Enquanto aguardamos a continuação do regalo anterior, aqui vai mais um oneshot para
seelphy.
Título: A cor dos seus olhos
Autor:
cellylsRegalo Para:
seelphyPersonaje/pareja: Steve McGarrett/Danny Williams, McDanno
Clasificación y/o Género: T-PG13; UA; first meeting, slash, romance, action;
Resumen: O que deveria ser um ritual matinal na cafeteria do centro da cidade leva Steven e Kono a uma situação de vida ou morte envolvendo a pessoa que McGarrett menos esperava.
Disclaimer: I do not own Hawaii Five-0 - Hawaii Five-0 e seus personagens não me pertencem.
Advertencias: Situação com refém.
Notas (si las necesitas): Aqui está um oneshot para seelphy, sua linda! Espero que goste, não tenho certeza que você curte os AUs mas surgiu este enredo e eu espero que lhe agrade, hehehe. Um abraço enorme para você!
A cor dos seus olhos
"Por que sempre senta aqui? Tá tão frio, não podemos ficar lá dentro?" Kono Kalakaua suplicou entre os dentes, mordiscando a beirada do copo fumegante de latte; ajeitou a gola do casaco. O vento frio provindo do movimento dos carros às sete e meia da manhã estava lhe causando calafrios.
"Preciso de ar fresco. Daqui a pouco vamos embora", respondeu Steven McGarrett, sem prestar muita atenção na colega sentada diante dele à mesinha externa. Estavam na frente de uma das cafeterias de Nova Iorque.
"Até lá, já seremos picolé. Tenho plantão esta noite, significa que ninguém vai poder aquecer as minhas extremidades congeladas!"
Steven não se preocupou em contestar aos reclamos da parceira havaiana. Seus olhos vasculhavam o lado norte da avenida movimentada, e fixaram-se subitamente em um ponto - ou em alguém, como Kono suspeitava. A expressão do homem iluminou-se com o que a mulher arriscaria chamar de sorriso - ou quase sorriso, pois durou apenas um quarto de segundo até Steven lembrar-se de que ela o estava encarando e sua carranca de detetive mal-encarado e durão retornar automaticamente.
Kono escutou o conhecido tac-tac vindo da calçada às suas costas. Bebeu mais um gole de café e forçou-se a não balançar a cabeça, como gostaria. Por Deus, seu amigo já devia ter simplesmente se apresentado. Há meses já devia ter convidado o sujeito para um encontro, assim ela não precisaria mais acompanhar as manhãs congelantes na frente da cafeteria ao invés de dentro dela, onde o ambiente era condicionado e o aroma bem melhor.
Tac-tac continuou, aproximando-se cada vez mais. Steven, de repente, achou que algo do lado oposto da avenida lhe era interessante o suficiente para que ele evitasse com toda a força encarar a pessoa que se aproximava fazendo o barulho sem pressa. Kono considerou se não seria melhor a todos ela mesma fazer as apresentações. Se ela convidasse a pessoa, os três poderiam entrar na cafeteria como seres humanos normais e Steven acabaria não somente com o próprio sofrimento, mas também com o da mulher e suas articulações travadas pelo frio. O barulho atingiu seu ápice passando ao lado dos dois colegas, e o leve rosado das bochechas de Steven foi quase impossível de ignorar, mas Kono se esforçou. Não era culpa de McGarrett, o sujeito ficava realmente atraente quando usava aquela gravata azul. Não que ele já não fosse um agrado para os olhos usando outras cores, mas aquele safira acentuava ainda mais as feições e o cabelo claro do autor do barulho.
Tac-tac-tac, e Steven espiou brevemente, mas voltou a desviar, como se o sujeito de gravata azul e sua bengala branca pudessem vê-lo ou captarem seu rubor. O sujeito abriu a porta da cafeteria e entrou, tac-tac-tac.
Kono gostaria de ser paciente, mas o vento daquela manhã estava particularmente frio. "Já teve tempo pra respirar o suficiente. Eu vou entrar." Levantou-se da pequena mesa redonda que adornava a fachada do estabelecimento. Apenas eles e mais um casal haviam sido corajosos o bastante para ficarem do lado de fora naquele dia. Ela rumou ao balcão, mas quando seu parceiro viu que o sujeito da gravata estava lá, segurou-a pelo ombro.
"Mas o que foi agora?" Kono queixou-se.
Steven olhou de relance para a pessoa com a bengala, mas ao ver que a amiga seguiu seu olhar, soltou-a, balançando a cabeça. "Não é nada".
Kono voltou a caminhar adentrando o local, seguida pelo colega pouco à vontade. "Não entendo por que está tão inseguro. Eu comeria", comentou.
Steven conseguiu arregalar os olhos e juntar ainda mais as sobrancelhas - mais do que já lhe era normal -, escandalizado com a declaração.
Certo, talvez ela tivesse exagerado na indireta mais que direta. Seu parceiro era muito inocente. "Estou dizendo que eu comeria um bolinho, se você fosse generoso e me deixasse chegar até o balcão", completou de maneira pouco preocupada. Steven suspirou e seguiu tentativamente a mulher naquela direção.
Ao ver o espaço vago ao lado do sujeito de gravata azul, Kono elaborou uma volta rápida e segurou os ombros de Steven. Guiou-o com destreza para que fosse ele a ficar lado a lado com o loiro. Este acabava de dobrar sua bengala branca enquanto mantinha uma expressão divertida no rosto coberto até a metade com os óculos escuros de sempre. Ah, o que Steven não daria para ver a cor dos olhos por baixo daquele acessório não era nenhum segredo. Até Kono admitia que adoraria descobrir o que as lentes escuras estavam escondendo.
O loiro, que era bem mais baixo do que Steven, pareceu perceber quem estava ao seu lado - a havaiana reconhecia um sorriso de interesse quando via um, ok, e mais, o homem de gravata azul era cego e não estava tentando esconder nada! Naquele momento, Kalakaua não foi a única naquela cafeteria a sentir pena pela teimosia e timidez desnecessárias de seu parceiro, que há meses rondava o homem cego sem nunca se aproximar. Os dois detetives compravam seu café ali todas as manhãs; depois disso Steven insistia em ir para as mesas externas, de onde ele observava o sujeito descer a avenida e entrar na cafeteria; após o loiro se demorar, muitas vezes degustando as guloseimas, ia embora; Steven, então, fazia o mesmo indo para a central de polícia junto com ela. Essa era a rotina. Mas quando era questionado sobre o motivo disso, Steven negava até o fim.
"Matt, pare de flertar com a gerente e traga o meu especial", o homem de gravata azul falou alto, deixando o atendente de cabelos revoltos tinindo e os olhos de Steven brilhando por escutar aquela voz tão de perto pela primeira vez. O funcionário chamado Matt aproximou-se fazendo careta e começou a preparar um copo de café.
"Eu já te disse pra não fazer isso. A sala da mamãe é ali atrás, ela pode te ouvir", o barista reclamou num tom mais baixo.
"Você realmente acredita que ela não sabe, ou também está sendo pago pra bancar o idiota? - Embora você já faça isso normalmente."
Kono decidiu que o humor sarcástico que acabara de testemunhar combinava perfeitamente com aquela pessoa, e pelo minúsculo sorriso nos lábios de seu amigo, viu que Steven também concordava.
"Aqui está seu café. Agora vá embora." Matt entregou o copo de isopor nas mãos do loiro.
"E cadê o meu bolinho? Como você quer que eu suborne Mary a me apresentar pro amigo dela sem o bolinho diet?"
"Danny, Freddie não quer saber de você, ele já tem namorada." Finalmente, um nome. Danny. Daniel. Steven estava aproveitando cada nova informação.
"Não interessa, ela pode me apresentar pra alguém ligeiramente mais decente que o cara que você arranjou da última vez. Como era o nome dele?... Cage. Quer saber? Eu não devia nem pagar por este café. Depois de manchar o meu histórico de encontros às cegas com aquele babaca, você me deve pela vida toda. Pode colocar três cupcakes no pacote!"
A revelação fez Steven sorrir mais francamente desta vez. E era isso, se Danny conseguia aquela façanha, Kono estava pronta para ceder a mão do amigo.
"E desde quando você paga por qualquer coisa nesta cafeteria?" Matt entregou um pacote, nada divertido. "Aqui estão os seus bolinhos extras. Ah, a vovó convidou pro jantar hoje. Agora vá embora ou eu vou convidar a Rachel."
"Ok. Eu sei que você não quis dizer isso. Mesmo com essas palavras duras, eu sei que você ama o seu irmão."
"Tá, que seja. Te vejo no jantar." O barista continuou tentando parecer zangado - e falhando terrivelmente.
"Tudo bem. Até a noite, maninho." O loiro satisfeito ajeitou suas "compras" em um dos braços e estendeu novamente a bengala branca. Girou na direção de Steven. "Tenha um bom dia, oficial", cumprimentou diretamente McGarrett.
Kono se surpreendeu.
E o moreno congelou; levou um cutucão da amiga nas costelas. "Oh-brigado", respondeu. Danny assentiu levemente com a cabeça, levou um segundo e seguiu em direção à saída. Tac-tac-tac.
"Você também... Tenha um bom dia." Steven atinou a completar enquanto o homem de gravata azul seguia calmamente até a porta. Danny ergueu a mão que segurava a bengala em agradecimento e atravessou a saída.
Kono apertou o ombro do parceiro. "Parabéns, finalmente algum progresso, eu já estava ficando…" Um ruído alertou os dois, e também os demais clientes da cafeteria: uma batida violenta no vidro da entrada do estabelecimento, seguida do som de líquido sendo espalhado pelo chão.
As costas de Daniel apareceram, escoradas na porta envidraçada. O loiro foi empurrado de volta para dentro da cafeteria, de forma desajeitada, caindo no chão e perdendo o pacote com os bolinhos. Fora o café dele o líquido entornado na calçada.
O sujeito que empurrou Daniel avançou e puxou o loiro do chão pela gola do casaco. Apontou para o pescoço dele uma pistola engatilhada. "Fiquem quietos e ninguém se machuca!" bradou em um tom áspero de autoridade.
O som de sirenes se aproximou, ele puxou Daniel para se ajoelhar no chão junto de si e esperou as viaturas seguirem passando diretamente pela avenida. Depois, levantou arrastando o refém consigo. A bengala ainda estava pendurada no pulso direito do loiro. O homem apertou o cano da arma contra a jugular de Danny e arrancou o aparato dali. Jogou o bastão no chão e aproximou-se do balcão, mandando todos ficarem imóveis.
Kono e Steven se afastaram, calculando as possibilidades de agirem, que eram difíceis. A cafeteria estava cheia, como sempre, e o homem passara o braço pelo pescoço de Daniel segurando a arma com a outra mão, empurrando o loiro por trás. "Onde é a saída dos fundos?" ele demandou de Matt. O barista apontou para o corredor do lado esquerdo do balcão, que dava acesso à cozinha. O homem puxou Daniel, verificando se ninguém o estava seguindo, e continuou naquela direção. Sirenes voltaram a ecoar lá fora, e o sujeito se assustou, girou para todos os lados, começando a entrar em pânico ao perceber que suas alternativas eram muito limitadas.
Ele não sabia o que estava fazendo - os dois policiais confirmaram isso naquele momento; a situação era grave.
"Solte-o e vá embora pelos fundos", Steven sugeriu. Sua voz pausada e baixa.
O homem apontou a arma para McGarrett. "Cala a boca!" Continuou arrastando Daniel sem saber ao certo para onde ir. O som das sirenes soou estridente na frente da cafeteria - a polícia estava cercando o local. O criminoso agitou-se ainda mais quando um dos oficiais da polícia do lado de fora avisou pelo megafone que o homem deveria sair e se entregar. Steven achou que o sujeito perderia o controle ao ouvir a ordem.
Mas o criminoso avistou a escada no outro canto do estabelecimento e seguiu para lá. Começou a subir levando o refém; Daniel tropeçou, por não saber que estariam subindo, e ganhou um safanão violento do homem irritado.
Steven quase avançou nessa hora, mas Kono o impediu. E os dois homens desapareceram escada acima.
Os detetives sacaram suas armas e correram para os degraus, verificaram que os dois haviam mesmo subido. Steven aguardou na base da escada, e Kono esvaziou o local e chamou o reforço. Eles correram para o próximo andar, que ainda não estava totalmente construído. O criminoso estava terminando de puxar Daniel pela escada caracol que levava para a cobertura.
O grupo de policiais subiu rapidamente. Então espalhou-se, as miras na direção do homem com o refém. O sujeito estava preso entre as paredes repletas de janelas da cobertura, ele estava conferindo por uma das aberturas que a polícia ocupara os arredores de todo o prédio. Ao escutar os ruídos, agarrou-se ao pescoço de Daniel, com ainda mais força, escondendo-se atrás dele.
"Solte o refém e se entregue", Kono ordenou, as armas dos cinco policiais apontadas para o criminoso.
"Fiquem longe de mim! Eu vou atirar!" Foi a ameaça, marcada pelo cano da arma pressionado sem delicadeza contra a têmpora de Daniel.
"É melhor se entregar, apenas liberte o refém", Steven falou fingindo calma, dando um passo a frente. "Vai ficar tudo bem. Ninguém precisa se ferir."
"Fique onde está! Eu juro que eu atiro!" o homem berrou de forma desesperada descuidando-se e expondo seu rosto enquanto balançava a arma.
Um dos policiais do grupo firmou a mira, e isso assustou o criminoso. Ele tentou voltar à sua posição escondido atrás do refém, mas - assim como tudo indicava - ele não tinha ideia do que estava fazendo. Seu dedo segurou o gatilho com mais força do que a necessária.
O disparo foi ensurdecedor, reverberando nas janelas daquela sala. Os óculos escuros caíram do rosto de Danny revelando pela primeira vez seus olhos, que fixaram-se na direção de Steven antes de se fecharem com agonia.
Steven nunca esqueceria aquela cor: céu e safira combinados num azul límpido.
O criminoso acionara o gatilho da arma, e a bala acertara o refém.
Daniel encolheu-se, e os dois parceiros detetives não foram os únicos surpresos e assombrados com o inesperado - o criminoso com a pistola pareceu ser o mais chocado. Um dos policiais atirou nele imediatamente, e Kono gritou que cessassem o fogo. O tiro atravessou o peito do sujeito e também o vidro da janela às costas dele. Com o solavanco, o bandido foi jogado para trás soltando a arma, porém seu braço esquerdo permaneceu segurando Daniel. Os dois escorregaram para trás, caindo pela abertura da janela recém quebrada.
E Steven avançou. Lançou-se para tentar evitar a queda, vendo os dois desaparecerem à sua frente e acreditando que seria tarde demais.
Mas Daniel ainda estava ali. O loiro se esforçava para segurar, com um dos braços, o peso dos dois no parapeito. O criminoso permanecia pendurado no torso dele, desesperado com suas últimas forças. Daniel também não aguentaria mais do que alqueles meros segundos. "Não solte!" Steven pediu, olhando nos olhos do refém, segurando seu braço e tentando ajudá-lo a sustentar os dois corpos por mais tempo. Kono e os outros já estavam ao seu redor um momento depois, e puxaram os homens de volta para dentro da cobertura.
Steven envolveu Daniel, trazendo-o para o chão. Procurou a ferida causada pelo tiro. Sentiu alívio ao ver que apenas o ombro fora atingido e fez pressão sobre o machucado. O loiro contraiu o rosto com a dor.
Os paramédicos chegaram logo, e McGarrett ajudou a deitar o loiro sobre a maca, sussurrando que ele ficaria bem. Mas o moreno viu a cor azulada da gravata escurecida, e viu suas próprias mãos embebidas no líquido rubro.
Durante todo atendimento de emergência, Daniel não recobrou a consciência.
. .
O paciente abriu os olhos, vagarosamente. O coração de Steven acelerou, no corredor diante da janela do quarto de hospital. McGarrett nunca se acostumaria com aquela visão, com aquela cor linda, com a falta de ar que lhe acometia cada vez que Daniel virava o rosto na sua direção. A primeira vez fora pelo susto, mas agora simplesmente porque quando ele imaginara como seriam aqueles olhos sem a proteção dos óculos escuros, nunca chegara perto de elaborar algo assim tão bonito. Mesmo com a aparência pálida e cansada.
Alguns dos Williams, donos da cafeteria, ainda aguardavam ao lado da maca de Daniel. As irmãs e outros parentes já haviam deixado o hospital, restando o irmão barista e a mãe, que segurava a mão do loirinho. Eles conversaram por alguns momentos, e Steven testemunhou parte da conversa antes de afastar-se um pouco mais do quarto. Kono estava ligando.
A parceira confirmou como estava o loiro e disse que o sequestrador também havia sobrevivido. Steven suspirou pesadamente antes de desligar o telefone. Viu o movimento ao seu lado e percebeu que a senhora Williams estava saindo do quarto.
A mulher o abraçou novamente. "Obrigada por salvar meu filho."
Steven assentiu de forma humilde. Se tivessem sido mais cuidadosos, teriam resolvido a situação sem que Daniel fosse baleado. Mas ao menos o loiro se recuperaria. O detetive teria mais tempo para se culpar e cortar cabeças quando preenchesse os relatórios.
A mulher seguiu corredor adiante, seguida por Matt, que separou-se dela indo para a cafeteria no saguão do hospital.
O moreno policial pensou alguns momentos. Então atravessou silenciosamente a porta aberta do quarto de Daniel. Observou o paciente quieto sobre a maca.
O loiro respirou profundamente, então movimentou o olhar desfocado. "Se não disser nada, como vou saber que está aí?" Ele sorriu levemente, sua voz soando um pouco mais fraca do que o detetive se lembrava.
O moreno engoliu em seco, começou a se aproximar até o lado da maca; e os olhos azuis o seguiram perfeitamente até ali. "Bom dia, oficial", Daniel cumprimentou quando ele parou ao seu lado, como fizera na cafeteria.
"Meu nome é Steven."
"Bom dia, Steven McGarrett".
O moreno surpreendeu-se novamente, e o sorriso de Daniel, mesmo que cansado, aumentou. "Por favor, me chame de Danny."
Fim