Em defesa de Sam Winchester

Sep 14, 2009 00:05

Título: Season Four Meta: Sam Winchester
Autora: quarterwhore
Link para ler o original em inglês: aqui



INTRODUÇÃO

Depois dos eventos na 4ª temporada de Supernatural, Dean sentiu como se já não conhecesse mais o irmão, resultando em uma reação em cadeia recíproca onde Dean afasta Sam e Sam se afasta em resposta, criando uma distância que caracterizou a relação dos dois na maioria da temporada.

Dean não é o único que se sentiu assim: muitos fãs se revoltaram com Sam conforme ele foi evoluindo para uma personagem cada vez mais moralmente ambígua. Seus sentimentos são verdadeiros e válidos, porque Sam não é o universitário da escola de direito nem o irmão pirralhento que nós conhecemos e amamos.

Dean: Eu não tenho mais certeza se ele é mais meu irmão. Se é que um dia ele foi.
Bobby: Seu filho da puta estúpido! Boo hoo. Sinto muito que você está de coração partido... princesa! Por acaso você acha que a família existe pra te fazer feliz? Talvez te assar uma torta de maçã? Família existe pra te deixar miserável. É por isso que é família. - Lúcifer Rising

INFERNO

Quando Dean foi para o inferno na terceira temporada, Sam ficou no seu próprio inferno particular. Quando Sam morreu em All Hell Breaks Loose pt 2, Dean vendeu sua almo porque ele acreditava que viver com seu irmão morto era um destino pior do que passar a eternidade no inferno, literalmente. E, como nós vimos em "I Know What You Did Last Summer" e pela própria confissão de Sam em "Lazarus Rising", Sam tentou vender sua alma porque ele acreditava no mesmo, mas nenhum demônio quis fechar o acordo. Então, de acordo com o Código Winchester, Sam ficou com a pior parte, porque eles preferem sofrer grandes dores físicas e mentais a ter que sofrer a perda do outro. Ninguém quer ser o último sobrevivente, porque isso significa ficar sozinho. Os quatro meses que Sam ficou sem Dean e até mesmo os meses que Sam passou por causa do Trickster em Mystery Spot, mudaram Sam tão irreparavelmente quanto os quarenta anos de Dean no inferno.

Inferno é um lugar sem esperança e de sofrimento. Ambos passaram pelo inferno, mesmo que Sam não tenha passado no sentido literal da coisa.

A PROFECIA QUE SE AUTO-CONCRETIZA

Mas vamos começar um pouco antes. Eu tenho essa teoria que, algumasvezes, as pessoas se tornam aquilo que você espera que elas se tornem. Apesar de não ser realmente minha teoria, é um conceito da psicologia chamado “A profecia que se auto-concretiza”. É um conceito auto-explicativo; uma profecia que se realiza por si mesma. Geralmente, como no caso do antigo mito grego de Oedipus, as ações tomadas para se prevenir que uma profecia se concretize são acidentalmente as que tornarão os eventos profetizados reais. Talvez porque Dean disse para Sam de seu destino na segunda temporada, tentando não concretizá-lo, ele tornou-o real. É como se fosse o destino dizendo “se fudeu”.

Dean: Você não sabe o que está fazendo Sam.
Sam: Sim, eu sei!
Dean: Então é pior ainda!
Sam: Por quê?
Dean: Porque não é algo que você está fazendo, é algo que você é! Significa que,,,
Sam: O quê? Diga!
Dean: Significa que você é um monstro.
-When the Levee Breaks

Então, Sam sente que está destinado a ir para o lado negro da força e que todos acham que ele é um monstro - poxa, todos realmente pensam que ele é. Eles trancam ele em uma cela e o deixam lá para desintoxicação, o que obviamente não funciona muito bem. Como os outros nos vêem faz parte de como nós desenvolvemos os conceitos de nós mesmos; em outras palavras, nós tendemos a deixar que outros definam nossos papéis. Os anjos, que são figuras celestiais que Sam rezava e acreditava, não o viam de um ponto de vista neutro, mas apenas como “o garoto com o sangue de demônio”. A rejeição dos anjos, provavelmente tanto quanto a rejeição de Dean, fez Sam acreditar em si mesmo como um monstro. Então, se as pessoas disserem para o Sam que ele é um monstro, eventualmente ele irá acreditar nisso. E então seu conceito de si mesmo irá mudar radicalmente, afetando sua visão de mundo para tudo e influenciando suas ações. Essencialmente: porque as pessoas disseram ao Sam que ele é um monstro, ele virou um. Ninguém acreditou no Sam; o que dificultou ainda mais para que ele acreditasse em si mesmo.

Sam: Você acha que eu vou virar um deles, não acha? Você acha que eu vou me transformar em um monstro.
Dean: Eu acho, ok? Eu acho!
-Monster at the End of This Book

Sam acredita em destino, e a profecia que se auto-concretiza é geralmente lançada acidentalmente por pessoas que acreditam em predestinação, porque suas crenças alimentam as profecias e o destino mexe com elas.

O que o profeta escreveu não pode ser apagado. Como ele viu, deverá acontecer. -Castiel, Monster at the End of This Book

DESISTINDO
Apesar de tentar fugir de seu destino, bem lá no fundo, ele sente-se incapaz de mudar o inevitável. Ele acredita cada vez mais que ele está destinado a ir para o lado negro e que não há como escapar disso, o que enfraquece sua determinação em tentar mudar o que ele vê como impossível de ser mudado. Para ele, a batalha já está perdida antes mesmo de ter começado, porque resistir contra o destino é inútil no seu ponto de vista.

Sam: Eu sinto muito. De verdade. Mas a vida não aconteceu do jeito que você achou que aconteceria quando você tinha 14 anos. Nós nunca vamos ser normais. Nós nunca vamos escapar disso. Cresça.
Wee!Sam: Talvez você esteja certo. Talvez não há como escapar. Afinal de contas, como você pode fugir de algo que está dentro de você?
-When the Levee Breaks

"É mais do que isso, não é? É porque durante a sua vida inteira você sentiu que era diferente. Não estou certo? E você não é diferente porque era uma criança solitária ou por causa da sua família estranha. É porque você é um monstro." - Dean Winchester da alucinação do Sam, When the Levee Breaks

"Não percebe? Pra sempre. Os demônios nunca vão parar. Você nunca poderá estar com a sua família. Então, você se afasta deles o máximo que puder. Ou você enfia uma bala na sua cabeça. E é assim que você mantém a sua família a salvo. Mas não tem como escapar e não tem como voltar pra casa."
-Sam Winchester, The Rapture

No meio dessas falas, podemos perceber algo importante: Sam nunca se sentiu normal e tem certeza que nunca será. Ele sente que é diferente desde que era uma criança e sente que sempre foi o monstro que ele se vê agora. Ele teme que não pode fugir de quem ele sempre foi. Fugindo de si mesmo é um negócio arriscado, pra onde quer que você corra, onde quer que você se esconda, lá estará você. Para Sam não há saída. Não há como voltar pra casa. E não há como se esconder de quem (ele acha que) ele é. Então, ele desiste.

Aquela última fala de The Rapture é um exemplo de projeção, um mecanismo de defesa que nega seus próprios sentimentos ou pensamentos colocando-os em outra pessoa/coisa; nesse caso, Sam está projetando sua incapacidade e noções de se entregar a uma tarefa no Jimmy. Sam poderia muito bem estar falando de si mesmo do que do Jimmy. Os demônios nunca vão parar de ir atrás dele. Também a razão, em parte do Sam ter se distanciado do Dean nessa temporada, era para protegê-lo; ele diz pra si mesmo para “se afastar o máximo possível” para “manter sua família a salvo”. A outra razão era para se proteger, se afastando de Dean e sua desaprovação.

BRINCANDO COM FOGO
Dean surtou quando ele descobriu que o Sam estava usando seus poderes e surtou de novo quando soube do sangue de demônio. Mas as ações do Sam não são tão simples assim. Ele quer ficar mais forte, mas ele acredita que isso é necessário para salvar o mundo, o que, vamos admitir, é uma motivação bem efetiva. Existem dois ditos populares que descrevem bem o Sam da quarta temporada: “os fins justificam os meios” e “de boas intenções o inferno está cheio”. Os telespectadores precisam se lembrar que por três temporadas Sam resistiu bravamente e negou seus poderes demoníacos. Ele não os queria, não pediu por eles, mas a vida tem o hábito de dar justamente as cartas que o Sam prefere descartar. Ao invés de descartá-las, ele tenta fazer o melhor que pode com elas. Cada moeda tem dois lados; fogo pode trazer calor e luz no frio da escuridão, mas também pode queimar cidades inteiras. E ainda assim nós ainda acendemos velas em nossas casas e fazemos fogueiras em acampamentos, mesmo sabendo que o fogo é uma força incontrolável que pode queimar nossa casa ou uma floresta inteira.

"...mas você- você tem o poder de tornar isso um dom. Você pode usar isso contra eles."
- Mary Winchester da alucinação do Sam, When the Levee Breaks.

Sam também está brincando com fogo. Ele está usando algo que é naturalmente destrutivo e perigoso e tentando domá-lo para usá-lo para o bem. Como o fogo dele pode ser diferente do nosso?

QUEM ESTÁ NA CHUVA...

É pra se molhar. Ele já avançou tanto que sente que não tem mais como voltar atrás, porque então ele terá comprometido sua moral e ética por nada. Em Lucifer Rising, como ele poderia ter parado, depois de tudo o que ele fez para chegar até lá? É como nadar, nadar e morrer na praia. Para conseguir matar Lilith ele fez coisas horríveis, então ele está decidido a terminar o serviço, senão, apenas para justificar suas ações e provar para si mesmo que era a coisa certa a se fazer (o que não era, mas...).

"Você se tornou uma aberração. Um monstro. E agora não vai atacar? Me desculpe, mas, honestamente, isso é adorável."
-Lillith, Lucifer Rising

RACIONALIZAÇÃO

Sam: Que escolha eu tenho? Se vai me ajudar a matar Lilith e evitar o Apocalipse--
Chuck: Eu achei que esse era o trabalho do Dean. É o que os anjos estão dizendo, não é?
Sam: O Dean não está…ele não está Dean ultimamente. Desde que ele saiu do inferno, ele... ele precisa de ajuda.
Chuck: Então, você vai carregar todo o peso das obrigações dele?
Sam: Bem, durante toda a minha vida ele sempre cuidou de mim. Pensei que pudesse retribuir o favor.
Chuck: Claro que você pode. Quero dizer, se é isso que você está fazendo.
Sam: O que mais poderia ser?
Chuck: Eu não sei. Talvez o sangue de demônio faz você se sentir mais forte? Mais em controle?
Sam: Não. Isso não é verdade.
-The Monster at the End of the Book

Editado: RACIONALIZAÇÃO

demonalove disse algo interessante: que Sam é o que nós chamamos de “serial justification-ist” (traduzindo literalmente, seria um cara que se justifica em série, está sempre se justificando), se referindo ao mecanismo de defesa da racionalização no qual as pessoas explicam o inaceitável com suas desculpas para justificar suas ações para si mesmas. Esse é o termo exato para o que Sam faz; ele racionaliza seu comportamento para se sentir justificado. Isso o torna correto? Não. Mas, na cabeça do Sam ele convenceu a si mesmo que é a coisa certa a se fazer, o que alivia mais ou menos sua culpa. Mas, o ponto chave da racionalização é que ela é difícil de manter, porque a realidade não pode ser negada ou ignorada por muito tempo. Quando Sam diz para Chuck que não é verdade, que ele não está fazendo isso por causa de como isso o faz se sentir, ele está na verdade tentando se convencer mais do que ao Chuck. No fundo, ele sabe, mas ele não consegue encarar a grandeza das próprias ações. /Editado

CONFIANÇA

Outros aspectos da personagem de Sam na quarta temporada que são encarados com desaprovação são seus segredos e suas desconfianças de quase todos, incluindo Dean. Mas, você tem que lembrar que eles estão no meio de uma guerra. Fidelidades e alianças não são claras, tanto entre anjos como demônios, e é difícil saber que é digno de confiança e quem é um mentiroso sujo sem caráter. Ele certamente não pode ir com os anjos, porque, para eles, ele é o “garoto com o sangue de demônio”. Além do que, até mesmo os anjos tem rebeldes na linha de frente, como Uriel, fazendo-os menos dignos de confiança do que nunca. A associação de Dean com os anjos, que cresceu durante a temporada, o deixou mais distante de Sam, dificultando a aproximação dos dois. Antes, eles alienaram Sam da mesma forma que a associação de Sam com a Ruby alienou Dean.

"Qual é, Bobby. Eu nunca confiei neles. Quero dizer, eles parecem suspeitos políticos do planeta Vulcano." -Dean Winchester, When the Levee Breaks

Confiança é algo extremamente frágil e, diante de alguns confrontos vistos na quarta temporada, não é difícil de entender que os mesmos a destruiram e quebraram em fragmentos de confiança, para depois salgar e queimá-la. Dean se sente traído e Sam sente que Dean não o aceita, e os dois estão certos.

Sam: Olha, minha vida inteira você sempre tomou as decisões, sempre mandou em tudo e eu sempre confiei em você porque você é meu irmão. Agora, eu estou te pedindo, apenas essa vez, confie em mim.”
Dean: Não.
-When the Levee Breaks

Por outro lado, Ruby não olha com desprezo para Sam como os anjos e Dean o fazem. E isso é muito mais do que a fração de aceitação que Sam conseguiu dos outros, então, é tão incrível assim ele ter se voltado pra ela? Especialmente quando ela grudou nele quando ele estava vulnerável após a morte de Dean e Sam não estava em posição para resistir a menor das tentações de companheirismo e conforto que ele tanto precisava. Foi uma sedução lenta - demorou uma temporada e meia, tragédia, e uma porrada de manipulação para culminar na confiança de Sam em Ruby. E então, Dean volta, e ele não é o mesmo; nem Sam. Eles não conseguiram voltar a rotina antiga, porque os dois mudaram muito para voltar. Isso estressou severamente e quebrou a relação deles, piorou com segredos de ambos os lados e as interferências do céu e do inferno.

VÍCIO

Muitos fãs perderam a fé em Sam depois que descobriram que ele estava bebendo sangue de demônio para aumentar seus poderes. É o fato dele estar bebendo sangue que enojou os fãs? Seria melhor se ele tomasse uma pílula de sangue, ou uma injeção ou qualquer outro método menos grosseiro?

Como Sam poderia resistir? A força de vontade humana não é tão forte assim, como Dean provou quando ele saiu da tortura para torturar outras almas e gostou disso. Eu não o culpo por isso. Sua dor física e mental foram enormes. Dor aparece de diversas formas e todas são válidas, mesmo quando elas não deixam marcas visíveis. Como resultado de sucumbir à sua dor emocional, Sam viciou-se em sangue e gostou disso e eu não o culpo por isso também. Não é que Sam não foi forte - é que o vício foi mais forte.

“E se Dean estiver certo? ... Se isso for mais forte do que eu?"
-Sam Winchester, When the Levee Breaks.

Sam sucumbiu aos seus poderes e começou a gostar de usá-los, a se viciar neles. Ele gostava disso e estava aterrorizado em admitir isso para si mesmo (ou Chuck), mas o poder é uma droga potente. Nós devemos tratar o vício por sangue de Sam da mesma forma que tratamos qualquer outro vício por drogas, porque Sam é, para todos os efeitos, um viciado em drogas. É importante lembrar que a maioria dos viciados não cheira heroína para tentar evitar o apocalipse, mas o fato de que o Sam é viciado permanece. E, para piorar seu vício, “traficantes” como Ruby o rodeiam. Até mesmo Castiel, que luta com sua compaixão e senso de dever, ajuda a sabotar a tentativa de desintoxicação de Sam, agindo como um “traficante”.

"Onde diabos você está, Ruby? Isso não tem mais graça. Eu estou seco. Pare tudo o que estiver fazendo e me ligue... eu preciso de mais."
-Sam Winchester, The Rapture

Editado 2: GAROTA EM COMA / NECROFILIA

Há muita controvérsia com relação a Ruby nessa temporada, especialmente no debate da garota em coma/ necrofilia. Eu (tentarei) defender a situação como eu acho que Sam defenderia, apesar da minha opinião pessoal. Primeiro: garota em coma. A “Fulana” estava em coma e seu coração já havia parado quando Ruby a possuiu. Para todos os efeitos, Fulana morreu naquele dia, o seu corpo só funcionou porque Ruby o controlou. Sam não acha que a garota acordou enquanto Ruby estava em seu corpo, porque houve um micro segundo em que a Fulana deixou o corpo e Ruby entrou. Ele acredita que a Fulana está descançando em paz na sua pós-vida escolhida. Ainda não é o jeito certo e respeitoso de se tratar o corpo de alguém, mas eu não acho que ela teve que ficar pra ver o que aconteceu. Além do mais, se ela ainda estava viva, quer dizer que Dean a matou no final da temporada, e ninguém se preocupou em chamar aquilo de assassinato.

Então, basicamente, Ruby invadiu um corpo inabitado, o que não é certo, mas é como Sam provavelmente justificou para si mesmo. Imagine como se fosse um apartamento. Talvez nós ficamos insensíveis à morte, mas não ao sexo.

Certo, o que me leva ao tema da necrofilia. SAM NÃO É UM NECRÓFILO. “Necro” é grego para “morto” e “filia” é grego para amor - é essencialmente, amor por corpos mortos, no qual alguém se sente atraído por um corpo morto. É como um fetishe por corpos onde Ruby está viva e pode ser morta (com a faca ou a Colt), e seu corpo está quente e respirando, fazendo com que ela pareça bem viva.

Eu sei que estamos andando em uma linha muito fina aqui, mas Sam regularmente anda em linhas finas entre o certo e o errado. Ele fez a Ruby voltar e arranjar um corpo mais “apropriado” que não estivesse completamente vivo e consciente, porque se a pessoa não estivesse “lá” ele poderia justificar para si mesmo e Sam leva muito a séria sua racionalização. Então, Sam fudendo com ela não era certo, mas eu não vejo isso como estupro ou necrofilia. Não é certo, mas não tão errado como algumas pessoas estão pensando.
/Editado 2

REABILITAÇÃO OU CONFINAMENTO EM SOLITÁRIA?

De volta ao vício do Sam. Dean, a única esperança de Sam para ajudá-lo a livrar-se de seu vício, o coloca em quarentena. Eu nunca estive em um programa de reabilitação, mas eu tenho certeza que não se baseia em trancar a pessoa em um quarto com mínimo de contato até as alucinações e convulções da abstinência deixarem o paciente inconsciente. Isso prova o quão poderoso é o vício de Sam - não estamos falando de tremedeiras depois de largar o cigarro, estamos falando de convulções detonando o corpo todo.

Sam: Então, uh, qual é o grande problema demoníaco?
Bobby: Você é. Isso é para o seu próprio bem.
-The Rapture

Dean estava tentando fazê-lo parar, mas ele errou totalmente no caminho. Parar um vício tão poderoso de forma abrupta raramente dá certo porque o corpo (e a mente) encontra mudanças rápidas e impactantes difíceis de se ajustar. Seria muito melhor e com maiores chances de sucesso, se Dean tivesse dado gradualmente cada vez menos sangue a ele, mas eu entendo a urgência da situação.

“Porque você deixou Sam Winchester escapar? ... Ele está bebendo sangue de demônio! É muito pior do que imaginamos. Dean estava tentando fazê-lo parar.”
-Anna, When the Levee Breaks

Defendendo Dean, ele não é um médico e mesmo se fosse, não há vacina para o sangue de demônio, então, é compreensível que ele estivesse sem saber o que fazer. Mas toda essa parada de Doctor-Phil-mais-Judge-Judy de amor de macho não dá certo com Sam e Dean continua cometendo esse mesmo erro. Em contrapartida, Ruby mostrou afeto e compaixão que não eram nem verdadeiros quando Sam estava o mais miserável possível e ganhou facilmente sua confiança. Não é culpa do Dean se ele não soube como lidar com seu irmão noiado quando Ruby soube, é apenas uma circunstância infeliz que os irmãos ficaram tão distantes quando eles mais precisavam estar juntos.

“Eu sei que você está com raiva, Dean. Eu entendo, você tem o direito de estar, mas só estou dizendo, seja bom para ele de qualquer forma. Você tem que chegar até ele.”
-Bobby Singer, When the Levee Breaks

OS CRÉDITOS PERTENCEM AQUELE QUE REALMENTE LUTOU

É fácil sentar nos nossos sofás e criticar o Sam pelas suas escolhas e ações, porque nós não estamos no lugar dele. Há um conceito em psicologia chamado actor-observer bias (drika: eu não faço idéia de como seja o nome do termo em português, se alguém aqui for psicpólogo, pode dar uma mão. Mas a tradução literal da coisa seria “preconceito do observador de ator”) (relevante para a atribuição fundamental de erro, na qual é crucial em destacar a importância das circustâncias envolvendo Sam), na qual basicamente diz que é fácil subestimar os efeitos que uma circusntância tem nas ações de uma pessoa quando se está vendo de fora. Mas não é o crítico que conta.

O que Sam poderia ter feito de diferente, realmente? Voltando atrás, parece simples - faça isso, não faça aquilo - mas assim é como se fosse fazer um teste com o gabarito do lado. A vida só pode ser vivida uma vez, sempre pra frente, sem voltar no tempo. Sam teve que agüentar a interferência tanto do céu como do inferno, resistir a tentação do sangue de demônio, achar um jeito de matar Lilith, consertar sua relação com o irmão e parar o apocalipse. Ele apenas foi bem sucedido em uma dessas coisas, mas sabendo o que Sam sabia, sentindo o que Sam sentiu, alguém teria agido diferentemente?

Chuck: Eu nem escrevi isso nos livros. Eu fiquei com medo de que isso o fizesse parecer... desumano.
Sam: Desumano?
Chuck: Sim, claro, Sam. Chupando sangue? Você deve saber que isso é errado.
Sam: Isso me assusta muito. Eu sinto isso dentro de mim, eu- eu daria tudo pra poder parar.
-Monster at the End of This Book

Sam não é perfeito, de forma alguma. Ele não é o mesmo, não há dúvidas nisso. Mas ele não merece ser culpado por tudo o que culminou fora do controle dele. Ele é apenas um homem, um homem que já resistiu e sofreu mais do que a sua cota. Como alguém pode passar pelo o que os Winchesters passaram e não mudar?

Há uma preocupação de que as ações do Sam tenham transformado-o, de alguma forma, em um monstro. Mas sua luta - uma luta contra si mesmo, contra a tentação - é uma luta muito humana, apesar dessa luta ser inútil no final. Mas algumas vezes são os meios que justificam os fins.

Eu fiz a tradução para a comunidade SPN Slash, no orkut. Quem quiser dar um toque sobre algum erro de tradução ou melhor interpretação de conceitos, sinta-se a vontade. ;)

supernatural, meta, tradução

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