O Corredor

Sep 12, 2011 04:47

É simplesmente incrível como algumas pequenas coisas podem ter uma grande consequência. Sem o clichê do bater das asas de uma borboleta virando um furacão do outro lado do mundo. É bem mais prático que isso. A perda de alguém querido, por exemplo, é bem mais próximo. Os dias vão passando, os sentimentos mudam, voltam, se transformam. As dores mudam, voltam, se transformam. E aos poucos o que pensávamos que fosse um ciclo, na verdade, é um corredor linear sem fim recheado de portas. Você não anda, e sim se desliza por uma escada-rolante, sempre em movimento. Algumas coisas simplesmente aparecem das portas e nos acompanham por algum tempo. E depois vão embora. Pra sempre. Talvez por conta da mudança do quadrante que se anda, ou do caminho que preferiu seguir. Da forma de andar, da velocidade, não importa. Te deixam com suas dores e as vão com as delas, sem olhar pra trás. Não adianta ir atrás, as portas estão trancadas. Você continua prosseguindo, outras pessoas aparecendo, sumindo, se esquivando. Com outras oportunidades aparecendo, sumindo, se esquivando. Elas somem, mas sua memória continua ali, intacta. Suas dores vêm e vão quando veem um quadro pintado na parede do corredor de uma cena que te marcou. Ou quando elas abrem a porta novamente só pra provar que ainda têm espaço na sua caminhada, mas passam-se alguns segundos e elas já estão lá trás. Você pode até querer voltar, mas não consegue. Você não sabe se luta contra a inércia e a puxa de volta ou se já não vale a pena já que ela pode dar meia volta e sair pela porta que entrou. Aquela dúvida fica pra sempre: se é saudade ou apenas o costume de se lembrar.
Previous post Next post
Up