Mar 26, 2010 17:45
estava voltando da aula, olhos meio lacrimejantes por algum motivo que ainda não descobri bem o que é.
antes era o aperto no peito na hora de acordar. agora essa sensação de vazio. talvez seja perséfone virando atena, talvez perséfone não estava gostando de ser só atena, talvez seja ansiedade demais. escutei isso hoje de manhã: controla a ansiedade, garota.
e essa ansiedade vai me consumindo por todos os lados: por não saber quais são as paixões que estão aqui em volta, por sentir falta de colo, pela ânsia desesperada de me manter sempre ocupada - e ter descoberto que se a ocupação não for mental o suficiente, ela não me deixa fugir.
e tenho fugido de mim mesma e ao mesmo tempo tentado me encontrar...
tenho amado, tenho medo, tenho tentado sentir. e tenho tido raiva, talvez frustração, de ouvir no meio da aula que todos os tipos de relação trazem sofrimento. inclusive a relação com o trabalho.
andando na rua, eu tava tentando teorizar porque não tenho me sentido bem com as coisas aqui: se meu espírito cigano falou que já chega do cinza e do povo fechado de curitiba, se acabaram os desafios, se eu nunca devia ter voltado de vitória, se eu devia ter tentado ir pra são paulo, se eu simplesmente tô sendo chata e infantil. logo após pensar sobre curitiba, um sujeito de paletó me pergunta: "você está triste, moça?". numa sinceridade súbita e impensada eu respondi: "estou sim. por que?". ele me estende um livro de capa preta, todo em espanhol e a primeira frase falava de pegadas de gaivotas e eu me senti um pouco familiarizada, até que li "Y las miro lejanas mis palabras. Más que mias son tuyas." Nisso, olhei pra ele e falei: "Pablo Neruda!".
sempre tive alguns "anjos" cruzando meu caminho em momentos que tive vontade de chorar sozinha. lembro de um em balneário camboriú e sei que tiveram alguns outros.
o engraçado foi que essa poesia tem toda uma história por trás dela. sentir para que tu me oigas por causa de puedo escribir los versos más tristes esta noche...