Agora compreendo...
Finalmente percebi porque fito o meu reflexo tantas vezes. Ainda me pus uma série de hipóteses, desde o mais básico narcisismo adolescente, à falta de memória visual... ao acompanhar do processo contínuo da metamorfose corporal.
Descubro agora que o enfrento tantas vezes na esperança de me ver. De experienciar um tão raro vislumbre do que sou. De, num momento, enxergar em toda a sua plenitude a minha própria individualidade, e não apenas a minha projecção física no espaço.
Porque quando isso acontece, por um momento que seja, o espírito desperta e o corpo ganha volume e ganha significado, assume-se. A auto-consciência resurge, com o reforço que acompanha cada renascimento. E toda a existência adquire sentido.
Surge também reforçada a ideia de que o espelho nunca foi mais que um meio, um instrumento, (quando o foi), e que por si só nunca reflectirá realmente.
(obrigado,
flipe, por me apresentares a mais um manual...*)