Oct 18, 2007 11:59
eu sou assustadora.
e gorda, gigantesca.
portanto, assustadora.
foi por isso, eu aposto, que ele se escondeu dentro de sua própria bolha, olhando para todos os lados menos para mim. oh, é claro que eu fiz isso também. porque eu sou ainda pior, sou a mais medrosa de todas. me escondi atrás da coluna e esperei que tudo aquilo acabasse logo, sem nenhuma palavra, sem nada, apenas: quero sair daqui, quero sair daqui, quero sair daqui.
eu não sei o que aconteceu. alguém explique o que aconteceu, por favor.
porque eu travei e ele travou e correu para longe e todos ficamos travados como engrenagens enferrujadas em um boneco de corda.
não, não estou explicando direito. foi assim:
ele realmente se levantou do animado grupo que formava uma roda e se sentou em um banco, mais longe, olhando para baixo e para o outro lado e começando conversas inaudíveis e visivelmente forçadas com outras pessoas.
eu sou assustadora. assustadora, gorda, gigantesca, um monstro. e eu nem queria tanto assim, eu já não exijo muito; eu só queria, com todo o meu coraçãozinho de espuma (que se dispersa e destrói com um sopro; uma ventarola -- e já estou doendo), que ele existisse para mim, e que eu existisse para ele. apenas isso, e existir é tão fácil, tão incrivelmente simplório que até mesmo colheres existem, e guarda-chuvas, e comprimidos antipsicóticos. seria tão conveniente existir para ele como uma coisa efêmera que se olha de longe e é o bastante.
mas, não.
me tornei um réptil imenso que destrói uma cidade ao som de tchaikovsky.
ps: que ele fez de suas roupas verdes? por que azul, preto, branco? que cores são essas? o que está acontecendo? se ele aparecer com algo laranja, precisarei tomar uma providência, pelo bem dos meus sentimentos quase inexpressivos.