Apr 17, 2015 12:44
Já tinha saudades de sair para ver um espectáculo, em especial de dança, que é sempre tão estimulante, e já tinha saudades de ver um espectáculo como o de ontem, com a apresentação de Hierarquia das Nuvens, uma coreografia de Rui Horta, com sete excelentes bailarinos: Filipa Peraltinha, André Cabral, Teresa Alves da Silva, Luís Marrafa, Sylvia Rijmer, Phil Sanger, Silvia Bertoncelli. A música era de Miguel Lucas Mendes, Rui Lima e Sérgio Martins, Tiago Cerqueira, Vítor Joaquim, Minamo, e Ryuichi Sakamoto com Alva Noto.
Diferentemente do que acontecia no espectáculo anterior de RH que eu vi, Multiplex, estamos em Hierarquia das Nuvens no território da dança pura, praticamente sem vocação narrativa, em que ao longo de setenta minutos a sucessão de solos, pares, trios e outras combinações vão ensaiando a construção de uma linguagem que fale de lugares e do modo de os ocupar. A cenografia é simples: rolos de papel que os bailarinos vão usando para construir metáforas de nuvens, ao princípio apenas linhas do horizonte, e que ao longo da peça se vão transformando em maneiras de habitar os corpos ou de serem por eles habitadas. Apenas no último quadro, uma escultura em arame é construída no palco e içada no ar, para dar lugar a um fabuloso pas de deux seguido de um solo final, na minha opinião o melhor momento da sessão.
Ontem foi um daqueles dias de opções difíceis. Para ir ver esta peça de Rui Horta, tive de abdicar de uma apresentação a solo do pianista Artur Pizarro, que prometia no programa Grieg, Ravel e Villa-Lobos. Quand même, não se pode ter tudo.
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