Mar 17, 2020 01:30
quando este ano começou, o número pareceu-me estranho, foi como uma má sensação que me transmitiu. não sei de onde me vêm estas intuições nem de onde me vem a estranha capacidade de mandar caganeiras a quem não me demonstra a devida empatia. fiz isso uma vez a título de experiência mas não volto a fazer (pelo menos à mesma pessoa, que é bonito viver e deixar viver os outros...) nem que sobreviva a este fim do mundo. só se tiver que o fazer por algum motivo de força maior e aí não poderá ser mera caganeira...
vi vários filmes sobre o fim do mundo. nunca pensei foi em vê-lo de perto. estar de quarentena fechada em casa sem hipótese de ver ninguém. sem ter comprado a comida que precisava pois ainda estava a trabalhar e ao fim de semana já eu pouco saía de casa por andar tão cansada. entretanto começou o pânico e as pessoas que não estavam a trabalhar foram ao supermercado e açambarcaram tudo... não ficou nada para mim.
agora estou em casa. como pertenço a um grupo de risco, tive a sorte que muitos não têm de optar por ficar em casa.
tosse tenho sempre, geralmente alérgica. dores no corpo e febre não. espirro com facilidade ao sol ou se a temperatura muda bruscamente. não sei se é normal uma pessoa ter 1 temperatura inferior a 36 ºC mas por vezes tenho. outro dia que medi marcava 35,7... este meu termómetro é digital mas hoje lembrei-me vagamente de em criança a minha mãe me medir a "febre" com o velho termómetro de mercúrio que havia e me dizer "não tens nada febre, filha! isto nem aos 36 chega, estás a ver?"
o cansaço, esse já me acompanha desde que comecei a levar com o stress da vida adulta. ser adulta cansa mesmo. é trabalhar trabalhar trabalhar e mais nada. trabalha-se fora de casa, dentro de casa, não se faz mais nada. eu em casa trabalho menos porque já venho com menos carga que a bateria do telemóvel quando já 'tá de resto...
eu sou daquelas que já aceitou se vier a morte. só tenho medo é do sofrimento e da humilhação. a morte não interessa. quando eu tinha 19 anos, o meu pai e eu líamos muito livros sobre espiritualismo e ele dizia que a morte era só uma passagem. e o meu pai morreu e eu fiquei e mais tarde a minha mãe morreu e eu fiquei e se eu morrer desta, muita gente ainda ficará.
e aos que ficarem, lutem. lutem por um mundo mais justo para todos. lutem para a vossa evolução, não a da conta bancária (o velho pecado da ganância), a do vosso sucesso com o sexo oposto ou com o mesmo (o velho pecado da luxúria que já quase não conta), a da vossa beleza física como se só isso interessasse (o da vaidade), a da vossa voracidade de produção excessiva e de comer carne (a velha história da gula), a da vossa falta de paciência para fazer coisas que dão trabalho (a preguiça, e confesso que peco um bocado nesse âmbito...). ainda me faltam 2 pecados dos de antigamente mas como li os livros de espiritualismo em vez da bíblia, agora não me lembro. lembrei-me de um dos que falta: mais um deles que é a ira... pois a falta brutal de paciência causa ira. e a ira causa muita desgraça e muita destruição...
a minha mãe é que me falava destas coisas pois ela tinha decorado isso tudo em garota, mas nunca me conseguiu explicar as coisas concretamente e em termos que eu os entendesse de facto, porque antigamente estudar - fosse a escola ou a catequese - era memorizar. melhor que memorizar tudo é compreender algo... de forma que, por força de não me recordar da lista dos 7 pecados como a minha mãe me ensinou há mais de 30 anos, fui googlar o assunto.
hoje há uma lista nova de pecados adaptada ao século presente. espanto meu, quando verifiquei que a pressa é hoje o 1º pecado da lista, pois quem tem sempre muita pressa não perde tempo a pensar em Deus e enerva-se por tudo e por nada, tornando-se uma pessoa irada...
eu que sempre critiquei a gente querer viver ao ritmo de um click onde na prática isso não é possível, confesso que fiquei espantada por saber que até a malta que se afirma cristã considera as pressas um pecado... afinal eu estava meio certa...
nós ultimamente temos vivido numa sociedade onde de facto se evidenciam os pecados capitais da lista "moderna" e actualizada e são tidos por comportamentos normais, se bem que eu atrevia-me a ajustar ali certos critérios quanto a um ou outro...
parece-me que, depois disto tudo acalmar, porque se Deus quiser, vai acalmar um dia, tem que haver, forçosamente, novas ideias que ajudem o ser humano a crescer não em número mas em consciência, que se purifiquem não em termos de raça, como queriam alguns idiotas, mas em termos do espírito porque tem sido isso que falta.
ou bem que somos os animais mais inteligentes do planeta capazes de viver em harmonia uns com os outros e com tudo em redor ou então somos uma cambada de bestas que só destroem o habitat de todos... depois disto tudo, temos que perceber afinal o que queremos ser...
portanto os que sobreviverem ao "2020", lutem por ser mais simples e puros. lutem por serem seres de amor. lutem para serem Humanos no sentido humano da palavra. lutem para que todos tenham aquilo que eu chamaria "abundância condigna" e meios para fazer evoluir a Alma.
a melhor forma poderá eventualmente ser fazer a ponte entre os métodos do antigamente e a tecnologia moderna. aproveitar o melhor de cada mundo. quando eu digo o "melhor" é o que tem boa relação funcionalidade/sustentabilidade com menor impacto no planeta.
esqueçam os números a não ser para se certificarem que todos têm que chegue para cada um viver com dignidade. os números interessam para estudos. mas que os estudos sejam feitos para o bem e não para o mal.
aquele que quiser governar o mundo nem sabe no que se está a meter. dizemos nós, tugas, povo outrora navegador, com a ajudinha mourisca da astronomia, "quanto maior a nau, maior a tormenta"...
a única forma de se formar uma sociedade feliz, unida e organizada é fazer com que cada um consiga ser útil dentro dela e ter o que precisa condignamente, sem andar feito escravo uma vida toda, sem tempo para mais nada.
a melhor forma é observar o mundo natural que ainda não conseguimos extinguir e aprender com ele. como é que os animais se organizam, observar isso. nos mamíferos carnívoros, o macho alfa e a fêmea dominante também ficam com a melhor parte da caçada, mas tem sempre que sobrar alguma coisa para os outros elementos do grupo.
e neste momento de tanta necessidade, há elementos do grupo humano que precisavam tudo e não têm nada... se os querem ver com saúde, felizes e produtivos, parem de os escravizar e/ou condenar à miséria... (o que aliás, também consta como pecado "moderno"...)
aos que ficarem, sintonizai-vos com o planeta. salvem-o se puderem. salvem-se.
e era útil fazer a ponte entre a ciência e a espiritualidade também, para que possam coexistir lado a lado em harmonia e sem atropelos. é que nem é assim tão complicado...
quando eu digo que o universo existe, o planeta terra está aqui plantado nele e nós evoluímos a partir dum macaquinho, eu estou a dar razão à Ciência. mas quando acrescento que isto tudo só apareceu pela Vontade/Consciência a que os crentes chamam Deus... estou a dar razão à Espiritualidade. e é porque na minha ideia, ambos os lados são capazes de ter razão...
voltando à questão dos pecados, também fui gananciosa alguma vez durante estes 44 anos de vida, de certeza. certamente também pequei por luxúria (para quem não percebe: também dei umas quecas valentes), também gastei dinheiro em maquilhagem e cremes que agora posso nunca vir sequer a experimentar. (vaidade...) como o perfume chanel, verdadeiro, que comprei para a minha mãe e ela, sempre poupadinha, como ainda tinha um restinho do que não era chanel mas cheirava igual e também era bom, morreu sem sequer o experimentar... e agora que penso nisso, os euros que gastei nele dariam para ter levado a minha mãe ao cinema a ver não só um mas todos os harry potters que saíram enquanto ela viveu. infelizmente só viu um... ainda hoje pequei por gula ao pequeno almoço, comi algo que não faz muito bem, não alimenta assim tanto, mas é o que me sabe bem e tinha chocolate. não sei se foi a última vez que comi um bolo... sei lá eu!... e peco imenso por preguiça, em vez de gastar o que resta dos meus recursos energéticos pessoais a fazer algo útil. mas hoje estou muito cansada. de facto estou. tive a infeliz ideia de ir para a rede social à caça do bicharoco e entrei numa crise de dúvidas e de ansiedade brutal. quem dizia que eu dormia?... nicles.
hoje para me acalmar vim escrever. lembrei-me que simpatizo com o espiritualismo por algum motivo.
quando eu sonhava, por vezes encontrava, no sonho, pessoas conhecidas desta vida mas elas no sonho eram bastante diferentes. no sonho aquelas pessoas eram assim... e eu acordava e pensava que era estranho. quando entendi o conceito de reencarnação nesses livros, imaginei que se realmente tivemos outras vidas, certamente os sonhos podiam funcionar por vezes como uma espécie de memória. ou seja, talvez as pessoas que me apareciam totalmente diferentes nos sonhos mas onde algo cá dentro me dizia que era esta ou aquela pessoa da minha encarnação actual, talvez no sonho se me mostrasse como era numa outra vida em que convivemos. acredito que é uma hipótese para explicar isto.
em pequena era comum "pisgar-me" cada vez que adormecia. aí até aos 5, 6 anos. ainda me lembro desses sonhos: eu estava a tentar subir um monte muito alto e havia árvores, a terra era barrenta. aí eu caía em espiral de volta no meu corpo, pois embora o meu corpito físico de criança terráquea estivesse confortável e seguro na sua caminha, a minha alma tinha ido laurear a pevide para onde havia montes e árvores e terra barrenta. depois acordava e dizia à minha mãe "ó mãe, eu vim a cair assim, assim (fazia um movimento de espiral com a mão) na minha cama e depois acordei!"
passei anos sem saber porque motivo caía de volta na cama e finalmente, em jovem adulta, um amigo emprestou-me um livro que falava em viagens astrais e foi aí que eu percebi o que me acontecia em pequena que me fazia acordar sem cair da cama mas a sentir-me como se tivesse acabado de cair nela, num movimento espiral...
e mais tarde li nesse livro ou foi numa entrevista de Sopor, respondida pela criatura ela mesma, que as crianças até aos 7 anos conseguiam de facto laurear a pevide pelo astral. a partir dos 7 anos é que perdiam tal habilidade...
os meus sonhos em adolescente eram idênticos aos filmes que via, cenários apocalípticos, cidades subterrâneas, mutantes. not good, ya know?
vi tantos filmes sobre o fim do mundo mas nunca esperei ver um tão perto e tão sinistro.
e embora a união possa por vezes fazer a força, neste momento a união processa-se apenas no mais parecido com o astral que temos aqui: o virtual.
vim escrever este "apontamento" porque quero que fique por aí algures, enquanto existir ciberespaço, à deriva. que se plante em alguma cabeça mais inteligente que a minha que possa desvendar e aprofundar algumas destas ideias.
para mim, Cristo na verdade era anarquista: ele dizia que aos olhos de Deus somos todos iguais. será que ele não queria dizer antes o mandamento que faltou: "não subjugarás o teu irmão ou o teu vizinho ou outro humano à face da terra, já que todos sois iguais" ?
a tal abundância sustentável para todos. o reequilíbrio da gente e do planeta. a harmonia que estes desgovernos não alcançam. os que querem súbditos devem dar-lhes dignidade.
eu teria sido mais feliz se tivesse conseguido coleccionar mais pinturas principalmente se fossem cruelty free... se tivesse tido dinheiro para aquele hang drum que eu gostava de ter aprendido a tocar... se tivesse tido os meios, o tempo, a saúde/energia e a coragem de mudar para uma casa pequenina com uma horta. de largar a tralha que não faz falta, ficar só com a tralha mais útil e que achasse mais bonita. certamente teria sido mais feliz. teria sido mais feliz se tivesse saído mais de casa enquanto podia. se tivesse feito e acontecido... mas isso agora não interessa para nada.
eu tive sorte que ainda vi mar limpo, ainda apanhei conchinhas, ainda vi campos, ainda vi bichinhos. ainda vi as estrelas no firmamento. e por vezes algo que parecia uma estrela mas mexia. e que depois levava sumiço. se calhar eram os étês... não sei se os satélites piscam antes de deixarem de se ver...
ainda amei. mal ou bem, ainda amei. (amei e amo...)
se eu for desta, ao menos sei que ainda amei. um ser humano que me apareceu um dia e que achei especial. um ser humano com qualidades e defeitos como outro qualquer...
se amei, ainda fui feliz. se alguma vez escrevi um texto ou um poema e mais tarde ao lê-lo disse para os meus botões "porra, a gaja 'tava inspirada!" já fui feliz. se um dia fiz alguma coisa bonita com estas mãos que Deus me deu e que agora tenho que andar sempre a lavar, ainda fui feliz.
se um dia tive a sombra de uma árvore e um melrinho cusco à frente na hora do almoço, já fui feliz.
se os gatos são lindos e fofos e meigos, já me fizeram feliz.
se aprendi que amar com o coração é tão ou mais importante que amar com o sexo, então algures, fui feliz...