Dia 18: Qualquer coisa à sua escolha

Jul 25, 2010 02:09

Ainda posso ouvir os tambores enchendo o ar, ainda posso sentí-los sob minhas mãos.
Nada fora programado e tudo saíra ainda mais bem feito do que se tivesse sido.
Fui embalada na bela dança, cada contorcida do quadril da mulher, cada movimento ofídico das velas que segurava,  o cheiro de incenso subindo alto em meus pulmões, tudo me fazia dançar entre meus próprios pensamentos.
E os tambores sempre presentes.
Em um som inconfundível e maravilhoso, maravilhante. Era como se houvesse uma mão estendida convidando-me para a dança.Puxando-me para a dança. Guiando-me no ritmo doce e perigoso sugerido pelo retumbar constante de cada mão que batia no instrumento dando-lhe vida.
No fudo havia o mistério do instrumento novo que tocava como se tudo fosse um ritual, uma festa, uma celebração. E de fato era, ali na taberna, nessa adorável noite, celebrávamos todos juntos a vida. Que sem dúvida era a maior semelhança entre todos ali.
Mas não importava o quanto diferentes fossem de mim, ou o quão diferente fosse eu deles. 
Quando sentei-me naquela roda sem saber ao certo o que fazer e ansiando por instruções, vi que elas não eram necessárias.
Na roda dos tambores era como se todos soubessem o que fazer, não era preciso ensaio, não era preciso ajuda, o próprio corpo ditava o ritmo que seria tocado. E todos os corpos trabalhavam em harmonia.
Foi como uma noite mágica, daquelas que desejamos em nossas vidas, mas tememos que nunca aconteça. Daquelas que leio nos livros e imagino ser vivida por Claire Fraser ou qualquer outra de minhas heroínas de tinta e papel.
Mas era eu, era eu entre todos aqueles homens tão diferentes e tão iguais entre si. Era eu com um tambor entres as pernas me deixando levar pelo ritmo louco dos tambores. 
Estes não eram de outono, eram de inverno. Mas tão doces quanto seriam se fossem de primavera.
E eu toquei aquele estranha instrumento e pude eu mesma dar vida àquela vibração única de natureza, de magia, e até mesmo de heresia, diria eu.
Não creio ter feito nada de errado, apenas participei dos festejos, no entanto, perdendo-me em tantas memórias de livros já lidos, senti-me um tanto pecadora, um tanto pagã. Quase pude me ver em trajes brancos dançando com o vento ao redor de uma fogueira dentro de um círculos de pedras.
Mas isso não é pra mim. Ainda assim, devo dizer que adorei sentir-me como uma personagem. Sentir-me verdadeiramente diferente, como se tivesse sido feita para ser daquele jeito. Como se essa noite de sonhos não fosse apenas uma noite e sim o começo de algo novo que o autor reservou carinhosamente para mim. Mas talvez o Autor, tenha de fato me reservado algo.
O importante é que ainda posso ver ao fechar os olhos a luz lúgubre da taberna, ainda posso sentir o cheiro inconfundível da madeira misturando-se com todos os litros de vinho azedo e cerveja doce que iluminavam aqueles que lá estavam, ainda posso ouvir os tambores e o didgeridoo, ainda posso recordar daquele com o chapéu de mago que tanto me encantou na noite (apenas por lembrar-me do meu verdadeiro mago) e ainda sinto as cócegas nos meus lábios.
Este foi um dia de papel e tinta, afinal eu senti-me feita de papel e preenchida com tinta.
Vou pensar no som da chuva e me deleitar com as memórias trazidas no sono. Nos sonhos.

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