Love Letter [parte II]

Jul 08, 2009 19:03


Love Letter
Autoras: Hachiko Mitsune e Aislyn Rockbell Matsumoto
Beta: Uy-chan
Categoria: the GazettE
Casal: Aoi x Uruha
Classificação: Livre
Gênero: Romance/Yaoi
Status: One-shot
Direitos autorais (de acordo com a mentalidade da Aislyn): O Uruha é da Mitsune, o Kai da Uy-chan e o Aoi é meu. O Reita e o Ruki pertencem um ao outro.
Direitos autorais (de acordo com a mentalidade da Mitsune): Precisei fazer um vudu do Uruha para que o Aoi deixasse que eu fizesse tudo o que eu sempre quis fazer! Sequestrar todos os gazeboys! A melhor parte: Com a ajuda dele e do coxudo. Muhahahahah.

Sinopse: "Cartas. Uruha não lia as cartas das fãs. Pelo menos não tão atentamente, e menos ainda com um sorriso tão... Suspeito estampado nos lábios".

AxU

Cheguei mais cedo que o normal na PSC. O jornal que eu havia comprado no meio do caminho não cumprira seu papel. Não me distraíra nem um pouco.

Sentado na lanchonete em um dos andares do prédio, relaxei um pouco, tomando café. Minha tentativa de café em casa não fora bem sucedida. Novamente tentei distrair-me com o jornal. Vi algumas banalidades, assuntos sobre economia e finanças e nada que me interessasse no momento.

Quando olhei para o relógio, vi que o ensaio logo começaria e então resolvi descer.

Como sempre, Kai já tinha chegado e ajustava a bateria.

Cumprimentei-o, vendo-o exibir as covinhas num sorriso seguido de um “Bom dia” animado. Peguei minha guitarra, a fim de afiná-la. Os outros não demoraram a chegar.

O período da tarde seria preenchido com algumas entrevistas e sessões fotográficas. Fizemos algumas fotos em conjunto, e depois de escolhermos as melhores, fomos para as sessões individuais.

Tiramos fotos em duplas, também. Foram momentos de tensão quando me vi tão perto do loiro, naquele visual perfeito. Eu queria tê-lo jogado numa superfície plana qualquer e tomado aqueles lábios obscenos para mim.

Durante uma pausa da sessão, Uruha jogou-se num sofá próximo, logo me chamando para perto dele.

Imaginei nós dois, sentados naquele sofá, trocando carícias, beijos e palavras doces. Mas era impossível entre nós. Essa era apenas mais uma de minhas fantasias me pregando peças.

Novamente, o ser que estava me causando incertezas tinha voltado.

Se ele estivesse com uma mulher poderia abraçá-la sem receio, pegar nas mãos dela, beijá-la.

Estava sendo um pouco sentimental e piegas, mas já não conseguia mais controlar os meus receios. Queria abordá-lo e perguntar tudo o que estava preso em minha garganta, mas não sabia como começar.

Antes que eu pudesse pensar em como perguntar aquilo, era minha vez de tirar as fotos individuais.

Suspirei, indo para frente das câmeras. Entre algumas poses e pedidos para virar o rosto, relanceei o olhar para o loiro no sofá e senti uma dor aguda no peito ao vê-lo com um pedaço de papel em mãos, que logo identifiquei ser outra carta. Ou seria a mesma carta? Da mesma pessoa...?

Mal pude esperar para terminar as fotos e poder ir embora. Aquilo já estava me deixando angustiado.

Uruha nem notou meu desconforto quando me despedi. Não iria ficar mais tempo ali. Joguei as coisas de qualquer jeito no carro e dei a partida, saindo apressado.

Rodei algumas ruas, sem um rumo certo a seguir, os pensamentos a mil, indo e vindo em minha cabeça. Acendi um cigarro quando parei em um sinal fechado e olhei para as vitrines lá fora. Nenhuma me chamava a atenção.

Nada parecia ser capaz de me distrair o suficiente.

Pensei em ir pra casa, mas provavelmente ficar sozinho seria pior. Sozinho eu teria tempo o suficiente para me afogar no meu mar de pensamentos.

Não sei por quanto tempo andei sem rumo, até que ouvi a música conhecida de meu celular, indicando uma ligação.

- Moshi-moshi... - Atendi, distraído, prestando mais atenção nas ruas pelas quais passava.

- Aoi, onde você está? - A voz manhosa do outro lado da linha pertencia ao loiro que eu tanto tentava tirar da cabeça. - Estou na porta do seu apartamento já faz uns dez minutos. Achei que você tinha vindo direto pra cá.

- Eu... Estou no trânsito, tive que passar em um lugar antes e peguei um engarrafamento. - Menti.

Porque eu estava mentindo? Tudo o que eu queria ontem era conversar com ele a sós, e agora ele estava no meu apartamento. Então porque eu estava fugindo?

- Ahnm... Não sei quanto tempo vou levar pra chegar aí.

- Ah, tudo bem. - ele pareceu triste, mas concordou. - Então eu vou pra casa. A gente se vê amanhã.

- Claro, Uru... - Desliguei, sem esperar pela sua despedida.

Meu coração falhou uma batida. Por que toda essa desconfiança? Nós não estávamos juntos? Eu queria perguntar o quê estava acontecendo. O quê nós éramos. E agora desperdicei minha chance.

Covarde.

Era isso que eu estava sendo. Covarde.

AxU

Cheguei tarde em casa naquele dia. Quando cheguei, não havia vestígios de que Uruha tinha passado ali.

Eu menti. Minha consciência pesava. Mas eu precisava colocar os pensamentos em ordem antes de conversar com ele.

Não consegui tirar da cabeça que ele poderia ter um caso, contudo os fatos não se ligavam. Se ele realmente tinha outra pessoa na vida dele, por que foi me procurar?

Talvez para me dizer que não poderíamos mais ter noites divertidas, trocar carícias, beijos. Terminar comigo.

Mas há quanto tempo ele queria me dizer isso? Será que ele trocava cartas há muito tempo com essa mulher e só agora fui perceber?

Ele deve ter notado. Não há mais por quê me esconder isso.

AxU

Meus dias foram preenchidos de trabalho. Pude me distrair um pouco, mas não o suficiente para esquecer o que estava acontecendo.

Não o suficiente para apagar meu medo de conversar a sós com o loiro e ouvir da sua boca que estava tudo terminado.

Em três dias nós teríamos um Live. As coisas ficaram extremamente corridas no estúdio. Cada um indo para um lado, revendo roupas, som, luzes, instrumentos.

Era raro encontrar Uruha ou qualquer um dos rapazes, e quando acontecia, era para discutir o andamento do show. Não havia tempo para conversas pessoais demais como aquela da qual eu estava fugindo.

E o fato dele continuar lendo algumas cartas pela manhã não colaborava em nada com minha pouca sanidade restante.

Aquilo me irritava, angustiava.

AxU

Tudo pronto para o show. Esperávamos no camarim, ansiosos pela hora de entrar no palco.

- Preciso falar com você, Aoi. - O loiro parou ao meu lado, me encarando com uma expressão indecifrável. Senti um arrepio percorrer minha coluna. Dessa vez não havia fuga.

Rezei para que o manager aparecesse, dizendo que deveríamos entrar.

- O que foi, Uruha? - Tentei manter a voz e o olhar firmes. A expressão neutra.

- Vem comigo. - Fez um sinal com a mão para que o seguisse e deu as costas, começando a andar.

Agora fodeu.

- Nós vamos entrar daqui a pouco... - Ele parou e olhou-me nos olhos por cima dos ombros. O olhar foi tão penetrante que o temi.

-Vem comigo! - E não era mais um pedido. Era uma ordem. - Nós não vamos demorar. - Avisou para todos os presentes, que agora nos observavam.

Sem outra opção, pus-me de pé e o segui para fora da sala.

Só paramos quando ele encontrou uma sala completamente vazia.

Depois que entramos, ele bateu a porta com mais força que o necessário e andou até mim, parando a poucos centímetros.

Perto demais.

Dei um passo hesitante para trás. Teria me afastado mais se ele não tivesse segurado meu braço, não com força, mas com firmeza suficiente para me manter parado no lugar.

- O que há com você? - Seu olhar entristeceu. - Está me evitando há quase uma semana! Não atendeu minhas ligações, não está em casa quando vou lá e mal fala comigo no estúdio! O pessoal estranhou também e me perguntou se tínhamos brigado.

Claro. É muito fácil eu dizer que estou com ciúmes por causa de uma carta. Que quero despedaçar aqueles malditos pedaços de papel, porque acho que está me traindo, sendo que nem sequer temos algo concreto. Um relacionamento sério.

- Você... - Engoli em seco, desviando o olhar do seu, temendo encontrar ali algo que não queria ver. - Você... Quer... Terminar? - Praticamente sussurrei a última palavra, temendo mais do que nunca sua resposta.
Os minutos de silêncio que vieram em seguida me deixaram mais angustiado, tanto que comecei a tremer inconscientemente.

- Por que eu terminaria com você Yuu? - Sua voz soou calma e doce.

Levantei o rosto e então seus orbes estavam presos aos meus. A mão que segurava meu braço tocou minha bochecha carinhosamente, sua outra mão pousando em minha cintura e me puxando para um abraço.

Passei os braços por seu pescoço, abraçando-o apertado, tentando demonstrar todo o amor que sentia por ele. Afaguei seus cabelos, escondendo meu rosto em seu pescoço e aspirando o doce cheiro de sua pele.

Percebi ali, naquele instante, que meus medos não possuíam fundamentos. Ele me amava, tanto quanto eu a ele.

Eu só me sentia inseguro por que nunca verbalizamos nossos sentimentos.

- Uru, eu... - antes que eu pudesse dizer tudo aquilo que estava entalado em minha garganta, Kai abriu a porta, dizendo que teríamos que entrar.Suspirei.

Essa conversa teria que ser depois.

AxU

As fãs gritavam, pulavam, nos acompanhavam durante as músicas.

Durante Linda, vi Uruha correr para o meu lado do palco, encostando-se em mim, tocando ao meu lado, sorrindo.

As madeixas loiras grudavam em seu pescoço alvo, suado. Os lábios se esticavam num sorriso, exibindo os dentes infantis. Aquele sorriso que eu tanto adorava.

Sem hesitar, parei de tocar passando o braço por seus ombros, virando-o para mim e puxando-o para um beijo rápido, que ele não correspondeu, mas também não negou.

-Se alguma daquelas fãs é dona daquela carta que você lê todos os dias, agora sabe que você é meu. - Sussurrei em seu ouvido, vendo o corar.

Eu ri e afastei-me, voltando a tocar como se nada tivesse acontecido.

AxU

- Aoi, o que raios foi aquilo?! - Ele andava de um lado para o outro no camarim, parecendo extremamente irritado.

- Foi só um beijo, Uru. Fanservice. - Ele corou à simples menção do beijo e eu ri.

Meus risos cessaram assim que ele me pôs contra a parede, encurralando-me, o rosto próximo de mais.

- Só um beijo? Fanservice? - Seus olhos encheram-se de lágrimas.

Arregalei os olhos.

- Significa algo mais pra você? - Perguntei, cauteloso.

Ele desviou o olhar.

- Idiota. É claro que significa. - Ele confessou, num murmúrio.

Meu coração falhou algumas batidas e eu esqueci-me de como respirar. Deus, eu não era só um caso pra ele.

- Uru... Eu... Pensei que fosse só um caso. - Confessei, envergonhado.

Seus olhos encontraram os meus.

- Não é só um caso, idiota. Eu... Amo você.

Arregalei os olhos e não resisti ao impulso puxá-lo para mim, invertendo nossas posições, beijando-o, prensando-o contra aquela parede, sorrindo internamente ao arrancar-lhe um gemido baixinho.

Como eu era idiota.

- Eu pensei que estivesse tendo um caso com alguma fã... Você anda dando atenção demais praqueles pedaços de papel. - Confessei, roçando os lábios nos dele, nossas respirações se chocando.

Ele riu, mordiscando meu lábio inferior.

- Lógico que não, idiota.

Gemi baixinho.

- Eu amo você, sabia? - Murmurei, olhando em seus olhos.

Ele sorriu.

- Acho que você vai ter que compensar todo o sofrimento que aquelas cartas me causaram, Kou-chan. - Apertei-o mais entre mim e a parede, mordiscando a pontinha de sua orelha, sentindo-o estremecer contra meu corpo.

Sorri de canto.

Uruha era meu. E agora todas as fãs sabiam disso.

Fim

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