hoje a humanidade ficou mais pobre

Jul 02, 2004 22:02

De um amor morto fica

um pesado tempo quotidiano

onde os gestos se esbarram ao longo do ano.

De um amor morto não fica

nenhuma memória

o passado se rende

o presente o devora

e os navios do tempo

agudos e lentos

o levam embora.

Pois um amor morto não deixa

em nós seu retrato

de infinita demora

é apenas um facto

que a eternidade ignora.

Sophia de Mello Breyner Andresen
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