Sexto dia

Nov 06, 2008 22:58

Comecei o dia por perder imenso tempo a "procrastinate" mesmo, a ir encontrar templates para o Pages, a fazer o Espilce ter aspecto de livro mesmo (está mesmo lindo ^^). Na escola não escrevi nada, zero, nicles. Quando cheguei a casa deparei-me com um quarto que metia medo ao susto, querendo isso dizer que essa foi a minha primeira tarefa. Escrevi algum, mas estou 500 palavras a menos do que deveria ter hoje. Mas amanhã na escola trato disso =P E este fim-de-semana será passado amarrada ao computador a escrever. Espero eu.
Agora vou ser maluca e vou editar algumas partes, mais no que toca à história mesmo do que outra coisa (até porque não tenho muito tempo e não quero perder palavras), porque sei o que escrevi que não deveria ter escrito e sei onde posso ganhar algumas coisas. Amanhã eu aviso das mudanças. Ah, já agora, tenciono terminar a cena da batalha amanhã, talvez na escola mesmo =)
Por agora, aqui está o que escrevi hoje:

Na lua seguinte Goodwin e Benedita foram chamados à presença dos Reis, sem o saberem, ao mesmo tempo. Foram recebidos novamente nos aposentos, em total privacidade, onde pairava a tensão, como uma criança matreira que espera pelo momento certo para se revelar.
- A tua mãe e eu chegámos a uma decisão - comunicou o Rei, olhando amavelmente para a filha.
Goodwin sorriu para si mesmo. Ver como o Rei olhava para a Princesa Benedita era quase que uma surpresa. E o sorriso doce e o olhar brilhante da Rainha Gaiana surpreenderam-
-no. Não tinha imaginado os soberanos como pais amáveis e cuidadosos, antes imaginado-
-os como monstros sem coração que adoravam a filha mais nova e suportavam apenas a existência da mais velha por questões sociais.
A Rainha ergueu-se do seu trono e avançou para Benedita, envolvendo-a num abraço protector e reconfortante, beijando-lhe a face suavemente.
- Não te queremos perder, princesa,- murmurou Gaiana, num tom de voz que Goodwin nunca pensara que ela pudesse usar. - E por isso cedemos ao teu pedido.
Benedita deu um gritinho feliz e abraçou a mãe de volta, sorrindo abertamente. Agradeceu-lhe várias vezes de seguida, correndo logo depois para o pai, cuja bochecha beijou sonoramente. Aemilius deu palmadinhas nas mãos da Princesa.
- Mas não sem uma condição - avisou, levantando-se também.
Tinha sempre de haver uma condição. Desviou o olhar do Rei para a Princesa e esta sorriu-lhe encorajadoramente. Que a condição viesse que ele cumpriria o que quer que fosse, se a pudesse ver sorrir daquela maneira todas as manhãs.
- O casamento não se realizará até que os teus olhos se tornem púrpura -
- Mas como farei isso?
- Calma, rapaz... - Aemilius procurava algo na estante na parede à sua direita, mas quando Goodwin fez questão de se aproximar o Rei ergueu uma mão, mostrando-lhe que devia esperar. Trouxe até ele um livro de capa de couro, com páginas brancas, tão pequeno que era fácil de carregar para todo o lado, mas tão extenso que parecia poder conter todas as histórias de toda um reino. - Sabes ler e escrever?
Goodwin anuíu. Não praticara muito a escrita nos últimos anos, mas aprendera-a, há muitos anos, com um sábio da aldeia.
- Pois bem. Vês este livro? É o livro de Espilce. Todos os Reis e Rainhas, incluíndo eu e a minha esposa, o leram pelo menos uma vez na sua vida. Nele estão escritas todas as histórias do reino, aquelas que apenas os elfos pensam conhecer e aquelas que nem os elfos alguma vez ouviram.
Só isso? Ler um livro? Pensara que para obter a sabedoria e o equilíbrio necessários precisaria de bem mais do que algumas tardes e um livro antigo.
- Não te iludas, jovem - Gaiana interrompeu os pensamentos de Goodwin como se ele os tivesse proferido em voz alta. - Não tens de o ler todo. Não agora. Tens, antes, de deixar a tua marca nele.
- Queremos ter a certeza de que compreendes todos os elementos, de que conheces os segredos da existência, de que és capaz das maiores proezas e dos mais belos actos de bondade. Precisas de encontrar a harmonia em ti.
Então voltara tudo ao mesmo. Só poderia desposar a Princesa Benedita quando os seus olhos se tornassem púrpura. Como era isso diferente do que lhe tinham dito antes?
- Serás guiado nesta tua demanda por homens sábios, fadas bondosas, duentes temíveis, elfos conhecedores e sereias simpáticas - o Rei caminhava pela divisão em passadas largas, excitadas, fazendo gestos largos, a sua voz subindo. -Viajarás pelos quatro cantos do reino, conhecerás todas as espécies e farás com elas amizades. Compreenderás como vivem, como funcionam, como são parecidas a nós e, ao mesmo tempo, diferentes. Aprenderás tudo o que há para aprender, registará-lo-às neste livro e, mesmo antes de veres os teus olhos mudar, saberás que está na altura de voltar.
Goodwin olhou alarmado para Benedita. Tal demanda implicava bastante tempo afastado do Castelo e da amada, talvez algumas luas, talvez um ano, ele não sabia...
- A ideia foi minha, Goodwin - confessou a Princesa, caminhando para ele, olhos nos olhos. - Sei que demorará algum tempo, mas eu sei que és capaz, eu confio em ti. Saberás sobre tudo, demorarás quanto tempo for preciso, eu estarei à tua espera.
Ponderou silenciosamente. Compreendia porque Benedita tinha proposto tal demanda, era a única opção para poderem estar juntos no fim. Daquela maneira ela estar-lhe-ia prometida e ele teria pelo menos um dos requerimentos para casar a Princesa herdeira de Espilce. Com a mão direita aceitou o livro que o Rei Aemilius lhe entregava, com a esquerda tomou a mão da Princesa Benedita, apertando-a.
- Partirei na demanda que me propõem, vossas majestades - assentiu Goodwin. - E voltarei para tomar a Princesa Benedita como minha Rainha.

Capítulo 6
Uma última noite
Rapidamente a notícia se espalhou pela corte. O jovem Goodwin de Helmeswella pedira a mão da Princesa Benedita em casamento, tinha-a como sua prometida, e partiria numa demanda pela sabedoria, na qual percorreria o Reino, regressando à corte quando os seus olhos se tornassem púrpura, desposando a Princesa nessa altura.
O jovem arqueiro não sabia se se sentia orgulhoso por todos saberem que a Princesa Benedita era sua prometida, se se sentia embaraçado pelos seus olhos verdes andarem na boca de todos. Em Helmeswella nunca ninguém prestara atenção ao facto de que os seus olhos eram verdes e não castanhos ou azuis; a bem dizer, nunca ninguém se preocupara em ter olhos púrpura, de onde ele vinha. Ali, dentro das muralhas do Castelo, essa parecia ser a única coisa que preocupava todos, dos aldeões aos cortesões, incluindo os Reis.
O Inverno já se findava, a neve desaparecera há muito, as chuvas iam e vinham com os ventos. A guarda do Rei passara a treinar no campo, montando os cavalos excitados ou calcando o chão molhado com as suas botas. Quando o Castelo fora construído a guarda defendia o Rei e a Rainha usando a força da sua mente, penetrando barreiras invisíveis, produzindo correntes de energia capazes de deitar por terra um todo batalhão. Nessa altura os campos de treino não existiam - os guardas treinavam nos pastos e campos mais próximos do Castelo, usando os animais que por ali pastavam como adversários para os movimentos mais perigosos, trazendo-os depois de volta para o jantar. Anos mais tarde, quando os olhos púrpura deixaram de ser comuns, foi necessário recrutar outros guerreiros para a guarda, fornecer-lhes armamento e treina-los o melhor possível. No início os treinos tomavam lugar no grande salão, depois dos bancos e mesas terem sido afastados, usando espadas de madeira e lanças sem pontas. Depois da Primeira Batalha do Druida, em que um reino vizinho, liderado por um druida louco, tentara invadir Espilce, o Rei Edmundo, que quase perdeu o reino, mandara alargar as muralhas para que um espaço exterior fosse construído para os treinos da sua guarda, com alvos e obstáculos, com espantalhos e espaços vazios, para que pudessem treinar a pé ou a cavalo o mais próximo da realidade da batalha.

espilce

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