Fic: A primeira tempestade em Hogwarts
Autora: Heloisa (eu, a raposa)
Personagens: Sirius Black, James Potter e Remus Lupin
Classificação: Livre
Disclaimer: Eu juro solenemente que não ganho nada com isso.
Notas: Esta fic faz parte do
Projeto Fanfic100 do Fórum Grimmauld Place. Responde ao ítem 70. Tempestade.
Mais uma vez agradeço à Anne. Dessa vez, porque foi ela que me convidou para participar do projeto e me animou a voltar a escrever fics.
A primeira tempestade em Hogwarts
A chuva batendo com força nas janelas e o assobio do vento foi o que acordou Sirius. Ele se encolheu debaixo das cobertas e cobriu a cabeça com o travesseiro. Oh, droga. Então, veio o raio. Logo após, o trovão. Sirius apertou com força o travesseiro contra a cabeça.
Fazia poucos meses que Hogwarts era sua casa. De fato, era um lugar mais agradável que Grimmauld Place. A casa de seus pais era sinistra. Se ele já havia encarado tempestades por lá, por que se exasperaria agora? Além do mais, agora ele já era um menino crescido e não fazia o menor sentido continuar com esse medo estúpido e irracional. Ele estava protegido, nada aconteceria. Nada.
Só que o próximo trovão, ainda mais alto, foi o bastante para destruir as convicções que o jovem Sirius tentava formar em sua cabeça. Mais ainda ele se encolheu. Estava tenso como nunca.
Assim não dava para passar a noite. Precisava de companhia, de uma distração. Pensou em acordar James.
- James! James! - Sirius sussurrava perto do ouvido do menino e sacudia seu ombro. Mas nada. Não houve reação. James continuava num sono profundo.
Sirius ficou parado ao lado da cama de James, observando seu sono, o peito do garoto que levantava e descia lentamente. O rosto era calmo e parecia ter um leve sorriso esboçado nos lábios. Um rosto tão familiar. Dava uma sensação de aconchego e Sirius se sentia um pouco mais seguro. Tão pouco tempo de amizade e a conexão já era tão forte, como se os dois já tivessem passado toda a infância juntos, tornando-se mestres na arte da confusão. Aquele era seu novo irmão, de certa forma, Sirius achava, e isso o fazia sentir realmente que aquele era um lugar para se chamar de casa.
Por alguns minutos, Sirius se distraiu com suas reflexões. Os sentimentos ternos pelo amigo o confortavam. Porém, quando surgiu o próximo raio e a luz cortou a penumbra do quarto, toda a tensão voltou. Naquela fração de segundo, Sirius pôde perceber a imagem difusa do quarto, uma mistura de luz prateada com as sombras que os móveis e objetos projetavam.
Novamente inquieto, Sirius se dirigiu à próxima cama, além do leito de James. Lá repousava um corpo franzino, coberto por um pijama antiquado, velho demais para ser usado por um garoto de apenas onze anos de idade. Como James, o garoto parecia estar embalado num sono calmo e profundo, mas sua expressão era mais enigmática que a de James. Não transmitia conforto ou familiaridade a Sirius. Não que Sirius não gostasse dele. Na verdade, os dois eram bons amigos, mas, no fundo, embora não quisesse admitir e nem soubesse explicar, achava aquele menino um tanto esquisito. E o que ele despertava em Sirius também tinha algo de indecifrável, algo que apenas os grandes mistérios continham em si.
O menino estranho havia passado o dia anterior na ala hospitalar, mas agora dormia como um anjinho. E Sirius lá, todo perturbado com a tempestade, sem conseguir dormir. Por Merlin, a imagem de paz do garoto o perturbava mais ainda! Sirius quis chacoalha-lo. Antes que pudesse impedir a si mesmo, Sirius já tinha as mãos sobre o outro.
- O quê? - foram as únicas palavras sonolentas que o menino conseguiu proferir, ainda muito longe de estar de fato acordado.
- Shhh, nada não - Sirius havia se dado conta de que o que ele estava fazendo não tinha o menor sentido. - Não é nada. Desculpe - disse Sirius e voltou correndo para a cama e se enfiou entre os lençóis.
O coração de Sirius batia acelerado. Mas que coisa estúpida ele havia feito! Sem noção! Tomara que ele não se lembre disso quando acordar, era a esperança de Sirius. Porque não tinha como explicar. E ele decidiu que não queria que descobrissem que ele tinha medo de tempestades, que o barulho dos trovões o apavorava. Não, ninguém podia saber disso, seria a ruína da reputação do menino metido a valente. Por sorte, ninguém teria percebido seu comportamento esta noite.
Quando mais um trovão soou, Sirius abraçou o travesseiro com força. Logo a tempestade vai passar. Tudo vai ficar bem.