What have I become?

Jan 08, 2012 19:16



Título: What have I become?
Autora: Hachi 
Categoria: Originais
Casal: Em aberto
Gênero: Drama. Yaoi subtendido.
Classificação: Livre
Sinopse: Dizem que entre o amor e o ódio existe apenas uma linha. Muito, muito tênue. Você é capaz de acreditar nisso?
Status: Oneshot 
Disclaimer: História é minha e o título foi retirado da música "The Diary of Jane" do Breaking Benjamin.


“There’s a fine line

Between Love and hate

And I don’t mind”

(Breaking Benjamin)

[What have I become?]

Dizem que entre o amor e o ódio existe apenas uma linha. Muito, muito tênue. Você é capaz de acreditar nisso?

É bem absurdo. Afinal o que o amor pode ter de próximo ao ódio?

O amor é uma coisa boa certo? O calor no peito. A sensação gostosa da companhia. As borboletas. É o colorido que sua vida ganha pela simples presença do outro e os sorrisos que você não dá por mais ninguém.

Horas falando besteira e as madrugadas em claro cuidado dele enquanto uma doença o derrubava.

Era tudo que me fazia levantar da cama e sorrir para o nada. O que extinguia os dias ruins. O que consolava quando as nuvens apareciam. O colo quente pra onde eu poderia sempre voltar.

Amor era o que me fazia sorrir nos porta-retratos espalhados pela casa. É gentil. Tudo dá sem esperar nada em troca. Paciente e bondoso. Um sentimento capaz de salvar uma alma da dor. Benigno e aconchegante.

Eu me lembro que... Bom, eu gostava daquilo. Mas como era mesmo? Eu sei explicar. A parte teórica surge bem simples. De fato, as palavras saem fácil. O que me preocupa é o fato de que não fazem o menor sentido.

Afinal, você é mesmo capaz de acreditar nisso? Pensar nisso sim é absurdo.

Quando os porta-retratos estão quebrados e os estilhaços de vidro espalhados, como posso me lembrar dos sorrisos que eu dava?

Onde está o altruísmo do amor se tudo que está na minha frente são páginas de traição que eu nem mesmo conseguia ler. Eu rasgava uma por uma. Não precisava mais ler nenhuma linha. Não queria mais olhar aquelas palavras, muito menos aquelas imagens.

Meu olhar era desviado para um lado após o outro e cada um deles aumentava a minha ira.

É assim que a linha tênue se rompe.

Quanto mais você ama mais vai doer. Quanto mais dor mais raiva. E quando raiva não é mais o suficiente...

É assim que o amor se transforma em ódio.

Quem sabe da mesma forma o ódio se transforme em remorso. Arrependimento.

Mas sabe o que mais? Sabe o que o amor e o ódio têm em comum? Ambos são cegos.

Você está tão apaixonado que não enxerga defeitos, erros e até falhas da pessoa amada. Tão apaixonado que nega uma traição. Nega até que mesmo a mais brutal cegueira não seja suficiente para aplacar a verdade mordaz.

O ódio também é cego. Ele não enxerga a razão. Não vê piedade nem pensa no remorso. Tudo que o ódio vê é sua própria razão de existir. A dor originária de sua miséria.

No momento? No momento eu gostava daquilo. No momento isso me consumia.

Porque se aquela dor não podia ser deletada, ela podia ser vingada. Dores são, no máximo, suportáveis, nunca esquecidas. Ao menos eu queria um motivo pra sempre lembrar a minha.

Terminei de rasgar a última folha. Respirei fundo tentando achar um pouco de piedade. Nada. Novamente, dessa vez buscando racionalidade. Vazio.

Direcionei a vista para o chão enquanto levava um cigarro aos lábios. Um corpo inerte descansava ali.

Um pouco pálido, mas com a respiração compassada. Ele era lindo. Definitivamente a coisa mais linda que já vi na minha vida. E isso só conseguia me matar mais e mais.

Dei mais uma olhada no lugar antes de colocar meus óculos escuros e me dirigir para a saída da casa.

E aquele lugar que eu julgava perfeito e aconchegante agora me sufocava. O lugar que havia me ensinado uma preciosa lição.

Da próxima vez que tivesse de escolher entre o amor e o ódio...

Eu escolheria o ódio.

Sem nem mesmo me virar para trás joguei o cigarro pela porta aberta. Este logo encontrou sua sina; na trilha de gasolina que banhava a agradável casa branca.

originais, fics

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