Título: LIZARDS & SNAKES
Bandas: BUCK-TICK; X JAPAN (/solo works); Dir en grey; Merry; Kagerou; MUCC; Asagi; Hotei Tomoyasu; Creature Creature; Nightmare; Gazette; Sugizo; Penicillin; L'Arc~en~Ciel; Miyavi; Kisaki Project; La'cryma Christi; deadman; Kirito; Psycho le Cemu; Lareine; Fatima + outros.
Casais: AtsushixYoshiki/YoshikixAtsushi; KyoxGara; TatsurouxDaisuke; AtsushixHakuei; HoteixMorrie + outros. (One-sided: HitsugixYomi; MakoxYomi; HakueixChisato; DiexKaoru; YoshikixSugizo)
Gênero: Ação, Drama, Romance, Humor, Yaoi/Lemon.
Classificação: NC-17
Sinopse: Notórias e poderosas, duas máfias rivais lutam pelo poder no submundo de Tóquio... (e do resto do mundo, ou até onde suas ambições permitirem) São eles: os LIZARDS, liderados por Hayashi Yoshiki, e os SNAKES, sob o comando de Sakurai Atsushi.
Autoras: Mô-chan e Scarlet Mana.
Capítulos Anteriores:
01,
02,
03,
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05,
06,
07,
08,
09,
10,
11,
12,
13,
14,
15,
16,
17,
18,
19,
20.
RESUMO (by Iguanas) do Capítulo 20:
NO CAPÍTULO PASSADO DA SUA NOVELA "DESILUSÕES DE UMA PAIXÃO PROIBIDA ENTRE MAFIOSOS", O MEMBRO DA GANGUE DAS COBRAS EMOS, JOÃO CRISTÓVÃO, VOLTOU MOLHADO PARA CASA APÓS UM ENCONTRO COM O MEMBRO DA GANGUE DOS LAGARTOS ADEPTOS DO GLS CARLOS HENRIQUE, E ENTÃO ELE---
Hitsugi: Yomi. O que você pensa que está fazendo?
Yomi: Narrando a novela mexicana que é a nossa vida.
Mako: *coff*
Yomi: A gente mal apareceu no capítulo passado. Por que diabos temos que fazer isso?
Hitsugi: Bom, se você preferir, a gente chama as corais---
Yomi: 8D NAHHH NAH NAH. Vamos lá, minha gente! Resuminho~~
Mako: ... e então, Gara retornou de seu encontro, enquanto Cobras e Lagartos faziam seus preparativos para a grande Ação daquela noite. Fim.
Hitsugi e Yomi: .....
Yomi: Também não precisa ser tão direto, né.
Hitsugi: É, teve inclusive aquela coisinha engraçada no final do capítulo...
Mako: Quando será que vamos aparecer mais?
Hitsugi e Yomi: ....
Hitsugi: Acho que logo...
Yomi: Acho que deveríamos reclamar com a produção.
Mako: Hum. Não assinamos nenhum contrato falando que teríamos poucas aparições.
Yomi: Chamamos nossos advogados?
Mako: Acho que devíamos fazer greve.
Hitsugi: 8x. E ocupar a reitoria da USP?
Yomi: Prefiro ocupar a cozinha da Toca.
Mako: Ótimo, e em duas semanas seremos iguanas gordas e desempregadas.
Yomi: O Hitsugi já é uma iguana gorda. Só falta perder o emprego.
Hitsugi: 8D oi? Por acaso é a minha bunda que se destaca quando uso tanga?
Yomi: Te dei permissão pra regular a minha bunda?
Hitsugi: Fica meio difícil quando estamos jogando Twister bêbados nas festas da Toca.
Yomi: Falando nisso, o Mako nunca participa.
Mako: Se eu puder, gostaria de me abster de conversas desse nível.
*toc toc toc*
Yomi: oi? 8)
Yoshiki: Por obséquio, posso começar o capítulo 21? Pode ser?
Yomi: Vai fundo!
...
..
.
Hakuei: Alguém me chamou?
XXX
21. The Museum (Part 1)
XXX
A única iluminação naquele local era praticamente a leve brasa de um cigarro aceso. Porém, os cinco homens trajando branco presentes ali sabiam que estavam no meio de um jardim. Além do barulho característico de um ou outro inseto, um leve farfalhar da folhagem era ouvido ora e outra.
- Pelo que estamos esperando? - perguntou o mais baixo deles, com sinais de impaciência.
- Kyo, Yuki e Die tomarem suas posições na entrada oposta a esta. Não deve demorar muito. Saíram logo após o nosso carro. - respondeu o outro.
Os minutos se arrastavam, pesados. O quinteto permaneceu calado. Não que fossem proibidas conversas longas. Apenas não havia necessidade de sua existência. Podiam sussurrar sem serem ouvidos se quisessem. Mas nenhum deles pareceu cogitar tal possibilidade. Havia uma animosidade no ar noturno, uma expectativa densa. Ouviu-se um respirar mais profundo. E dez minutos depois, um bip sutil em um dos comunicadores portáteis.
- "Estamos na entrada oeste, Tokage." - falou com segurança uma voz através do dispositivo.
O homem que fumava o cigarro deu uma última tragada forte. A brasa acendeu-se com vigor, apenas para ser interrompida abaixo do seu próprio pé.
- Contem cinco minutos e prossigam. Eu e Niikura vamos avançar. Cautela, Lagartos.
- "Entendido."
- Iguanas, até breve. - Anunciou Yoshiki, dando as costas para os três homens que o observavam atentos. - Atentos ao ponto e a qualquer pedido de reforço.
Mako deu um aceno de cabeça, confirmando.
O Dragão de Komodo e seu fiel Monstro de Gila afastaram-se a passos silenciosos. As três Iguanas aguardaram, quietas, até os perderem de vista e sentir a presença dos dois mais distante. A menor delas começou então a procurar insistentemente por algo nos bolsos, e segundos depois, retirou de um bolso da calça uma pequena lanterna (a qual acendeu) e uma caixinha.
- Hora do pôquer, iguanas. Façam as suas apostas!
XXX
As Cobras haviam deixado o Ninho em três carros diferentes. Nenhum deles se comparava ao Porsche de que o Hebi tanto gostava, mas eram veículos adequados para uma Ação como aquela. Todos pretos, blindados, discretos; relativamente confortáveis e com os equipamentos necessários, além de espaço interno e porta-malas grandes.
Eles não estavam andando devagar, tão pouco em alta velocidade; não que as Cobras não estivessem ansiosas para chegar ao Museu, mas não havia por que chamar a atenção ou correr riscos de qualquer outro tipo.
- Chegamos - Atsushi murmurou, mantendo informado seu subchefe, que havia ficado na Mansão com as serpentes não recrutadas para aquela ocasião e com quem ele falaria dali por diante através do comunicador. Uta estava a seu lado, com um olhar permanentemente fixo no espelho retrovisor, de modo que pudesse enxergar os três outros ocupantes do carro, que estavam no banco de trás. No entanto, o olhar de Uta capturou o aceno do Hebi, para que ambos saíssem do carro e ajudassem Hide com Juka e Kazuno.
Sakurai analisou os arredores do Museu de onde estava, no estacionamento, e viu que o local se apresentava da forma prevista. Havia uns poucos homens circulando em torno do prédio para vigiá-lo, apenas as luzes de fora estavam acesas, e não havia sinal de qualquer outra presença que pudesse apresentar algum tipo de ameaça a seus planos.
O Hebi não pôde deixar de lamentar até certo ponto o fato de os Lagartos ainda não terem chegado ali, ao que tudo indicava. Porém, a idéia de que sua mais nova rival dentre as máfias chegasse quando já fosse tarde demais não deixava de trazer um sorriso pequeno aos lábios daquela Cascavel.
Enquanto isso, do segundo carro, desceram quatro outras Cobras. Asagi, que viera dirigindo; Jui, Sanaka e Toshiya. Eles se juntaram ao Hebi e foram seguidos logo depois pelas três serpentes restantes: o trio de Corais. Um círculo, ou algo parecido com isso, se formou naturalmente, e Sakurai fitou as nove Cobras em volta de si intensamente, apreciando o silêncio que naquela noite seria aliado de todos eles.
- Vocês sabem o que fazer - ele disse, não como pergunta, mas como afirmação em leve tom de advertência, de modo que seus subordinados tivessem consciência de que falhas não seriam aceitas - como sempre.
As Cobras assentiram, e sem mais delongas, sete delas se dirigiram cautelosamente aos respectivos pontos por onde entrariam no Museu. Apenas os que vieram no mesmo carro que ele permaneceram com Atsushi. Este respirou fundo, sentindo a adrenalina correr em suas veias enquanto observava seus homens irem de encontro a coisas que nem ele mesmo poderia imaginar.
XXX
- Eles estão entrando.
- Cinco minutos. Não entendo por que esperar. Não faz diferença.
- Provavelmente pra assegurar que o Sugizo e o Kamijo desarmem um dos dispositivos de segurança. Se isso ainda estiver ativado, o acesso à area do Teatro vai estar bloqueado, né. E tente falar mais baixo. - replicou o loiro, estendendo no chão a cópia de um mapa. O ruivo a seu lado concordou com um suspiro impaciente.
Um ruído súbito fez com que os dois Lagartos de branco voltassem as cabeças para o terceiro ali presente. Yuki levantou uma sobrancelha ao compreender que se tratava de um espirro.
- Kyo?
Como o outro loiro já antecipava, não obteve resposta. Mas sentiu que os olhos do seu companheiro estavam postos nele, mesmo naquela penumbra que beirava a escuridão. Então ele ouviu aquele barulhinho característico mais uma vez, e deixou escapar um sorriso:
- Pegou um resfriado?
A resposta demorou.
- Estou com frio, só isso. - a resposta soou um pouco ríspida e mal humorada. O outro, porém, não pareceu se importar.
- Falta pouco agora.
Um curto bip soou no comunicador de Daisuke. Apesar dum leve chiado, o lagarto reconheceu a voz de um certo Camaleão.
- "Estamos prontos, Die. Prossigam."
- "Roger". - Respondeu e sorriu, ansioso. Virou-se para os dois loiros. - Bem, companheiros, eu vou indo na frente. Vejo vocês no saguão.
Yuki dobrou o mapa após conferir mais uma vez as suas localizações e voltou a guardá-lo no sobretudo branco:
- Boa Ação pra você.
Die nada respondeu, seus lábios se curvaram de um jeito costumeiro.
- Não faça nada idiota.
- Não se preocupe, Kyo. Vou ter cuidado pra não atirar em você caso alguém te mate.
O outro loiro apenas riu baixinho, balançando a cabeça. Seus companheiros Lagartos decerto tinham um senso de humor morbidamente peculiar.
Assim que Daisuke adentrou, aguardaram em silêncio, e fizeram o mesmo poucos instantes depois. Die e eles seguiriam direções opostas. Em seguida, Yuki seguiria para o banheiro sudoeste, onde uma das Aranhas aliadas o aguardaria para a transmissão de certas instruções, e aguardariam um novo contato do líder dos Lagartos.
Kyo conferiu mentalmente os seus próximos passos. Encontrar as Cobras, evitar o combate direto até que elas atingissem o porão e abrissem o Salão... cercar, abater. Pronto, era isso. Parecia bem funcional e prático, como muitas outras idéias que saíam de dentro da cabeça de Yoshiki.
Mas então por que ele tinha a vaga impressão de que algo ia sair incrivelmente errado?
Parou para checar a munição da sua pistola, mecanicamente. Ouviu um sussurro questionador de Yuki, mais à frente.
Seja o que fosse, não tinha tempo para achismos intuitivos. Apertou o passo, e esgueirou-se silenciosamente corredor adentro do Museu.
XXX
- Ok... Pra que lado a gente vai agora?
O silêncio das seis Cobras que acompanhavam a que fizera aquela pergunta foi no mínimo constrangedor.
- Esqueceu o caminho, Hara? - a mais alta das Corais provocou, recebendo um olhar de desagrado da não tão mais baixa Jararaca a alguns passos de si.
- Tão bom saber que não dependemos de você, senão... - Daisuke continuou, um meio sorriso nos lábios cerrados.
- Nah, nós vamos por aqui, Toshiya. Banheiros do lado esquerdo em relação à entrada principal; lembra?
Toshimasa não deu sinais de ter ouvido Sanaka, a não ser quando começou a andar na direção que este lhe indicara. Os dois sumiram na escuridão alguns instantes depois, deixando as outras cinco Cobras para trás.
- Espero que o Hebi não tenha ouvido isso - murmurou Asagi, ainda que ele parecesse se divertir com a situação.
- Só dá pra ele ouvir se nós acionarmos os comunicadores especificamente pra isso. - disse Tatsurou, e Gara assentiu vagamente, olhando em volta deles, alerta. - Imagina se todo mundo pudesse ouvir o que os outros tão falando ao mesmo tempo; não ia dar certo... apesar de que seria engraçado.
- De qualquer forma, quem tem que se preocupar com o que foi ou não ouvido é aquela Jararaca estúpida - disse Jui, e quatro pares de olhos fixaram-se nele, evidentemente estranhando seu comentário.
- Ele te fez alguma coisa? - perguntou Tatsurou, por pura curiosidade, já que o comum era que aquela víbora destilasse seu veneno única e exclusivamente com as Corais, e não com as demais serpentes.
Jui lançou um olhar rápido para Gara, que desviou os próprios olhos e voltou a observar os arredores, incomodado com o fato de eles estarem perdendo tempo ali, e ainda por cima conversando, quando havia o risco de serem atacados subitamente caso fossem ouvidos por um dos vigias.
- Gara...? - Daisuke olhou desconfiado para o amigo, que fez que não ouviu... ou estava ocupado prestando atenção em algum barulho suspeito. - Você está escondendo algu-
O mais baixo dos Corais não esperava a mão que cobriu sua boca de repente, nem o puxão que o deixou desequilibrado por um momento, o susto fazendo com que seu coração disparasse. Daisuke só não caiu no chão porque a mesma pessoa que o puxara manteve-o apoiado no próprio corpo, e apesar de não gostar do fato de continuar com a boca tapada por aquela mão grande, o Coral sabia que era melhor ficar quieto e parado agora.
Um barulho que muito lembrava o de um corpo caindo no chão chegou ao ouvido de quatro das cinco Cobras; a quinta delas havia sumido de vista subitamente. Quando ia dizer algo sobre aquele sumiço preocupante, Jui obrigou-se a tapar a própria boca para não deixar escapar uma exclamação de susto ao ver Asagi atacando alguém que o pequeno loiro não sabia de onde surgira. O alto moreno sacou sua arma já com o silenciador e deu um tiro, livrando-se daquele empecilho.
Segundos de tensão se passaram; porém, ao menos o imprevisto havia servido para deixar os quatro ali mais alertas: nenhum deles disse mais nada nos instantes que se seguiram, concentrados no silêncio - pois qualquer ruído poderia significar a aproximação de um inimigo agora.
No entanto, eles não ouviram os passos da pessoa que retornava ao encontro deles, pois esta tivera o cuidado de não fazer nenhum barulho.
- É nisso que dá ficar conversando - Gara sussurrou ao vê-los, irritado, uma seringa praticamente vazia nas mãos. Havia resquícios de veneno nela, o que deixava a entender que o primeiro barulho que eles haviam ouvido se tratava mesmo de alguém caindo ao chão, envenenado por uma Cobra... ou duas, de certa forma. - Solta logo o Daisuke, antes que ele fique sem ar.
Tatsurou fez como o mais velho lhe disse, e Daisuke ofegou algumas vezes, aliviado por poder respirar direito agora. Além disso, quando ele queria Tatsurou com as mãos em seu corpo, não era desse jeito que ele imaginava as coisas, definitivamente.
- “Por que vocês ainda não entraram no Museu?” - eles ouviram a voz recriminadora do subchefe através do ponto no ouvido, cobrando o combinado “entramos” que seria dito assim que eles estivessem lá dentro.
- Tivemos que matar dois caras, só isso - disse o mais velho dos Corais, a voz bem calma apesar do sarcasmo em suas palavras.
- “Não percam mais tempo.” - ordenou Imai, encerrando a transmissão temporariamente.
- ...ele é tão compreensível - brincou Tatsurou, recebendo um olhar zangado de Gara.
- Mas está certo. Nós três já estamos perto da nossa entrada; o Asagi e o Jui já perderam muito tempo aqui com a gente.
Daisuke ia fazer algum comentário maldoso sobre a irritação do moreno, mas resolveu se segurar. Asagi e Jui, no entanto, apenas assentiram, sabendo que estava na hora mesmo de eles se dividirem de acordo com seus respectivos deveres, e então eles seguiram rumo aos banheiros do lado direito do prédio em relação a onde eles estavam agora. Enquanto isso, as três Corais foram em direção à entrada principal do Museu, devidamente quietas - ao menos por enquanto.
XXX
Havia dois estacionamentos para aqueles que visitassem o Museu pertencente a Takehito Koyasu. Um deles ficava ao lado da entrada principal, bem em frente à construção; o outro ficava justamente no lado oposto, aos fundos do Museu, de modo que não seria necessário dar voltas e voltas com o veículo dependendo do caminho que se fizesse para chegar ao local.
Era no estacionamento aos fundos do Museu, perto de onde três Cobras e dois reféns haviam recém passado, que se encontravam três Aranhas traidoras de Kirito. Elas estavam escondidas próximo ao Jardim das Águas, que era a saída pela qual o Hebi entraria no prédio, de acordo com o que este havia lhes dito.
Daishi, sub-líder das Aranhas e chefe do grupo de traidores, sabia que a função deles agora era avisar caso algum Lagarto fosse visto. Parecia algo simples, mas havia um problema: eles eram apenas três, enquanto havia quatro entradas naturais para o Museu, além das outras possivelmente existentes. Eles deveriam ter instalado algum sistema de filmagem de modo que pudessem, através de um só computador, monitorar várias partes da construção ao mesmo tempo; mas mesmo que a idéia tivesse passado pela cabeça de Daishi, ele não tinha recursos para isso e pegar algo assim dos equipamentos dos aracnídeos não era tão fácil, principalmente se ele tivesse de dar explicações a respeito caso descobrissem. Ele já tinha se enrolado bastante pra achar uma desculpa sustentável quando Kirito lhe perguntara por que não poderia estar presente no Museu aquela noite; o líder das Aranhas não fazia idéia de que na verdade seu subordinado estaria lá, mas do outro lado da força.
Pensando melhor agora, Daishi percebia que poderia ter pedido os equipamentos para o próprio Hebi; afinal, era Sakurai o maior interessado em anular uma possível intervenção dos Lagartos na já decorrente Ação. Porém, se encontrar com o líder das Cobras ou fazê-lo ir até o esconderijo das Aranhas novamente teria sido algo arriscado demais; e este fato deixava Daishi mais tranqüilo quanto à sua falta de preparação para a tarefa que lhe fora designada caso a Cascavel reclamasse de sua suposta incompetência.
- Nós vamos ficar aqui parados e... simplesmente esperar? - indagou Ruka, achando que aquilo era simples demais, além de tremendamente tedioso.
Daishi sentiu-se um tanto idiota ao balançar a cabeça afirmativamente; queria pensar numa alternativa, mas nada lhe vinha à mente. De qualquer forma, se os Lagartos liquidassem com as Cobras não seria problema seu - a não ser que Atsushi sobrevivesse a tal desastre.
Ele deveria ter recrutado outros aracnídeos, mas não confiava o bastante em ninguém mais. Havia sim, duas Aranhas cujo interesse em tomar o lugar de Kirito era sabido entre as demais; todavia, essas duas não estavam dispostas a entrar em conflito com os Lagartos, e havia ainda o boato de que uma delas tinha algum passado obscuro com Tokage.
- EU TENHO UMA IDÉIA.
De tantos que poderiam ser seus aliados, por que Daishi era obrigado a depender de alguém que simplesmente não sabia o que era discrição? Sendo assim, ele nem se deu ao trabalho de mandar Toshi diminuir o tom de voz; seria apenas perda de tempo. Assim como Ruka, limitou-se a focar sua atenção na Aranha de voz esganiçada, de maneira que esta prosseguisse com sua fala.
- VAMOS NOS DIVIDIR E CIRCULAR AO REDOR DO MUSEU.
- Nós já pensamos nisso antes - Ruka disse, franzindo o cenho de leve; não por ser contrário à sugestão, mas porque tentava formular algo melhor.
- Na verdade... não é uma má idéia, se mudarmos isso um pouco. - murmurou Daishi, parecendo bastante pensativo. Os outros dois mantiveram o olhar sobre ele, até que ele continuasse sua linha de raciocínio. - Vamos fazer o seguinte. Toshi, você se divide entre os banheiros da nossa direita e a entrada principal. Ruka, você vai pelo outro lado, pra vigigar os banheiros da nossa esquerda, assim como a entrada principal também.
Os dois assentiram, e Daishi fez uma pausa, formulando o resto do “plano”.
- Vocês dois vão ficar circulando entre essas duas entradas, então. O Atsushi disse que entraria por ali - e a Aranha apontou para a saída ao Jardim das Águas, a pouco mais de uma dezena de metros de onde eles estavam agora. - Imagino que seja perto de onde estão os quadros que ele quer, o que obviamente torna este o local de maior risco de confronto entre as Cobras e os Lagartos. Eu vou vigiar essa área.
- É. Acho que não tem nada melhor que possamos fazer - concordou Ruka, ao que Daishi assentiu.
- Tomem cuidado pra não serem vistos, tanto pelos Lagartos quanto pelas próprias Aranhas, senão nós estamos ferrados. E Toshi...
- FALAR BAIXO. EU JÁ SEI.
- Não parece que sabe... - lamentou o sub-líder dos aracnídeos, enquanto Ruka tentava não rir. - Bem, vão logo pros postos de vocês; o Atsushi não gostaria que algum Lagarto entrasse sem que ele ficasse sabendo... se é que isso já não aconteceu.
XXX
Após deixarem as três Iguanas para trás, os dois outros Lagartos puseram-se a caminhar, contornando o Museu pelo lado de fora. A escuridão que havia cercado aquele prédio só não aparentava ser uma queda de energia comum pelo fato de dois quarteirões mais longe dali estarem completamente iluminados. Pelo visto as aranhas preferem trabalhar no escuro, pensou Tokage. Havia um carro escuro parado na esquina, que o líder dos Lagartos sabia não pertencer a nenhum dos seus. O silêncio que ele e o seu sub-líder faziam era compenetrado, atento. Em pouco tempo atingiram a entrada principal do Museu, que, como era de se esperar, estava devidamente fechada.
Yoshiki desviou-se para a direita, e mal precisou forçar uma pequena porta de entrada que dava acesso à cabine da bilheteria; esta já havia sido arrombada antes dos dois chegarem ali. Niikura observou a situação e levantou uma sobrancelha:
- Eles deixaram um bilhete de boas vindas? Não fizeram questão de disfarçar coisa alguma. - sussurrou, cético. Yoshiki não respondeu de imediato. Parecia verificar algo que estava impedindo a porta de ser aberta completamente, e ao esticar o braço na escuridão, puxou pela brecha da porta entreaberta o corpo de um dos seguranças do Museu.
- Digamos que sim. - anunciou, tirando do bolso uma pequena lanterna de luz fraca, a qual aproximou bem do rosto do homem, examinando-o. Parou o foco da lanterna sobre uma grande mancha escura em seu pescoço, que o líder dos Lagartos havia tido o desprazer de ver em um dos seus filhotes, poucos dias atrás. - Veneno. Pelo visto, uma quantidade enorme. Acho que ele mal teve tempo de saber o que aconteceu.
Após arrastarem o morto para dentro do Museu, encostaram a porta com cautela. Dali em diante, qualquer ruído descuidado poderia anunciar sua chegada às Cobras. Yoshiki olhou a seu redor e fez uma careta de desagrado. Luzes de emergência estavam acesas por todos os lados naquele corredor, acima de suas cabeças. De maneira alguma poderiam demorar ali. Porém, antes que sugerisse apressarem-se, ambos ouviram um barulho ritmado e leve, ao longe, de passos. Avançaram rapidamente para trás do balcão de informações e ali aguardaram, ocultos, enquanto três homens de preto cruzaram o saguão de entrada. Esperaram. Quando Tokage sentiu que a distância entre eles já era o bastante, acionou um pequeno botão no controle do seu comunicador:
- Relatório, Sugizo.
- "O sistema do anfiteatro já está desativado, e a sala de CT também. As luzes de emergência não fazem parte desse controle, então não pudemos fazer nada."
- Muito bem. Sigam para a sala de Paleontologia, mas lembre-se de não usar o Saguão principal. Contornem pelo jardim, caso seja preciso. E aguardem o meu contato.
- "Sim, Tokage."
Yoshiki desligou o dispositivo e levantou-se, olhando ao redor com extrema atenção. Após essa verificação, deu um aceno de cabeça a seu sub-líder, que o seguiu rumo a uma sala cuja placa dizia "Ciências Terrestres". Bastou o apertar de um botão, e a tranca da porta se abriu silenciosamente, permitindo a passagem dos dois. Niikura observou apreensivo Tokage entrar na sala com uma pistola empunhada, e da mesma maneira, seguiu-o. Felizmente, para ambos, o lugar estava deserto. Fechou a porta, enquanto Yoshiki sentava-se num dos bancos de madeira disponíveis para a contemplação das exposições.
- E agora, o que fazemos? - Kaoru indagou, voltando a guardar a arma pendurada num lugar especial para isso no cinto da calça.
- Aguardamos. - respondeu Tokage, sério. - Aguardamos a cobra abrir a toca do rato.
XXX
- Belo navio afundado.
Sugizo olhou entediado para o seu companheiro loiro de Ação, que contemplava a grande réplica de navio que utilizavam como esconderijo. Antes de ir a qualquer lugar, precisavam esperar Yuki contatar uma das Aranhas aliadas que estavam ali dentro, e cujo nome desconheciam. Pelo menos ele desconhecia. De qualquer maneira, tinha algo naquela Ação que lhe incomodava. Pessoalmente, não gostava de fazer parcerias com Aranha alguma. Pensava que Lagartos não deviam se sujeitar a isso. O líder dos aracnídeos lhe parecia por demais arrogante e cheio de si. De ego inflado, bastava o dele próprio e o de Tokage.
- Como foi a viagem? - perguntou Sugizo num tom baixo de voz, mais para puxar algum assunto do que por real interesse. Kamijo olhou-o surpreso, esboçando um sorriso:
- Acho que aqui não é um lugar muito bom pra conversarmos, não é?
- Não mesmo. Mas não importa.
- Não vejo a hora de sair daqui e beber algo. - desabafou aleatoriamente o outro, sem responder à pergunta anterior. - Sem energia, sem ar-condicionado. Parece que estou preso em um cubo...
Kamijo, naquele instante, observou uma sutil mudança na expressão de Sugizo, e calou-se. Não precisou de explicação; bastou seguir o rumo do olhar do Lagarto a seu lado para entender. A poucos metros de distância de ambos podiam ser avistados dois homens de preto, cruzando o saguão principal do Museu.
- Estão indo para o anfiteatro. - sussurrou o Camaleão, tenso. - Tokage e Niikura estão lá. Tem uma saída a mais naquela sala? Saídas de emergência?
O loiro piscou, fazendo um breve gesto negativo com a cabeça.
Sugizo retirou do bolso o dispositivo que fazia a conexão aos pontos de escuta dos outros Lagartos, e buscou a frequência do ponto do Líder. Observou frustrado o sinal falhar, e apenas ouviu uma grande profusão de chiados. Provavelmente o sinal estava recebendo interferências de qualquer equipamento que aquelas duas Cobras estivessem carregando consigo. Murmurou um palavrão, e tentou deslocar-se para a esquerda, procurando uma brecha na freqüência que lhe permitisse avisar Tokage dos intrusos que se aproximavam.
- Sugihara?--
Kamijo alarmou-se com a sua movimentação, no entanto, e segurou o Lagarto subitamente pela manga de sua blusa. Este acabou deixando escapar a pequena caixinha eletrônica, que tombou no chão, escorregando para longe do seu abrigo. Os dois lagartos prenderam a respiração, alarmados. O aparelho ainda guardava mais uma surpresa: com o impacto, desconfigurou-se, e um alto bip ecoou no saguão.
Os dois homens de preto interromperam seus passos.
Um Camaleão e um Anolis sentiram o seu sangue parando momentaneamente de circular.
Do outro lado do salão, as duas Cobras se olharam por um momento antes de se virarem, ainda meio surpresas tanto pelo barulho súbito quanto pela mera presença de outras pessoas ali.
Uma Jararaca e uma Surucucu mantiveram seus olhares fixos naqueles dois homens de branco diante de si, reconhecendo-os imediatamente como sendo Lagartos; ou seja... inimigos por tabela.
Sanaka desviou o olhar momentaneamente para o objeto que estava no chão, num ponto entre as duas serpentes e os dois outros répteis, reconhecendo-o como o causador do barulho que havia ouvido anteriormente. A seu lado, Toshiya não perdeu tempo com qualquer outra coisa, fossem farpas a serem trocadas ou apresentações estúpidas; a Cobra simplesmente sacou as duas armas que trazia consigo e apontou ambas para os Lagartos diante de si, uma para cada um deles...
Sugizo e Kamijo trocaram um breve olhar de cumplicidade, que pareceu estabelecer entre ambos as atitudes que tomariam a seguir. Os dois sacaram suas armas e se jogaram em direções opostas, agilmente, confundindo ambas as Cobras por alguns milésimos de segundos. Não se sabe por exato de quem partiu o primeiro tiro, e logo isso passou a fazer pouca diferença, uma vez que o início do tiroteio estabeleceu-se. Sugihara teve a impressão de que uma bala passara zunindo a centímetros de sua pele, antes que ele alcançasse a pilastra mais próxima. Kamijo correu desenfreado até o balcão de informações, utilizando-se do tempo que foi necessário a Sanaka para empunhar a própria pistola.
- "Sugihara? O que está havendo?" - uma voz soou através dos chiados no ponto de escuta do Camaleão, o qual ele teve bastante dificuldade para reconhecer como sendo a de Yuki.
- Acho que não tenho o que explicar. - riu, esquivando-se após dar mais um tiro cego pela borda da pilastra.
- Porcaria de comunicador! - Sanaka exclamou com frustração, quando suas tentativas de avisar qualquer um de seus companheiros falharam miseravelmente.
No entanto, assim como o som de tiros havia chegado aos ouvidos de Yuki, certas Cobras não precisaram de alertas maiores pra saber o que estava acontecendo.
As primeiras a aparecer foram Asagi e Jui, que estavam mais próximos do saguão principal no momento. Enquanto Sanaka e Toshiya se ocupavam em se proteger, Asagi, já de arma em punho, aproveitou o elemento surpresa para atirar num loiro de cabelo curto; ainda que a bala tivesse passado bem perto do sujeito, ele não teve sorte o bastante para atingir o alvo.
Parecia que a adrenalina do momento estava atrapalhando um pouco aquelas Cobras e Lagartos.
Die foi o terceiro lagarto a aparecer em cena. Chegou distribuindo tiros na direção de Toshiya, enquanto corria em busca de algo que pudesse usar como barricada. Yuki surgiu logo após, e aproximou-se de Sugizo bem na hora que a arma deste deu seu primeiro clique fraco de ausência de munição.
- Tome. - Yuki tirou várias balas de uma bolsa, e Sugizo carregou-as na pistola, apressado. - Talvez devêssemos recuar. Isso aqui é um desperdício de munição. Não temos a chave, e agora eles não estão exatamente compenetrados em descer ao porão, não é?
- Você veio aqui pra dar sermão, Yuki? Sugere o que, que a gente saia correndo pra fora do museu?! - Berrou, voltando a trocar tiros, agora com Asagi, que se escorou contra a parede do corredor por onde viera para não ficar tão vulnerável.
XXX
A alguns metros dali, três Cobras tentavam decidir o que fazer em meio àquela barulheira.
- Eu ainda não entendi por que diabos a gente não foi ajudar os outros!
- Porque nós temos que avisar o Hebi! - e tanto Tatsurou, de quem viera a reclamação anterior, quando Daisuke, que estivera observando a discussão dos dois, ficaram surpresos ao ouvir Gara falando alto, extremamente irritado. - Se vocês querem, vão lá! Já que paciência não é o forte de vocês.
- Nem praticidade é o seu forte!
- Ninguém foi atingido ainda, Tatsurou!
- Pois é! Ainda!
- Nós não vamos deixar você aqui sozinho, Gara - Daisuke disse, e apertou o braço de Tatsurou quando este deu sinais de que iria protestar.
- Tsc... nós vamos perder a parte divertida da coisa.
Gara ignorou os outros dois e concentrou-se nos ruídos que vinham do ponto, andando pra lá e pra cá na tentativa de achar um local em que a interferência fosse menor. De repente ele parou; e a mudança em sua expressão não passou despercebida pelas duas outras serpentes que o acompanhavam.
- Tem um tiroteio acontecendo no Saguão. (...) Ok. (...) Sim, Hebi. (...) Não, não sabemos quantos são, mas acho que dá pra segurar por um tempo. (...) Tá.
Daisuke arqueou uma sobrancelha, olhando fixamente para o moreno, enquanto o mais alto dos Corais ficava erguendo e descendo os próprios pés, impaciente.
- Sakurai disse que Hide está tentando entrar em contato com Imai, pra ver se ele pode mandar reforços pra cá, mas tem uma interferência muito grande aqui dentro, e estamos muito longe do Ninho. Talvez isso demore horas.
- Ou seja...?
- É pra entrarmos em Ação enquanto o Hebi dá cabo da parte dele, não é? - disse Tatsurou, visivelmente entusiasmado. Gara apenas assentiu, mais apreensivo do que o normal, ainda que ele mesmo não soubesse o porquê daquela sensação ruim que parecia aumentar aos poucos. Talvez fosse por isso que ele estivesse tão irritadiço.
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- Mas que droga! Parece impossível acertar esses caras! - resmungou Toshiya, usando uma escultura de escudo enquanto tentava ferir ao menos um daqueles Lagartos. Ele olhou em volta, vendo que felizmente nenhuma das outras Cobras fora atingida também - não que ele se importasse com elas, mas a competitividade falava mais alto.
E como que para contestar os pensamentos da Jararaca, um ruído característico foi ouvido a alguns metros de onde ele se encontrava. Momentaneamente distraídas, três Cobras lançaram um olhar preocupado para Jui, que havia sido atingido na perna. O momento durou pouco mais de dois segundos, não o suficiente para que eles soubessem se a serpente havia levado um tiro de raspão ou se o ferimento era mais grave; não havia tempo para isso agora.
Entretanto, dois segundos era bastante tempo no meio de um tiroteio, e a chegada do trio de Corais foi uma mão na roda para as Cobras naquele instante, representando uma vantagem considerável em relação a números. Agora havia quatro Lagartos ali, contra seis Cobras ativas e uma ferida - vantagem esta que não duraria muito tempo, mas...
- PUTA MERDA! CARALHO!! ARGHH! - Die bradou furioso, jogando-se sentado ao lado de Kamijo, que permanecia compenetrado no tiroteio.
- Olha, Andou, eu só espero que, pra quantidade de barulho que você está fazendo, o tiro tenha sido num órgão vital. - riu o loiro, voltando o rosto na direção do outro Lagarto, que o olhava mal humorado, com sangue escorrendo por seu braço esquerdo. - Ombro, hein? Sabe a parte triste de usar roupas brancas? É um inferno tirar as manchas de sangue depois.
- Fico comovido com a sua preocupação, sabia? - Daisuke riu e soltou um palavrão de dor quase ao mesmo tempo. - Por que será que eu já posso ver o Kyo apontando pra mim e rindo?
- Vocês dois tem uma história estranha, hein. E onde o Kyo se enfiou? Precisamos de reforço aqui!
- Opa, isso tá ficando interessante - o comentário veio de Daisuke, que mantinha um sorriso sádico na cara, vendo que seu tiro havia sido certeiro - não o bastante pra matar aquele Lagarto ruivo, mas ele poderia dar um jeito nisso.
A atenção do Coral foi desviada, no entanto, pela chegada de mais três homens vestidos de branco. Ele não pôde deixar de notar o quanto dois tampinhas destoavam completamente do mais alto daqueles três, mas não ocupou-se em observar mais do que isso - simplesmente começou a atirar na direção deles também, um sorriso ainda mais perverso na cara.
- Se divertindo, Dai? - Tatsurou disse, ao lado do mais baixo, sem olhá-lo, porém. Havia um sorriso semelhante ao do outro nos lábios do mais alto dos Corais, menos perverso e mais maroto.
Kyo, que havia acabado de chegar ao saguão, observou perplexo Yomi passar por ele, trocando tiros com uma das Cobras. Era uma cena bem interessante ver a pequena Iguana incrivelmente séria e compenetrada em algo. Não que o loiro não tivesse visto Yomi sério em outras ocasiões, mas durante as Ações era algo diferente.
O outro baixinho o reconheceu e puxou-o para trás de uma estante de livros, segundos antes de uma bala furar a parede bem perto de onde Kyo estava.
- Tokage mandou a gente sair de lá e vir como reforço. - respondeu a Iguana, antes mesmo que qualquer pergunta fosse feita. - Todos os comunicadores estão com uma puta interferência, o que não é grande novidade, é só olhar a quantidade de mafioso com aparato tecnológico que tem aqui, né? Bom, o Die tomou um tiro, e pelo que eu consegui ouvir através dos chiados, talvez o Sugizo esteja ferido também. Não tenho a menor idéia se é grave ou não a situação dos dois.
- Acho que se fizéssemos com que eles recuassem até a área de recreação, ia ficar mais fácil de fechar as Cobras perto da escada que dá pro subsolo. - Mako lançou a hipótese, sua voz surgindo da outra ponta da estante. - Mas não temos como avisar os outros.
- Eu posso fazer isso. - falou Kyo, estudando a maneira mais rápida e menos arriscada de se deslocar até a Réplica de navio, de onde conseguiria alcançar o balcão de informações, onde agora estavam Die, ferido, e Yuki. - Preciso que alguém me cubra.
Mako aproximou-se, trocando de posição com Yomi:
- Pode ir, Kyo.
Quando a mais alta das Iguanas deu o consentimento ao outro Lagarto e este começou seu trajeto até onde Die estava, a atenção de uma Cobra voltou-se para o recém chegado baixinho.
Apesar do tiroteio e do risco que Gara corria por ter parado tudo que estava fazendo, a mente do Coral não registrou mais nada no instante em que seus olhos pousaram sobre a figura loira que tentava chegar até a Réplica do Navio.
Ele não teve dúvidas. Já o tinha visto vezes o bastante para ter certeza de quem era a pessoa que seus olhos viam agora. Por um acaso curioso, o Lagarto apressado tomou conhecimento do olhar de Gara e retribuiu-o, como se este o tivesse chamado em silêncio. O reconhecimento que se seguiu após aquele encontro de pupilas conduziu os dois a um choque mútuo, cruel. O loiro pareceu desnortear-se e diminuir a velocidade, sem se dar conta disso, estando a poucos passos do balcão.
Ambos Gara e Kyo foram surpreendidos por um ruivo de branco que investiu para cima do loiro, jogando-se por cima dele rumo ao chão, atrás do balcão de informações.
Kyo tinha certeza de que a voz que ouvia a berrar com ele e xingar uns bons palavrões pertencia a Die. Mas ela parecia mais distante do que de fato estava, como se ele tivesse sido anestesiado por algo. Se não tivesse visto o sangue escorrendo pelo seu próprio braço, não ia se dar conta de que havia levado um tiro. A dor parecia estar distante, também.
Tudo que conseguia pensar e sentir revolvia ao redor do fato de que ele tinha acabado de ver Gara.
Gara estava naquele Museu, empunhando uma pistola e trajando preto.
Gara era uma Cobra.
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