Palavras.
Palavras. Como cristal, estilhaçado, cravado. O sangue quente que jorra em golfadas inspiradas pelo mundo, o vermelho brilhando no branco da noite, as estrelas afogadas em lagoas coloridas com lágrimas. O pulsar do coração, cada batida impulsionando o mundo, marcando o ritmo á longa marcha dos fantasmas. Os seus rostos pálidos, os fragmentos de passado que seguram junto ao peito, os seus testamentos de falsos legados e perdição. As crianças, o sorriso inocente negado pelos olhos tristes, a tortura impar que é a ausência do nada. A cruz. E eles seguem, e caminham, e a promessa de ascensão é a sua força e a sua agua e a sua sede. E outros mentem, e o engodo são as amarras de seda, forjadas para prender doce e consentidamente os frágeis fantasmas.
Os anjos, asas suaves e sujas arrastando no chão, esqueceram há muito o rosto do Criador, a sua verdadeira natureza, e seguem os homens pela terra inóspita e lamacenta, em ilusões de poder e de virtude, cantando salmos que iluminam de fogo gelado os corpos de éter.
E os homens olham-nos e choram, porque eles são o que foi e o que é, e jamais serão o que podia ser. Os homens olham-nos e recebem-nos, a memória dos seus feitos passados como o sangue que lhes corre livre na alma, e vestem-lhes mantos branco-puro para encobrirem a podridão. E arrancam aos anjos o seu passado, como as penas escuras nas suas asas, e deixam-nos puros, sem a memória do Pecado, e presos no limbo.
E então, porque é mais seguro sonhar que viver, porque é mais justo criticar que condenar, porque é mais simples a ordem que o caos, voltam os rostos para o céu e imploram misericórdia. Escolhem cuidadosamente as palavras, e lançam-nas como pequenas setas discretas para rasgar o tecido do que É, para cortar os pequenos nós na trama da vontade. Porque é mais fácil existir que ser, porque é mais fácil ser cordeiro que ser carneiro. A mentira está nos olhos de quem olha.
A beleza está nos olhos de quem vê.
Os anjos, asas suaves e sujas arrastando no chão, esqueceram há muito o rosto do Criador, a sua verdadeira natureza, e seguem os homens pela terra inóspita e lamacenta, em ilusões de poder e de virtude, cantando salmos que iluminam de fogo gelado os corpos de éter.
E os homens olham-nos e choram, porque eles são o que foi e o que é, e jamais serão o que podia ser. Os homens olham-nos e recebem-nos, a memória dos seus feitos passados como o sangue que lhes corre livre na alma, e vestem-lhes mantos branco-puro para encobrirem a podridão. E arrancam aos anjos o seu passado, como as penas escuras nas suas asas, e deixam-nos puros, sem a memória do Pecado, e presos no limbo.
E então, porque é mais seguro sonhar que viver, porque é mais justo criticar que condenar, porque é mais simples a ordem que o caos, voltam os rostos para o céu e imploram misericórdia. Escolhem cuidadosamente as palavras, e lançam-nas como pequenas setas discretas para rasgar o tecido do que É, para cortar os pequenos nós na trama da vontade. Porque é mais fácil existir que ser, porque é mais fácil ser cordeiro que ser carneiro. A mentira está nos olhos de quem olha.
A beleza está nos olhos de quem vê.