Oct 26, 2004 17:09
Colegas e amigos dizem que eu sou um bocado “Ninja”, isso pelo facto de eu aparecer sem ninguém reparar, e só vinte minutos depois se aperceberem que eu já lá estou, ou por me ir embora sem ninguém reparar, até ao momento em que me vão dizer qualquer coisa e eu já não estou lá. E tudo isso começa a fazer mais sentido quando se chega a uma paragem de autocarro onde está uma velhota sentada que também não deu por eu chegar. Uns 3 minutos depois é que olhou para o lado e viu-me ali em pé e ficou especada a olhar para mim, com ar de quem estava com medo de estar a ficar maluca e a tentar perceber de onde eu tinha caído. Velhos a olhar especados ainda é o menos, desde que não metam conversa… eu não quero falar com desconhecidos nas paragens de autocarro. Mas não tive sorte. A mulher pôs-se para ali a falar a dizer que ia morrer, e para eu a ajudar. Oh sorte, quer morrer que morra à vontade, agora estar a incomodar as pessoas é que não, só quero estar ali descansado e apanhar o autocarro para a escola. E lá continuou a mulher a morrer-se para ali toda como se não houvesse amanha, ou pelos menos para ela parecia que não iria haver, mas sempre a querer conversar. Lá chegou o autocarro finalmente e pus-me a caminho da escola. Fui a pensar que se calhar podia ter feito mais qualquer coisita pela mulher, coitada. Se calhar podia tê-la levantado do chão e ajudado a sentar no banco.
Gosto muito de afirmações tipo “No meu tempo não era assim” ou outras coisas afins de crítica à juventude. Mas não era assim o quê? Velhos a mijarem contra as árvores? Ou a masturbarem-se à janela a ver miúdas a passarem? E estou a falar de coisas verídicas. Tenham mas é juízo… e para aqueles mais tarados e parvalhões: Vão %#$=). E se tiverem dificuldades… usem viagra.
Ver as coisas como os espanhóis inclui mexer no objecto visualizado e isso é supostamente uma coisa negativa. Tomar banho à espanhol consiste em meter perfume. E temos ainda as outras tretas tipo “De Espanha, nem bom vento nem bom casamento”.
Ter que mexer nas coisas para as “ver” melhor, meter perfume quando não apetece tomar banho, ganhar o dobro dos gajos do país ao lado e não ser do mesmo país que a Linda Reis, pelo menos a mim, sinceramente, não me parece tão mau quanto isso.
É interessante ver, numa loja ao pé do estádio do Benfica, a necessidade que eles sentem em dizer que eles é que não são parvos, para manterem a distância. Só faltava apontarem discretamente para o estádio ao lado e disfarçarem.
Vá… 6 milhões a atacarem-me agora… o que vale é que ninguém lê isto.
Estava hoje no quarto e começa a minha mãe a chamar-me e a dizer para ver o que estava a dar na TVI. Pronto, já estava a ver que me estava a chatear para ver as figuras daquela coisa esquisita que está na moda… Admito que se fosse para ver o brasuca mandar uma pêra no gajo ficava satisfeito por ser avisado. Mas não, era para ver uma notícia do telejornal sobre uma velhota qualquer que morreu enquanto esperava na paragem do autocarro pelo transporte para casa. Realmente, coitada da senhora, é pena não ter havido ninguém por perto para a socorrer, ainda por cima numa cidade tão movimentada.