Sep 03, 2008 20:07
House questionou o amigo, pressionando-o com o intuito de obrigá-lo a contar-lhe a verdade, mas James fora esquivo em todas as ocasiões. Disposto a descobrir a verdade, não restara a House outra alternativa que não seguir o amigo para, enfim, descobrir a identidade daquela que poderia vir a ser a quarta senhora Wilson.
Quando ele chegou àquele restaurante sabia que Wilson ficaria mais do que irritado ao descobrir que fora seguido. O seu humor sarcástico, portanto, já estava preparado para responder às reclamações de James. Entretanto, sua disposição para zombar do novo relacionamento do amigo fora completamente extinta no momento que ele viu quem era a nova namorada de Wilson: CTB.
Amber!!! Nunca House poderia ter pensado nela como sendo a mulher com quem Wilson estava se relacionando. Ela não era o tipo de mulher por quem James se sentia atraído. Ele gostava das carentes, das princesas em apuros, presas em suas torres, e que necessitavam do resgate do bravo oncologista em seu jaleco branco. CTB fugia completamente a esse padrão e foi impossível a House não externar a sua surpresa naquele restaurante. Aturdido, ele não conseguiu desempenhar a ceninha que tinha planejado. Após o embate, não restara a ele muito o que fazer além de ir para casa e tentar processar a descoberta que acabara de fazer.
House não gostava de novidades. Não gostava do inexplicável. E a mudança de padrão de Wilson era algo que o intrigava. Ele sabia que Wilson estava envolvido com alguém. Esperava que a tal mulher fosse mais uma das donzelas em apuros que o bravo médico tão bem resgatava de suas existências melancólicas. Essas mulheres, logo que adquiriam novamente suas auto-confianças, passavam a ser negligenciadas por aquele que havia sido o seu bravo salvador. House nunca temera nenhuma delas. Elas não consistiam ameaça à sua amizade com Wilson. Mas agora ele já não podia mais ter essa certeza.
CTB não se encaixava no rol de mulheres necessitadas que haviam desfilado pela vida de James. Ela era uma mulher forte, ambiciosa, disposta a sacrificar tudo e todos para conseguir aquilo que desejava. Ela havia dado provas disso durante o tempo em que trabalhara para ele. E, por conta disso, House fora, de alguma maneira, capaz de respeitá-la. Mas nada disso ajudava-o a entender o que fizera com que Wilson se sentisse atraído por ela, quando todos sabiam que as mulheres de Wilson sempre necessitavam dele antes mesmo de chegar a amá-lo e que ele, James, adorava o seu papel de cavalheiro salvador. Ele havia até mesmo se envolvido com uma paciente com câncer terminal, ora!
Parecia que o mistério de toda aquela situação fazia com que sua perna começasse a incomodar mais ainda. Ele andava em círculos pela sala do apartamento em busca de uma epifania que fosse capaz de desvendar-lhe a lógica do novo relacionamento de Wilson. Como ele não acreditava em nada que caísse do céu, sabia que ficar ali, remoendo sozinho o que o perturbava tanto não ia ser nada útil para resolver o enigma e, por isso, bateu a porta do apartamento, subiu na moto e se dirigiu ao hotel de Wilson, disposto a exigir do amigo uma explicação convincente.
Wilson estava quase dormindo quando ouvira as insistentes batidas em sua porta. Levantou-se para atender, se perguntando quem poderia ter vindo incomodá-lo a uma hora daquela. Infelizmente, ele tinha um palpite sobre a identidade de seu visitante e não ficou nada feliz em confirmá-lo, ao abrir a porta e encontrar House parado do lado de fora da porta.
- House, o que você quer? - disse Wilson, desanimado.
- Ora, Jimmy, desde quando você acorda mal-humorado? Posso entrar? - disse House, lançando um olhar esquivo para o interior do quarto a procura de uma outra pessoa.
Afastando-se da porta para dar passagem ao amigo, Wilson exclamou:
- Por que você está aqui? Eu sei, eu sei que você deve estar intrigado sobre o meu relacionamento com a Amber, mas as perguntas poderiam ficar para amanhã de manhã, não?
House faz uma cara de vítima, como se estivesse profundamente ofendido pelo comentário do amigo.
- Jimmy, a pouca convivência com a CTB já deixou você tão agressivo?
Exasperado, James retruca:
- O nome dela é Amber, House. E eu só peço a você para deixar esse interrogatório para amanhã de manhã. Estou cansado, preciso dormir.
House nada diz. Pára de caminhar pelo quarto como ele vinha fazendo desde que entrara e olha para Wilson que, sentado na cama, parece ainda mais desanimado do que quando atendera a porta.
- Ela não ama você - Gregory afirma, baixando os olhos logo a seguir.
Wilson revira os olhos. Já imaginava que o amigo poderia dizer algo assim. Para House deveria ser muito difícil aceitar o fato de que uma das suas verdades incondicionais mostrara-se falsa já que ele, aparentemente, quebrara o padrão de envolver-se apenas com mulheres carentes ao iniciar o relacionamento com Amber.
- Você não tem o direito de dizer isso - James retruca, levantando-se para obrigar o amigo a partir.
- Envolver-se com você é apenas a última das cartadas dela pra conseguir única coisa que ela realmente deseja: aquele maldito emprego. Ela vai acabar magoando você no final das contas. - House praticamente grita parecendo pouco disposto a deixar aquele quarto.
Wilson volta-se para encará-lo. Ele sabe que o que Greg diz não é verdade. Ele conhece a natureza dos sentimentos de Amber. Mas perturba-o essa extrema rejeição do amigo ao seu relacionamento.
- O que o incomoda tanto em meu relacionamento com a Amber? E por que você agora se importa tanto com quem possa vir a me magoar? Isso nunca pareceu relevante antes quando era você quem provocava o estrago.
As palavras escaparam de forma impensada. Wilson se arrependeu de tê-las dito assim que as pronunciou, mas sabia que não havia mais nada a fazer. House as escutara. Azuis baixos, sem ousar encará-lo, eram a confirmação de que ele dissera as palavras erradas.
House encaminhou-se para a porta. Chegou a abri-la, preparando-se para ir embora, quando se pôs a falar.
- Você tem razão. Eu já lhe causei muita mágoa. - disse Gregory, virando-se para encarar aquele que era o seu único amigo.
Caminhando em direção a James, ele continuava a falar:
- E eu nunca soube pedir perdão da maneira correta, não é mesmo? - ao terminar a frase, o espaço que separava os dois homens, parados, ali no meio daquele quarto era mínimo.
- Pois bem. Vou fazer isso dessa vez, Jimmy. Peço perdão a você por toda a mágoa que eu um dia fui capaz de te causar. E aproveito também para pedir perdão pelo que irei vir a fazer. - disse House, enquanto passava os braços pelo corpo do amigo e o envolvia em um abraço que pouco tinha de inocente.
Wilson se espantara apenas em ouvir House pedir perdão por qualquer dano que ele poderia ter-lhe um dia provocado. O que se seguiu então, aquele abraço de natureza tão estranha, o surpreendera por completo. Sentia o calor do corpo do seu amigo junto ao seu. Pertubava-o ainda mais o sentimento de que ele poderia muito bem se acostumar àquela sensação em nada desagradável. Mas, o que realmente fez o seu coração parar, foram as palavras sussurradas de forma tímida por um tom de voz de House que ele nunca ouvira antes.
- Ah, e peço perdão também por não ter dito o que eu queria da maneira correta desde o princípio. Ela não te ama como eu te amo - disse Gregory, depositando a seguir um beijo faminto nos lábios de James.
Não havia mais como resistir àquelas sensações. Com o corpo todo sacudido por espasmos involuntários, James se perdeu em sentimentos que ele muitas vezes negara possuir. Mas sentir a língua de House explorando a sua boca, sentir as mãos do amigo em suas costas faziam com que ele quisesse ousar também. Aos poucos, passou a tatear também o corpo de Gregory querendo dar a ele o mesmo prazer que sentia naquele momento.
O beijo se prolongou de forma urgente e ansiosa até que não mais foi capaz de satisfazer o desejo recém-liberto daqueles dois homens. Ainda abraçados, caminharam até a cama. Roupas atiradas pelo chão, ansiedade em liberar-se das últimas máscaras e descobrirem-se nus, disfarce algum a camuflar suas vontades. Línguas a percorrem peles de início tímidas, mas sempre corajosas e provocantes. House mordeu de leve o peito de Wilson e desceu depositando beijos sobre sua barriga. James achou que poderia gozar ao sentir-se envolvido pela boca de Gregory. Quando nenhum dos dois poderia esperar mais um momento sequer para satisfazer por completo aquela fome que os consumia, House abraçou o corpo de Wilson, penetrando-o, controlando, a princípio as investidas para não machucar o amigo. Os gemidos de prazer de James indicaram a ele que poderia acelerar o ritmo e ambos, sincronizados, passaram a mover-se um de encontro ao outro, desejando uma fusão mais do que completa de seus corpos e, mesmo depois de terem chegado ao orgasmo, permaneceram assim, unidos, abraçados, como se a falta de contato entre os seus corpos pudesse, de alguma forma, fazer com que um dos dois desaparecesse.
Wilson foi o primeiro a reagir. Levantou os seus olhos castanhos e procurou o mar de azul no qual ele sempre pensara que poderia um dia se afogar. Aqueles olhos sempre tinham possuído o poder de expressar os sentimentos que House se esforçava para esconder e naquele momento o que James leu neles foi apreensão e dúvida. Querendo fazer algo para afastar tais sentimentos, ele tomou em suas mãos a face do homem que estava em sua frente e beijou-o na boca. Os mesmos sentimentos de fome e necessidade voltaram a invadi-los, mas ele sabia que naquele momento ele não poderia sucumbir. Tinha algo a fazer antes de poder novamente entregar-se à paixão recém-descoberta.
Sabendo disso, Wilson levantou-se, começou a vestir-se, enquanto House acompanhava com os olhos azuis os seus movimentos pelo quarto, temeroso de ter, enfim, arriscado demais. A placidez que encontrou na face de Jimmy confirmava que ele havia agido da maneira correta. Mas mesmo assim, ele ousou perguntar:
- Você está indo contar a ela?
Wilson, sorrindo, encarou aquele homem que se revelara hoje de forma tão completa e corajosa.
- Não podemos magoar mais ninguém. Eu não poderia conviver com isso.
House deu uma risada, essa sim velha conhecida de Wilson, sarcástica e irônica, e recostou-se na cama.
- Jimmy, Jimmy, você sempre será um bom menino, não? Sempre preocupado com o que é correto.
Wilson aproximou-se da cama e beijando o amigo uma vez mais nos lábios, sussurrou em seu ouvido.
Sim, Gregory House, eu te amo também.
fic hilson house m.d.