Apr 19, 2009 07:53
Vou odiar-te todos os dias da minha vida
Enquanto tiver força para tal.
E gostava apenas que conseguisses ouvir o som
que faço
que se faz ouvir
quando te odeio tantas noites seguidas
durante este tempo todo.
É assim um ruído brando, cadenciado
Uma presença quase imperceptível,
que percorre todos os limites do meu corpo
E chega ao limite do outro.
Eles sabem que o ouvem
Quando me tocam e eu lhes toco a eles.
Quando se apaixonam por mim
E eu
Por ti, uma e outra vez
Pela memória já desincorporada,
à força expropriada,
mas que teima não arredar daqui.
Eles não sabem que é por ti que se perdem
Pelo barulho dormente que faz o asco
Este ranger rancoroso e furtivo.
E eu desprezo-os a eles
Ainda mais que a ti, por isso.
Quero que a vida te corra mal
Que te embebedes e não percebas porquê.
Que continues a chorar sozinha
Sempre que percebes que ninguém vai ouvir.
Pouco importará que desagues em alguém
Ninguém, nunca
Saberá ouvir o ruído
Que faz o meu amor adormecido.
poesias,
admissões