Todas as informações relativas a este álbum encontram-se aqui.
Isto não é uma review do álbum. Não sei bem o que é. Provavelmente é só uma opinião pessoal sobre um trabalho que ouvi e adorei.
Já não me lembro há quanto tempo é que acompanho o trabalho do Stray. Muitos anos. Lembro-me dos seus primeiríssimos sons e acompanhei de muito perto todos os que se lhes seguiram, alguns editados em cd, outros editados para a net.
Ao contrário da maioria dos MCs, o Stray não teve um percurso homogéneo em termos de estilo. Cada trabalho que editou representou uma aventura por uma nova vertente de rap. Do mais conceptual ao mais fantasioso, dos instrumentais mais boom bap aos mais industriais, o Stray tem andado por várias aldeias na cidade do rap.
E em "o Diabo", na minha mais humilde opinião, chegou à sua terra!
O que é que "O Diabo" tem de especial? You mean, além de ser made of awsome?
Tantas coisas. Para começar, Stray na sua melhor performance estilística a nível de lyrics conjuntamente com a base instrumental mais perfeita para este tipo de temas (cortesia de Taseh). É como ler um livro de acção com uma banda sonora arrasadora. Já ouviram bem a "Akuma"? Eu quero ser o Akuma. Akuma, o anti-herói. O BAMF. Don't fuck with Akuma.
Prosseguindo para as faixas seguintes, faltam palavras. São absorventes, delirantes, fascinantes. "Morde", "O Demónio", "Vinho" e as seguintes podiam poderia facilmente chamar-se em conjunto "Stray's Lucy Ford". Não quero com isto dizer que exista qualquer semelhança com as músicas de Aesop Rock ou Atmosphere, mas sim que todos else têm em comum esta figura feminina diabólica que lhes envenena a vida. É uma criatura que tanto se lhes submete como os domina, randomly. Desesperam por se verem livres dela e desesperam quando ela se vê livre deles. É complicado.
Todo o álbum se passa neste ambiente sombrio, alienado, possuído. Não é para fracos. Chama à atenção daqueles que mais frequentemente do que seria saudável gostam de brincar com a podridão da alma humana. And down the rabbit hole we go.
A última faixa, "Caixa de Vidro", tal como a primeira, desvia-se um bocadinho do tema geral do álbum. But that's ok. Para quem conhece o Stray, that's the way it is, preto no branco, no gimmicks. Aquela faixa exala tamanha realness que se tornou a favorita de muita gente.
Resumindo: Sei que este não é o trabalho do Stray mais atractivo para alguns. Percebo porquê. Mas o motivo pelo qual não atrai alguns, é precisamente o motivo que me faz obsessiva por este álbum. Como disse anteriormente, para mim, é o melhor trabalho de Stray. E o mérito é de Taseh em partes iguais, o produtor cujo nome ninguém sabe pronunciar (em caso de dúvida, "Tazo" é uma boa alternativa). Afinal, nenhum album de rap é épico sem um grande nível de sinergia entre MC e produtor. E isso aqui aconteceu claramente.