Título: It Was Never Enough
Autora:
nyx_gates Ship: Max/Ronnie
Fandom: Escape The Fate
Gênero: Slash, Deathfic, PWP
Censura: NC-17
Beta-reader:
lilith_v Teaser: "Por um momento, achei que tinha parado de respirar; era como encarar um desconhecido que eu mesmo criei, ao mesmo tempo em que algo ali me deixava seguro de que aquele que eu amei ainda estava vivo."
It Was Never Enough
Um último gemido, que soou mais como um suspiro escapado de meus lábios enquanto eu deixava meu corpo se bater contra o colchão. Meus dedos dos pés formigavam enquanto o resto de meu corpo queimava como se eu estivesse em meio a um incêndio, as gotas de suor escorrendo vagarosamente até se desfazerem no tecido do lençol macio.
Um braço passado por minha cintura, me puxando para perto de um corpo que eu conhecia tão bem, melhor que o meu próprio, eu diria. Virei-me em seus braços, deixando que meus olhos vagassem desde nossas pernas tão bem entrelaçadas até nossos quadris, cobertos por um lençol fino e mal colocado, que estava lá mais para dar a sensação de não estarmos completamente nus - o que era o fato mais verdadeiro -; subi meu olhar para seu braço, traçando as tatuagens nele com a ponta dos meus dedos, sentindo como meu dedo estava gelado ao encostar-se à pele macia e morna sob eles. Meus dedos subiram, arranhando levemente seu pescoço como eu sei que gostava, para depois descerem por seu peito e finalmente pararem no osso do seu quadril, subindo e descendo pela região que ele marcava até que minha respiração se normalizasse e meu coração voltasse a bater num ritmo quase normal.
Qualquer um que presenciasse tal cena poderia pensar que nossos atos estavam repletos de amor e carinho. Até alguns anos atrás eu concordaria, cheio de fervor e adoração, agora não mais. A traição foi grande demais, a ferida foi funda demais, o remorso é grande demais. Mesmo que essa seja uma das incontáveis noites que passamos juntos desde que nos reencontramos, continuo não conseguindo olhar em seus olhos, não para ver que nos tornamos meros desconhecidos, presos nos corpos que costumávamos conhecer. Aquele que um dia eu amei, eu mesmo causei a sua morte, assim como ver que seu corpo continuava vivo para me atormentar acabou me matando também. Agora somos apenas duas cascas vazias que se atraem, mas que não fazem nada mais que completar as lacunas uma da outra.
Seus dedos que tamborilavam desconexos em minha cintura apertaram ligeiramente o local, antes de seu corpo se virar na cama na direção da cabeceira, onde dois copos aguardavam com seus conteúdos prontos. Duas simples doses de absinto, que fizeram um frio descer por minha espinha, mesmo que eu não soubesse o motivo. Sentou-se na cama de frente para mim que fiz o mesmo, aceitando o copo que me foi oferecido sem nenhuma palavra.
- Uma última dose, para celebrar a última vez... - sua voz veio rouca e baixa, porém me atingiu como um tapa, quase me fazendo quebrar o copo, tamanha força que empreguei ao segurá-lo em meus dedos trêmulos.
- Uma última dose, para encher o vazio e tornar a última vez a melhor de todas. - completei com o que eu sabia que sairia de sua boca, vendo um sorriso se formar nela enquanto estendia meu copo para um brinde.
O barulho de vidro se tocando foi substituído pela queimação do líquido em meus lábios, enquanto nossos copos foram jogados de qualquer maneira no chão ao lado da cama. Meus olhos lacrimejaram pela queimação que descia por minha garganta, mas isso não impediu que eu inclinasse meu corpo para frente a fim de juntar nossos lábios, que se moviam lentos e moles, contrariando nossas mãos que percorriam o corpo um do outro rapidamente, de forma quase agressiva. Quando o ar que conseguíamos nas respirações entrecortadas já não era mais suficiente, seus lábios desceram por meu pescoço, seus dentes arranhando a pele do local de forma rude enquanto eu jogava a cabeça para trás em busca de ar fresco, deixando minhas unhas fazerem um caminho longo e doloroso por suas costas, sentindo a pele se rasgando por baixo delas em alguns pontos. Puxou-me para seu colo, fazendo com que eu entrelaçasse minhas pernas em sua cintura, atritando nossos corpos em todos os pontos que fossem possíveis nessa posição. Sua mão subiu de minha cintura para meu peito, me fazendo deitar no espaço entre suas pernas, as minhas ainda em volta de sua cintura, enquanto seus olhos gravavam cada pedaço de minha pele, fazendo com que por um momento o brilho que eu estava acostumado a ver há muito tempo surgisse por alguns segundos.
Depois de um tempo me olhando silenciosamente, suas mãos afastaram minhas pernas de sua cintura, fazendo com que meus pés se apoiassem no colchão e que elas continuassem abertas o máximo que fosse possível, me deixando completamente exposto, mas isso não parecia importar. Ajoelhou na cama e uma de suas mãos tateou cegamente a cabeceira da cama até encontrar a garrafa de vodka que estava pela metade, levando-a aos lábios enquanto sua outra mão descia para seu membro, fazendo movimentos lentos e provocativos, enquanto seus olhos continuavam a passar por todos os cantos de meu corpo. Após um longo gole da bebida a garrafa foi deixada de lado, um suspiro trêmulo deixando seus lábios enquanto seus movimentos começavam a se acelerar. Sem que eu percebesse, uma de minhas mãos desceu para meu próprio membro, e eu só me dei conta disso ao senti-lo pulsar sob meus dedos. Ao perceber isso, sorriu, tirando minha mão de meu membro e a juntando com a outra sobre minha cabeça, onde as segurou firmemente, seu corpo agora sobre o meu, encaixado entre minhas pernas, as respirações quentes se misturando e os olhos finalmente se encontraram.
Por um momento, achei que tinha parado de respirar; era como encarar um desconhecido que eu mesmo criei, ao mesmo tempo em que algo ali me deixava seguro de que aquele que eu amei ainda estava vivo, agonizando em algum canto sombrio do que restara do meu menino. Acordei de meu transe quando senti um suspiro deixar seus lábios entreabertos, desci meus olhos por seu corpo e percebi que ele continuava se masturbando lentamente sobre meu corpo, fazendo minha respiração acelerar enquanto eu tentava inutilmente soltar meus pulsos que estavam muito bem presos em sua mão. Joguei minha cabeça para trás, gemendo em frustração pela falta de contato onde eu mais precisava, deixando meu pescoço exposto, sentindo sua língua deslizar desde a base dele até meu queixo para logo depois invadir minha boca e me entorpecer com seu gosto.
Antes que eu pudesse perceber, estava impulsionando meu corpo para cima, fazendo com que soltasse minhas mãos e acabasse deitando e me deixando por cima de si. Olhei para o lado e encontrei a garrafa de vodka, virando uma grande quantidade do líquido em minha boca e sentindo que um filete da bebida havia escorrido pelo canto de meus lábios, sendo prontamente absorvidos por seus lábios sedentos em minha pele. Joguei a garrafa vazia no chão, mal ouvindo o barulho dela se quebrando, muito ocupado com o corpo sob o meu para pensar nos cacos que deviam estar espalhados pelo quarto.
- O que você quer, Ronnie? - Perguntei com nossas bocas quase coladas enquanto fazia a ponta de seu membro roçar minha entrada, provocando.
- Eu quero te fazer gritar até não ter mais voz, até você esquecer quem você é. Eu quero te matar, Max. - E antes que eu pudesse ser atingido pelo impacto de suas palavras, ele me segurou pela cintura e se forçou contra mim, me fazendo gritar e cravar as unhas em seus ombros.
Virou-nos novamente na cama, sem parar as investidas contra meu corpo, acabando por acertar o meu ponto mais sensível, me fazendo abafar um grito e curvar meu corpo para cima, colando nossos tórax, seu rosto se curvou em um sorriso enquanto apoiava a cabeça em meu ombro.
- Grita pra mim, Max, me mostra como eu te faço perder a cabeça... - Seu sussurro lento entrou por meus ouvidos e girou em minha cabeça, me fazendo sentir o quarto girar e o ar sumindo, gritando seu nome, implorando para ir mais rápido.
Nossos corpos se chocavam brutamente, os seus movimentos dentro de mim chegavam a me fazer sangrar, a dor era um elemento fortemente presente, e mesmo assim totalmente indispensável. Por várias vezes nós fizemos amor, mas há muito tempo isso passara a ser sexo, o mais puro sexo, sujo, depravado, doloroso, delicioso e completamente delirante. Era isso que eu precisava sentir, era isso o que ele era capaz de me dar, nossa relação funcionava perfeitamente desse jeito, mas o fantasma do que ela fora um dia rondava pelos cantos, pronto para atacar no menor descuido.
As investidas foram perdendo ritmo, e nesse momento sua mão tocou meu membro, me fazendo gritar tão alto que eu senti minha garganta arder. Pouco tempo depois, senti seu líquido me preenchendo, me fazendo gritar pela última vez enquanto o meu próprio líquido cobria sua mão, que após se certificar de que eu havia terminado, foi se limpar no lençol esquecido. Seu corpo descansou sobre o meu, enquanto seus lábios tocavam levemente meu pescoço e eu encarava o teto.
- Eu não agüento mais. - Sua voz veio baixa e cheia de dor. Eu sabia do que ele estava falando, e eu estava de certa forma esperando por esse dia. Os nossos fantasmas decidiram que, enfim, era a hora de atacarem.
- Sinto muito. - Foi tudo o que consegui dizer, sabendo que aquela era, com certeza, a pior coisa que eu poderia dizer naquele momento, mesmo sendo realmente o que eu sentia.
Seu corpo endureceu sobre o meu, fazendo meu coração disparar dentro do meu peito. Quando eu estava quase abrindo minha boca para perguntar o que aconteceu, seu corpo se afastou, suas mãos indo até as suas boxers jogadas nos pés da cama. Rapidamente eu alcancei as minhas e as vesti, observando seus passos determinados até suas roupas na poltrona do canto do quarto, sem se importar com os cacos de vidro que cortavam a sola de seus pés. Levantei-me e fui até a metade do quarto, sentindo o meu sangue se misturando ao seu entre os cacos de vidro no chão e paralisei no lugar no momento em que ele se virou novamente para mim, duas armas em suas mãos.
- Já brincou de roleta russa, Max? - Sua pergunta foi fria, seca. Claro que eu já havia brincado de roleta russa. Sua vida foi o meu alvo, que eu acertei depois de poucas tentativas.
- Hoje, só sairá vivo desse quarto aquele que realmente merecer, Max. - Disse vindo em minha direção. - Depois de tudo que passamos e de tudo que fizemos, você acha realmente que algum de nós vai sair vivo daqui? - Perguntou enquanto colocava uma das armas em minha mão, me fazendo olhar para o tambor vazio.
- Não. Nós começamos juntos, de uma forma ou de outra nós estamos presos aqui, na metade, juntos. O fim não seria realmente um fim se nós acabássemos separados. - Eu disse enquanto colocava as seis balas no tambor da arma e girava antes de encaixá-lo no lugar.
- Te querer e te ter foram os meus maiores pecados. Teu maior pecado foi me atrair para ti, este foi o teu maior pecado. Pecados devem ser carregados com nossas almas até o Inferno, para sermos atormentados por eles por toda a eternidade... Então, eu tenho que concordar com você, Max, se nós começamos isso juntos, vamos terminar juntos. - Eu observei enquanto ele fazia os mesmos passos que eu havia feito a pouco, até que nossos olhos se encontraram pela última vez.
Encostamos as armas na testa um do outro, puxando o gatilho lentamente e vendo o cilindro girar enquanto o fazíamos. Aquilo não era roleta russa, aquilo era assassinato, era suicídio, era o nosso amor e a nossa raiva. Esse era o fim de nossas vidas, do jeito que a vivemos, sobre uma linha tênue que dividia dois extremos tão próximos. Prendi minha respiração e no momento em que a soltei ouvi, dois “clicks” quase que simultâneos, enquanto meu corpo era jogado para trás. Meu coração parava de bater, meu pulmão não puxava mais o ar e eu sentia que tudo ao meu redor se retorcia e desaparecia. Percebi que meus olhos ainda estavam abertos e que não conseguia os fechar, enquanto meu último desejo era poder segurar nas suas mãos, enquanto o fim chegava em poucos segundos. Logo estava tudo escuro e eu já não sabia o que era eu e o que não era. Tudo era simplesmente escuridão, e eu percebi que mesmo após a morte, tudo era ele, o seu sorriso, e a nossa vida. A nossa morte. E tudo o que sempre desejamos e tudo que conseguimos alcançar, nunca foi o suficiente e nunca seria.
“So keep my casket closed,
Your heart beats under the floor,
It haunts me in my dreams,
And nothings as it seems
(…)
All the choices you've made,
And the paths that I take,
{we're the only ones that cried}
All the choices you've made,
And the paths that I take,
It was never enough”
Escape The Fate - When I Go Out, I Want To Go On A Chariot Of Fire