Nicholas Penny é o novo director da National Gallery, em Londres. O homem certo, no sítio certo, à hora certa - dizemos nós. Numa altura em que a maioria do público desconhecedor (onde nos incluímos, obviamente) é fortemente aliciado pelas grandes exposições, "blockbusters" que que se debruçam essencialmente sobre a arte do século XX, Penny assume as rédeas de uma instituição com a vontade de defender a denominada "alta cultura". E isto porquê? É simples. Demasiado simples. Qualquer leigo na matéria, hoje em dia, olha para o Picasso como os nossos pais olhavam para o Manet. Os cubistas, os dadaístas, os surrealistas e os futuristas fazem parte do passado, assim parecem fazer querer estas instituições e os seus responsáveis, mas há algo mais para além disso. Há séculos de história de arte que nos guiam até ao século XX, que nos explicam como chegámos até aqui. E exposições como "Duchamp, Man Ray, Picabia", actualmente em exibição na Tate Gallery, em Londres, são importantes para assinalar um momento fulcral na arte do século XX, mas, como diz Penny, não ensinam nada sobre arte. É necessário, em primeiro lugar, ter a mínima noção do que está para trás, conhecer os grandes Mestres, para perceber as vanguardas do último século e da verdadeira dimensão da revolução que aqueles artistas operaram na instituição arte.
Afinal, quantos de nós é que fomos ao Museu Nacional de Arte Antiga ver os Painéis de S. Vicente de Fora, por exemplo? E, já agora, quem é que ainda não foi ao Museu Berardo levar uma injecção de vanguardas?...
Pois bem, é aqui que entra Nicholas Penny, um profundo conhecedor do espólio que tem entre mãos. Alguém que aposta claramente na (re)educação de um público à nora, Fortemente influenciado por aquilo que lê nas revistas da chamada “cultura urbana” - uma estratégia pedagógica que permitirá reduzir custos, dar outra relevância à arte pré-seculo XX e, já agora, evitar os lugares comuns debitados por uma geração que se habituou a idolatrar apenas aquilo que se encontra à superfície. O povo agradece.