[Fanfic] Starships are made to fly

Dec 31, 2012 22:33

Uhuuuuu Secret Friend's fic, yeah!

My dear friend is lovely melissa-42

This is the first part of a cosmic novel in Portuguese sob sob, that'll be finished in the very beginning of 2013 :)

Personagens: BrArgh
Sumário: Luciano é um corsário espacial que não quer nada além de sossego e um pouco de Argônio Xenoso para roubar. Infelizmente, um alienígena misterioso parece disposto a arruinar tudo isso...



A primeira vez que o viu, Luciano pensou que Martin fosse um ser de outra planeta.

Não que ele soubesse explicar por que, afinal, já tinha visto milhares de terráqueos loiros. Ou com olhos verdes. Ou com cara de quem comeu e não gostou. Ou com um belo par de pernas, e uma boca tão fina e rosada que pedia por um beijo bem dado debaixo de um ramo de azevinho.

Luciano abanou a cabeça de leve, desviando o rosto e tentando clarear os pensamentos. Estava ali por uma MISSÃO, e não pra ir direto pra cama com o primeiro alienígena bonito que avistasse.

Se bem que, claro, as duas coisas não eram mutuamente excludentes. Nesse admirável mundo novo, flexibilidade era tudo, e Luciano tinha certeza de que, com um pouco de paciência e criatividade, ele e o E.T. sexy poderiam perfeitamente-

-Você está com a sua nave aqui?

Ele tinha vencido a distância entre os dois tão rapidamente que, pelo menos nesse instante, não restou dúvidas de que era mesmo um extraterrestre. Luciano ficou tão espantando, desconcertado e - por que não dizer - deliciado, que cometeu o erro de abrir a boca antes de ter bem formulada a resposta em sua mente:

-Eu- hmm, sim, é, a minha nave está bem aqui. Quer dizer, lá fora, né, tipo, não dá pra entrar numa Anã Branca com nave e tudo - Luciano abriu um sorriso agradável - Porque eu não sei se você sabe, antes a gente até podia fazer isso, vir direto com a nave, mas aí dava muita confusão, além de que ficava super apertado e com o maior cheiro de plutônio. Então era só alguém acender um cigarro que explodia tudo, por isso a galera achou melhor proibir.

-Certo - o E.T. sexy disse, sem se abalar - Então a sua nave está aqui por perto.

-Isso - Luciano assentiu, sentindo-se levemente ofuscado pelos olhos verdes alienígenas. O que era outra prova de que ele era um extra-terrestre, certo? Seres humanos não têm olhos ofuscantes, ou têm? - Você gostaria de ver?

Porque isso seria uma péssima idéia, Luciano pensou em acrescentar, mas se controlou a tempo. Se bem que, claro, o que é que um alienígena tão bonito- será que ele era de Vênus? Devia ser, fazia todo sentido, agora que tinha parado pra pensar sobre isso. Luciano não ia muito a Vênus, porque, além de ficar preciosos anos-luz de distância, também estava envolto em um dos pedágios mais caros da galáxia.

Agora, depois de dar uma olhada naquele venusiano pernalta e sedutor, Luciano começou a pensar que talvez valesse a pena dar uma segunda chance pra esse planeta.

Mas então, o que é que um venusiano tão bonito iria querer com a sua nave? Já fazia bem umas sete luas que ela não era o último modelo disponível no mercado, e estava precisando de uma boa polida, isso qualquer um podia ver, e quanto menos se falasse nas pílulas de comida de astronauta vencidas, melhor (o que era mesmo uma pena, já que Luciano se lembrava de que tinha trazido pelo menos umas quinze de feijoada, e com certeza comera bem menos que isso).

Porém, o que é que ele podia fazer? Eram tempos difíceis aqueles, e ele precisava ser grato por pelo menos ter plutônio em pedra o bastante. Isso e argônio xenoso o bastante pra trocar por algo mais valioso (ou pela liberdade de uma prisão espacial) assim que a oportunidade surgisse.

-Muito - o belo venusiano respondeu.

Luciano piscou algumas vezes:

-Muito o quê?

-Eu gostaria de ver a sua nave - ele disse - Você acabou de oferecer.

Luciano arregalou os olhos:

-Ah, mas você- sério? Você não preferia, sei lá, beber mais alguma coisa? Ou pegar algum dos quartos aqui?

-Por quê? - o venusiano chegou mais perto, sorrindo com o canto dos lábios - Você está escondendo alguma coisa na sua nave?

-Não é isso. É só que eu não tive tempo de arrumar nada, eu passo muito tempo sozinho, então você deve imaginar-

-Eu imagino mesmo - ele interrompeu, e agora estava perto o bastante para Luciano ter que erguer o rosto para olhá-lo nos olhos - imagino que seja uma bela nave. Com uma beleza tão agreste quanto a do dono.

-É uma nave como qualquer outra - Luciano respondeu, tentando lembrar se tinha arrumado sua cama e se havia alguma coisa pra comer fora pílulas vencidas - Ela não tem nada de agreste.

-Aposto que tem - e ele se afastou um passo, sem parar de sorrir - Vamos? A noite ainda é uma criança.

E Luciano ainda não estava totalmente convencido se aquilo fazia sentido. Sua vida normalmente não funcionava assim, a chuva não caía sobre sua horta (essa era uma expressão muito antiga que seu povo costumava dizer. Segundo o pai de Luciano, o significado era qualquer coisa do tipo quando você precisa muito de plutônio em pedra e, por mais que acampe junto aos vulcões ensandecidos de Plutão, a única coisa que te acerta é a bordoada de um segurança da Comissão Cósmica das Galáxias Unidas), pois sempre que queria qualquer coisa, ou qualquer pessoa, Luciano tinha que se esforçar muito e ocasionalmente abandonar o plano inicial porque não ia ter jeito de as coisas saírem como ele esperava.

Era por isso, na verdade, que ele tinha vindo pro Espaço. Por isso também que tinha uma nave tão ultrapassada. Por isso que precisara jurar a si mesmo (e a seu pai também, e ao governo de sua Terra Natal, e à CCGU) que nunca mais voltaria para o Planeta Terra.

Porém, o venusiano sexy estava sorrindo, e seus olhos continuavam reluzentes e ofuscantes. Então Luciano abanou a cabeça de leve, quase imperceptivelmente, e estendeu a mão para ele, deixando as preocupações de lado e sorrindo quando os dedos se entrelaçaram. Ele guiou o alienígena até fora da Base Espacial da Anã Branca, ciente de que todos os olhares do bar pesavam sobre ele e o venusiano, e saiu para a Zona de Descompressamento.

Como normalmente ele precisaria vestir o seu capacete de ar pressurizado, Luciano se sentiu no dever de explicar:

-Esse lugar aqui melhorou muito desde a última vez que eu vim. Antes nós, os seres humanos, precisávamos vir com roupas espaciais com propulsores à base de plutônio, porque senão não tinha jeito de voltar ou sair da própria nave. Agora, depois que construíram esses tubos de ar (o que é tipo vários gazes, mas principalmente oxigênio, só pra você saber) aqui na Zona de Descompressamento, a gente pode ir despreocupado. Só tem que mirar bem pra voltar pra nave certa.

-Eu sei o que é ar - o venusiano disse, levemente indignado - E faz tempo que esses tubos estão aqui. Quando foi a última vez que você veio?

-Há uns dois ou três dias, eu acho. Eles devem ter caído num Buraco Negro e feito as reformas durante uma viagem no tempo.

-Eu teria percebido se isso tivesse acontecido. Provavelmente foi você quem se confundiu e entrou num Buraco Negro sem saber.

A mera idéia de viajar no tempo acidentalmente fez Luciano rir:

-Até parece. Você sabe muitas coisas pra um venusiano, cara, mas definitivamente não sabe quem sou eu.

-Claro que sei - ele respondeu, soltando a mão de Luciano e estreitando os olhos. Agora os dois estavam sozinhos na Zona de Descompressamento, e a sombra da nave de Luciano, agreste ou não, se projetava sobre o espesso vidro dos tubos de ar. Em menos de dez segundos de minutos na contagem humana, os dois seriam sugados para fora e expelidos da Base Espacial da Anã Branca mais badalada do momento - Você é Luciano da Silva, o pior de sua linhagem, Corsário Espacial mais procurado por toda a galáxia.

Luciano franziu as sobrancelhas, mais aborrecido do que surpreso:

-O pior da minha linhagem? Desde quando? E quem raios é você?

A Zona de Descompressamento começou a tremer, sinal de que seriam expelidos em menos de um nanossegundo de minuto na contagem humana. Porém, antes que partissem, o venusiano ainda teve tempo de sorrir:

-Eu sou o seu inimigo número 1.

Quando Luciano abriu os olhos, diversos minutos de horas na contagem humana depois, sua cabeça ainda estava doendo, o que significava que aquele E.T filho da mãe tinha lhe dado um bom golpe, coisa pela qual ele pagaria muito caro.

Ele ergueu o rosto, ignorando o desconforto generalizado em seu corpo, e olhou em volta, tentando entender o que se passava.

Aparentemente, estava na sala de comando de sua própria Nave Espacial. Pelo menos isso, pensou, aquele venusiano com cara de fuinha não tinha roubado sua linda nave de estimação.

Pelo contrário, Luciano percebeu numa segunda análise, ele tinha tomado a liberdade de se sentar em frente ao console principal, e, enquanto que com uma mão segurava o volante, com a outra folheava a 5ª edição do Manual do Bom Astronauta.

-Ei! - Luciano gritou, cerrando os punhos e se preparando para enchê-lo de pancada - Sai já daí! Só eu posso pilotar a Iguaçú!

O venusiano não se incomodou, nem se virou para escutá-lo melhor. E Luciano se surpreendeu de permanecer no mesmo lugar, tão forte era a sua vontade de bater nele até matá-lo. Foi nesse instante que ele entendeu o motivo de estar tão desconfortável: além de ter dado um golpe em sua cabeça, o venusiano tinha lhe amarrado ao mastro principal (que levava para o andar de cima da nave, ou seja, o confortável-porém-mal-decorado quarto do único integrante da Iguaçú. Como Luciano passava a maior parte do tempo em gravidade zero e fora isso também era extremamente atlético e cheio de energia, ele simplesmente vendeu a escada de corda - já que há sete luas atrás os modelos de naves não vinham com degraus acoplados -, optando por escorregar pra cima e pra baixo com seu belo mastro, que não tinha sido feito pra venusianos mal intencionados amarrarem ninguém).

-Se eu fosse você - ele disse, ainda sem erguer os olhos do Manual - não me mexeria tanto. Como essa corda aí é elástica, quanto mais você puxar, mais ela vai te apertar.

-Muito obrigado pelo conselho - Luciano resmungou de volta - Agora, posso saber exatamente por que é que eu estou amarrado? E o que você está fazendo aí?

-Você está amarrado porque chegou a hora de PAGAR PELOS SEUS CRIMES.

Dessa vez os olhos dele não estavam simplesmente ofuscantes, estavam fuzilando mesmo.

Luciano ergueu as sobrancelhas:

-Meus crimes? Mas que crimes eu cometi contra Vênus? Se eu nunca passei por lá!

-Quem está falando de Vênus? - o venusiano disse, franzindo a testa e ficando de pé - Eu estou falando dos seus crimes contra a Via Láctea inteira!

Ele estava tão enervado, o rosto tão vermelho, que Luciano não conseguiu evitar um sorriso de escárnio:

-Ah, que sorte que eu dei de encontrar com um venusiano tão justo. E quanto aos crimes que cometi em Andrômeda, Magalhães e na Nebulosa de Tarântula?

Isso pareceu desconcertar um pouco o E.T.:

-Você nunca foi lá.

-Você que pensa - Luciano respondeu - Eu já frequentava esses lugares enquanto você ainda usava fraldas.

-Bom, eu diria que o azar é todo seu, se isso fosse verdade, porque teria chegado a hora de pagar por esses crimes também. Sorte sua que é mentira, então você não precisa se preocupar.

-E por que exatamente isso não seria verdade? Só porque mais ninguém em toda a Comissão Cósmica das Galáxias Unidas jamais fez isso?

-Não, mas porque é impossível - de novo, ele estava tão perto que Luciano tinha que erguer o queixo para enxergá-lo bem - E é por isso que ninguém em toda a Comissão Cósmica das Galáxias Unidas fez isso.

-Se você prefere acreditar nisso, que seja - Luciano disse, encolhendo os ombros (o que era bem difícil para alguém amarrado com uma corda elástica) - Melhor pra mim. Agora, só pra eu me programar, como exatamente você pretende me fazer pagar pelo que quer que seja?

-Não precisa cansar sua cabeça bonita com isso - o venusiano disse, sorrindo com o canto dos lábios - Esse é o meu trabalho.

-Você me acha bonito?

Luciano perguntou e se arrependeu em seguida, mas não era possível voltar no tempo e desperguntar (literalmente, agora era impossível realizar esse tipo de viagem no tempo. Depois de um sem número de paradoxos temporais, a Comissão tinha colocado uma multa milionária para toda e qualquer viagem no tempo que não tivesse passado pelo Comitê de Aprovação anteriormente).

Para a sua surpresa, o rosto do venusiano avermelhou. Ele realmente devia ter uma constituição de pele muito parecida com a de alguns terráqueos:

-Que raio de pergunta é essa? Quem está falando disso?

-Você acabou de falar. Mas tudo bem, eu entendi, era jeito de falar. Pode continuar. Então o seu trabalho é me fazer pagar pelos meus crimes? Quer dizer que alguém está te dando dinheiro pra fazer isso?

Luciano tinha falado bem rápido, tudo para desviar o assunto e voltar para o ponto principal. No entanto, o venusiano ainda estava incomodado:

-Não foi só jeito de falar - ele disse, a testa franzida e o rosto ainda vermelho - Eu te acho mesmo bonito. Mas você devia saber que é uma grande indelicadeza fazer esse tipo de pergunta.

-Sério? - Luciano respondeu, sorridente. Nem estava mais se sentindo tão desconfortável ali amarrado - E quão bonito você me acha?

-Por que você quer saber isso?

-Porque, dependendo da sua resposta, eu posso me mudar pra Vênus depois de pagar pelos meus crimes. Nunca fui pra lá achando que fosse detestar, mas agora estou começando a reconsiderar.

-De novo essa conversa de Vênus! Quem está falando em Vênus?

-Você não é venusiano?

-Claro que não!

-Você me enganou! Como você- quem é que mente que é de Vênus? Qual é o seu problema?

-Eu nunca disse que era de lá, seu demente. Você inventou isso.

-Mas de onde você é? - Luciano perguntou, franzindo a testa - Algum planeta que eu conheça?

-Você está tentando ser engraçado? Porque não está funcionando.

-Não acredito que você seja da Terra.

-Por quê? Nós somos tão diferentes assim?

Luciano não respondeu, mordendo o lábio inferior.

O ex-venusiano-pretenso-terráqueo não se incomodou:

-Independente do que você acreditar, eu sou do planeta Terra. Nós somos até vizinhos.

Luciano ergueu as sobrancelhas e chegou a abrir a boca para falar que dessa vez ele tinha ido longe demais, mas o outro foi mais rápido:

-Não vizinhos, vizinhos mesmo. Vizinhos de países vizinhos.

-Não acredito.

-No que agora?

-Que eu tive o azar de encontrar um argentino aqui no espaço. Qual é o seu nome?

-Martin Hernandez.

-Nunca ouvi falar.

-Claro que não. Depois que você começou a fazer seus crimes, você acha mesmo que a Diretoria Cósmica Terráquea iria continuar te mandando a relação de todos os astronautas do planeta?

Luciano só torceu a boca, sem responder. Além de não acreditar no próprio azar, não se conformava por ter achado que aquele idiota era de Vênus.

Ele nem era tão bonito assim.

Só tinha lindos olhos.

E belas pernas.

-Certo, e esses meus crimes? - ele perguntou rápido, ansioso pra mudar de assunto - Do que exatamente você está falando?

-Você saberá na hora certa - Martin respondeu, dando-lhe as costas e voltando para o seu lugar no assento do piloto - Avise-me se ficar com câimbra.

-Por quê? Você vai me fazer massagem?

O argentino não respondeu, e Luciano bufou de impaciência.

Eles ficaram assim em silêncio por mais um bom par de minutos de horas na contagem humana (tanto brasileira quanto argentina), até que o comunicador atômico de Luciano começou a tocar.

Os dois olharam na mesma hora, e, como Martin lhe dirigiu um olhar misto de curiosidade e desprezo, Luciano se sentiu no dever de explicar:

-Eu gosto dessa música. E, se dá pra mudar o toque do comunicador atômico, por que é que eu deveria manter o toque padrão?

-Faz bem uns três mil anos na contagem terrestre que essa música foi lançada.

-Sim, e ainda é um clássico. E você não vai atender?

-Não. Não é pra mim.

-Mas pode ser importante.

-Eu não vou atender a sua namorada só porque você quer - Martin disse, os olhos fuzilando de novo - Você é o meu prisioneiro, eu não sou o seu empregado.

-Que namorada? - Luciano perguntou, tão espantado que nem escutou a segunda parte.

-Maria alguma coisa, se não me engano. Marciana. Outra que vai pagar pelos seus crimes assim que cruzar o meu caminho.

-Nós não estamos namorando - Luciano disse, tentando olhar fundo nos olhos de Martin - Eu estou completamente solteiro. E não estou esperando nenhuma ligação.

Martin estreitou os olhos, sem responder, como se avaliasse a veracidade dessas informações. Então finalmente foi atender a ligação, interrompendo bem na parte que o eu-lírico acusava a outra pessoa (que provavelmente não era venusiana, mas tampouco deveria ser argentina) de matá-lo com a sua beleza.

A pessoa do outro lado começou a falar antes mesmo que Martin pudesse dizer quem era:

-Nave Espacial Iguaçú? - era uma voz feminina, mas Luciano mesmo não tinha a menor idéia de quem poderia ser - Rápido, você está no Quadrante 7B?

Martin ergueu uma sobrancelha, virando-se para Luciano, que fez que não com a cabeça.

Para a sua irritação, no entanto, Martin não respondeu:

-Por que você quer saber? - ele perguntou, voltando a encarar o telefone.

-Ei!

Mas Martin só ergueu uma mão, fazendo-lhe sinal para ficar quieto. Luciano precisou cerrar os dentes para não engasgar de ódio.

-Luciano, nós não temos tempo para isso - a moça falou do outro lado. Provavelmente era Catalina, a única pessoa legal em toda a Diretoria Cósmica Terráquea - Nós acabamos de detectar um COMETA MACIÇO DE FERRO E CHUMBO ENVOLTO NUMA NUVEM DE XENÔNIO E ENXOFRE LÍQUIDO FUMEGANTE QUE ESTÁ VINDO DIRETO PARA O PLANETA TERRA e você é a única pessoa em todo o Espaço Sideral capaz de pará-lo!

Martin e Luciano trocaram olhares de espanto, momentaneamente sem fala em face de tamanho desastre.

Após alguns segundos, Martin respondeu:

-E vocês só detectaram isso agora?

-Sim, porque você sabe como o Quadrante 7B é imprevisível. Até cinco minutos de hora na contagem humana atrás, ele não nos mostrava nada além de neblina intensa e pequenas pancadas de chuva de meteoritos. E agora isso.

Martin tampou o fone com a mão, virando-se para Luciano:

-Quão longe nós estamos desse Quadrante?

-Pff, longe pra cacete. A gente vai precisar de uns três buracos negros e muita sorte pra chegar nele antes do planeta virar paçoca. Mas, se não tem outro jeito-

-Claro que tem. Outra pessoa vai ter que fazer o serviço.

-Que outra pessoa? Você não escutou ela falar que eu sou o único capaz de parar essa coisa?

-Claro que escutei, mas, pro caso de você não ter reparado, você está sob custódia galática. Então sinto muito, mas dessa vez a DCT vai ter que dar outro jeito.

Por essas alturas, Catalina estava perguntando “alou? Alou?” do outro lado, provavelmente se questionando por que é que Luciano estava levando tanto tempo para responder a uma coisa tão simples.

Martin destampou o fone e abriu a boca para responder, no entanto, dessa vez Luciano foi mais rápido:

-Tudo bem, Cata - ele gritou o mais alto que podia - Estou correndo pra lá!

-Ótimo! - ela respondeu, enquanto Martin tampava o fone de novo e avermelhava de raiva - Estou mandando os detalhes pro seu computador! Obrigada por tudo e tenha uma excelente tarde e feliz final de ano, são os desejos sinceros da Diretoria Cósmica Terráquea.

E desligou.

Luciano abriu um sorrisinho satisfeito consigo mesmo, mal percebendo que Martin tinha ficado de pé de novo.

-Olha, pro caso de você não ter percebido, que está no controle aqui sou eu. Então, se eu digo que nós não vamos atrás desse quadrante infeliz-

-Mas é um cometa que vai acertar a Terra! Você- ok, imagino que eu tenha feito mesmo uns crimes muito pesados, mas agora estamos falando do Bem Maior. A gente não pode deixar que as nossas diferenças fiquem no meio da missão.

-Que missão? Minha única missão é te levar pra pagar pelos seus crimes hediondos.

-Ok, mas posso te contar um segredo? - Luciano perguntou, irritado - A sua querida Argentina fica no planeta Terra. Então, se esse cometa retardado não for destruído, a sua pátria amada vai junto.

-Sim, isso se a sua cúmplice não estiver mentindo. Vá saber se você não a comprou e ela inventou toda essa história só pra te ajudar a escapar.

-Claro que não. Até parece que a Catalina ia se dar a esse trabalho.

-Não sei. Vocês pareceram muito amigos.

Mais uma vez, ele falava por trás de uma grande raiva, os olhos fuzilando como a última coleção de disparadores de lasers contra meteoros e meteoritos.

Luciano estava cada vez mais confuso:

-Eu… olha, só pra você saber, não existe nada entre mim e ela. Eu estou totalmente solteiro. Se não estivesse, nunca teria te convidado pra conhecer a Iguaçú.

Martin não respondeu, mas parou de fuzilá-lo com seus belos olhos verdes. Ele voltou a atenção para o painel de controle, mas não fez nenhuma menção de mudar a direção para o Quadrante 7B.

Luciano apertou os lábios durante alguns segundos, até que disse:

-Bom, eu também nunca teria te convidado se soubesse que você só estava atrás da recompensa que a Diretoria Cósmica Terráquea está oferecendo pela minha cabeça.

-Não é só a DCT - Martin respondeu, virando-se para ele de novo - Toda a Via Láctea está atrás de você. Mas também não foi por isso que eu te prendi.

-Não?

-Não. Eu vim atrás de você por uma questão muito maior que tudo isso. Por uma questão de JUSTIÇA.

-Tá - Luciano decidiu se antecipar e cortar o drama antes que ele começasse - De qualquer forma, nós temos algo ainda mais importante aqui. No caso, o cometa maciço de ferro e chumbo que está indo se chocar com a Terra. E aí? Você vai me ajudar a pará-lo ou não?

Martin torceu a boca, desviando o olhar durante alguns segundos. E, para a surpresa de Luciano, ele realmente pensou sério no assunto, como se avaliando os prós e contras de salvar o seu planeta mãe.

-Nossa - Luciano disse, arregalando os olhos - Você deve realmente me odiar.

-Claro que não - Martin respondeu um pouco rápido demais - Por que você está dizendo isso?

-Por que outra razão você não iria querer me soltar? Você prefere que o planeta exploda?

Martin então deu um suspiro pesado, resignado, e finalmente andou até ele, soltando-o com a maior das más vontades.

-Não é questão de odiar - ele resmungou enquanto Luciano massageava os próprios pulsos e braços - Eu só não confio em você. Já confiei em muita gente e isso só me trouxe problemas.

Uma vez solto, o humor de Luciano melhorou consideravelmente:

-Eu não vou fazer nada contra você - ele disse, fazendo um pequeno carinho no ombro de Martin antes de correr sentar no banco do motorista - Agora vamos salvar o mundo!

TBC…

fanfic, br/arg

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