© Dr. Alessandro Loiola
Toca o celular. Segue uma voz feminina querendo mais informações sobre Viagra mastigável.
- ... Para uma matéria que estou escrevendo, doutor - fez questão de explicar a repórter do jornal de um estado vizinho. Pedi que ligasse mais tarde. Para emitir uma opinião embasada, precisava pesquisar melhor o assunto.
O
viagra cialis online pharmacy pharmacy, composto ativo do Viagra, foi descoberto nos anos 90 pelos laboratórios Pfizer. Inicialmente, a Pfizer estudava o papel da droga no tratamento de doenças cardÃacas, mas um curioso efeito colateral fez com que as pesquisas tomassem outro rumo: durante os testes clÃnicos, o sildenafil mostrou ser capaz de induzir fortemente ereções penianas.
Em março de 1998, o sildenafil tornou-se o primeiro remédio aprovado nos Estados Unidos para tratamento da impotência sexual masculina. Desde então, as vendas mundiais do remédio vêm rendendo mais de 1 bilhão de dólares ao laboratório a cada ano.
Como a patente mundial da Pfizer para fabricação do citrato de sildenafil só expira em 2011 (ou seja: apenas a Pfizer está autorizada a sintetizar o composto até lá), a saÃda da concorrência foi modificar a estrutura do sildenafil e produzir substâncias pouco diferentes, porém com efeitos idênticos.
Adicione um carbono e dois hidrogênios à molécula do sildenafil, leve ao forno por 10 minutos e você terá a vardenafila. Com alguns hidrogênios e nitrogênios a menos, sem o molho de enxofre, cozinha-se a tadalafila. E, em pleno raiar do século XXI, estava alinhado o gride de largada para o Grand Prix de Fórmula Sexo.
Não tardou e alguns paÃses Latindo Americanos observaram nesta corrida boas chances de lucros. No Uruguai, por exemplo, não há produção de genéricos. Para baratear os custos de alguns remédios, foi aprovada em 1998 uma Lei que permite que laboratórios locais sintetizem princÃpios ativos de outras companhias, desde que a empresa recolha 5% do valor das vendas à detentora da patente original. Uma forma bacana de pirataria oficializada para o bem de todos e felicidade geral da nação.
Apesar de bem mais baratos, os medicamentos uruguaios não possuem registro na ANVISA, agência reguladora vinculada ao Ministério da Saúde responsável pelo monitoramento da qualidade de todos os remédios vendidos no Brasil. Sem esta forma de controle, os genéricos uruguaios importados irregularmente correm o risco de não conter a quantidade correta do princÃpio ativo, ou - pior - possuÃrem contaminantes potencialmente nocivos à saúde. Desde setembro de 2006, o sildenafil uruguaio tem estado na mira da ANVISA e da Policia Federal, para desespero de donos de motéis e agremiações de homens de meia idade.
Pensa que acabou aÃ? Pois em 2003 uma mega-indústria americana de goma de mascar conseguiu sintetizar uma forma mastigável do sildenafil. Devido aos problemas de reserva de patente, o “chiclete de viagra” deve aguardar ainda alguns anos até ser colocado no mercado. Obviamente, isto não impediu que versões similares surgissem (adivinhe onde?) no Paraguai.
E aqui chegamos finalmente ao viagra mastigável “made in Paraguai”, que vem sendo vendido com grande alarde e propaganda através da Internet e anúncios em classificados. Mas não existem estudos clÃnicos mostrando que estes comprimidos possuem efeito superior à s apresentações de sildenafil registradas na ANVISA. Além disso, pairam sobre os genéricos paraguaios as mesmas preocupações com relação à bioequivalência e segurança dos seus primos uruguaios.
Toda essa fuzarca em torno dos medicamentos para disfunção erétil baseia-se na idéia visceral de que, se um homem é capaz de levantar, entrar e sair, ele é um sujeito másculo e realizado. Infelizmente, esta é de fato a noção limitada que a maioria dos homens tem sobre o sexo.
Incontáveis pesquisas realizadas nos últimos 30 anos mostraram que uma experiência sexual completa e verdadeiramente satisfatória - tanto do ponto de vista masculino como feminino - deve vir acompanhada de um profundo envolvimento emocional. E este nÃvel de percepção não é vendido em caixinhas com comprimidos azuis.
Por isso, apesar dos avanços tecnológicos, os seres sensÃveis que são os homens deverão continuar deslumbrando suas mulheres com ereções incrÃveis e comentários desanimadores, como a conversa do casal logo após aquele fantástico sexo selvagem:
- Querido, o que você prefere? Uma mulher bonita ou inteligente?
- Nem uma, nem outra, meu amor. Você sabe que eu gosto só de você!
Mais macho, impossÃvel.
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Dr. Alessandro Loiola é médico, palestrante e escritor, autor de
PARA ALÃM DA JUVENTUDE - GUIA PARA UMA MATURIDADE SAUDÃVEL (Ed. Leitura, 496 pág.) e
VIDA E SAÃDE DA CRIANÃA (Ed. Natureza, 430 pág.). Atualmente reside e clinica em Belo Horizonte, Minas Gerais.