Política é uma parte importante da minha vida, desde que eu tinha 15 anos e achava que podia mudar o mundo indo a protestos para xingar o FHC na av. Paulista.
Eu já não tenho mais saco para passeatas e o FHC virou uma paródia de si mesmo, mas a política continuou presente para mim. Não tenho vergonha nenhuma de dizer que fui (também para a Paulista) comemorar a primeira eleição do Lula, em 2002, e que aquela foi uma ocasião inesquecível. Havia uma energia louca no ar, de esperança, de alegria, de orgulho. Pessoas que nunca tinham se visto na vida (e que não voltariam a se ver) paravam para conversar, se abraçavam e riam, cientes que estavam vivenciando juntas um momento histórico. Foi uma experiência incrível e única - e da qual eu tenho orgulho de ter participado. Me desiludi com o governo do Lula em muitos pontos, vibrei com outros, mas nunca deixei de acompanhar política, nem que seja só para passar raiva - dos políticos, dos eleitores, da imprensa, do mundo.
Eu não costumo falar de política aqui porque sei que para muitos (quase todos?) o assunto é tão agradável quanto arrancar um dente, mas de vez em quando algumas coisas acontecem que merecem ser comentadas - e aí sobrou para cá. Essa semana foi o tão falado bate-boca entre o Joaquim Barbosa e o Gilmar Mendes no STF. Confiando que o povo adora um barraco, posto o vídeo aqui para quem quiser dar uma olhada:
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Tem tanta sordidez e corrupção na política brasileira, tantos ACMs e Sarneys que ainda agem como se fossem donos de Capitanias Hereditárias, que ver alguém se levantando para dizer verdades é louvável. Eu vibrei com uma empolgação digna de cheerleader ao ver o Joaquim Barbosa falando o que todo mundo sabe. Que o Gilmar Mendes usa o STF de palco. Que ele age como se ele próprio fosse a personificação da justiça. Que ele está acabando com o judiciário brasileiro.
(e detalhe que foi ele próprio a iniciar a discussão)
E depois disso ver a grande mídia tentando colocar panos quentes na situação tem um quê de tragicômico. A mesma mídia que classificou o Joaquim Barbosa como "herói" na época em que ele presidia a CPI do Mensalão e agora o pinta de desequilibrado e grosseiro. Porque ninguém quer pisar no calo do Gilmar Mendes. E ninguém quer que a Satiagraha indo para frente.
A situação só deixa escancarada a esquizofrenia dos grandes veículos de mídia, que reproduzem a briga sem explicar do que realmente ela trata, o que estava implicado nos comentários. E mostra o quanto a os grandes veículos se afastaram da opinião pública, porque em blogs e nos comentários de bar é o Joaquim Barbosa e sua sincera eminência que ganham destaque.
É brega, é ingênuo, é tosco. Mas vendo acontecimentos como esse eu volto a sentir a mesma pontinha de esperança que me inundou aquela noite na av. Paulista.
Para quem quer saber mais:
análise da postura da mídia, o
estrelismo de Gilmar Mendes, uma
contextualização dos fatos e o
perfil do Gilmar Mendes.
(prometo que no próximo post volto com a programação normal de fangirlismo, bebedeiras, momentos mulherzinha e afins)