[Fanfic] Starships are made to fly 2/?

Jan 13, 2013 02:00

The 2nd part of my Christmas gift to dear  melissa_42

I thought it would have ended by now, but I was wrong :B Somehow, they just don't manage to get to the stupid comet at once >.< all they wanna do is talk and talk and talk like there's no tomorrow

Well, anywayz, here it goes, and I hope you like it o/



Algumas horas na contagem humana no espaço podem acabar com a maior das amizades, Luciano sempre soube disso, e era por esse exato motivo (e também pelo fato de que ele era procurado em toda a galáxia) que o corsário espacial mais querido do mundo sempre evitara trazer visitantes para a Iguaçú.

Luciano e Martin não eram amigos.

Então algumas horas na contagem humana no espaço tinham um efeito ainda mais funesto sobre o relacionamento dos dois.

-Eu não estou dizendo que não é bom ter um pouco de ajuda de vez em quando - Luciano disse - Claro que é bom, é sempre bom. Ainda mais quando for uma ajuda útil. Não de um astronauta de primeira viagem que não consegue nem encontrar o banheiro de uma nave.

-E o que é que isso tem a ver? - Martin perguntou, o rosto avermelhando um pouco - Eu só estou dizendo que você provavelmente fez a pior escolha porque, apesar de termos desviado da chuva de meteoros, aquele era o caminho mais curto, então, se for pra fazer as coisas nessa lerdeza toda, melhor avisar a DCT que o planeta Terra já era.

-E eu sei que você- quer dizer, eu imagino que você tenha a melhor das boas intenções quando fala uma besteira dessas, mas acontece que os meus disparadores de lasers contra meteoros e meteoritos quando muito fariam cócegas nessa tempestade. Então, se nós fossemos mesmo seguir o seu plano, seria melhor avisar a DCT que o planeta Terra e, mais importante, a nave Iguaçú, já eram.

Martin torceu a boca, sem responder.

Luciano olhou para ele com o canto dos olhos, tentando ver se ele tinha ficado chateado de verdade. Pra desanuviar um pouco o clima, estendeu o braço para apertar o joelho dele:

-Não precisa se preocupar, cara. Nós vamos chegar a tempo. A Catalina sempre faz um drama, aposto que esse COMETA MACIÇO DE FERRO E CHUMBO ENVOLTO NUMA NUVEM DE XENÔNIO E ENXOFRE LÍQUIDO FUMEGANTE nem é tão ruim assim. Aí você vai poder voltar pra sua Argentina em paz e tranquilidade.

-É - Martin respondeu, ainda contrariado - E você vai ser preso. Não se esqueça disso.

Ele empurrou a mão de Luciano de seu joelho, sem se incomodar com o espanto do corsário:

-Preso? Depois de salvar o planeta?

-Claro. Ou você escutou alguém dizer que os seus crimes siderais vão ser perdoados?

-Não seja por isso - Luciano replicou, pegando a primeira via expressa para o Quadrante 7B. Ela cortava um sem número de buracos negros, o que podia ser bastante incômodo para qualquer um além do piloto, mas esse era um sacrifício que Luciano estava disposto a fazer - Ligo agora mesmo para a Cata e negocio o meu pagamento.

-Então você só vai salvar o seu planeta se for recompensado? Que típico.

-Eu nunca disse isso - Luciano respondeu, franzindo a testa - E ter meus crimes perdoados não configura uma recompensa. É uma questão de bom senso, e só.

-A DCT só vai mostrar bom senso depois que te enjaular. Então não conte com qualquer outro prêmio além da sensação de dever cumprido.

Como essa parte do caminho era meio sinuosa (afinal, com tantos planetas por perto e tão pouco plutônio de qualidade, a Iguaçú poderia acabar ficando presa a uma órbita qualquer e aí é que o planeta iria literalmente pro espaço mesmo), Luciano mordeu o lábio inferior e não respondeu, tentando fingir que Martin não estava mais ali.

Nos primeiros minutos de horas na contagem humana, o argentino não se incomodou. Ele permaneceu em silêncio, observando o espaço infinito à sua frente, e Luciano teve um pouco de sossego.

Nos primeiros minutos de horas na contagem humana.

Depois disso, Martin voltou à ação:

-Certo, agora que nós nos entendemos, falta só uma coisa.

-Hmm.

-Onde fica o banheiro nessa nave?

-Você já procurou aqui embaixo?

-Claro que sim.

-Então não é óbvio que fica no andar de cima?

-Ok, deixa eu reformular minha pergunta. Como é que se chega no banheiro dessa nave? Voando?

-Quase isso. Está mais pra sendo incrivelmente ágil e atlético e estando acostumado à Gravidade Zero.

-Nós não estamos em Gravidade Zero.

-Não, mas, se você se comportar, eu posso colocar pra te dar um impulso. Aí você só vai precisar se equilibrar pra chegar lá em cima. Daí depois eu desligo, porque ninguém quer saber o que acontece quando se usa o banheiro em Gravidade Zero.

-Eu odeio Gravidade Zero - Martin disse, resignado, ficando de pé - E qual é o plano? Eu dou um grito de lá de cima pra você desligar? Existe algum comunicador integrado nessa nave?

-Claro que não, pra quê eu iria precisar de um comunicador integrado se eu viajo sozinho? - Luciano se ofendeu - E pare de chamá-la assim. “Essa nave”, como você diz, tem um NOME.

Martin afastou esse comentário com a mão, dando-lhe as costas e dirigindo-se até o mastro principal, sem nem esperar para ver se Luciano ia ativar a Gravidade Zero ou não.

Para a sorte dele, Luciano realmente ia ligar, porque lembrou que ainda precisava arrumar tudo o que deixara fora do lugar em seu quarto. Não que isso fosse da conta daquele enxerido, mas, apesar de tudo, ele era o anfitrião aqui, e seu pai tinha lhe ensinado todo o padrão de conduta esperado para esses casos.

Por isso, Luciano ativou a Gravidade, esperou alguns segundos de minutos de horas na contagem humana enquanto Martin dava um jeito de ir para o andar superior (e ele era mesmo atlético o bastante. Isso, e o fato de que os seus cabelos ondulavam lindamente enquanto ele voava pela Iguaçú, distraíram Luciano durante alguns instantes) e depois desligou, correu até o mastro e subiu sem grande esforço.

Uma vez lá em cima, percebeu que a bagunça não tinha melhorado com a ausência de gravidade e fez uma nota mental de se planejar melhor da próxima vez. Mas, como não adiantava chorar o leite derramado (outro provérbio que aprendera quando era mais novo. Uma adaptação mais correta seria “não adiantava chorar a caixa de pílulas de astronauta aberta e derrubada no chão em momento de gravidade superior a zero, sendo que o chão está muito sujo ou acidentalmente alguém pisa sobre as pílulas, inutilizando-as para qualquer tipo de consumo”), Luciano começou o processo de limpeza.

Ainda estava no meio da operação quando ouviu um barulho estranho, como se Martin tivesse se engasgado. Então ele começou a tossir, engasgou de novo, tossiu mais alto até que começou a vomitar.

Luciano parou onde estava, enrubescendo sem saber bem por quê. Ele ficou dividido entre bater na porta e perguntar se estava tudo bem (o que seria estúpido, porque era óbvio que não estava) ou descer e desacelerar (o que também seria estúpido, porque aí chegariam tarde demais e o planeta-)

Martin saiu do banheiro nessa hora, interrompendo sua linha de pensamentos.

Ele parou sob o batente da porta, apertando uma toalha contra a boca e franzindo a testa de leve.

-Eu… eu vim arrumar o quarto - Luciano disse, ainda envergonhado - Desculpe, eu não queria- eu não vim- por que você não me falou que estava enjoado? Eu poderia ter escolhido outro caminho.

-Que outro caminho? - Martin respondeu, e Luciano podia ver gotas de suor riscando seu rosto - Nós não temos tempo pra isso.

-Mesmo assim - Luciano insistiu, cerrando os dentes - Eu poderia-

-O quê? Não tem nada que você-

-Dirigir melhor - Luciano terminou, quase num sussurro.

Martin abriu mais os olhos, momentaneamente sem fala, e o Luciano não sabia o que estava acontecendo, não sabia o que era aquilo, aquele constrangimento e o suor no rosto do argentino.

-Deixa pra lá - o corsário afastou tudo aquilo com um aceno de mão, dando as costas a Martin - Você… deita aí um pouco, e depois a gente se fala.

-Luciano, não seja idiota - Martin disse - Não é nada demais, eu só- eu enjoo com muitas coisas. Não tem nada de errado com o seu jeito de dirigir.

-Com o que você enjoa?

-O quê?

-Você disse que enjoa com muitas coisas - Luciano disse, parado a centímetros de metros da medida humana - Dá um exemplo.

Martin mordeu o lábio inferior, apertando a toalha entre as mãos.

-Altura - ele murmurou, sem sustentar o olhar de Luciano - Gravidade Zero também. E tudo isso, eu não sei como você aguenta, mas o espaço, todas essas… quer dizer, eu sei que está cheio de estrelas e planetas e tudo o mais, mas, quando você olha, é tão vazio, e eu… argh, não dá. É demais pra mim.

-O espaço? - Luciano ergueu as sobrancelhas - Você é um astronauta que passa mal com o espaço?

-Eu não sou um astronauta, sou um detetive. E sim, é isso mesmo. Eu não consigo pensar em nada mais horrível do que um lugar tão grande e frio onde não dá pra respirar e é sempre de noite.

Luciano assentiu devagar:

-Eu… acho que eu entendo o seu ponto. É que pra mim é o contrário, mas eu entendo. Eu só… quando eu vejo as estrelas, e as constelações e nebulosas, eu não consigo pensar em nenhum lugar melhor pra se estar. Como o tempo não passa aqui fora, ou aqui dentro, eu sinto como se eu pudesse fazer qualquer coisa que eu quisesse.

-Bom, você pode mesmo - Martin disse, torcendo a boca e se sentando na cama - Não é como se você fosse voltar por qualquer pessoa.

Isso, esse comentário azedo que arruinou o momento que estavam tendo, causou um sorriso igualmente azedo em Luciano:

-Como se alguém estivesse esperando por mim. Não é só que eu gosto do espaço, cara. Aqui é a minha casa. O único lugar onde eu me sinto bem. E útil.

-Só porque você quer.

Ele disse e se deitou, de roupa, sapatos e tudo, descansando a cabeça sobre o travesseiro sintético (penas de ganso não viajavam bem pelo espaço, para a infelicidade de Luciano) e cobrindo os olhos com a mão.

Mas não era esse o final que Luciano esperava para aquela conversa, então ele insistiu:

-Por quê? Você sabe de algo que eu não sei? Como eu poderia me sentir em casa se voltasse pra Terra? Você certamente não espera que eu vá trabalhar com a DCT.

Porque isso não daria certo, ele quase disse. Porque eu tenho o meu jeito, e não é nem o melhor jeito, é só- só o meu jeito e pronto. Porque vocês vão me forçar a trocar a minha nave e eu gosto dela, porque vocês vão me dar uma agenda com horários e restrições e eu gosto de pilotar, porque vocês vão me encher de regras e vão estar certos, mas pra mim isso nunca foi um trabalho e eu gosto que continue assim.

-Então estamos bem desse jeito - Martin disse, sem descobrir o rosto - Que bom que não precisamos concordar sobre isso.

-É - Luciano respondeu, sentindo uma raiva tão grande como nunca sentia - acho que nesse ponto nós concordamos.

E desceu o mastro principal até o andar debaixo.

Pilotar a Iguaçú com alguém dormindo no andar de cima não era a mesma coisa, Luciano pensou, aborrecido como nunca na vida.

Primeiro porque ele não podia escutar música no volume que quisesse, já que isso seria uma rudeza imensa (a próxima vez que visse seu pai, Luciano iria lhe dizer o que fazer com seus conselhos de boa conduta), mas também porque nada naquela beleza infinita e indescritível à sua frente o distraía do fato de que tinha um detetive argentino dormindo em sua cama.

E isso era estranho.

Se estivesse sozinho, Luciano poderia colocar música bem alto, ou jogar videogame (baixados por ele mesmo de sites piratas. Mais um de seus crimes espaciais) ou assistir qualquer coisa, e ficaria só com a roupa íntima, porque a nave era sua e a vida também e ninguém tinha nada com isso.

Mas, como Martin estava lá em cima e poderia descer a qualquer instante, Luciano não se animava a isso. Depois que o deixara no quarto, a única coisa que fez foi programar o piloto automático para não fazer curvas muito bruscas nem mudar de velocidade de repente (isso poderia ajudá-lo com o enjoo, talvez, e realmente não era uma boa ideia desacelerar, apesar de que isso o fazia se sentir culpado), e então repassara mentalmente parte daquela discussão sem pé nem cabeça que tinham tido no final.

Só porque você quer.

O que raios isso queria dizer? E com que direito aquele cara falava uma coisa dessas e depois abandonava a discussão, assim sem mais nem menos?

Apesar de ele amar o espaço como alguém de sua família (ou mais, já que agora estava com raiva de seu pai), a decisão de vir não tinha partido dele. Tinha partido da Terra, isso mesmo, do planeta, que aos poucos foi ficando tão insuportável, tão irrespirável, que o forçou a buscar alternativas em outra parte.

Mas Luciano não queria pensar nisso agora.

Ele tamborilou os dedos sobre o painel, olhando a paisagem enquanto a Iguaçú avançava no infinito. Estavam perto do Quadrante 7B agora, só mais cinco horas da contagem humana (e isso era perto o bastante, já que, quando receberam a ligação de Catalina, estavam a uma porrada de anos-luz desse lugar), e Luciano não sabia mais como matar o tempo.

Quer dizer. Sabia perfeitamente, mas não queria. Depois desse último circo, não estava com vontade de olhar pra Martin de novo.

Porém, como também não era justo que aquele argentino ocupasse sua cama durante todo o tempo, Luciano respirou fundo e subiu, sem a ajuda da Gravidade Zero, pra encontrar Martin acordado e sem camisa.

Ele estava todo suado, ainda apertando a toalha contra a boca, e com os olhos marejados. Assim que viu Luciano, murmurou:

-Quanto tempo falta pra gente sair dessa banheira?

Luciano, que tinha começado a sentir princípios de pena, ficou indignado com a pergunta:

-Banheira é a sua avó. E nós estamos quase chegando, qual é o problema agora?

-Eu estou definhando, esse é o problema - ele virou na cama, dando espaço para Luciano se sentar - E eu não sabia até agora, mas acho que tenho sérios problemas de claustrofobia. E ataques de pânico. E acrofobia também. Então, se você não veio dizer que nós já chegamos, fique bem longe de mim.

Luciano ergueu uma sobrancelha, sentando-se no canto mais longe da cama:

-Quer dizer que você veio pro espaço… e você tem agorafobia e claustrofobia?

-Aparentemente - Martin respondeu, enfiando o rosto no travesseiro de Luciano. O cabelo dele estava molhado de suor.

-Sabe que essa é uma mistura muito incomum, né?

-Sei. Por quê? Você quer um autógrafo?

Luciano soltou um suspiro de impaciência, levantando-se da cama e indo até o banheiro.

-De todas as pessoas que eu poderia ser forçado a levar na minha nave, tinha que ser justamente um hipocondríaco. E aí? Mais alguma fobia que eu deva saber?

-Hipocondríaco é a sua avó.

Luciano voltou com uma toalha e abriu um dos armários compactos para pegar uma garrafa de água terrestre H20 pura (e essa era pura, puríssima mesmo, água brasileira de verdade, não aquelas merdas fabricadas em laboratórios).

-Aqui - ele disse, sentando de novo e apertando o ombro de Martin - Bebe um pouco antes que você fique totalmente desidratado.

Martin abriu os olhos e fez o esforço de se erguer o bastante para conseguir beber. Ele tentou pegar a garrafa das mãos de Luciano, mas Luciano não deixou e continuou segurando. Martin lhe dirigiu um olhar assassino, mas bebeu assim mesmo.

Bebeu quase metade da garrafa, até que afastou a mão de Luciano e se deixou cair deitado de novo.

-Muito obrigado - resmungou - Agora posso morrer, mas pelo menos estarei hidratado.

-Pra sua informação, água é um santo remédio que cura de tudo - Luciano respondeu, fechando a garrafa e pousando-a no chão ao lado da cama. Tinha que se lembrar de tirá-la dali antes que colocasse tudo em Gravidade Zero de novo - Agora, com a sua licença…

Ele passou a toalha pelo rosto de Martin, que abriu os olhos imediatamente:

-O que você está fazendo?

-Se você quer que o tempo passe rápido, o melhor a se fazer é dormir - Luciano respondeu, tentando parecer seguro e senhor de si - E, se você quer dormir, tem que ficar um mínimo confortável. Então para de reclamar que eu estou fazendo isso pro seu bem.

Por alguma razão, isso convenceu Martin, e ele realmente ficou em silêncio, fechando os olhos de novo.

Claro que isso não melhorou a situação para Luciano, que não tinha pensado nas consequências de seus atos, e agora estava tendo que esfregar - não, secar, essa era a palavra -, estava tendo que secar o seu corpo com a toalha.

Depois que passou do rosto, dos cabelos e do pescoço, Luciano limpou a garganta:

-Certo, então, você pode continuar falando, se quiser. Só não é pra reclamar.

-O que você quer que eu fale? Não era pra eu dormir?

-Fala por que você decidiu vir para o espaço, sendo que você sofre de agorafobia e claustrofobia.

Isso fez Martin abrir os olhos de novo, e agora eles tinham voltado a fuzilar:

-Eu não sabia que eu sofria disso - ele disse, indiferente ao fato de que agora Luciano estava passando a toalha por sua barriga - E eu já disse só umas dezenove vezes que eu vim te prender.

-‘Tá, mas por que logo você? Você trabalha pra DCT, certo? Lá não tem nenhum outro detetive que não fique tão doente de entrar numa nave espacial? Agora, talvez você queira, hmm, se virar.

-Nenhum que seja tão competente quanto eu - Martin respondeu, deitando-se de bruços e dobrando os braços por baixo do rosto - Pro caso de você ter se esquecido, eu te capturei e, não fosse esse cometa, você já estaria preso à uma hora dessas, e eu não precisaria estar aqui morrendo.

Luciano passou delicadamente o outro lado da toalha sobre os ombros dele, massageando de leve perto do pescoço.

-O que me leva a outra pergunta. Essa é mesmo a sua primeira viagem estelar? Quanto tempo faz que você trabalha com a DCT?

-Minha primeira viagem longa, sim, e tempo o bastante, por quê?

-Eu que pergunto por quê. Quer dizer, sem ofensas, cara, mas, se você detesta viagens estelares, então por que você iria-

-Eu comecei porque achei que seria legal, só mais uma experiência de vida. E então, quando percebi que detestava, eu estava numa nave voltando pra casa. Aí os meus irmãos me ligaram e me avisaram que o nosso pai tinha desaparecido, e se eu estava interessado na herança. Quando eu disse lógico que sim, eles lançaram mísseis contra a minha nave. Aí eu decidi que era melhor ficar com a DCT mesmo e nunca mais chegar perto daqueles infelizes.

Depois de ouvir isso, Luciano até parou de enxugá-lo, esquecendo a toalha e suas mãos sobre a cintura de Martin.

-Isso é verdade?

-Claro que sim. Por que eu iria mentir sobre uma coisa dessas?

-Eu… os seus irmãos são bem sacanas. Sem querer ofender a sua família.

Martin deu de ombros, mesmo deitado. Isso lembrou Luciano de que ele já tinha terminado de secá-lo, então já poderia parar e deixá-lo dormir- mas ele continuou do mesmo jeito.

-Bom, eu… acho que você poderia acabar se acostumando com a vida no espaço. Não é tão ruim quanto parece.

-Talvez - Martin respondeu, fechando os olhos - hmm, isso é bom…

Ele devia estar delirando de sono, Luciano pensou, largando a toalha de vez e correndo as pontas dos dedos sobre as costas de Martin. Quando chegava perto da cintura, podia senti-lo estremecer, e quando subia para o pescoço, os ombros dele enrijeciam.

-Talvez - Martin murmurou - se eu tivesse alguém comigo o tempo todo.

Luciano precisou de alguns segundos de minutos de horas da contagem humana para lembrar do que ele estava falando. Quando lembrou, deixou escapar um sorriso:

-Bom, assim até eu. Ou você acha que eu não voltaria mais vezes para a Terra se tivesse alguém comigo?

Martin sorriu, ainda sem abrir os olhos:

-Que bom que concordamos numa coisa.

TBC...

fanfic, br/arg

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