Título: Fome Youkai - cap 6: Saciados
Autora: Umi no Kitsune (
driadurens@hotmail.com)
Disclaimer: YuYu Hakusho e suas personagens são propriedade de Yoshihiro Togashi.
Avisos: Yaoi. Se você gostou da fic e a quer em seu site, por favor, peça permissão.
Comentários: É o fim da fic. A fome acabou...^^ Espero que, no final, você se sinta saciado (se bem que eu acho que você já saciou a sua fome com outras fics faz tempo, não? ^^") Eu peço mil desculpas pela demora na conclusão dessa fic. *drika se ajoelha e junta as mãos pedindo perdão* Mas eu terminei. Não disse que iria terminar? Então, terminei. ^_^ *drika sentindo orgulho de si mesma* Adoro cumprir promessas! :P O mesmo acontecerá com todas as minhas outras fics... eu só preciso de tempo (coisa que não tenho... ;_;) para poder sentar calmamente na frente do comp... e não fazer trabalhos de faculdade, claro. =.="
Mais comentários: Pois é... essa fic foi concluída quando eu ainda estava na facu. ^^ Por que demorei tanto assim para postar o final? Porque eu esperava que outras pessoas postassem isso. Mas acho que não será mais possível. Então... ^_^
Hiei não precisou ouvir mais nada.
Agarrou o humano pela cintura e, com um movimento elegante e amplo de suas asas, voou alguns centímetros acima do chão.
"Kurama!", alguém gritou, entrando na cela pela porta que ainda estava se abrindo, lenta e ruidosamente graças as plantas agarradas ao metal.
Hiei pressentiu que essa pessoa seria uma ameaça aos seus objetivos e, antes mesmo que ela pudesse dar dois passos, ele estendeu um braço, jogando-a contra a parede da cela.
"Saiam do meu caminho!", ele gritou ao ver outras pessoas próximas à porta, lançando um feixe de fogo na direção delas.
Com sua presa bem segura em seus braços, Hiei bateu fortemente as asas, erguendo uma nuvem de poeira ao seu redor. Um pouco antes do fogo de seu golpe anterior extinguir-se, ele voou rapidamente, passando pela estreita porta, sentindo suas asas roçarem contra o metal e os espinhos, a ponta delas batendo contra os outros youkais que estavam na sala.
Fora da cela, ele ignorou todos os gritos e golpes mínimos lhe atingiam, explodindo paredes e portas, voando sem olhar para trás, até encontrar o céu nebuloso e com raios constantes do céu de Gandara.
Ganhando altura e velocidade cada vez mais, acostumando-se com o peso nas costas e nos braços, Hiei voou para longe, escondido entre as negras nuvens, sendo iluminado apenas por um ou outro raio. Ele fugia dos outros youkais porque queria o seu humano só para si, iria saciar a sua fome sem ser perturbado por mais ninguém.
Ele olhou para o humano em seus braços. Alguma coisa nele o atraía... Não... não era atração... era como se Hiei caísse de um precipício cada vez que olhava para ele. Era uma queda sem fim, seu corpo sendo pressionado para alto e mesmo assim indo para baixo, para um abismo profundo. Ele podia sentir isso, essa sensação de impotência com o que quer que fosse que ligava ele ao humano.
Parecia até um pecado comer algo tão lindo... algo que parecia ser... tão seu.
"Kurama...", Hiei franziu o cenho, confuso com o que acabou de dizer. Seria esse mesmo o nome do humano? Kurama?
Como resposta, a cabeça ruiva se ergueu e Hiei se viu preso pelos olhos verdes, que o encaravam pacientemente. Sim, tinha que admitir. Era estranho um humano tão excepcional como ele simplesmente se entregar assim para um youkai. E realmente seria terrível ter que matar algo tão belo. Um ser que o fazia ter sensações tão estranhas e, ao mesmo tempo, tão familiares.
Sem perceber, Hiei aproximou o rosto do humano, sentindo a maciez dos lábios dele contra os seus, a umidade e o leve sabor que só um humano como ele poderia ter. Talvez... quem sabe... poderia poupar esse humano, não? Seu estômago parecia gritar que não, que deveria saciar a fome logo de uma vez. Mas... seria tão difícil assim encontrar outro humano? Poderia esperar mais um pouco...
"Hmm... Hiei...", Kurama sussurrou o nome dele, abrindo os lábios para o koorime.
Além do mais, mesmo sabendo que comer da carne desse humano seria algo mais agradável do que qualquer outro banquete, se o comesse... nunca mais sentiria satisfação, pois nada poderia se comparar a ele. Hiei confirmou suas suspeitas mordendo o lábio do humano e provando seu delicioso sangue. Impaciente, sua fome pedia por mais, mais sangue, mais carne.
Hiei contemplava as possibilidades, julgando o que seria mais importante. Sua fome youkai ou o desejo de ter esse humano para sempre ao seu lado? Não seria para sempre... ele ponderou, um pouco irritado, diminuindo a velocidade do vôo lentamente, enquanto procurava um lugar para pousar. Humanos vivem tão pouco. Morrem muito cedo. E quando morrem a carne já está dura e sem gosto. Seu humano, por mais fantástico e belo que fosse, iria perder tudo isso que tinha um dia...
"Hiei?", Kurama o chamou, ganhando sua atenção, "Você vai morrer se não comer logo...", ele sussurrou, sabendo que era ouvido mesmo com o uivo do vento entre eles.
Tomando uma das mãos de Hiei, Kurama a levou até seu peito, abrindo as bandagens que os médicos de Yomi tinham lhe colocado, "Sinta, Hiei... Sinta...", guiando lentamente a mão do koorime, Kurama a ergueu até o próprio pescoço, descendo até o abdômen marcado, "Sinta o meu corpo, Hiei... Você precisa comer... coma..."
Kurama sabia o que estava fazendo. Ele sabia o que tinha que fazer há muito tempo, desde que Yusuke conversara com ele e também depois que Koenma lhe explicara as possibilidades existentes. Na verdade, ninguém sabia ao certo que deveria ser feito e o que iria acontecer. Estavam seguindo cegamente os passos mais óbvios... mesmo que fossem mortais.
Hiei morreria de qualquer jeito. Se tivesse comido antes de se transformar poderiam ter dito uma chance... mas... Agora, seu koorime de fogo não era mais seu. Não era mais o Hiei de antes. Era uma besta descontrolada que desejava apenas saciar a fome. Não haveria mais volta.
Se Hiei comer, eventualmente, ele irá morrer, como todos os youkais enlouquecidos que não conseguem controlar a enorme quantidade de youki que recebem depois de transformados. Se não comer, morreria também, como todo o youkai, enlouquecido ou não, de fome.
A única solução, para Kurama, já estava bem clara e definida.
O humano gemeu ao sentir as unhas de Hiei fincando-se na sua pele. Kurama fechou os olhos e jogou a cabeça para trás, expondo o pescoço fino e alvo. A lágrima-jóia negra em seu pescoço estava pendurada nas suas costas, escondida entre o cabelo ruivo. Um simples mas sensual movimento de mão de Hiei, enlaçando o delicado pescoço nos dedos, fez com que o cordão se rompesse ao encontrar uma das unhas afiadas.
Hiei olhou faminto para o pescoço do humano, não percebendo o brilho que a lágrima-jóia irradiou enquanto caía próxima a um raio, afastando-se dos dois, perdendo-se para sempre deles. Kurama, por sua vez, mal teve tempo de se preocupar com algo tão precioso para ele e seu koorime, pois, segundos depois, já tinha seu pescoço perfurado pelos caninos de Hiei.
Kurama sentiu que deveria estar gritando não fosse os dentes afiados que sentia dentro da carne, dentro da própria garganta, interferindo na sua respiração. Logo o sangue fez-se presente, saindo em gotas grossas e rubras entre os dentes de Hiei, esguichando dentro da sua garganta, escapando pelas laterais da boca.
Pousando devagar no chão, Hiei soltou o pescoço de Kurama, engolindo o máximo de sangue que pôde no processo. Silencioso, o ruivo não se mexeu, deixando que Hiei fizesse como bem entendesse. Apenas abriu os olhos, encarando seu koorime de fogo, tão diferente, armando a mão para que pudesse atacar o abdômen.
A mão de Hiei foi enterrada até o pulso dentro de Kurama. O corpo dele curvou-se para cima quando Hiei ergueu-se novamente, ainda dentro da carne quente, puxando um feixe vermelho de carne. Quando o músculo se soltou, como um elástico que se arrebentava, o corpo voltou a cair no chão, pesado, sangrando.
Hiei deu-se ao luxo de fechar os olhos e saborear o sabor do pedaço em sua boca, mastigando devagar e engolindo com gosto. Lambendo os lábios satisfeito, ele já sabia o que gostaria de fazer.
Sentando-se nas pernas do humano, Hiei inclinou o corpo e, com a boca mesmo, começou a morder Kurama, começando da região do baixo-ventre, diretamente na carne, sugando o sangue e mastigando ali mesmo, como um animal.
Lentamente, Kurama ergueu uma mão, trazendo uma pequena folha entre os dedos. Sorrindo, ele acariciou os cabelos de Hiei, que ocupava-se de comer a carne das laterais do seu quadril, escondendo os dedos entre os fios negros.
"Hiei...", ele murmurou, muito baixinho.
Sem parar de morder e comer, Hiei foi subindo pelo torso de Kurama, aproveitando cada pedaço que encontrava, deixando um rastro de pele rasgada e músculos dilacerados. Mas não era uma visão tão assustadora. Porque, rapidamente, o sangue escapava e cobria toda e qualquer deformação... Em instantes, Kurama estava coberto de sangue, um sangue grosso e rubro, que lhe dava um aspecto liso e brilhante, quase plástico.
Hiei também estava coberto de sangue. Em seu rosto, apenas o branco dos olhos se diferenciava do vermelho dos olhos e da pele, machada, que pingava pela ponta do queixo e do nariz quando ele erguia a cabeça para mastigar um pedaço de carne particularmente grande. Seus braços também já estavam vermelhos e o próprio peito começava a manchar-se de tanto que Hiei inclinava-se sobre o corpo aberto de Kurama.
Apenas suas asas, negras e enormes, abertas sobre os dois, mantinham-se limpas, logo acima de toda a cena, deixando em sombras seu dono e sua presa.
Hiei chegou ao pescoço novamente, mordendo mais pedaços pequenos, até chegar ao queixo, onde, de repente, ele parou e, admirado, contemplou os lábios partidos de Kurama, tingidos de sangue. Como que hipnotizado, ele engoliu o último pedaço de carne que estava em sua boca e lambeu os próprios lábios, sentindo o gosto fresco do sangue, sem tirar os olhos da beleza que ainda insistia em exibir-se na sua frente.
Ele sentiu-se mais compelido a amar do que a comer.
Afinal, estava mesmo caindo em um abismo, ele pensou enquanto inclinava-se novamente sobre o ruivo, só que dessa vez para beijá-lo com força, com vontade... com paixão, sem deixar de chupar o sangue que insistia em sair pela boca, vindo da garganta perfurada.
"Kurama...", ele disse, meio desesperado, entre os beijos, segurando a cabeça inerte do humano nas mãos, mantendo-a no ângulo adequado, "Kurama...", Hiei percebeu que gostava disso, de ouvir o nome dele saindo de seus lábios.
E foi então que, no meio dos beijos, enquanto sussurrava o nome desse estranho humano, que estava matando lentamente, Hiei chorou. Primeiro foi uma lágrima pequena, muito pequena. Deslizou rapidamente pelo seu rosto, misturando-se com o sangue de Kurama e caiu como uma jóia maculada, com pequenas faixas rubras manchando o negro.
Depois, duas lágrimas, manchando-se também e caindo imperfeitas na grama, no meio do cabelo ruivo e desalinhado de Kurama. Em segundos, todas as lágrimas caíam, perfeitas e negras, formando-se em jóias logo que escapavam da prisão de cílios espessos.
"Kurama... Kurama...", Hiei soluçou, percebendo, finalmente, que estava chorando.
Sem entender, o koorime deitou-se sobre o corpo de Kurama, surpreso por estar cansado. A fome já não era tão importante, de repente, não era tão forte... apenas um pequeno incômodo dentro de seu estômago. Mas ele não entendia... por que as lágrimas caíam?
"Kurama...", ele sussurrou mais uma vez, sentindo que a mão de Kurama ainda estava no topo da sua cabeça, os dedos movimentando-se muito devagar, quase imperceptivelmente, "Você vai morrer...", Hiei constatou, olhando nos olhos já sem vida do humano, "Eu não quero isso... não quero que morra..."
Hiei ergueu-se de repente, observando o que tinha feito, mas mal podia enxergar mais do que uma sombra rubra no meio do verde da grama, tantas eram as lágrimas que insistiam em escapar de seus olhos.
"O que fez comigo... Kurama?", ele disse, beijando o humano mais uma vez, "Eu acho que te amo...", ele concluiu, aninhando-se no meio da carne e do sangue, da grande ferida que ele mesmo fizera enquanto comia, suas grandes asas cobrindo-os protetoramente, escondendo-os em sombra, "Acho que quero... morrer com você.", ele pegou a mão de Kurama do chão e a levou novamente para a sua cabeça, "Me tire daqui, raposa."
Kurama sabia o que tinha que fazer há muito tempo. A única solução aceitável estava bem clara e definida. Hiei iria morrer. Então, ele iria também. Não poderia deixar que Hiei matasse nenhum humano... que não fosse ele mesmo. E ele não poderia deixar que Hiei morresse lentamente... ele mesmo iria matá-lo.
Kurama sabia o que tinha que fazer, quando escutou, muito vagamente, o sussurro de Hiei. Estava esse tempo todo segurando a energia que depositara na pequena folha, agora bem escondida entre os cabelos de Hiei. Ao escutar o pedido, ele sabia que podia descansar, finalmente, morrer... e matar.
O sussurro escapou quase que por acaso, quando, finalmente, Hiei voltou a sanidade. Mas, mesmo assim, já era tarde demais até mesmo para sentir culpa pelo ocorrido.
Como uma aranha gigante, a pequena folha de grama, escondida entre os fios negros do cabelo de Hiei, cresceu. Compridas e finas, suas folhas foram cobrindo os dois amantes completamente, envolvendo-os de verde como em um abraço, até que mais nenhum traço de sangue ou negro pudesse ser visto.
E... quando tudo ficou silencioso, os dois lacrados em folhas, caules e raízes... quando poderia se pensar que tudo estava acabado, a pequena folha retraiu-se, apertando o conteúdo dentro de si, esmagando peles, carnes e ossos tão fortemente que em segundos, como uma bomba, ela e seu conteúdo explodiram.
Porém, apenas pedaços de folhas, caules e raízes foram atirados ao chão. Pequenos confetes verdes, amarelados, marrons caindo sobre o chão. A floresta estava como antes, verde e impecável.
Um raio iluminou toda a floresta. Seu brilho intenso refletiu rapidamente sobre pequenas jóias negras na grama, que, segundos depois, na escuridão, voltaram a se esconder.
A história acabou. A fome acabou.
Fim
N/A: *drika vira a mão em concha para baixo e começa a cantar* Quem quer me matar põem o dedo aqui, que já vai fechar! Um, dois, três! *drika mal consegue fechar a mão de tantos dedos que estão apontados para a sua palma* Er... ^^", vale dizer "desculpa" agora? ^____^"