[ FANFIC ] - Cicatrizes

Jun 21, 2010 19:30

Título: Cicatrizes
Rating: NC-15
Advertências: fanfic sobre a confederação do Equador, que anteriormente estava na comu Hetalia_br, mas devido ao barraco que rolou lá, a deletei... é fic histórica e PE POV, como juntei os três capítulos, acabou ficando gigante. boa jornada o/.
Personagens: PE, CE, PB, RN ( confederação do Equador much? )Brasil, alguns estados etc...
Sumário: PE brigando, outra vez...=.=



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Eu já não estava mais agüentando continuar calado...e olha que eu já tinha aberto a boca pra reclamar em 1817. Minhas cicatrizes das guerras daquele ano ainda me doíam o corpo, mas mesmo assim, eu já estava mais do que pronto para brigar de novo.
Agüentei o máximo que pude sem reclamar, mas em 1824, nem fazia 10 anos depois da minha revolução contra Portugal, eu acabei explodindo de raiva outra vez.

Desde que expulsei Holanda da minha casa que minha produção açucareira estava indo por água abaixo, assim como a produção de algodão também. E ao mesmo tempo, os fazendeiros que trabalhavam para Portugal e os que trabalhavam para Inglaterra viviam entrando em conflito em minhas terras. Isso fazia minhas costas doerem.
Fiquei muito feliz que o Brasil tenha conquistado a independência e que tivesse programando uma Assembleia constituinte em 1823. Na época volte a ter esperanças “graças a Deus, vamos ter mais autonomia e sair dessas crises de pouco em pouco.”

Porém, logo que o Chefão do “ painho ” ouviu que iria ter seu controle monárquico afetado, deu pra traz e cancelou a assembleia. Eu nem estava sabendo dessa quando o Brasil nos chamou para uma “reunião de família”.

Quando cheguei lá no palácio da capital, as outras capitanias estavam nervosas, principalmente as do Norte . Perguntei o que acontecia, mas os outros não souberam responder, ou não tiveram coragem, não sei ao certo. A única que estava rindo sem preocupação aparente era Rio, essa sim dava vontade de esmagar só de ver o sorriso zombeteiro em seu rosto. Pra que ela precisava se preocupar? Afinal ela tinha a capital, enquanto nós éramos os pobres lascados.

A reunião começara e a medida que o “painho” ia falando, eu sentia meu mundo caindo de vez. Não iria ter mais a assembleia. Não teríamos autonomia. Não iríamos tentar sair das crises implantando nossas próprias regras. Não iríamos ser livres da coroa. Agora já não era a coroa de Portugal, era a coroa do próprio Brasil que bancariamos. Como se já não bastasse ter uma economia arruinada, eu e meus irmãos do Norte ainda teríamos de pagar mais ainda, só para os Sulistas viverem na mordomia, e entre eles estava nosso pai que nos dava as costas acompanhada de um “se virem”.

Fiquei calado a reunião inteira. Olhava de soslaio para os outros na mesa. As capitanias do Sul nem estavam prestando muita atenção, já as do Norte se dividiam entre os preocupados, alguns que tentavam ver algum lado bom nisso, e outros chocados, eu me encaixava nesse último grupo. Pelo o que ouvi, o imperador iria centralizar o poder nas mãos dele através de uma monarquia hereditária, e que iríamos ter títulos de “ Províncias” sendo completamente controladas pelos tais novos “ quatro poderes” ( executivo, legislativo, judiciário e moderador ).

Brasil falava tudo aquilo no maior tom de tédio que podia fazer, enquanto lia a maior parte num papel bem grande. Parecia até que ele não queria estar ali jogando aquela lama na nossa cara, mas que tinha sido forçado a fazer isso pelo seu chefe. Cheguei a observar Rio, ela estava muito bem vestida e tinha um coque espalhafatoso no cabelo e tudo mais, só que ela já estava no quinto sono. São Paulo estava do seu lado tentando parecer sério e compenetrado, mas dava para perceber que ele estava desconfortável com a pouca importância que sua vizinha dava para aquela reunião.

Eu estava prestando atenção ao que ele dizia ( ou lia no caso ) mas estava tão chocado que muitas partes eu deixei de ouvir. Estava muito atormentado com pensamentos e minhas cicatrizes estavam começando a me incomodar. A raiva crescia dentro de mim como se fosse uma praga.

“Não vamos ser livres ainda?? Eu achei que iríamos ser, logo que conseguíssemos ser independentes.”

Olhei para algumas das “ províncias” do Norte. Aqueles coitados serviram a vida inteira...e iriam continuar a servir mesmo quando deveriam ser livres.

“Seremos controlados por uma única pessoa, assim como fomos controlados por Portugal, ou pelo mercado Europeu.”

Olhei para o Brasil. Havia uma pintura grande sobre a colonização na parede logo atrás dele.

“Não seremos uma república ainda...mas, por quê? Por quê ainda seremos uma monarquia? Porque o imperador ainda quer se achar o cara, só pode ser isso...ou então, Brasil ainda está inseguro de se afastar das pegadas de Portugal...”

Quando a reunião terminou, eu continuei sentado na cadeira, com os punhos cerrados sobre a mesa. A maioria das províncias já tinham se levantado e estavam indo embora, mas eu fiquei lá...Tudo iria ser controlado a ferro e fogo...tudo...nossa religião, nosso comércio...até os nossos chefes...E pra votarmos teríamos que pagar...e pra coroa teríamos que pagar...e pra tudo teríamos que pagar...O império Brasileiro não teria nada de original...era só mais um repeteco do império português. Brasil ficou independente, só pra se mostrar igual ao seu colonizador.

-Pernambuco, estás bem?

Falou Maranhão se aproximando, este estava com uma cara de leve preocupação durante a reunião. Era um sujeito que dificilmente mostrava alguma expressão no rosto, só pra saber o quanto a coisa toda o incomodou.

Eu me levantei bruscamente, sem dizer uma palavra e me virei para o tal império que estava na sala. Este conversava despreocupado com sua capital, que estava com uma cara de travesseiro tão irritante que me deu o impulso de atravessar a sala e puxar aquele maldito pela gola do seu terno engomado.

Rio deu um passo pra traz um tanto surpresa. Deu para perceber que todos os outros que estavam na sala pararam e encaravam a cena, um tanto estarrecidos. Eu segurava o maldito império que tanto adorávamos e chamávamos de “papai” pela gola, olhando fundo nos seus olhos dava para ver o reflexo da minha cara contorcida de raiva.

-Você não vai fazer nada quanto ao resto não é? Pra você somos só restos que tem a obrigação de bancar sua glória como o novo graaande império que você é agora. É incrível você deixar isso acontecer mesmo depois de tudo o que passamos para sermos independentes, pois foram esses que você chama de resto que conquistou isso. Não me diga que você já se esqueceu de Minas, ou da Bahia...ou até de mim e dos outros “restos”... Ah, só para lembrar, você nunca vai ser igual a Portugal...e essa coroa ficou péssima em você.

Ele não parou de me encarar, e agora também estava com raiva. Desviei o olhar e soltei sua gola. Não queria que ele bancasse o império para cima de mim naquela sala.

-Obrigado por sua exclusiva atenção, mas estou fora.

Completei indo buscar o meu chapéu e me dirigindo a saída.

-Leonardo. Aonde pensa que vai?

Congelei com a mão na maçaneta. Como ele ousava me chamar daquele jeito? Ele mesmo tinha me dado esse nome...

- Eu vou embora. Luciano.

E sai batendo a porta atrás de mim, ignorando os cochichos e comentários das outras províncias que observavam tudo, em choque.

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Cheguei em casa atormentado depois daquela reunião. Tudo parecia estar completamente errado para mim. Me sentei no sofá desbotado tentando pôr a cabeça em ordem. Não conseguia parar de ver o rosto tão calmo e feliz de Luciano, me encarando como se quisesse me espancar. As coisas realmente complicaram para o meu lado, eu estava comprando briga com um império. Minha ficha caiu de vez. O que eu estava pensando mesmo quando disse que estava fora? Fora de que afinal? Vai ver eu queria mesmo sair daquele sistema que tanto nos esmagava...

Balancei a cabeça tentando afastar esse pensamento. Olhei ao redor, e minha casa estava tão bagunçada quanto a minha mente. Me senti tão preso e desconfortável alí, que resolvi sair para me distrair.

Já era noite, e o bar estava apinhado de gente. Trabalhadores reclamando, escravos com os olhos vazios, e aristocratas exigindo os melhores drinks da casa e criticando a falta de arrumação do lugar. Em minha mão estava o quarto ou o quinto copo de caldo de cana da noite, e eu estava totalmente a parte daquilo, num canto do bar. O velho do balcão me dava uns olhares de reprovação de tempos em tempos, e eu sabia o porque ninguém se aproximava de mim.

Segurava o copo da bebida e a tomava aos poucos, minha cabeça estava começando a ficar vazia e as memórias iam se confundindo a cada gole. O tempo passou e só depois eu percebi que alguém sentara do meu lado. Ele era um padre carmelita de ideias avançadas, transmitia seus pensamentos republicanos em um jornal muito popular na minha capital. Era um homem do povo, e naquela hora ainda não sabia o quanto ele seria importante pra mim.

Devo ter conversado com ele um pouco, ou muito. Não lembro ao certo. Ele parecia ficar surpreso e frustrado enquanto eu falava da tal reunião, o sobrenome dele soava meio engraçado pra mim. Mas eu não lembro agora tudo o que eu falei para ele. Só lembro que depois que fiquei sóbrio ele comentou que eu tinha até chorado enquanto falava. Ri da minha desgraça, já que não queria rir da desgraça alheia e voltei para a casa me matando de dor de cabeça, e dores nas cicatrizes também.

No dia seguinte veio o jornal junto com a ressaca. Fiquei um tanto surpreso ao ver a matéria que o “padre da caneca” tinha escrito, criticando duramente as decisões do imperador. Não pude deixar de dar um sorriso de satisfação, e uma ideia um tanto interessante me passou pela cabeça.

“agora sei o que eu pensei quando disse que estava fora...”

Falei para mim mesmo dobrando o jornal.

No dia seguinte porém, um fato inesperado me deu um empurrão para que eu começasse a correr. Sem qualquer aviso ou piedade, “painho” depôs o cargo do meu chefe, nomeando outro cara para ficar no lugar dele. Isso me frustrou profundamente, dei graças a Deus que Luciano não me viu virando minha mesa de trabalho e jogando a sacola de café pela janela.

Já não agüentava mais receber ordens dele sem receber nada em troca. Não me importava se os outros me chamassem de província rebelde ou de louco, até gostava que me apelidassem desse jeito, dava a impressão de que, sendo mesmo louco, já estava fazendo alguma coisa.

Depois dessa resolvi ir contra todas as regras e recoloquei meu chefe em seu devido cargo. Pouco me importava no que aquilo iria dar. Resolvi chamar algumas pessoas para me ajudar no meu mais novo projeto, me separar do império e fundar uma república por mim mesmo.

Contei com a ajuda do meu chefe, que estava muito irritado por ter sido deposto pelo imperador, o padre carmelita, que nos ajudou muito e era importante para manter contato com o povo, e um general que tinha o sobrenome “barata”, e que ajudou a mim e a Bahia em brigas passadas.

O time parecia bom, mas meu chefe pediu para que eu arranjasse reforços em outros lugares, já que a população estava bastante dividida entre aqueles que apoiava a ideia e aqueles que queriam ficar fiéis ao maldito de coroa na cabeça.

Resolvi mandar cartas para todos os meus irmãos do norte, não mandei nada para os do Sul, já que eles estavam no centro do palco. Expliquei toda a situação e todo o plano naquelas cartas, porém, recebi poucas respostas afirmativas. A maioria dos meus irmãos e irmãs estavam com medo de fazer qualquer coisa que saísse das regras, ou não tinham armamentos ou estruturas o suficiente para se defender numa possível batalha. Alguns deles tinham sido absolutamente contra a independência do Brasil, e por isso era improvável que eles concordassem em fundar uma república.

Quanto mais cartas eu recebia em resposta, mais preocupado ficava. Ainda mais por que “painho” estava começando a querer me impedir. Depois de alguns dias tensos de espera, recebi três respostas boas. A primeira tinha sido da Paraíba...

Era incrível que ela quisesse se envolver em algo que pudesse ser perigoso. Aquela província era tão pequena e frágil até a pouco tempo atrás. Ela morou comigo por tantos anos. Nós crescemos juntos. Eu segurava sua mão e a guiava de volta para a casa quando ela se perdia. Segurava sua mão quando ela ficava com medo do escuro. Segurava sua mão quando ela caia doente nas épocas de chuva. Eu sempre estava lá do seu lado. Nós acabamos crescendo demais, e por fim ela estava forte o suficiente para andar com seus próprios pés.

Eu compreendi. Deixei minha morena trilhar seu caminho. Era um tanto reconfortante que agora era a vez dela segurar minha mão. Mas ao mesmo tempo, eu temia que coisas ruins acontecessem a ela. Porém, seus olhos eram tão fortes, seus passos eram tão firmes, que era quase impossível eu reconhecer aquela menina frágil que tanto precisava de mim para andar pequenas distâncias.

A segunda carta foi a do Rio Grande do Norte. Ele respondeu bem formalmente dizendo que concordava e que também se juntaria a causa. Fiquei um pouco mais confiante quando recebi sua carta, já que ele sempre fora o cara mais bem organizado que eu já conheci. Ao mesmo tempo, toda vez que eu parei para falar com ele, só servia para confirmar que eu não o conhecia nem um pouco. Na verdade, Rio Grande do Norte foi quem mais mudou depois que Holanda apareceu em nossas vidas....mal dava para reconhecer o menino feliz e brincalhão que ele era antes de perder toda a sua memória e recomeçar do 0...toda vez que olhava pra ele agora, não o reconheço mais.
Em todo o caso, eu sabia que ele iria ser útil em alguma coisa. Por mas estranho que possa parecer, pra mim ele sempre pareceu confiável.

Muito diferente do remetente da terceira carta. Ceará respondeu minha correspondência com um “ Tá certo, estou indo aí.”. Parecia até que ele achava que minha ideia não passava de uma brincadeira. Eu fiquei olhando a carta dele por alguns minutos, sem acreditar que ele respondera só com uma frase,,,
“típico dele, o senhor da informalidade”, pensei guardando o papel no bolso. Aquele moleque não é nada normal, ele fica feliz e do nada está triste. Tem vezes que ele escreve cartas quilométricas e espera que eu responda tanto quanto, e tem outras vezes que ele fala daquele jeito, só uma frase, curta e grossa, e reclama quando eu respondo desse jeito também...

Francamente, ele age de forma muito estranha, talvez por que eu tenha mandado muito nele no passado. Mesmo assim nos conhecemos tão bem que fica fácil brigarmos, conversarmos, nos entendermos e brigarmos de novo, como todo irmão faz.

Depois que li as cartas, mandei respostas informando onde e quando seria nossa primeira reunião, e então dois dias depois, fui acordado com batidas na minha janela. No começo pensei que fossem alguns fazendeiros reclamões, que ultimamente me recebiam com chuvas de pedradas. Tentei ignora-los e voltar a dormir, já que no relógio de parede ainda nem eram 5 da manhã, mas eles continuavam a atirar coisas na janela.

“Pelo amor de Deus, será que não cansam de reclamar?”
Pensei me levantando relutante e abrindo a janela. Quando coloquei a cara para fora, uma pedra passou rente a minha orelha esquerda e entrou a jato no meu quarto.

- EI, QUE ESTÓRIA É ESS...

Gritei em protesto, mas travei ao reconhecer os rostos das pessoas que estavam lá em baixo. A princípio pensei que fossem soldados imperiais, por causa do uniforme, mas depois percebi que eram os meus aliados disfarçados.

-Nossa, não acham que é um tanto cedo para aparecerem aqui?

Eles pareciam cansados, mas sorriam confiantes. Ceará largou o amontoado de pedras que tinha na mão, numa tentativa inútil de disfarçar o feito. Rio grande do Norte e Paraíba jogaram olhares de censura para ele.

-Explicaremos isso assim que nos deixar entrar, “patriota”.

Falou Rio grande do Norte, pegando na aba do chapéu. Fiquei muito surpreso que eles tivessem chegado antes do dia combinado, isso iria acelerar as coisas. Olhei Paraíba de relance. Ela parou de sorrir confiante e começou a olhar para os lados, ela sabia disfarçar um sorriso, mas era óbvio que estava apreensiva. Com certeza eles tinham passado por maus bocados para chegarem até aqui.

Vesti meu roupão descendo as escadas e abri a porta para eles entrarem. Ceará entrou sem cerimônias já se largando no sofá, tirando a espingarda das costas e largando-a de qualquer jeito no chão.

-Seu comprimento foi atirar pedras na janela e se jogar no meu sofá?
Perguntei dando passagem para os demais.

-aahrr...cala a boca...tu num faz nem ideia do que a gente passou.
Respondeu o cearense se abanando com um livro qualquer que estava numa mesinha do lado. A paraibana e o potiguar se sentaram educadamente nas poltronas da sala, e eu fiquei em pé um tanto estarrecido.

-Err...então, o que aconteceu para vocês chegarem assim tão de repente?

-Ah sim...Bem...ficamos bastante chocados com aquela última reunião. Nos sentimos muito mal com as decisões tomadas e sabíamos que você iria tramar alguma coisa.

Falou Rio grande cruzando os braços enquanto olhava a desordem da minha casa, com uma expressão nem um pouco disfarçada de total reprovação.

-Bela apresentação você fez lá no palácio imperial! Se o clima não tivesse ficado tão tenso, eu teria até aplaudido, hômi!

Exclamou Ceará deixando de lado o livro e desabotoando o uniforme, que no mínimo só lhe deixava com mais calor. Deixei escapar uma risada meio forçada.

-Pois é...depois que lemos sua carta, acabamos concordando em nos juntar a você nessa empreitada. Mas não recebemos resposta por que painho interviu...

Peraí, dessa eu não fiquei sabendo. Não podia acreditar no que Paraíba dizia. Devo ter ficado pálido por alguns segundos depois dessa.

-c-como assim...Você quer dizer que ele andou bloqueando nosso contato?

O clima ficou tenso de repente. Até o Ceará estava sério.

-Não foi culpa dele. Ele está sendo muito pressionado pelo seu chefe sabia? Ser um império não é fácil...E além disso ele está ocupado demais, tentando pôr tudo em ordem...é normal que ele pense que nosso esquema é uma ameaça a sua atual posição mundial.

Falou o Potiguar me encarando com um olhar sério. Paraíba continuou:

-É...Por causa do bloqueio das nossas correspondências, ficamos sem saber quais seriam seus primeiros passos. Por isso resolvemos vir.

-Arre égua...Pense num negócio difícil foi chegar aqui...Tem soldados imperiais nas fronteiras do seu território, num é legal isso?

Falou Ceará sarcasticamente ridículo. Devo ter ficado branco que nem papel. Aquela minha ideia iria dar em guerra.
-E o mais legal disso, foi de que o próprio Ceará nos arrastou até aqui.

Disse Paraíba com um sorriso zombeteiro no rosto. Olhei para ele sem acreditar, não consegui segurar a risada, ainda mais por que a testa dele ficou vermelha e ele se levantou bruscamente.

-Vou ali fazer café.

Disse o cearense virando de costas e indo para a cozinha.

Durante o resto da manhã houve varias explicações e decisões. Aquele encontro tinha sido bastante produtivo, o café estava empanturrado de açúcar, e os papéis estavam cheios de esquemas e acordos. No final daquele encontro, já tínhamos decidido a maioria das coisas. Iríamos ser uma república livre e democrática, mas ou menos como um “caba da peste” chamado Estados unidos. Iríamos abolir a escravidão e o controle de credos. A grande quantidade de boas ideias nos enchiam de confiança, e no final já tínhamos até uma bandeira e um nome.

Formaríamos juntos uma nova república, que nós batizamos de “Confederação do Equador.”

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O ar estava pesado naquela época. As pessoas, das mais pobres até das mais ricas, todas elas, estavam tensas. Os ouvidos atentos e os olhos bem abertos. Em todos os cantos. Em todas as ruas. Em todas as casas. Todos sabiam que uma guerra se aproximava. Por isso eu quase não conseguia dormir naqueles dias. Como eu gostaria que aquele primeiro sentimento de confiança continuasse prevalecendo, frente aos acontecimentos que se sucederam após o primeiro encontro da confederação.

Os outros estados e os homens que estavam liderando o movimento, sempre tentavam se ocupar com alguma coisa, nunca parando para que o peso daquilo tudo caíssem sobre suas cabeças. Para mim, por mais que eu tentasse me ocupar organizando os soldados, minha cabeça sempre pesava com milhares de pensamentos e preocupações.

-Uma vez...França me contou sobre como foi a revolução dele.

Disse Paraíba em uma madrugada qualquer, quando ela me encontrou sentado na minha varanda, olhando o céu.

-Já ouvi isso dele também.

Eu disse tentando evitar olhar para ela. Paraíba estava tão cansada. Me doía ver aquele rosto tão delicado definhando na minha frente, dia após dia, naquela época de tensão constante. Eu me sentia ridículo perto dela. Aquela província não tinha medo de me olhar, mas eu tinha medo de fazer o mesmo por ela.

- Ouvi dele que naquela época, o ar era pesado. Em todo lugar parecia haver olhos e ouvidos, espreitando tudo, ouvindo tudo.

Disse ela enquanto lentamente se sentava do meu lado.

- De certa forma, Parece que estamos vivendo um momento muito parecido com o que ele descreveu...E isso me dá medo, mas me deixa confiante ao mesmo tempo...Quem sabe... Algum dia poderemos ser como ele, não é?

Ela estava muito perto, e não tinha como eu continuar desviando o olhar. Seria até frio da minha parte, então olhei seu rosto por um tempo. Ela realmente parecia muito cansada e tinha um aspecto doente em sua pele. Na verdade estávamos todos assim, desde a época em que entramos naquele abismo sem fim chamado de decadência.

- Sim...Tomara que tudo dê certo no final.

Falei enquanto arriscava um pequeno sorriso. Aquilo foi o suficiente pra fazer aquela pequena província me abraçar, com seus olhos castanhos brilhando de esperança e um sorriso puro nos lábios.

-Se deus quiser.

Sussurrou Paraíba, quase inaudível. Ainda aninhada nos meus braços. Ela era tão pequena, mas tão grande ao mesmo tempo. Me senti nostálgico tendo ela lá,tão confortavelmente aninhada perto de mim. E sempre foi assim...mas agora era diferente do que já fora.

-Você não está dormindo bem ultimamente, quer que eu segure sua mão?

Disse ela em meia voz.
Meus olhos se encheram de lágrimas, mas contive o choro olhando para cima. Como ela conseguia nunca se preocupar com sí mesma? Aquilo me deixava profundamente envergonhado. Eu que me importava só com a minha própria situação, e arrastava todos comigo por minhas próprias causas...Eu não respondi, mas senti o calor da mão dela sobre a minha mão, e de alguma forma que até hoje eu não entendo, nós dormimos ali, sentados na varanda, de mãos dadas durante o resto da noite.

Os dias seguintes, porém, foram ainda mais tensos. O padre e o “ general barata” tinham conseguido convocar várias pessoas para lutar naquela revolta. A maioria delas eram escravos, mulatos recém libertos, ou pessoas de classe baixa que formavam a grande maioria dos que queriam justiça. Por causa disso, meus ajudantes tiveram que espalhar a notícia de que seria necessário reformas sociais significativas e a proibição do tráfico negreiro, para depois definir o que faríamos a respeito dos escravos.

Quando eles mencionaram que teriam que falar isso para a população, devo confessar que fiquei apreensivo. Mesmo assim, eles me convenceram daquela ideia, afinal, aquela gente sofrida tinha que ter algo pelo que lutar, e nós tínhamos que cumprir com a palavra.

Mas aconteceu o que eu mais temia que acontecesse. Os aristocratas das minhas terras resolveram pular fora, devido a simples menção daquela proibição. E não foram só eles, a notícia se espalhou e os aristocratas paraibanos, potiguares e cearenses também estavam desistindo. Eu não queria que aquilo acontecesse. Paraíba estava desesperada e muitas vezes se escondia e chorava baixinho. Temia que seus soldados a vissem daquele jeito. Rio grande do Norte tentava convencer seus aristocratas de que abolir a escravatura era a melhor medida a ser tomada por uma república livre. Mas suas palavras eram muito medidas, e ele tremia levemente ao falar. Isso deixava seus ricos muito desconfiados, e acabavam sem acreditar nele.

Ceará era o extremo oposto. Fazia um tempo que ele queria abolir a escravidão, e por mais que seus aristocratas o xingassem e o criticassem, ele praticamente gritava um “ fodam-se seus burgueses de merda ” na cara deles. E descontava a raiva atirando para o nada. Na verdade ele tinha medo também. Todos nós tínhamos medo. Aqueles poucos aristocratas também eram parte de nós. Enquanto nossa parte escrava gritava por liberdade, nossa parte bem nascida gritava de medo e insegurança. Foram os escravos e os aristocratas que nos ergueram na época colonial, então tudo o que se dizia a respeito dessas duas classes, era muito profundo para nós.

Eu não queria que aquilo acontecesse. Nenhum de nós queria. Mas a notícia sobre desistência dos aristocratas em continuar com o plano se espalhou no vento, e a resposta do império foi clara e simples. Guerra.

A dor era tudo o que eu mais me lembro daquilo tudo. O céu parecia estar vermelho de sangue todos os dias. As pessoas não saíam de casa. A cada dia, novas feridas surgiam no meu corpo. A cada dia, eu me sentia mais fraco. A cada dia, eu tinha que me apoiar mais nos ombros dos estados aliados. A cada dia ficava mais difícil dar os comandos aos meus soldados. Pois cada soldado morto naquelas ruas era uma pessoa a menos, e aquilo doía. Doía tanto que beirava ao insuportável. E assim se passou cerca de 70 dias. Até que chegou o dia em que tudo iria ser definido.

Eu gostaria tanto de ter parado o tempo na época em que tudo estava bem, que o futuro era cheio de promessas e esperanças. Mas aquele dia tinha que chegar. O dia em que eu atingi violentamente o fundo do poço. Bom, pelo menos mais fundo que aquilo era impossível chegar. Na época eu ainda nem sabia o que estava por vir.

O exército imperial era impiedoso. O imperador era mais impiedoso ainda. E o império, bem, não podia fazer nada além de assistir minha ruína. Esse exército a mando do imperador veio nos cercando por terra até o ponto de ficarmos presos na minha capital. E a pior parte de tudo isso, era que não dava para escapar pelo mar. Já que as águas estavam completamente tomadas pela marinha Britânica.

“Típico”, pensei ao olhar pela luneta a aproximação dos barcos ingleses. O nosso fabuloso império não parava de pedir favores daquele gringo nojentinho. Pela lente da luneta consegui vislumbrar Arthur por alguns segundos. Ele estava todo chique ali perto do capitão e do general de guerra, sua cara de tédio e impaciência fez com que eu risse da minha própria desgraça. Maldito império britânico.

Apontei a luneta em direção ao exército imperial que se aproximava pelo Oeste e congelei ao ver Luciano através da lente. Ele estava lá acompanhado de Rio de um lado e o seu general do outro. Eu tremi e quase perdi ele de vista, focalizei nele de novo ignorando os gritos de “ VENHA! O QUE DIABOS VOCÊ ESTÁ FAZENDO PARADO AÍ??” que o Ceará dava do alto das escadas na torre Malakoff. A lente focalizou o rosto do império, mas estranhamente eu não consegui enxergar seus olhos. Ele estava sério. Isso era difícil de engolir. Eu nunca o vi assim tão sério.

-Vamos! Tem uma guerra acontecendo aqui, e precisamos ir lutar.

Disse o cearense me puxando pelo braço, mas antes de guardar a luneta eu pude ver por uma fração de segundos que mais me pareceu uma eternidade.

Luciano estava chorando.

Desci as escadas da torre tentando não perceber as lágrimas escorrendo pelo meu rosto também. Acho que nunca tinha chorado tanto assim antes, e ignorando esse fato, desci aquela escadaria longa com o rosto erguido, recebi meu mosqueteiro das mãos trêmulas do Rio grande do Norte e nós quatro partimos pra guerra.

Estávamos feridos e cansados, mais seguíamos em frente com nossas armas, derrubando todos os inimigos que víamos pelo caminho. Sentíamos a dor fumegante de ter pequenas e dolorosas feridas se abrindo em nossas peles, pintando nossos uniformes de vermelho.

É bem terrível me lembrar do que aconteceu naquela tarde. Parecia até que o Sol tinha dado as costas para não ver. Me lembro das balas de canhões que voavam de todos lados, derrubando construções e pontes. Matando pessoas que não tinham nada a ver com aquilo. Me lembro dos nossos soldados atirando nos inimigos antes de serem facilmente abatidos pelos exércitos mais fortes. Ver todo aquele sangue derramado era torturante, mas tentávamos não prestar atenção na dor e continuar seguindo em frente.

O campo de batalha era um lugar confuso e excitante. Era lá que os covardes viravam bravos, os ricos viravam pobres, enquanto um dos lados vencia e o outro era vencido. O brilho da luta perpassava os olhos de cada um de nós. Rio Grande do norte parecia ter perdido todo o seu nervosismo anterior, e agora comandava seus homens brandindo a espada no alto, com a autoridade de um general do mais alto escalão.

Mal dava para reconhecer Paraíba, ela mudava da água para água-ardente durante as batalhas. Era muito estranho vê-la agindo tão violentamente, uma jovem tão bela tendo uma arma de fogo na mão direita, atirando nos inimigos, e tendo uma espada na outra mão, para matar qualquer soldado imperial que se aproximasse. O olhar forte dela e o sorriso que jogou para mim tendo seu próprio rosto pontilhado de sangue, me fez gritar pra ela:

-Paraíba, Mulé macho!!

Ela riu, enquanto passava a espada na barriga de outro inimigo.

Era incrível que o barulho da batalha não conseguisse abafar os gritos de guerra do Ceará e suas nem um pouco discretas exclamações.

-É NÓS MISERÁAAVEL!!MORRA BURGUES FILHO DUMA ÉGUAAA!!!

Era assim mesmo como ele gritava, e eu só fazia rir atirando nos soldados ingleses e escutando suas frases épicas que estouravam no ar. Porém, aqueles breves momentos de glória na batalha chegaram ao fim. O número de 30.000 soldados do nosso lado fora reduzido a uma parcela muito pequena. Estávamos cercados por todos os cantos, como um cardume de peixes envoltos por uma rede de pescar. Só havia uma única esperança de escape.

-Retirada!! Vamos ao Norte!

Gritei para o Ceará que estava passando próximo, mas ele congelou olhando para mim. Uma expressão de choque em seu rosto, parecia até que estava vendo um fantasma. Ele olhava fixo para algum lugar perto do meu abdômen, então resolvi parar para olhar também.

Vermelho. Isso era tudo o que eu vi ali. A dor caiu como uma bomba em cima de mim, e foi a mais destrutiva de todas. O sangue brotava da minha barriga e descia para os meus tornozelos como se fosse uma cachoeira. Perdi a sensibilidade nas pernas e cai no chão, sem nem perceber isso, por que a dor daquele ferimento era tão forte e torturante que qualquer dor adicional não era o suficiente para sufocá-la. Tentei me levantar berrando a plenos pulmões, minha visão começou a ficar embaçada e eu sabia que isso não era nada bom. Ao mesmo tempo que eu tentava me levantar, senti muitas mãos me segurando para que eu ficasse quieto.

Centenas de vozes falavam confusas, mas não conseguia ouvi-las por que eu gritava muito, e o barulho ao redor era muito alto.

-Patriota, por favor, se acalme!

Gritou o Rio grande se ajoelhando do meu lado e enfiando um lenço na minha boca, pra que eu mordesse e parasse de gritar.

Alguém segurou minha cabeça e, erguendo-a, colocou em seu colo. Foi aí que consegui abrir os olhos e minha visão voltou ao foco. Paraíba estava chorosa me aninhando em seus braços, seu rosto estava cheio de pequenos arranhões e ela gritava desesperada por alguma ajuda na confusão ao redor.

Rio grande do Norte e algumas pessoas ( entre elas o padre ) tentavam agir o mais rápido possível para estancar o ferimento. Eu não estava entendendo nada do que eles tanto falavam, mas parecia ser sério. Consegui ver que Ceará estava á alguns metros na frente, disparando bala a torto e a direito. Gritava de raiva e eu sabia que ele estava chorando. “Esse cabeça-chata é um grande manteiga derretida...” Pensei percebendo que o lenço que eu tinha na boca já se rasgara.

Consegui cuspir o lenço fora, e respirando com dificuldade segurei a mão de Paraíba e disse.

-Chore não minha morena. Tú sabe que eu vou ficar bem...

Ela se sobressaltou quando eu disse isso, e todos os outros congelaram e me encararam surpresos. Até Ceará parou de atirar e olhou em minha direção. Aquilo foi inútil, por que só fez Paraíba chorar ainda mais.

-Po - por favor Leo...n-não fale nada....desse jeito você só vai piorar.

Fechei meus olhos de novo, contorcendo meu rosto. Consegui não gritar, mas minha cabeça estava muito pesada, e comecei a ficar com frio.

-ôxe...desde quando eu sou homem de ficar calado?

Minha voz saiu muito fraca. “ eu tenho que continuar acordado...não posso acabar aqui...”

-é...Mas não acha que chegou a hora de fechar a matraca?

Disse Ceará se aproximando e ajoelhando ao meu lado. Respirei fundo, tentado colocar minha cabeça em ordem.

-Isso não pode acabar aqui...Ceará, por favor, leve os sobreviventes para o Norte...Vá com ele Caneca.

O padre que até então estava me ajudando, olhou para mim confuso.

-Como assim chefe? Eu não posso te deixar aqui desse jeito.

-O padre tem razão cara, você está muito ferrado...

Não...eu não podia deixar que aquela revolução terminasse desse jeito...Eles tinham que seguir adiante. Antes que o Cearense negasse ainda mais, segurei firme seu braço.

-Por favor Lucas...Por favor...fuja...

Eu queria ter falado mais alguma coisa...qualquer coisa...mas não consegui. O gosto de sangue preencheu minha boca, e minha visão se escurecia rapidamente. Me lembro dos gritos de desespero que ecoavam dentro de mim. Me lembro das bombas explodindo e das chamas consumindo minha capital. Do cheiro de sangue, da Paraíba chorando, do Ceará desviando o olhar, do Potiguar pedindo em desespero pra que eu continuasse acordado. Mas a coisa que mais me marcou naqueles meus últimos momentos na guerra, foi ver a figura do império Brasileiro ali parado, bem na minha frente. Não consegui enxergar seu rosto, mas perdendo meus sentidos falei:

-Pai...Porque nos abandonastes?

E então, apaguei.

E isso era tão bom...Queria continuar dormindo assim, sem precisar me preocupar com mais nada, sem precisar lutar mais do que eu já tinha lutado. Mas eu não iria morrer, e eu sabia disso. As vezes eu tinha inveja das pessoas. Elas poderiam morrer quando chegasse a hora delas...já eu? Bem...Eu me perguntava se depois dessa eu iria voltar a respirar.

Quando abri meus olhos, vi que meu corpo estava coberto de ataduras e tudo doía. As cortinas do meu quarto estavam fechadas e o ar estava abafado. Mas eu respirava, de algum jeito, e sentia frio. Minha mão direita era a única parte do meu corpo aonde eu sentia um calor confortável. Paraíba estava lá do meu lado, adormecida numa poltrona ao pé da cama, segurando minha mão.

O corpo dela também estava coberto de bandagens, mas dei graças a deus que seu caso não tinha sido tão grave quanto o meu. Tentei me levantar, mas não consegui. Então segurei firme a mão pálida da garota na poltrona e ela acordou. Lentamente, com os olhos ainda cheios de cansaço. Minha morena sorriu pra mim, um sorriso sereno e aliviado.

-bom dia.

Eu disse com um meio sorriso nos lábios. Aquele rosto delicado me acalmava a alma.
- Onde estão nossos irmãos?
Perguntei ao ver que não havia mais ninguém no quarto. Percebi a tristeza nos olhos dela. No fundo eu sabia que a coroa havia nos calado outra vez. Então decidi não tocar muito no assunto. Já bastava que aquilo tudo ficasse só no pensamento e nas lembranças distantes, jamais esquecidas. Olhando nos seus olhos, eu perguntei com a voz ainda fraca:

-Me desculpe...vocês se machucaram muito?

Ela não esperava por isso. Inclinou a cabeça tentando disfarçar que seu rosto estava completamente vermelho. Que linda.

-n-não pense tanto no outros Leo...Foi você quem mais se machucou...Isso vai deixar marcas muito feias...

Me virei de lado, ignorando as dores dos ferimentos, segurei o rosto vermelho da província e a encarei nos olhos.

- São cicatrizes Paraíba. Elas são importantes para lembrar de tudo pelo que lutamos, e para agradecer por tudo o que conquistamos.

E me aproximei dela, seu rosto era morno e seu cabelo castanho brincava de se ondular entre meus dedos. Meu rosto estava frio, meu corpo inteiro estava frio. Eu queria um pouco daquele calor confortável também. E quando senti seus lábios nos meus, fiquei aliviado por estar vivo, mesmo que acabado, para poder somente estar lá. Junto a ela. Junto a todos eles. Naquele mundo entre o céu e o fim.

-Obrigado...Por ter segurado a minha mão.

Sussurrei em seu ouvido enquanto uma brisa leve fazia a cortina esvoaçar, e a luz do Sol entrar pela janela.

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como eu disse.....a fic ficou gigante...
espero que o pessoal que não tinha lido antes tenha gostado. ( I put all my efforts and- )

seeya

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