(no subject)

Nov 18, 2007 18:30

minha mãe me comprou um vaso de rosados cravos de açúcar para levar para a nova casa, desde que, segundo ela, uma casa sem flores é uma casa triste.
mas a nova casa será sempre triste; mesmo quando até eu estiver feliz. ela é tão pequena, fotografável, melancólica. há uma poltrona verde-água absolutamente vintage no canto da sala; há um grande espelho; há janelas que permanecem fechadas; há um hospital muito antigo, bem do lado, e seria tão doce se eu pudesse ouvir os últimos murmúrios das menininhas que dormem em plumas, na ala dos queimados.
é quieto, lá: é bom. é perto de tudo e posso caminhar para qualquer direção e encontrar alguma coisa minimamente divertida. mas é uma casa triste, mesmo assim, mesmo com todos os cravos e rosas e glicínias e hidrângeas que minha mãe pretende levar para lá.
acho que ela tem medo de que eu pule pela janela, mas eu nunca faria isso.
acho.
não, nunca.
de qualquer forma, gosto de lá porque posso sentar na poltrona e fumar mil cigarros e ler mil livros e escrever mil páginas, pois não há nada a ser feito, e nenhuma das outras garotas conversa muito. que bom.

mas, ora, flores: apenas se fossem mandadas anonimamente lá para a nova casa, com um cartão para mim, escrito aquilo como naquele poema que eu não me lembro, mas está no livro things that quicken your heart, e ela se pergunta oh-um-milhão-de-vezes por que ele não lhe manda os sentimentos mais ternos e as flores mais coloridas e tudo o que há de doce no mundo, com um cartão que dissesse assim:

lover to lover
no touch
no kiss
but, forever and ever,
this.

assim, e só assim: flores.
Previous post Next post
Up