O portão verde

Apr 12, 2004 18:37

Parte 1: o convite

Na terça-feira ele começou a chamar todo mundo. Amigos, primos, sobrinhos, famosos...Era a gravação do clipe de sua banda seguida de uma festa. Anotei na minha agenda na parte “importante” e estava empolgadíssima para tal.

Parte 2: a explicação

Ele ensinou desse jeito: vai ser no Lago Sul. Você vai até a QI 28. Vai ter um posto BR e lá você pergunta onde fica a igreja. Eles vão te ensinar direitinho (suponho) e você vai cair numa área completamente diferente de tudo o que você já viu em Brasília. Um espaço enorme com uma igreja bem no meio do nada. É uma igreja que tem a tradição de realizar casamentos gays. Muita gente famosa já casou na tal igreja, sem o conhecimento da imprensa e dos moradores da região. Ao lado da igreja vai ter um portão verde enorme. Abra o portão, passe pela piscina e entre na casa. Estaremos esperando todos vestidos de vermelho, inclusive você.

Parte 3: a chegada

Certo, no sábado estávamos todos lá. Eu, Marília, Marcela, Robertinho, Inês e Priscila. Todos em vermelho e ansiosos. Chegando na tal igreja, fomos em direção ao portão verde. Achamos estranhos não ter carros dentro da casa e estar tudo escuro, mas entramos. Passamos pela piscina e não ouvíamos nada de conversa, de música, de passos. Liguei para o Gustavo, que era da banda, e perguntei se eles já estavam lá. Ele disse que sim e que já estava bastante cheia. Enquanto conversava com ele, alguém gritou: “Cachorro!” Saímos correndo, tropeçando um no outro. Eu estava de sandália plataforma e mal conseguia correr. Tirei-as e conseguir escapar. Liguei para ele de novo e o diálogo prosseguiu:
- Mas Gustavo, a gente tá aqui e não tem nada...
- Cecília, vai no portão.
- Pronto.
- Agora abre.
- Abri.
- Fecha.
- Ok.
- Abre de novo.
- Hum...
- Não vi nada.
- Vai até a piscina
- Pronto.
E veio a voz Cachorro!
A mesma cena.
Quinze minutos de angústia e estress. Sentamo-nos para pensar em alguma coisa. Nesse tempo, vimos do outro lado da igreja um portão alto. Priscila foi até ele e aferiu: “Gente, esse portão também é verde e está tudo iluminado lá dentro.”
Abrimos, entramos e lá estava outra piscina. Passamos por ela e entramos na casa. Lá estava o Gustavo e toda a banda preparando tudo para a gravação. Ele me olhou e perguntou por que eu estava descalça e não atendia o celular.

Baseada em fatos reais, com alterações e nomes fictícios.
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