Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças

Aug 24, 2012 17:03


Eu tava com muito medo de rever "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças", talvez por conta da temática ou por não estar mesmo com estrutura psicológica pra isso e confirmar o que eu nunca quis. De uma forma surpreendedora, o filme bate muito na tecla do "amor" e do "destino". Mostra que coisas que devem acontecer, vão acontecer; e o mais fascinante: quando algumas interferências acontecem, o destino também é inevitável. Uma história quando é para ser construída em conjunto, ela será, independentemente de memórias ou de uma (re)construção desse caminhar.

Pensei que o longa tratava da temática a fim de passar a idéia de que a vida seria bem mais cômoda se pudéssemos matar as lembranças para amenizar aquela dor (mental, mas principalmente física mesmo) que se sente quando se perde o amor de sua vida. A lógica seria até coerente: uma vez que se tira todas as memórias de alguém que se quer esquecer, seria como se ela nunca tivesse passado por sua vida, seria como o acordar de um sonho. Mas "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças" opta por tratar do assunto e ir na raiz, mostrar o que não é senso comum, mostrar que é preferível sentir do que, simplesmente, a apatia, o vazio. Bem diferente do que inclusive eu pensava, o filme é justamente uma ode às lembranças. Por mais que a maioria deseje apagar  todos a história (sendo ela, os momentos, presentes, choros, sorrisos, problemas, intimidade, dependência), o filme mostra que, caso isso fosse possível, talvez causasse mais dor e arrependimento. O ser humano, no meio de suas besteiras e impulsos, poderia destruir uma vida inteira de lembranças, da noite pro dia, e um relacionamento está longe de ser algo unilateral. A obra mostra que o procedimento apagaria todos os problemas, mas também apagaria todas aquelas que nos fizeram sorrir, todas aquelas que nos serviria de consolo, aquela memória boa e que nos traz paz, aquele sorriso bobo e saudosista no rosto. Jim Carrey mostra incrívelmente bem o quão desesperador seria se desfazer exatamente do que nos formou. O pavor de voltar atrás e resgatar uma memória que seja, guardá-la em um cofre ou em um lugar escuro qualquer para que ninguém mexa. Porque aquela memória, boa ou ruim, fazia parte do que ele era. Por mais que doesse.

Filme incrível.
"Você pode apagar alguém da sua memória, mas tirá-la do coração já é outra história."

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