Vida como vontade de poder

Apr 21, 2005 03:25

Melodias escritas com o meu nome em registo ao visível de presenças naturais, numa constatação nublada, de olhos ensaboados e ardentes.
Na batalha entre "o" e mais "um" momento de vida, envolvi a humanidade confusa no vento das personalidades que a moldam, suavemente.

A maresia sentia mais um dia, como tantos outros na monotonia suja e imunda. A areia saboreava, livre, o gosto dos moldes que por ali passavam.
Eram sensores móveis que a apalpavam. Deslocavam-se cada um no seu sentido, no propósito de ali desfrutar o tempo.
Outrora, a maresia também se maravilhou com os doces olhares encantados. Tudo se fixava, permanecia petrificado com o seu poder e beleza.
Numa luta de ciclos, os acontecimentos rivais denotam-se sem vencedores ou vencidos. Tantas vezes, o mar cobre a areia, outras tantas a areia ganha o seu espaço acolhendo quem a transforma.
São momentos, em momentos. Faces de cubos.
Naquele dia, o vento sentia-se rebelde, capaz de transpor os limites da natureza. Farto do equilíbrio que tinha por regras expressas manter, fartou-se, passou-se simplesmente. Inteligente como tudo o que o caracteriza seria mais "um".
Testou os seus poderes devastadores, exagerou, e no final já nem se controlava a si mesmo.
Levou tudo consigo, cegando quem por ali comprava a sua calma. A areia ficou com medo. O mar gozou o momento de liberdade, era diabo sorridente.
Como toda a força tem o seu poder, também a sua energia se dissipa. E assim foi. Esgotado, o vento dormiu por horas quase infinitas e quando acordou o que era feito do passado?!. Para além das alturas, as nuvens verteram lágrimas sentidas pelo arrependimento da força bruta.
Durante anos recuperou a confiança da areia que é mole por natureza. Do mar que para sua infelicidade voltou a estar preso. Timidamente as coisas voltaram, nunca ao normal pois o que é mexido nunca é novamente colocado no mesmo sítio por mais que se tente apagar, fingir que não aconteceu.
Numa segunda oportunidade, a natureza superou tudo, com mais força ainda.
As personagens vulgares de toda a história sentiram novamente o suave terreno. Trocavam tudo, ideias, sentimentos, estados de espírito.

Como seres vivos desejosos da valorização das nossas forças - vida como vontade de poder - a auto-preservação leva a consequências indirectas.
Entre o que é chamado como liberdade ou não, seremos sempre simultaneamente comando e obediência de tudo o que nos envolve.
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