É pra isto que um blog serve
A propósito de uma troca de ideias com alguns companheiros bloggers e de uma conversa totalmente à parte sobre o mesmo tema com outras pessoas, aqui fica a minha visão corrente da crítica rap portuguesa.
The way I see it, um crítico de rap (ou música em geral) tem dois motivadores para escrever sobre rap. Um motivador é dinheiro. É pago para fazer crítica musical e é isso mesmo que faz, porque é para isso que o pagam. Isso implica, creio eu, muitas vezes criticar artistas ou géneros músicais que não se apreciam de maneira nenhuma e, não nos enganemos, quando se critica música de que não se gosta, não podemos ter expectativas muito elevadas quanto ao resultado.
O outro motivador é gostar realmente de rap. E é este o caso dos bloggers. Nós bloggers escrevemos porque gostamos genuinamente de rap. No meu caso, gosto de mais, gosto da cultura em si (embora já tenha gostado mais...). Outros bloggers interessam-se muito por outras vertentes também, como o graffiti ou o breakdance. Portanto, quando um blogger escreve o motivador é acima de tudo querer partilhar com outras pessoas algo que pessoalmente lhe diz muito.
Agora, é importante notar o meu uso da palavra "partilhar". "Partilhar" é a chave. Significa que estamos a escrever com vista à reciprocidade. Não queremos dizer apenas ao mundo "olha, isto é interessante" ou "quando ouvi esta música gostei disto, mas não daquilo". Queremos saber se concordam connosco ou o que é que nos escapou. Queremos que nos recomendem coisas parecidas. Queremos que discordem de nós e digam porquê. Queremos gerar qualquer coisa através de um processo interactivo.
Posso falar apenas a nível pessoal agora, mas um blog não é um jornal de notícias! Existem vários blogs com esse fim apenas, sim, e vários portais de informação. Mas os artistas têm de parar de olhar para os blogs de opinião como se tivessem um enorme cartaz a dizer "LOCAL RESERVADO PARA AUTO-PROMOÇÃO". Tal artista lançou um novo som, tal grupo lançou um novo álbum, tudo isso é excelente, mas se eu quiser notícias, vou ao H2T. É precisamente para isso que o site serve, é um portal de divulgação de informação. Mas aquilo que eu quero de um blogger é saber: com o que é que andas entusiasmado ultimamente?? E eu quero saber isso porque esse blogger usualmente entusiasma-se com coisas que me interessam / com as quais me identifico. Enquanto blogger, é precisamente disso que eu quero falar: daquilo que me chama a atenção, daquilo que me surpreende. E já desisti de falar daquilo que não gosto porque simplesmente não há pachorra. Se escrevo a dizer bem é o mesmo que não escrever nada, pois só o próprio artista é que aprecia o esforço. Se escrevo a dizer mal, tenho de aturar uma enchurrada de haters mal dispostos que não são capazes de aceitar uma crítica.
No meio disto tudo resta muito pouca motivação para escrever, e eu acho que é compreensível. Ao fim de uns anos, é difícil encontrar novidades. Se considerarmos como início do Hip Hop os anos 80, esta cultura já tem 30 anos! É difícil, muito difícil manter o feeling de novidade. Para quem acompanha a scene, ser-se surpreendido também não é fácil. Mas mesmo assim, se houvesse mais sentido de comunidade (mais participação, mais debate de ideias), talvez houvesse material suficiente para nos manter no activo.
Mas com tanto desinteresse, epa, tenham paciência.
Desculpem lá o tom antagonístico deste post, mas afinal, é para isto que um blog serve.
The way I see it, um crítico de rap (ou música em geral) tem dois motivadores para escrever sobre rap. Um motivador é dinheiro. É pago para fazer crítica musical e é isso mesmo que faz, porque é para isso que o pagam. Isso implica, creio eu, muitas vezes criticar artistas ou géneros músicais que não se apreciam de maneira nenhuma e, não nos enganemos, quando se critica música de que não se gosta, não podemos ter expectativas muito elevadas quanto ao resultado.
O outro motivador é gostar realmente de rap. E é este o caso dos bloggers. Nós bloggers escrevemos porque gostamos genuinamente de rap. No meu caso, gosto de mais, gosto da cultura em si (embora já tenha gostado mais...). Outros bloggers interessam-se muito por outras vertentes também, como o graffiti ou o breakdance. Portanto, quando um blogger escreve o motivador é acima de tudo querer partilhar com outras pessoas algo que pessoalmente lhe diz muito.
Agora, é importante notar o meu uso da palavra "partilhar". "Partilhar" é a chave. Significa que estamos a escrever com vista à reciprocidade. Não queremos dizer apenas ao mundo "olha, isto é interessante" ou "quando ouvi esta música gostei disto, mas não daquilo". Queremos saber se concordam connosco ou o que é que nos escapou. Queremos que nos recomendem coisas parecidas. Queremos que discordem de nós e digam porquê. Queremos gerar qualquer coisa através de um processo interactivo.
Posso falar apenas a nível pessoal agora, mas um blog não é um jornal de notícias! Existem vários blogs com esse fim apenas, sim, e vários portais de informação. Mas os artistas têm de parar de olhar para os blogs de opinião como se tivessem um enorme cartaz a dizer "LOCAL RESERVADO PARA AUTO-PROMOÇÃO". Tal artista lançou um novo som, tal grupo lançou um novo álbum, tudo isso é excelente, mas se eu quiser notícias, vou ao H2T. É precisamente para isso que o site serve, é um portal de divulgação de informação. Mas aquilo que eu quero de um blogger é saber: com o que é que andas entusiasmado ultimamente?? E eu quero saber isso porque esse blogger usualmente entusiasma-se com coisas que me interessam / com as quais me identifico. Enquanto blogger, é precisamente disso que eu quero falar: daquilo que me chama a atenção, daquilo que me surpreende. E já desisti de falar daquilo que não gosto porque simplesmente não há pachorra. Se escrevo a dizer bem é o mesmo que não escrever nada, pois só o próprio artista é que aprecia o esforço. Se escrevo a dizer mal, tenho de aturar uma enchurrada de haters mal dispostos que não são capazes de aceitar uma crítica.
No meio disto tudo resta muito pouca motivação para escrever, e eu acho que é compreensível. Ao fim de uns anos, é difícil encontrar novidades. Se considerarmos como início do Hip Hop os anos 80, esta cultura já tem 30 anos! É difícil, muito difícil manter o feeling de novidade. Para quem acompanha a scene, ser-se surpreendido também não é fácil. Mas mesmo assim, se houvesse mais sentido de comunidade (mais participação, mais debate de ideias), talvez houvesse material suficiente para nos manter no activo.
Mas com tanto desinteresse, epa, tenham paciência.
Desculpem lá o tom antagonístico deste post, mas afinal, é para isto que um blog serve.