz, pondo-se de pé com um salto e correndo para longe, sem lançar a Yukito um único olhar sequer. Touya levantou-se, mal-humorado.

-Agora você entendeu por que eu estava com pressa? Ela é maluca!

Yukito não respondeu, apenas continuou sorrindo. Sim, era verdade que Nakuro era a moça mais extrovertida e... bem, atrevida que ele já havia conhecido. Mas ainda assim, achava incrível o fato de seu amigo ainda não ter se acostumado ao constante assédio das colegas de sala sobre ambos. No último ano ele chagara mesmo a ter de dançar com Yoko! E com toda a sinceridade, Yukito preferia que as meninas que lançassem olhares em sua própria direção fossem mais como Nakuro, pois assim ele podia conversar com elas de uma vez, e explicar que não estava interessado. Distraído como era, ele jamais perceberia admiradoras silenciosas e tímidas como Yoko. Mas claro, essa era a sua opinião e Touya, mil vezes mais perceptivo, podia perfeitamente discordar.

Nakuro distraíra os rapazes a tal ponto que ambos esqueceram que ela interrompera um assunto de extrema importância. Foi só muito mais tarde naquele dia, quando voltou para casa para estudar um pouco que Yukito se lembrou. Estava absorto por um problema de matemática e, de repente, começou a sentir muito sono. Lutou o máximo que pôde, mas acabou despencando em cima do livro.

E, pela segunda vez no dia, teve aquele sonho bizarro. Estava parado sozinho no Templo Tsukimine durante uma linda noite iluminada. De súbito, vozes berravam, estrelas apagavam-se, a luz estremecia e a mais bela estrela brilhava fortemente em sua direção. Só que dessa vez havia algo diferente... As estrelas, elas estavam em menor quantidade! E as vozes que gritavam... Pareciam estranhamente familiares. Concentrando todas as forças nelas, percebeu que se tratavam de três crianças. Reconhecendo-as assustado, tentou correr em seu auxílio, mas seu corpo não se movia. Totalmente impotente, ele tentou berrar “Sakura! Syaoran! Tomoyo!”, mas foi interrompido por um outro som que, embora distante, trazia-lhe um estranho conforto.

-Yukito! Yukito! Acorda, Yukito, anda!

Seus olhos se abriram.

-Touya?

-Você está bem? Dormiu em cima do livro!

-Estou- respondeu com um bocejo. -Só fiquei com sono, não se preocupe.

O garoto soltou um suspiro de alívio que seria imperceptível para quem não o conhecesse muito bem. Yukito estranhou. O que estaria perturbando tanto seu amigo ultimamente? Ele quis recordar o início de conversa da hora do intervalo, mas, recomposto, Touya já havia pegado a mochila e cruzado a porta.

-Anda logo, senão a gente se atrasa. Hoje meu pai fez sobremesa.

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