Sep 08, 2009 19:45
Desejos vividos nos braços de Morfeu
Vê-la todos os dias com os longos cabelos serpenteando sua silhueta faz com que meus olhos a sigam num mudo balancear sem que sequer eu perceba. Como num verdadeiro imã que me impele a entender a magia adocicada de sua face, ombros, colo e esculpidas femininas curvas... A verdade é que a admiro. Admiro-a mudamente, calado e recatado; apenas com um infantil e carinhoso fitar que se segue quando me cumprimenta com educação. Que educação alegre e ativa que ela tem! Que enxergo um dia ensolarado em seus lábios quando sorri arrumando um pertinente fio de cabelo loiro, ou quando se levanta com simplicidade da cadeira posta a três metros de mim e põe-se a andar para fora; para longe... Longe de minhas mãos abruptas e nervosas que de uma forma tão sonhadora e surreal requer um dia - de forma vã, podê-la tocar de perto. Quão tênue e perfumada seria a pele alva?... E a rosa rubra de seus lábios carnudos será tão morna quanto o toque suave da brisa em dia de verão? Ah! Se só pudesse reconhecer de perto a verdadeira cor que acetina seus mimados olhos, estas duas pérolas recolhidas no véu da noite que lhe enfeita o rosto púrpuro; poder assim então admirá-los e deixar que meus versos a preencham de felicidade e auto-satisfação por sua beleza. Por que se eu pudesse..., se eu pudesse recolher o grande astro rei daria a ela sem pestanejar. Daria a ela cada gotícula de carinho terno que possa haver na face dessa terra, e se houver outra dimensão (ou apenas em meu dolorido peito) ela seria a rainha. Rainha, donzela, dama, princesa, mulher, moça, menina.
E não há julgamento mais penoso do que vê-la a entrelaçar as mãos com outro; é como uma pontada aguda e devassadora que me envenena pouco a pouco ante seus gestos... Gestos que em lascivos sonhos ela me deixa cometer sobre seu corpo marfim. Que aí ela clama meu nome com tanta doçura que a meus olhos parece que mel lhe escorre dos lábios macios... Estes que eu, neste delírio, posso amar com dedicação e delicadeza e amor, quase angelicalmente porque - prometo diante Deus que é a verdade - são puros e sacros. Tão puros quanto seu colo e o desenho macio do recanto dos seus seios, o abdômen róseo e nu e perfumado que ao dedilhá-lo a pele se arrepia até o caminho de suas quentes coxas... Macias dobras onde um cheiro suave de sabonete e água me embriaga por apenas amá-la no seu íntimo, em sua essência e verdadeiro ser. Amo-a nesses sonhos, despejo cantigas e juras em seu rosto perdido em doçura e carmim, beijo-a como se não houvesse tempo - ela tem o dom de pará-lo ao estremecer com sua voz. Adoro cada parte sua envolvendo-a por coroas de lírios, rosas e alecrins quase que divinamente nestes sonhos.
Amo-a de forma tão romanesca, dolorosa e silenciosa que, em alguns dias (quando ela tem o poder de ver-me), ela apenas me cumprimenta. Cumprimenta-me com seu olhar pintado e feminino - e apenas só isso. E meus pobres sonhos com sua rica presença adormecem num outro plano, nestas terras onde Morfeu é rei.
conto