Tradução: Além do Amor (4/5)

Jul 06, 2010 15:37

Título: Além do Amor (Mas allá del amor)
Autora: The awesome girl srtawalker 
Tradutora: Lidia M. a.k.a kimifan4ever 
Personagens: Scotty/Kevin e Jana, a filha deles.
Fandom: Brothers & Sisters
Gênero: Angst, Drama, Romance, future!fic, death!fic
Classificação: R pelo tema (suicídio)
Capítulos: 5
Sinopse: Como a própria autora disse, o melhor é ler a fic!
Disclaimer: B&S e seus personagens não me pertencem. Esta fic também não me pertence, mas eu fui autorizada a traduzi-la. :D

Notas:
¹ Uma tradução porque esta fic é simplesmente boa demais para que eu não a compartilhasse com mais pessoas.
² Eu chorei três vezes em uma hora. Isso não é algo fácil.
³ Quem puder leia a original em espanhol ( link aqui). É perfeita.

Capítulo 1: Lágrimas | Capítulo 2: O filme e o motivo | Capítulo 3: Enfermidade

Capítulo 4: Último Alento
Não havia se dado conta de o quanto a água estava quente até que esta caiu em seu rosto. Notou como cada poro do seu corpo se abria e a recebia com dor e prazer. Deixou de respirar. Sabia que não poderia fazê-lo e tampouco queria. Tudo estava calmo, tudo estava bem e nada mais importava. Deixou-se levar por essa sensação de paz e tranquilidade e notou que sua mente ia se afastando, pouco a pouco. Começou a perceber que tinha que sair dali, que tinha que voltar a respirar, mas havia algo que a impedia, algo que a fazia continuar debaixo d’água, como se estivesse morta.

“Luc Jonson disse que o mar cabe dentro de uma concha, mas eu não acredito, isso é impossível.” Jana disse para o seu enquanto espirrava água da banheira.

“Claro que é possível”, Scotty respondeu. “O que acontece é que nós só podemos ouvir, não podemos tirá-lo de lá.”

“Sério?” Ela perguntou, incrédula.

“Claro.” Scotty deixou a esponja na água e se levantou para pegar uma concha que estava ao lado do espelho. “Olha, se você colocar a concha ao lado do ouvido, você pode ouvir o mar.” Ele disse, ajoelhando-se e entregando-a a concha com muito cuidado.

“É muito grande.” Ela disse segurando-a com ambas as mãos. “Onde você encontrou?”

“Na praia. Seu pai a pegou uma noite, quando nós andávamos pela costa.”

“Quando você era jovem?” A menina perguntou curiosamente.

Scotty riu. Era incrível a capacidade que as crianças tinham de fazer os adultos mais velhos ainda. Ele tinha apenas trinta e cinco anos e sua filha, que nasceu quando ele tinha trinta, cinco.

“Querida, papai e eu ainda somos jovens.”

Jana o encarou com aqueles olhos de quem não estava convencida, e Scotty se admirou com o quanto esse olhar parecia com o de seu marido.

Ele pegou a concha de suas mãos e a pôs em seu ouvido.

“Escute, querida.”

E Jana ouviu. Ela ouviu o som do vento, o quebrar das ondas quando chegam à praia, as gaivotas, os passos das pessoas, o silêncio…

Jana tirou a cabeça debaixo d’água sobrecarregada de memórias. Ainda se perguntava se os sons eram reais ou imaginários. Correu as mãos sobre o rosto e os cabelos tentando se acalmar.

Sabia que seus pais teriam que morrer algum dia, mas ainda não podia acreditar no que tinha acontecido nos últimos meses.

Estava trabalhando quando o hospital ligou para dizer-lhe que seu pai havia sofrido um ataque cardíaco e estava em estado grave na emergência. Da janela, ela viu o pai deitado na cama. Scotty segurava sua mão e tentava não chorar. Jana pôde ver, petrificada, como Kevin fez um sinal para o marido se sentar e este assim o fez.

Ela queria entrar, queria abraçá-lo e dizer a ele que ficaria tudo bem, que ele não podia ir, mas se sentia incapaz de dar um passo adiante, de interrompê-los. Pôde ver como Scotty acariciava o rosto de seu pai e aproximou-se dele. Neste momento Kevin lhe disse algo e Jana pôde ver a reação de Scotty em seu rosto. Era uma mistura de dor, terror, mas também ternura e amor infinitos.

Ela nunca soube quais foram as suas últimas palavras, mas viu como o seu último suspiro foi perdido na boca do homem a quem ele tinha dado a sua vida e o seu coração.

Os dias foram passando e Jana sabia que não poderia adiar o inevitável por muito mais tempo. Ela sabia quais eram os desejos de seu pai sobre seu funeral e queria respeitá-los.

Olhou-se no espelho e viu-se graciosamente triste. Ela estava vestida de preto e preparada para a ocasião. Ela pegou a urna sobre a cômoda e, sem perceber, olhou até a que estava colocada ao lado da janela.

O desejo de seus pais sempre lhe pareceu ridiculamente extravagante, mas agora parecia a coisa mais românticado mundo.

Eles tinham jurado amor eterno e, portanto, queriam estar juntos na vida e na morte.

Eles decidiram ser cremados, ter as cinzas misturadas e depois jogadas no mar, onde poderiam voar livres.

“Você ficará feliz.” Ela disse aos restos mortais de seu pai. “Finalmente vai se encontrar com o papai.” E sem saber porque, um sorriso iluminou seu rosto. Lembrou-se de seus pais, jovens, sorridentes, apaixonados. Vi-os junto a ela, unidos, ao seu lado. E com uma estranha alegria tomou a urna de seu pai e saiu da sala.

Continua...

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